2003/08/31

 
SALDOS DE VERÃO - ÚLTIMO DIA

"A governação não tem sido nem vai ser uma auto-estrada, há dificuldades, mas o
primeiro-ministro tem hoje prestígio que não tinha".
"[Paulo] Portas gosta da "cagança" de ser ministro, gosta do espectáculo de si mesmo.
Durão Barroso é um político de salão, sem excessos, foi sempre classe média, o que lhe
dá um grande equilíbrio. Ele tem uma concepção da sociedade a partir do Estado e não
do partido. Ele foi líder do partido porque só assim era primeiro-ministro, mas não é um
homem do partido. O lado mais frágil é o PSD, que não intervém. Durão levou uma nova
geração ao poder, deviamos estar a lançar uma nova geração no partido".
- - - - -(Opiniões anónimas de membros do Governo, recolhidas por São José Almeida,
- - - - -a propósito da "rentrée" do PSD, in Público de hoje)

"Os portugueses já não estão para comícios de "fim de verão". Por mais que os partidos
se esforcem por mobilizar militantes -- oferecendo sardinha e febra assada, dois copos de
vinho e a voz monocórdica de um qualquer artista de ocasião antes do discurso inflamado
de quem manda ou quer mandar no país -- a adesão confirma o quanto é inútil celebrar
o regresso da política".
- - - - -(Paulo João Santos, in Correio da Manhã, de ontem).

"Há muito que se deveria ter acabado com os esterotipados comícios de "rentrée", afinal
uma típica e gasta herança dos tempos do "cavaquismo". O PS devia inventar uma outra
"rentrée".
- - - - -(Manuel Maria Carrilho, in Expresso, de ontem).

"Estabeleceu-se uma enorme polémica, quando do funeral do tenente-coronel Maggiolo
Gouveia a propósito das honras militares que lhe eram devidas. Sem dúvida trata-se de
um tenente-coronel português... Quem são os traidores?".
- - - - -(Ricardo Durão, general reformado, ao que se dizia, em tempos, ligado ao ELP e à
- - - - -(fuga de Spínola para Espanha, depois do 11 de Março de 75, a propósito do "herói"
- - - - -(homenageado por Paulo Portas).

"Os heróis, para Paulo Portas, são os que conjugaram o verbo ficar? Então, todos os
outros, os que aceitaram os acordos que levaram ao reconhecimento das independências
são traidores? Os heróis, para Paulo Portas, são os que optaram por um dos partidos que
se confrontavam nas diversas colónias, alguns formados à pressa pelos ainda colonizadores?
Então, os que optaram por se manter neutros, leais ao poder em Portugal, são traidores?"
- - - - -(Vasco Lourenço, tenente-coronel do Exército, ex-MFA, ex-CR, ex-Governador
- - - - -Militar de Lisboa, e actual dirigente da Associação 25-Abril, in Público, de hoje).

"Falta então apenas superar as resistências da ala belicosa da Administração Bush para
que o absurdo erro iraquiano não se transforme num campo minado pelo terrorismo e
pelo radicalismo que a prazo fará chegar os seus estilhaços até à Europa".
- - - - -(Manuel Carvalho, Director-adjunto do Público, no seu Editorial de hoje".

"Estaremos condenados a ser espectadores impotentes entre a arrogância imperial da
hiperpotência, ideologicamente dimanada do fundamentalismo cristão, e o fanatismo
totalitário e terrorista? Há momentos como este, em que simultaneamente será preciso
reafirmar que como cidadãos não abdicámos de pensar, mas que tambem temos direito
à indignação, contra o fanatismo terrorista, contra a mentira, mas tambem contra a
cegueira."
- - - - -(Augusto M. Seabra, in "Espaço Público" do Público, de hoje).


"É muito mais fácil reconhecer o erro do que achar a verdade. Aquele encontra-se à
superfície e por isso se deixa apreender bem. A verdade encontra-se nas profundezas
e investigá-la não é tarefa para todos". - - - GOETHE.

Acabaram-se os saldos (da política).

2003/08/30

 
SALDOS DE FIM DE ESTAÇÃO

"Retomando, depois de férias, a crónica semanal, tento um esboço sumário das
lições políticas do mes de Agosto: 1)-Um país frágil...... 2)-Um governo fraco......
3)-Um oposição por afinar...... 4)-Um demagogo sem escrúpulos...... 5)-Cuidado
com o Bagão...... 6)-O terror contra o mundo......"
- - - - -(Os títulos são do autor, Augusto Santos Silva, in Público de hoje, mostrando
que sabe resumir mas, tambem, que lhe faltam ideias inovadores para a "rentrée").

"É uma falta de respeito que se perca a privacidade até nos actos de fé.... Nunca
me tinha acontecido durante a comunhão ter câmaras fotográficas à minha frente.....
Comportei-me como qualquer outro dia em que vou à igreja. Quando vou rezar,
ajoelho-me"
- - - - -(Paulo Portas à SIC, sobre a sua pose nas fotografias do funeral de Maggiolo)

"Paulo Portas podia ter evitado a presença de repórteres de imagem na missa que
antecedeu o funeral -- e, logo, as fotografias que, alegadamente, o irritaram... Ao
anunciar, na qualidade de ministro, a sua presença na cerimónia, transformou um
acto privado em acto público. As lamechices do ministro na SIC só o convencem a
ele próprio. E mesmo isso é duvidoso".
- - - - -(Barómetro "Sob e Desce" do Público de hoje)

"Gosto de saber que este ano há Verão de S. Martinho em Novembro. Alguém irá
à prova da água-pé fazer novos amigos?".
- - - - -(Mensagem codificada de Carlos Cruz, publicada no jornal "24 Horas")
[Note-se que, segunda-feira, a Justiça vai ouvir, para depois julgar, os indiciados no
processo -- eu diria no "vómito" da pedofilia -- da Casa Pia].

"Considero o discurso de Ferro Rodrigues em Portimão, em 23 de Agosto, uma boa
peça política. ....O dicurso tem nove ideias fortes [apesar de] o que "está a dar"é
bater em Ferro Rodrigues, como diz Pacheco Pereira no seu blogue"
- - - - -(Correia de Campos, ex-ministro PS, in Público de ontem)

"A dicção, presença e postura [de Ferro Rodrigues] continuam a ser o que eram.
Invendíveis".
- - - - -(Luis Filipe Menezses, dirigente do PSD e presidente da Câmara de VN Gaia,
in Correio da Manhã de 28-08-2003)

"Nas últimas semanas foi dito de tudo sobre Ferro Rodrigues: que é um líder de
transição, que não tem jeito para a política, que está mal rodeado e que vai arrastar
o partido para as catacumbas da esquerda. Carlos Candal, com a elegância que já
nos habituou, foi ao ponto de dizer simplesmente que "Ferro Rodrigues é feio". Ora
toma. Com corregelionários assim, quem precisa de inimigos?"
- - - - -(Rui Baptista, in "Espaço Público" do Público de ontem)

"Há uma total desumanização trazida pela abundância e pelo poder"
- - - - -(Augustina Bessa-Luis, in Diário de Notícias de 27-08-2003)

- - - - - - - - - - - - - - - -
"O Benfica é formado por pessoas que se querem ir embora. Isto para mim não é o
Benfica" -- foi este o desabafo do maestro António Vitorino de Almeida, ao jornal
"24 Horas" de ontem.
Óh maestro, as chuteiras não lhe ficam bem. Dedique-se à música, pegue na batuta
e faça a orquestra tocar. É aí, que gostamos de o ver e ouvir... A música faz muita
falta, para animar os portugueses. Deixe-se de futebóis, dedique-se áquilo que bem
sabe fazer. O País precisa de um qualificado "chefe de orquestra", que seja dedicado
à causa pública, capaz de mandar calar o trombone, quando é preciso ouvir o violino;
que faça ouvir a guitarra ao som do piano, que encante o nosso ouvido com o som
da flauta... Maestro, deixe-se de futebóis... O país precisa de música, para alegrar,
para esquecer o que passou este verão. Largue as chuteiras, traga a banda prá rua!




2003/08/29

 
O ORGASMO VERTICAL

[Como tambem "sempre quis saber tudo sobre sexo, mas tenho vergonha de
perguntar", importa-se, Eduardo Prado Coelho (EPC), mesmo em carta particular, de
me explicar o que é "o orgasmo vertical"?] - Foi assim que, João Bénard da Costa, (JBC)
rematou o seu artigo de hoje, editado no Público com o título "O orgasmo vertical".

Esta questão tem a ver com uma entrevista feita ao psiquiatra José Gameiro, pela
jornalista do DNA, Anabela Mota Ribeiro, "a propósito do NADA, que é dos costumes
que toda a gente gosta de dizer TUDO, sobretudo quando tem que ver com o NADA",
ou seja: porque é que "numa cidade como Lisboa um terço dos casamentos e uniões
de facto se dissolvem".

Pelo que escreve JBC, aquela entrevista terá "entusiasmado muito o esporádico colega
de página Eduardo Prado Coelho", (são editados na mesma página do Público) de tal
forma que EPC, dedicou parte da sua coluna a escrever sobre o que pensa ácerca das
"causas da dissolução dos casamentos". E titulou aquela sua tese de maneira audaz
e fascinante: "O admirável caos do amor".

Ora, é conhecido o verbo de EPC, quando começa a dissertar sobre as coisas, por mais
insignificantes que sejam. Ele é capaz de opinar sobre 100 ou 200 fotografias, pinturas,
cerâmicas ou qualquer outro objecto, e tem sempre a palavra arrebatada, o adjectivo
ditirâmbico, simples ou superlativo para dizer NADA sobre TUDO, tal como: "é onírico",
"fractal e superfluido", "dissecante mas polémico", "enternecedor", "polifonia celestial",
"redutor em abrangência", "absoluto simples", "mágico demoníaco", etc., etc.. E sobre
aquilo que se foi (o amor entre dois), EPC saiu-se com esta: "O admirável caos do amor",
onde se pronunciou, inspiradamente, sobre "o orgasmo vertical"!.

("Quando, ah quando, os homens deixarão / de crer em tudo, de exigir que tudo / seja
como tudo? Se tudo é como tudo / o nada é como o nada? Mas tautológico / é só o medo,
e o medo de escolher / entre duas coisas, dois entes, dois momentos") - Jorge de Sena,
citado por JBC, a propósito desta discussão.

- - - - - - - -
Peço a Eduardo Prado Coelho, o favor de responder à questão de João Bénard da Costa,
não por carta, mas públicamente, no Público, já que a sua resposta, interessa a todos os
leitores do jornal. Mas, atenção, nós queremos a sua opinião real, não aquela, que por
ventura vá agora, à pressa, procurar no Livro do Kamasutra.



2003/08/28

 
SUPERANDO A CATARSE

Temos vivido tempos difíceis, de muita incerteza, muita desconfiança, de muita aflição.
Depois da depressão económica, sentida por todos os portugueses e agravada pelas
medidas de Manuela Ferreira Leite -- pois o PEC assim obriga -- tivemos o escândalo
da pedófilia denunciado a partir da Casa Pia, que abalou todos os nossos corações,
já porque ali foram indiciados nomes sonantes do nosso espectáculo televisivo, já
porque se tratava de um crime cometido contra crianças que estavam à guarda do
Estado numa instituição benemérita onde menos se esperava que tal acontecesse.

Depois tivemos a denúncia de corrupção e abuso de poder em algumas autarquias do
país, como Felgueiras, Marco de Canavezes, Cascais e outras -- mas que até agora
não vimos a sua conclusão. Fátima Felgueiras fugiu para o Brasil, José Luis Judas, ao
que dizem, tambem está por lá, e Avelino Ferreira Torres, há mais de 10 anos que os
tribunais não conseguem entregar-lhe uma convocatória... Falta vontade política...

Simultâneamente, tivemos dois ou tres casos de gestão danosa ou apropriação de
dinheiros no futebol, encontrando-se um dirigente em prisão e julgamento e um outro
caucionado em 200 mil euros. O futebol é um terreno minado de interreses escuros,
com dirigentes que se apropriaram, há mais de 20 anos, das suas estruturas e não
largam o poder; ao contrário, os jogadores de futebol, cada vez são mais jovens...
Os portugueses gostariam de saber mais sobre as sociedades desportivas, mas vai
ser muito dificil, porque aquelas têm muito peso, e, o Governo, a um ano do Euro 2004,
não vai criar mais confusão no mundo do futebol.

Depois de tudo isto, tivemos os incêndios de Verão, que lavraram de norte a sul, com
uma intensidade dantesca, queimando a floresta, os pastos, as árvores de fruto, as
hortas, o gado, as capoeiras e as pocilgas, as casas e fizeram duas dezenas de vítimas
humanas. Foram tres semanas a arder, descontroladamente, sem Governo nem
Oposição -- acordaram tarde -- apenas os Bombeiros Voluntários, a quém o país já
devia ter prestado homenagem, lutaram, corajosamente, noite e dia, contra as chamas.
(No Governo há quem prefira homenagear os "heróis" desertores do Exército colonial).
Foi manifesta a descoordenação dos responsáveis, a falta de meios e planeamento
logístico, bem como a falta de apoio às populações afectadas.

Não há dúvida que o País inteiro, está exausto, arrasado, deprimido. Depois de ter
passado por todos estes tormentos, depois dos incêndios devastadores, o País precisa
de "renascer" das cinzas deixadas pelo fogo. Aceitemos isso como uma catarse para
renovarmos as nossas energias, para enfrentarmos o futuro, para sermos mais exigentes,
para traçarmos novos caminhos e termos confiança em nós, esperança em Deus e num
mundo melhor, onde a corrupção, os subornos e a política de favores deixem de existir.

Estamos diferentes, sentimo-nos diferentes. Vamos transformar as desgraças de ontem
numa lição de vida para o amanhã. Estamos no ponto de viragem. Sigamos em frente,
com coragem e determinação. A catarse já passou. Sentimos uma alma (vida) nova!

2003/08/27

 
AINDA SOBRE MAGGIOLO GOUVEIA

"Parabéns ao fotógrafo do jornal Público de 19-08-2003, pelo excelente trabalho de
reportagem da cerimónia de um funeral a que o Dr. Paulo Portas concedeu honras
militares... O fotógrafo, cujo nome desconheço, prestou um grande serviço ao país.
Estas imagens, mais que as palavras de muitos opositores de inegável prestígio e
reconhecidos dotes oratórios "arrasam" (este termo é muito querido do vosso jornal)
o Dr. Paulo Portas e cobrem-no irremediavelmente de ridículo".
- - - - (Ana Maria Ribeiro da Silva, in Cartas ao Director do Público, de hoje) - - - - - -

"O snr. Maggiolo era um oficial do Exército português, que, antes e depois do 25 de
Abril, prosseguia a política decretada pelo Governo. Depois da Revolução dos Cravos
para a qual dei o meu contributo ao contrário de muitos que hoje ocupam cargos
políticos e tentam falar de cátedra, não colhe o argumento, muitas vezes usado, de
que a política definida não emanava de um governo legítimo e democrático.
"O snr. Maggiolo Gouveia desertou, assumindo publicamente essa deserção, do
Exército português. Ao desertar, cometeu um crime à face da lei portuguesa. Estes
são, objectivamente, os factos? Não me cabe a mim nem a ninguém, neste âmbito,
julgar sobre as razões desta atitude. O Governo podia ter perdoado ao snr. Maggiolo
Gouveia o crime de deserção, mas preferiu premiá-lo transformando-o em herói.
Primeiro premiou o crime de deserção, o que não deixa de ser curioso. Em segundo
lugar está a dizer ao país e aos portugueses: ponham os olhos neste exemplo!
Sigam-no! É esta a mensagem que o Governo está a transmitir aos GNR que partem
para o Iraque?
...Num país que perdeu o norte e onde os valores éticos e morais cada vez estão
mais esquecidos, vamos perdendo a capacidade de nos indignarmos".
- - - -(Rui Gomes, in Cartas ao Director do Público, de hoje) - - - - - - - - - - - - - - - -

Numa carta que enviei, por e-mail, para "Cartas ao Director", em 15-08-2003, sobre
este assunto, e a qual não foi editada pelo Público, perguntava eu a finalizar:
"Se amanhã os militares de George Bush, em serviço no Iraque, no Afganistão e em
Guantanamo desertarem, alegando problemas de consciência, que lhes vai acontecer?
Serão perseguidos e condenados por deserção e alta traição. Porque esse é o regi-
mento dos militares: não pode haver deserções, seja na frente de guerra, seja na
manutenção da paz.
Dizer bem daqueles que já morreram, parece ser uma maneira de estarmos bem
connosco. Neste caso, deixemos a família de Maggiolo Gouveia, e pensemos um pouco
nos ex-combatentes, sobretudo na Associação dos Deficientes das Forças Armadas,
que certamente precisam ainda muito da nossa compreensão e da nossa ajuda, --
e a quem Paulo Portas tanto deve, em promessas feitas".
- - - - - - - - - -
Gostaria de dizer a Rui Gomes, que não podemos desistir, acomodar-nos, temos que
continuar a indignar-nos, para que a lei, a justiça, a ética e a moral, prevaleçam. E para
que os oportunistas, os corruptos e os detractores da verdade sejam denunciados e
julgados pela sociedade.

2003/08/26

 
PENSAR ALTO, CONTRA A CORRENTE

Todos os partidos políticos têm as suas "ovelhas negras" como foi referido, em tempos,
por um dirigente da actual coligação governamental. No caso do PSD, contam-se por
muitos os militantes que, à revelia do partido, procuraram fazer carreira política. Foram
os chamados "barões" do partido que mais estragos fizeram, umas vezes criando novas
formações partidárias, outras vezes actuando como "independentes" e, nalguns casos,
deixando o PSD para alinharem no PS -- a inversa tambem se verificou amiudadas vezes.

Hoje o PSD é um partido mais pacificado, mais coeso, devido ao exercício do poder. Mas
ainda tem alguns problemas com militantes "insubmissos"; é o caso do "dinossauro" da
Madeira, Alberto João Jardim, que diz mal de tudo e de todos (do continente) e não
mostra respeito pelo PR, pelos Tribunais e pela Constituição da República, e afronta o
seu prório partido, o PSD. Para ele o exercício de poder é gastar, gastar -- não lhe falem
em controlo de despesas, em contenção orçamental.

Para além das tropelias do "dinossauro" Alberto João, o PSD tem ainda que aturar com
as amarguras do seu autarca de Vila Nova de Gaia, Luis Filipe Menezes (LFM). Ele sempre
viveu em conflito com o partido, ora a nível de Direcção ora a nível local e regional. Foram
muitas as questiúnculas levantadas por LFM contra dirigentes da concelhia do PSD-Porto.
Lembro-me dele, num directo da SIC, onde mostrava todo o seu ressentimento contra
o partido, acabando por se descontrolar, e chorando que nem uma criança... "Eu sou
um chefe de família, sou uma pessoa de bem", dizia. Creio que tinha a ver com a pessoa
que devia presidir à Associação dos Municípios da Área Metropolitana do Porto. Aquilo
foi uma cena pungente, infantil, própria de uma pessoa sem perfil para dirigente político.

Pois agora, o presidente da Camara Municipal de VN Gaia, LFM, mostrando mais uma vez
o seu ressentimento com o PSD, e mostrando, tambem, como está longe dos problemas
do "país real", vem espingardear com o seu partido e com os "analistas de serviço" ,
defendendo ser necessária "uma reflexão sobre as presidênciais [a realizar em 2005]".
Como se a Agenda do Governo não tivesse assuntos urgentes a tratar, LFM aponta
como possiveis candidatos na área do PSD, Cavaco Silva e Santana Lopes, e na esquerda
estaria Guterres. Mas, atenção, isto é o que todos dizem, não é o que vai acontecer,
-- afirma Menezes -- no final vamos é ficar com Marcelo Rebelo de Sousa.

Pois seja, senhor presidente, na altura própria veremos como vai ser. Agora deixe os
seus pares [o Governo] trabalhar, o país precisa de medidas urgentes, é preciso muita
coragem para enfrentar o que aí vem... não venha distrair o pessoal, com cantigas de
"escárnio e mal-dizer". O país tem problemas concretos para resolver, já!

O amargurado presidente da Câmara de VN Gaia, está convencido da sua claravidência
e da oportunidade de pensar em eleições presidenciais: "Como espectador comprometido
mas livre de responsabilidades formais, motiva-me Pensar Alto, aparentemente contra
a corrente", desabafou LFM. E deixa uma nota para os intriguistas de serviço do seu
próprio partido: "Esta reflexão tem, no mínimo, a mesma legítimidade que as que, a
propósito de tudo e de nada, Marcelo e Santana fazem semanalmente nos canais de
televisão. Só não indica, para já, qualquer preferência. Essa clarificação reservo-a para
o Outono de 2004, momento em que tambem direi o que pretendo fazer com o mandato
autárquico que, na terceira cidade do país, com 62 por cento dos votos expressos, o
povo me confiou".

Luis Filipe Menezes vem lembrar ao PSD, numa altura de aflição política, que ele, com
62 por cento, é tão bom como os outros. Pode, por isso, tambem ser candidato a
candidato a PR. Ou então quererá dizer ao PSD, que ele, nas próximas autárquicas,
quer a Câmara do Porto.
Se assim é, tudo bem, candidate-se. Rui Rio que se cuide!
Quanto às presidenciais, aguardemos então pelo Outono de 2004, que ainda vem longe.




2003/08/25

 
LAGOSTIM VERMELHO NO ALQUEVA

Na semana passada a Barragem do Alqueva foi atacada pelos "caçadores de elefantes
brancos", designadamente por José Manuel Fernandes (JMF), nas páginas do Público,
dizendo que o país nada havia lucrado com a sua construção, coisa que, segundo ele,
já "adivinhara" no ano de 2000 -- há pessoas assim, adivinham o futuro!

Pois bem, pelas notícias vindas hoje a público, a Barragem do Alqueva, para além de
constituir uma reserva estratégica de água para o Alentejo e todo o sul do país, com
rega para a agricultura e a criação de polos de desenvolvimento turístico nas suas
margens, ficamos agora a saber que na Barragem se está a incrementar a cultura do
lagostim vermelho, uma espécie de crustáceos muito apreciada nos países nórdicos.
Há já captura abundante desta espécie -- feita por espanhóis e portugueses -- que
procedem à exportação dos nossos lagostins para Madrid e Sevilha, onde são cozidos,
descascados e transformados numa espécie de "delícias-do-mar" ou em "paté" mis-
turado com ervas aromáticas. O pescado é pago entre 2 e 6 euros, conforme o
tamanho do lagostim.

Ora aqui está,mais uma vantagem da Barragem do Alqueva, a contrariar a teoria
do "elefante branco". As potencialidades desta imprevista actividade piscatória na
Barragem, são imensas e convém que, o Governo de Durão Barroso, em tempo de
crise económica, tome medidas no sentido de rentabilizar a actividade piscatória,
afim de poder cobrar os respectivos impostos. Isto pela razão de que, neste momento,
o negócio já atinge números relevantes. Pelos meus cálculos, a produto exportado
para Espanha, já ascente a 1,740 milhões de euros; só em IVA, a Drª. Manuela
Ferreira Leite poderia cobrar cerca de 330 mil euros. E estes números referem-se
apenas a quantidades de lagostim vermelho, pescadas de forma artesanal e sem
objectivos industriais!

Esta oportunidade económica, coloca ao Governo do país, duas questões pertinentes:
primeiro, o ministro da Defesa, Dr. Paulo Portas, deve enviar para a área do Alqueva
uma unidade da marinha ccom meios capazes de garantir a nossa "zona de pesca
exclusiva"; segundo, o ministro da Economia e/ou Agricultura e Pescas, devem man-
datar os respectivos serviços para que procedam à demarcação de blocos designados
"areas de pesca" e colocá-los em leilão para os possíveis interessados na pesca do
lagostim; além disso, devem estipular uma taxa por cada quilo de pescado, semelhante
aos "royalties" pagos na indústria petrolífera.

O país não tem "ouro negro" e, com os incêndios, ficou sem o "ouro verde" da floresta.
Por isso, temos que aproveitar o "ouro vermelho" dos lagostins vermelhos do Alqueva.

Por esta, é que os "caçadores de elefantes brancos" não esperavam!




2003/08/24

 
O OUTONO VAI SER DE POLÉMICA

"Como aceitar o dispêndio de mais de 200 milhões de contos em dois submarinos
inúteis quando, pelo mesmo dinheiro, se poderia reequipar eficazmente o dispositivo
de protecção costeira e o sistema de combate a fogos? Sei do incómodo que este
problema provoca e da controvérsia que gera no meio castrense, mas disponho-me,
lá mais para o Inverno, a abordá-lo. À civil."
- - - - (Luis Nazaré, economista e professor do ISEG, in Jornal de Negócios de 21/8).

"A par da falta de todo o procedimento, o vastíssimo parque de camiões-cisterna --
de pequena, média e grande dimensão -- que operam no negócio de transporte de
água, leite, vinho, desperdícios industriais e todo o resto, deveriam ter sido requesi-
tados para intervirem em cadeias de reabastecimento. A logística foi ignorada no
combate aos fogos e isso vai custar muito caro ao país".
- - - - (Luis Abrunhosa Branco, membro da Associação Mundial de Editores de Trans-
porte, in "Carga & Transportes" do Público de 11/8).

"No dia 30 de Agosto, o país vai saber se Portugal fica no projecto colaborativo
europeu do avião estratégico militar A400M ou se sai do consórcio. Se Portugal puder
decidir ficar no avião A400M por acreditar na União Europeia, então, virtuosamente,
a política de defesa encontra tambem a política industrial. O país precisa como pão
para a boca de uma indústria dinâmica, com elevadas produtividades para arrastar
a enorme logística que toda a indústria traz consigo. A privatização da OGMA e o
projecto colaborativo do A400M seria um bom começo".
- - - - (J. Elias de Freitas, perito em Aeronáutica, in Público de ontem).


Para além do folclore partidário durante a "rentrée" política, o Governo de Durão
Barroso vai ter pela frente uma série de problemas económicos, politicos e sociais
que lhe vão complicar a agenda do Orçamento para 2004. O crescimento económico
bateu no fundo, o Código de Trabalho vai-se descaracterizando, os dirigentes sindicais
preparam os movimentos de contestação às medidas governamentais. Por outro lado,
espera-se o Livro Branco sobre os incêndios, o envio de GNRs para o Iraque ocupado,
pode trazer graves consequências. O ministro da Defesa, Paulo Portas, optou por
arranjar uma solução americana, pondo em risco a nossa adesão ao A400M europeu,
e, por arrasto, a perda de uma fatia importante da nossa indústria aeronáutica, para
o que já se tinha pensada a privatização das OGMA. O dinheirão de dois submarinos,
(fala-se em 200 milhões de contos) é uma afronta, pois Bagão Félix -- o Governo -- já
não tem dinheiros para a Segurança Social, estando a pagar subsídios por calamidade,
com dinheiros dos fundos de pensões. A consolidação orçamental pode revelar números
desconcertantes, e Manuela Ferreira Leite viverá, certamente, angustiada com o PEC
por causa do limite dos 3%. Desejo sinceramente que o país consiga ultrapassar estas
dificuldades. A Nação precisa de confiança, serenidade e trabalho duro para "renascer"
das cinzas deixadas pelos incêndios deste Verão. Todos merecemos um futuro melhor,
com mais riqueza, mais bem-estar, mais alegria.

2003/08/23

 
O QUE DIZ A "INTELLIGENTZIA"

"O Iraque, ao contrário do que se diz, não vive no caos".
- - - - - -(Luis Delgado, in Coluna Direita, do DN)

"O Iraque é o país mais livre do mundo, mas como a liberdade sem ordem e sem lei
é o caos, é tambem o mais perigoso".
- - - - - -(Mário Vargas Lhosa, in El País, num relato de viagem a Bagdade)

"Hoje os iraquianos têm acesso a uma variedade extraordinária de produtos que não
tinham antes, têm acesso às antenas parabólicas, à Internet, à liberdade de imprensa,
à liberdade religiosa, mas vivem em insegurança, com serviços que não funcionam".
- - - - - -(Esther Mucznik, israelita, in Público de ontem, sobre terrorismo)

"Pateticamente, não são encontradas armas de destruição maciça, nem o ditador
Saddam, e o terrorismo internacional não cessa de aumentar, a raiva não para de
crescer, porque o mal gera o mal, o ódio gera o ódio, a destruição gera a destruição".
- - - - - -(Cáceres Monteiro, in Visão de 21-08-2003.

"Os americanos estavam a pedi-las!" -- diziam a seguir ao 11 de Setembro. Dizem-no
agora de novo, quando ouvem que mais um soldado norte-americano morreu no Iraque.
Dizem-se solidários com índios, berberes, aborígenes. Flores e baleias em vias de
extinção. Sofrem com os cães abandonados e as batatas transgénicas... mas, quando
um autocarro cheio de israelitas explode, não se impressionam com o sangue..."
- - - - - -(Helena Matos, in "Espaço Público" do Público de hoje)

AS TEIAS QUE O IMPÉRIO TECEU

"Paulo Portas usou a memória de um morto para fazer um acto de pura propaganda e
até de ajuste de contas e vingança política. Ao afirmar, como ministro, que Maggiolo
Gouveia foi [um oficial do Exército que não conjugou o verbo abandonar, conjugou o
verbo ficar], Portas deixou de ser o líder de um partido democrático que os eleitores do
CDS levaram ao governo, mas transformou-se no representante actual do espectro do
colonialismo que teima em permanecer na sociedade portuguesa".
- - - - - -(in Coluna "Sobe e Desce" do Público de hoje)

"Na homenagem ao antigo tenente-coronel do Exército português, Paulo Portas aparece
na primeira página [Público de 19-08-2003] ajoelhado e na página 3 compungido. As
fotos daquela edição obrigam-nos a uma pergunta terrível: quem chorava Portas naquela
homenagem? Ou não chorava ninguém?" ...."O verdadeiramente chocante do processo
é a exploração patética e a grosseira tentativa de retirada de dividendos políticos do
ministro da Defesa e líder do PP para satisfazer o seu putativo "target" eleitoral"..."Paulo
Portas vai cavando a sua trincheira eleitoral socorrendo-se da mais corriqueira das
demagogias".
- - - - - -(Ana Sá Lopes, in "Semana Política" no Público de hoje)

"A conduta do líder do PP revela uma insanável falta de sentido de Estado e uma incapa-
cidade inata para ocupar cargos de responsabilidade política, como é o ministro da
Defesa" ..."Paulo Portas é um provocador, um demagogo e um agitador. Não são essas,
de certeza, as características necessárias e adequadas ao exercício de ministro da
Defesa Nacional".
- - - - - -(José Henriques Soares, in "A Capital" de 21-08-2003)

O ministro Paulo Portas está a transformar-se num imbróglio, não só para o Governo de
Durão Barroso, como tambem para a maioria dos portugueses. É qualquer coisa, como
os iraquianos sentem: eles, não querem ouvir falar de Bush, e nós, começamos a não
poder ouvir falar de Portas.


2003/08/22

 
OS "FALCÕES" ESTÃO A ESMORECER

Por todo o lado, os apologistas da guerra, estão a ver que a "Velha Europa" tem mais
saber e conhecimento sobre conflitos no Médio-Oriente, que a actual Administração
americana, liderada por George Bush (filho). Agora que os EUA não conseguem liderar
o processo de pacificação do Iraque, todos aqueles falcões da guerra clamam por uma
nova resolução do Conselho de Segurança da ONU, a autorizar que uma força militar
internacional vá para o Iraque, a fim de estabilizar e reconstruir aquele país. E começam
a acusar as nações, que estejam a vacilar no cumprimento dessa missão, de estarem ao
lado ou favor do terrorismo internacional. É preciso descaramento!

A "Velha Europa", mas não só, a pacífica Índia, a China e a Rússia, preveniram os EUA e
e Tony Blair do vespeiro em que se iam meter, ao invadirem o Iraque. E de como essa
invasão geraria ódio e vingança do lado dos árabes e muçulmanos. Mas ficaram moucos.
É fácil a uma potência, com o armamento e a tecnologia que têm os EUA, arrasar e depois
invadir um país como o Iraque. O dificil, é, depois, organizar a segurança, acabar com o
caos, controlar os descontentes e fazer a economia funcionar. Ainda mais dificil se torna,
quando o invasor, neste caso, é um aliado incondicional de Israel.

Agora, depois do pesadelo dos bombardeamentos, o povo iraquiano, não tem nada; nem
trabalho, nem transportes, nem segurança. A guerra levou-lhes o crime, os assaltos à mão
armada, e, como dizia há dias um comentador estilo Luis Delgado, "os iraquianos, agora,
gozam de liberdade, até já podem ver filmes pornográficos". É assim, esta gente. Serão
estes os valores que Bush quer "implantar" no Iraque? Não saberá ele que os muçulmanos
e os árabes têm outros ideais, que não aceitam a pornografia, o consumo de bebidas
alcoólicas, o consumo de drogas? Aquela gente não quer aderir ao estilo de vida americano.

A situação é complicada, e não se vê uma saida fácil para resolver o problema. Hoje cairam
mais dois soldados americanos. Só os EUA têm lá 129.000 militares e a Inglaterra 18.000.
É uma sangria para o Tesouro americano. George Bush invadiu o Afganistão e quem lá
está, agora, em força, é a Alemanha. No entanto, o principal alvo, Bin Laden, fugiu. No
Iraque fez o que fez, mas Saddam Hussein, o principal alvo, fugiu. Ficou a "guerrilha" urbana,
para massacrar os soldados americanos. Mas não será por muito tempo, porque nos
bastidores da ONU, os EUA trabalham para "sair" e entregar o Iraque a forças da ONU.

APOSTILHA

A família do 1º. Cabo António Mário Cardoso dos Santos, que terá sido fuzilado pela
Fretilin, juntamente com Maggiolo Gouveia, pretende que o ministro da Defesa tome as
medidas necessárias à transladação do seu familiar. "Porque é que houve a preocupação
de homenagear uns e esqueceram os outros? É pela patente? Deviam era trazer todos
os que lá ficaram; fez-se justiça, mas então faça-se justiça com todos".
Paulo Portas começa a colher os frutos do seu comportamento irresponsável.










2003/08/21

 
PAULO PORTAS ENREDADO EM FUNERAIS

Agora a Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra (APVG) vem dizer que
o ministro da Defesa, Paulo Portas, "abriu um precedente" ao aceitar envolver o
seu ministério na transladação dos restos mortais de Maggiolo Gouveia, pelo que
reclama o mesmo tratamento para milhares de combatentes sepultados em terras
das ex-colónias.
"A Associação não questiona as opções políticas. Mas sempre que nos apareça um
caso identificado nas mesmas condições, vamos solicitar oficialmente ao Estado a
transladação", afirmou António Barreto à agência Lusa. "Há muitas famílias que
viram os seus filhos mortos nas ex-colónias e que não sabem onde estão", referiu
o ex-combatente que diz ter "conhecimento de dois militares raptados pelo MPLA
que foram executados pela guerrilha. Ainda hoje estão dados como desaparecidos".
António Cabeço, ex-deputado socialista, foi bastante concreto na sua reivindicação,
ao exigir do ministro da Defesa, "empenhamento total na transladação de todos os
militares mortos na guerra colonial".

Paulo Portas, que nunca foi militar, continua a "tropeçar em parada", ouvindo muito
bem o oficial-de-dia, quando este dá ordem de "direita, volver!" mas esquecendo-se
sempre da voz de "esquerda, volver!" pelo que, dessa maneira, nunca conseguirá sair
do quartel -- pois ninguém lhe dará a ordem de "em frente, marche!".

O ministro Paulo Portas, ao homenagear um desertor do Exército português -- com o
argumento de que Maggiolo Gouveia era um anticomunista -- cometeu um erro que
lhe pode ser fatal.

Quém andava à procura de heróis, numa altura em que o país estava em chamas e
e onde todos os Bombeiros Voluntários foram heróis, não pode ser levado a sério,
isso é apenas uma tonteria da "silly season". Ainda para mais quando o ministro PP
não apareceu nos incêndios, com os militares, para apoiar as vítimas e mostrar, com
isso, que o conceito de defesa nacional engloba as catásfores naturais.

Com a homenagem a um ex-tenente-coronel do Exército português, Paulo Portas
abriu a caixa de Pandora da nossa guerra colonial. Já havia prometido mundos e fundos
aos ex-combatentes, à Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA), sem que,
até agora, nenhuma promessa fosse concretizada. Com este episódio, o ministro da
Defesa não vai ter tempo para atender todos os pedidos de transladação... O melhor,
para ele, será entregar este processo a uma Moderna agência que se encarregue de
todos os trâmites legais... Falta saber, onde irá arranjar o dinheiro para tanto caixão.

2003/08/20

 
A TIRANIA DOS NEO-CONSERVADORES

"Temos um governo quase fascista agora, e esta gente fez tudo errado.
Desgraçaram os Estados Unidos. E peço a Deus que os consigamos tirar
do poder em 2004. Rezo para que este regime Bush caia, porque eles
danificaram terrivelmente o país, e estão a fazer mal ao mundo, tambem.
Este é provavelmente o pior momento que já atravessei nos Estados Unidos."

"As políticas internas da Administração Bush são tão terríveis, arruinaram a
economia, temos uma subida do desemprego sem paralelo desde a Depressão,
estão a afzer estes cortes de impostos que apenas beneficiam os ricos, têm
políticas ambientais que poluem o mundo, avançaram para guerras em lugares
que não lhes diziam respeito, o Iraque, por exemplo. Tornou-se muito assustador.
E creio que as pessoas, aqui, estão finalmente a começar a acordar para o facto
de que esta gente é antidemocrática e muito perigosa".

(PAUL AUSTER, escritor americano, autor de "Leviathan", "Mr. Vertigo", "Timbuktu",
"Blue in the Face", "Solidão Reinventada, e "Trilogia de Nova Iorque", entre outros
títulos, traduzido em quase todo o mundo, entrevistado por Alexandra Lucas Coelho
para o Público de hoje, a propósito da inclusão deste autor na "Colecção Mil Folhas",
editada e distribuida por este jornal).

Recorde-se que George Bush foi designado presidente dos EUA, pelo colégio eleitoral,
embora não tivesse ganho por maioria de votos. Já fez duas guerras, gastou todo
o excedente economizado por Bill Clinton, baixou os impostos sobre mais-valias na
Bolsa, o desemprego atinge o record de 6,2% e o défict orçamental já vai em qualquer
coisa proferida em "biliões", e poderá chegar aos 450.000 milhões de dolares.

... E a economia mundial, entrou em recessão, onde não se esperava, e nos EUA não
se sabe quando começará a recuperação, apesar das taxas de juros, em quatro anos,
terem descido de 6,5% para tão sómente 1%... O investimento não se reproduz em
tempos de guerra, quando a insegurança e a incerteza, são os seus inimigos.


2003/08/19

 
TEMPOS DE ÓDIO E VIMGANÇA

Hoje não queria escrever sobre nada, depois de ter visto a figura do ministro da
Defesa, Paulo Portas, na homenagem fúnebre a Maggiolo Gouveia; parecia uma
daquelas figuras pintadas por Goya, desfalecido, magro, sem vitalidade... Creio
que está a seguir a sugestão, dada pelas suas amigas nas revistas cor-de-rosa,
ao dizerem que "Santana Lopes e Paulo Portas estão a ficar muito gordos, muito
pesados". Só que a dieta, parece ter-lhe feito muito mal; agora está frouxo, sem
energia, com ar de asceta, magro e mal humorado.

Ao fim do dia, vim saber que o ódio e a violência, continuam a aumentar contra
os "States" e contra Israel; em Bagdad um carro armadilhado explodiu junto da
delegação da ONU, registando-se mais de uma dezena de mortos e uma centena
de feridos. Entre os mortos conta-se o nosso irmão brasileiro, Sérgio Vieira de
Mello, que tão bem conheciamos de Timor. Em Jerusalem, um ataque suicida num
autocarro fez pelo menos 20 mortos, e dezenas de feridos. O terror, gerado pelo
ódio e pela violência, continua sem que os poderosos, tenham a humildade de
se interrogar ácerca deste fenómeno social.

Os EUA são uma superpotência. Por serem poderosos, deviam ser implacáveis em
fazer cumprir o direito e a lei mas, para isso, precisam de ser justos na sua política
externa e generosos para com os mais fracos.
Israel tem o Exército mais sofisticado do mundo, equipado com o armamento mais
moderno, as armas mais mortíferas, a avição de combate mais avançada, e os seus
helicópeteros têm os mísseis mais devastadores. A par de tudo isto, ocupam cidades
palestinianas, constroiem casas em terras da Palestina, erguem muros com mais de
dois metros de altura, humilham o povo palestiniano com a entrada de tanques nas
suas casas, com ataques de aviação, artilharia e mísseis de última geração. Ninguém
consegue segurar o "Tsahal" judeu. Os judeus poderosos mandam em Waal Street e
na alta finança americana. Os EUA, por isso, não querem hostilizar os judeus. Estes,
sentem-se vítimas, pelo Holocausto, que imposeram à memória de todo o mundo.
Mas no Camboja, Pol Pot, dizimou mais de 6 milhões de cambojanos, e no Ruanda,
foram chacinados mais de 2 milhões de pessoas... Como são gente pobre, de países
famintos, não imposeram o seu Holocausto. Mas são gente humilde, serena, que
procura viver no presente, sem o rancor do passado.

Israel podia ser um exemplo para o desenvolvimento da paz e da economia, numa
zona de escassos recursos. Para o fazer, devia respeitar os outros, e não o faz,
porque se julga o povo eleito! Deixem-se disso, esqueçam os deuses, os profetas
e respeitem todos os seres vivos! A Terra tem tudo, e em quantidade, para os
gananciosos se fartarem, encherem os bolsos e a pança, até morrerem, de indigestão
e levarem tudo para a cova, para a Terra consumir.

Enquanto houver povos "eleitos", clubes de "deuses", e saqueadores de petróleo,
não haverá paz, nem tolerância entre ocupantes e oprimidos. O ódio e a violência
tem origem na falta de respeito dos poderosos pelos mais fracos. Enquanto faltar
aos mais fracos, o respeito, a cooperação e a juda dos mais fortes, não será mais
possivel acabar com os sentimentos humanos de ódio e vingança.








2003/08/18

 
POLÉMICA MAGGIOLO GOUVEIA

Finalmente, um dos oficiais do 25 de Abril, veio a "Público" denunciar o
aproveitamento político, feito pela direita, sobre o caso Maggiolo Gouveia.
Ainda no fim de semana, o "falcão" Alpoim Calvão, tinha vindo a desafiar
tudo e todos, como se estivessemos nos tempos em que ele, a partir da
Guiné-Bissau, a coberto da noite, invadiu um país soberano, para libertar
camaradas seus presos em Conakry -- tudo ao estilo "Rambo/Terminator".

O major Mário Tomé, no Público de hoje, diz aquilo que eu gostaria de
dizer:
"-Quem foi inumado em Mação não foi um tenente-coronel do Exército
português. Foi um militante da UDT/Timor que, em 1975, preconizava a
continuação do domínio colonial português, versão "lght"."

"Quem foi fuzilado na estrada para Aileu e Maubisse foi o senhor Maggiolo
Gouveia, que desistiu de ser militar português..."
"Houve milhares de desertores do Exército português, dignos do maior
respeito, porque não aceitaram lutar contra a liberdade num exército colonial
ao serviço de um estado colonialista e fascista."
"A deserção de Maggiolo Gouveia -- inquestionável acto próprio de liberdade
individial, presume-se -- afrontou a liberdade do povo português e do povo
de Timor".
"Maggiolo desertou do Exército português que estava ao serviço da descolo-
nizaçãp -- no entanto não o fez quando o mesmo era instrumento principal da
opressão dos povos coloniais".

"Paulo Portas anda a ver se, com manobrismos táctico/ideológicos, estrutura
uma qualquer guarda fascistóide, um aparelho de "reaças" imbecis. Paulo Portas
bateu no fundo da abominação, mas parece que é aí que melhor funciona".
"Infelizmente não encontra dignidade e integridade institucionais que se lhe
oponham seriamente".
"Tem de ser a opinião pública a travá-lo, a isolá-lo, a extirpá-lo".

- - - - -
Obrigado major Mário Tomé, pelo desassombro e pela coragem. Assim, já me
sinto acompanhado. É preciso não calar a verdade dos factos históricos. O que
o Governo e o seu ministro da Defesa Paulo Portas estão a fazer com Maggiolo
Gouveia, é uma afronta a todos os que cumpriram com lealdade e coragem as
ordens da cadeia de comando. Maggiolo Gouveia, em tempo de descolonização,
desertou, traíu o Exército e a sua Pátria. É este o perfil dos novos heróis, que a
direita quer homenagear?

2003/08/17

 
OS NOSSOS ACTOS E O EFEITO "BOOMERANG"

Ao ler nos jornais de hoje que Idi Amin Dada faleceu no Hospital Rei Faiçal, em
Jiddah, Arábia Saudita, lembrei-me da sabedoria dos mestres Lao Tse, Confúcio
e Buda: "o poder exerce-se com justiça, bondade e compreensão"; "todos aqueles
que lutarem contra a Existência, contra as leis da Natureza, serão vítimas dos seus
próprios actos".

Numa breve análise à acção política dos "poderosos" que governaram o mundo nos
últimos 30 anos, em regime ditatorial e sanguinário, conclui que o fim de vida de
todos eles, foi inglório, cheio de sofrimento e em nenhum caso levaram com eles,
para o Além, as fortunas pilhadas aos povos que exploraram.

Idi Amin foi um tirano que matou mais de 400.000 ugandeses; morreu depois de
estar em coma há muitos meses; como ele, era Bokassa, da República Centro-
Africana, acusado de canibalismo, foi condenados a trabalhos forçados perpétuos;
Mobutu, morreu de cancro; Foday Sankoh, da Serra Leoa, teve um final trágico.
Na Ásia, Pol Pot, (kmer vermelho do Camboja) depois de, durante uma década,
ter mandado matar mais de 3 milhões de cambojanos, acabou por morrer doente,
só e abandonado nas selvas daquele país. Nas Filipinas, Ferdinando Marcos e sua
mulher Imelda, desviaram centenas de milhões de dolares, dos quais foram depois
recuperados alguns milhões, após o golpe militar que o apeou do poder. Por ali,
havia tambem o Suharto que delapidou a Indonésia ao longo de 30 anos. Depois
nas Américas do sul e central, houve os Somoza na Nicarágua, o Fulgêncio
Baptista em Cuba, Stroessner no Paraguai, François Duvalier no Haiti e Pinochet
do Chile, que mandou executar uns 6 mil chilenos dos quais ainda hoje não se
sabe onde repousam as suas ossadas. Todos estes tiveram um fim inglório.
Ainda podemos apontar como perseguidos pela justiça divina ou por ela condenados
a morrer de grave doença, os seguintes políticos que abusaram do seu poder,
impondo a sua vontade ou criando grandes tensões sociais das quais resultou
mal-estar e sofrimento para o seu povo: Nicolau Ceausescu, Franco, Salazar,
Reza Palevy, Sadam Hussein (já está a ser humilhado). Tambem não teve um
fim de vida feliz a senhora Tatcher, e Ronaldo Reagan está muito, muito doente.

Um punhado de casos ao acaso, que bem merecia ser analisado em profundidade,
para vermos até onde é verdade o aforismo: "respeitando os outros, estás a
respeitar-te a ti". Ou não será verdade que, quem semear o ódio, a ira, a raiva, a
dor e o sofrimento, acaba sempre por apanhar com tudo isso, porque existiu, desde
sempre, o efeito "boomerang"?

A política e o poder puxam pelo ego, levam as pessoas a lutarem contra os outros,
a humilharem os vencidos, a corromper as consciências, a desprezar os fracos.
No entanto, pelos exemplos que acabamos de ver, parece haver uma espécie de
"maldição" que persegue todos aqueles que ao chegarem ao poder, abusam da
sua "condição de simples mortais" e tornam-se ditadores opressivos, ou então em
ditadores iluminados, afirmando "eu quero, posso e mando": obedeçam-me!

2003/08/16

 
LITERATURA EM TEMPO DE FÉRIAS

É costume perguntar às pessoas amigas, quando vão de férias, que autores ou
obras literárias levam para ler, já que, ao longo do ano, por afazeres profissionais,
pouco tempo resta para a boa literatura.
Eu nunca dediquei muito do meu tempo de férias a ler um bom romance, novela,
ensaio, crítica ou poesia, pois tenho para mim, que um trabalhador assalariado, ao
fim de um ano de trabalho, precisa mesmo é de umas férias para "regenerar" (física
e espiritualmente) e que, essa necessidade, só pode ser alcançada, "desligando" a
mente de todos os exercícios mentais, contactando com a mãe Matureza, comtem-
plando o rio, o mar, a serra, os vales, as aves, os bichos -- todos os seres vivos --
enfim, ter consciência de tudo aquilo que ao longo do ano nos passou despercebido.
Mas, apesar de tudo, anos houve que tambem consegui criar condições propícias á
leitura de boas obras literárias. Tudo depende do local onde fazemos férias.

Vem isto a propósito de Clara Ferreira Alves, directora da casa Fernando Pessoa, que
à pergunta da praxe respondeu: "Acabei de ler o "Plateforme" de Michel Houellebecq
[Edition J'ai lu]. Adorei. Li-o todo de seguida. Já tinha lido as "Partículas Elementares"
e guardei este para as férias. Pela primeira vez em muitos anos descobri um roman-
cista francês. Houellebecq pertence a uma família que é de um péssimismo inteligente,
da qual fazem parte Philip Roth ou J.M. Coetzee. "The Dying Animal", de Roth,"Disgrace"
de Coetzee e "Plateforme" são os romances [recentes] mais interessantes. Estou a
ler ainda "Diego Garcia", de Simon Winchester, num número antigo da "Granta", doiis
livros sobre a Al-Qaeda, partes de "The War Against Clichés: Essays and Reviews",
de Martin Amis... vou saltando, é uma overdose de livros".

Eu esperava mais de Clara Ferreira Alves (CFA), não uma "overdose de livros", mas
pelo menos a alusão a um autor português, tanto mais que ela tem a seu cargo a
direcção da "Casa Fernando Pessoa". Mas não, CFA apenas mostra apetência por
AA e temas estrangeiros, que a mim, nada dizem, e sobre a Al-Qaeda, então nem
pensar -- isso é problema do tio Bush. Então, porque razão, Calra Ferreira Alves?
Será por snobismo, serviço de recensão, falta de edições de AA portugueses, ou
porque "o que é nacional não é bom"? Não estará CFA a esquecer a literatura
portuguesa? E não será isso uma traição a Fernando Pessoa?

Ao ouvir alguns pseudo-intelectuais cá do nosso burgo, não posso deixar de
agradecer ao brilhante e inteligente Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, o quanto tem
tem feito pela divulgação da actividade editorial de AA portugueses, emitindo
sempre, a sua opinião -- ainda que laudatória -- das respectivas edições, e sem
que alguma vez se tenha lamentado de sentir, que isso, para ele, seria uma
espécie de "overdose de livros".

Os livros, Clara Ferreira Alves, nunca são demais.


2003/08/15

 
TEMPO "OPTIMUS" EM PAREDES DE COURA

Afinal a facturação musical em Agosto continua a crescer. Desta vez em Paredes
de Coura, de 17 a 21, com o patrocínio financeiro do "Tio Belmiro".
Nos States dizia-se, em tempos remotos: "o que é bom para a General Motors,
é bom para a América". Em Portugal, o "Tio Belmiro" parece ter adoptado este
lema: "o que é óptimo para a juventude rockeira, é Optimus para a SONAE." Ele
é que sabe. Se em cada concerto houver 20 mil Optimus a telelar, é só facturar
e ver a Novis crescer.

Ora bem, hoje vou deixar os jornais, se bem que me custe muito calar a minha
indignação sobre a descaracterização do Público de hoje, ao apresentar-se com
14 páginas de futebol, começando na primeira até à 13ª (incluindo duas páginas
de frente em publicidade) e depois ainda a página 42. Eu pensei que poderia
ter havido erro, enganaram-se na montagem e colocaram na maquete os
acetatos do jornal Record ou de A Bola, mas não, era mesmo assim... Um jornal
de referência a degenerar ou a fazer a vontade ao "major Valentão" o homem
forte de Liga (grande dinossauro!).

Pois em Paredes do Coura vai estar uma menina chamada PJ Harvey, Polly Jean
para os amigos, que já fez terapia -- não dizem porquê. Mas pelos temas das
suas canções fica dito que "paixão com P grande, buracos negros, anorexia,
sado-masoquismo, abandono, infanticídio, traição, depressão, morte, Deus e
o diabo, violência gratuita, neurose, amor ardente e sexo, sexo, sexo" -- são
estas, algumas das obsessões de Polly Jean.
"TEMOS GAJA" - titula um dos cardápios de apresentação de Harvey. onde se
diz que ela não confirma nem desmente os seus relatos de "ménages à trois".
Ficamos a saber que Polly Jean, na escolha de parceiros, "tem de ter desejo,
de sentir o cheiro do homem, de o querer físicamente, profundamente".
"Durante muito tempo estive apaixonada por religião, passava as minhas
noites a ler a Bíblia. Achava que podia encontrar lá todas as respostas. Como
ninguem me ensinou o mínimo de rudimento de religião, tive de aprender tudo
sozinha."
"I've prayed days/I've prayed nights/For the Lord just to send me home some
signs". "I'm begging Jesus, please. Send His Love to me".

Está feito o retrato. Polly Jean não é o que aparenta, mas sim o que sente.
Ela, como todos os jovens, a quem nunca foi ensinada a Fé, procura referências
quer saber quem é, o que faz aqui.
Olha, querida Polly Jean, lê Espinosa, que já no século XVII dizia que "Deus
quer dizer Natureza". Deus já não é uma pessoa nem uma Providência. Este
Deus-Natureza não tem livre arbítrio nem vontade, nem fim nem exterior,
engloba tudo, e nele tudo tem lugar em razão da necessidade. Deus quer
dizer Natureza. O Homem é uma parte da Natureza, e, assim, o Homem é uma
parte de Deus.

Não te digo Polly Jean, "Temos Gaja", mas sim, temos um "Ser em Busca de Si".
Procura em ti, no teu íntimo, no teu coração; respeita a Natureza e todos os
seres vivos, e irás encontrar a resposta para as tuas perguntas. Larga os
festivais, o mercado da música. Só os Anjos sabem cantar. Canta para todos,
com alegria, por amor, por solidariedade, sem "cachets".

2003/08/14

 
OS PAPAGAIOS NEO-CONSERVADORES

Para avaliarmos o pulsar do "país real" permito-me transcrever o seguinte:

"Paulo Portas, como se sabia e esperava, e como tinha prometido, está em
velocidade de cruzeiro na mudança e reequipamento das FA, mesmo em ano
de crise e contenção: já introduziu a central de compras, vai anunciar hoje a
compra dos blindados para o exército, terá a opção final dos submarinos na
primeira quinzena de Setembro, tem em estado avançado e quase final o
acordo dos P-3 Orion, e em fase de discussão os helicópteros e o avião de
transporte de tropas. Afinal era só fogo-de-artifício?".
(Luis Delgado, in "Linhas Direitas" do DN de hoje)

"...A mata florestal que abrange os concelhos de Monchique e Aljezur está
recortada por estradas e aceiros. Do litoral, separa-a uma estrada de alcatrão
que liga Marmelete a Aljezur. Controlar esta estrada é fácil, se forem colocados
de prevenção meios necessários logo que o fogo comece na encosta sul.
Como é que foi possivel deixar um incêndio que começou na Mexilhoeira Grande
galgar a encosta e passar para norte desta estrada? Estive lá, ontem, vendo
com desespero, as chamas consumirem lentamente o mato, em contraste com
a voragem das chamas na massa florestal. Nos recantos, viaturas de bombeiros
do Alentejo e de Setubal aguardavam ordens dos comandos enquanto o fogo
alastrava. Alguns pareciam perdidos naquele labirinto de caminhos. Parecia
tão fácil impedir ali mesmo o avanço das chamas! Os militares, jovens, não
sabiam o que fazer. Não traziam ferramentas, nem alimentos. Estavam ali,
impreparados e sem meios, joguete das estatísticas oficiais do Dr. Portas.
E agora?
"... Vamos continuar dependentes do voluntariado de homens que correm o
risco de despedimento por se ausentarem do seu trabalho para prestar um
serviço público?
Vamos continuar a comprar aviões de guerra e submarinos, em vez de aviões
de combate aos incêndios e barcos de prevenção de marés negras? Que país
miserável é este que tem apenas um helicóptero na serra de Monchique e
abastecimento para os Canadair a mais de 200km de distância? Que alienou
as casas dos guardas florestais, acabou com os guarda-rios e deixou de vigiar
as florestas?".
(Maria da Graça Mateus in "Cartas ao Director" do Público de hoje).

É evidente que Luis Delgado, jornalista e tambem director da Lusa, não está
com e neste país. O seu fado são os "States" dos neo-conservadores, e aqui,
ajuda os seus amigos, como o fez no início deste ano, na sua Coluna Direita,
atribuindo pontos e vaticinando "obras valerosas" a cada um dos ministros
de Durão Barroso. Já nessa altura, Luis Delgado, "previu" um futuro brilhante
e sonoro para o ministro Paulo Portas. Não admira pois que, nestes dias de
calamidade pública, resultante dos pavorosos incêndios que assolam o país,
Luis Delgado mais não veja nem sinta do que o "aproveitamento escolar" do
seu pupilo Paulo Portas, a quém em Janeiro terá dado a notação 20.
É uma lástima que Luis Delgado seja director da agência noticiosa LUSA, e
uma desgraça que Paulo Portas continue a ser ministro da Defesa nacional.
Alguem o tem visto, nestes dias de incêndios, quando o país fenece, sem
meios para garantir a segurança e os bens dos portugueses?

2003/08/13

 
UM DESERTOR NÃO É UM HERÓI

José Manuel Fernandes deve estar alucinado pela variedade de heróis que há nos EUA,
e dos quais tantas vezes nos dá conta, como está a acontecer agora, com a candidatura
de Schwarzenegger (o Terminator) a governador do estado da Califórnia. Isso já não é
de estranhar, o pior é que agora, quer arranjar heróis em Portugal, e, vai daí, aponta
para Maggiollo Gouveia, um desertor do Exército português, como um bom candidato a
herói por este ter sido o último a morrer no final do nosso Império Colonial.

Segunda-feira, em Mação, será prestada homenagem ao tenente-coronel Rui Alberto
Maggiollo Gouveia, oficial do Exército português, executado em Dezembro de 1975, em
Aisirimou, Timor-Leste. Este oficial era comandante da Polícia de Segurança Pública, em
Dili. Com o golpe de estado desencadeado pela UDT, o território mergulhou na guerra
civil, tendo o governador Lemos Pires ordenado a retirada das nossas tropas para a
ilha de Ataúro.
Neste caos político, o comandante da PSP Maggiolo Gouveia, faz uma proclamação na
Rádio Dili em 12 de Agosto de 1975, dizendo que "aderiu ao movimento da UDT, depois
de feito prisioneiro pelas forças operacionais daquele movimento". No final remata:
"Falou-vos Rui Alberto Maggiolo Gouveia, ex-tenente-coronel do Exército Português".

Tudo leva a crer que Maggiolo Gouveia terá acedido aos desejos dos dirigentes da UDT,
e, ao despedir-se como "ex-tenente-coronel do Exército Português", teria em mente
passar para o "outro lado", o lado do inimigo. Curiosamente, ele receava que aquele
seu gesto, fosse interpretado pelos seus camaradas com um acto de traição: "Alguns
poder-me-ão considerar traidor; mas um homem só é traidor quando trai a sua
consciência. Eu não podia mais continuar a trair-me a mim próprio".

O que Maggiolo Gouveia fez, não foi apenas um acto de traição, foi tambem um crime
de deserção -- crime este que não é consentido por nenhum exército do mundo. Já se
pensou no que seria se os militares do exército de Bush no Iraque, no Afeganistão, em
Guantanamo começassem a desertar, por problemas de consciência! Maggiolo desertou,
traiu os seus camaradas, jogou mas teve azar, porque logo no dia 20 de Agosto de 1975
dá-se o contra-golpe, levado a cabo pela Fretilin e acaba por ser preso, até que, a 15
de Dezembro de 1975, a Indonésia invade o território, levando os gerrilheiros a uma
fuga para a frente, matando tudo o que considerava inimigo. Nesta fuga ao invasor,
a Fretilin faz fuzilamentos sumários, e neles coube a má sorte a Maggiolo Gouveia,
ex-tenente-coronel do EP, ex-comandante da PSPde Timor.

José Manuel Fernandes -- que na altura era um militante maoista, como Durão Barroso--
talvez não tenha servido no Exército, porque se o tivesse feito, teria uma noção mais
precisa do que é um "desertor" e um "traidor" em termos de conduta militar, e muito
mais em tempo de guerra. Como refere no seu editorial de hoje no Público, "Maggiolo
Gouveia fez uma opção de liberdade, a sua, e morreu por ela".
Ora, nem mais. Portanto, não o queira promover a "herói" só porque ele foi o "último
militar a morrer pelo Império".
Haverá muitos heróis anónimos, desde oficiais, a sargentos e praças que lutaram pela
defesa e pela ordem do Império, e nada receberam. Certamente que seriam ofendidos
se a Nação viesse agora homenagear um desertor.


2003/08/12

 
PAULO PORTAS NO SEU LABIRINTO DE S. JULIÃO DA BARRA

"Se há entre Exército, Força Aérea e Marinha vinte ou trinta mil homens... que
dez mil desçam ao terreno... que façam pelos menos o que fazem os escuteiros.
Que evitem a traição do fogo, na calada da noite, que velem, que patrulhem...
que ensopem a terra quente antes que ele apareça. Que estejam lá... a acatar
as ordens de quem sabe... Isto tambem é defender o país. Que fiquem de sentinela
a vigiar o pouco que não ardeu".

"Às vezes penso que o ministro da Defesa perdeu a memória. Onde está o Paulo
Portas que entrava pela redacção aos gritos... a perguntar o que faziam os soldados
na época dos fogos... era, se bem me lembro, então ministro um Fernando Nogueira
hipercivilista... Ele nunca lhe perdoaria um atraso destes... Os militares tambem não
vão perdoar ao chefe... que em vez de os colocar na frente da batalha... os ignora
fechado em São Julião..."

(in "Remorsos de Verão" de Graça Franco, editado no Público de hoje).

APOSTILHA
Graça Franco diz que Paulo Portas está fechado em São Julião. Eu moro ali perto e
não tenho dado por nada. Consta-me, isso sim, que o ministro Paulo Portas estará
nas praias do Algarve a cuidar do bronze, e que, por ser excelente bailarino, Cinha
Jardim o tem levado às melhores discotecas e dançado com ele "até cairem de gatas".
Esta informação foi colhida e editada por Eduardo Prado Coelho no "Fio do Hozonte"
publicado no Público do dia 7 de Agosto.

2003/08/11

 
O VERÃO QUENTE DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

"O senhor ministro (Paulo Portas), apesar do seu apregoado patriotismo, não reune
as condições mínimas necessárias para liderar uma instituição que se obriga a respei-
tar princípios que o próprio desrespeita. Actualmente, a autoridade de que goza é
simplesmente de natureza formal, a que corresponde um respeito de etiqueta, tambem
meramente formal, dirigido à figura do ministro da Defesa, mas não de quem desem-
penha o cargo. O que não é de menor importância".
"Veriamos com bons olhos a deslocação do actual ministro da Defesa para outro minis-
tério e/ou a sua substituição por alguém do seu próprio partido". ... O ministro não tem
de ser perfeito. Nos tempos que correm já nem precisa de ser um homem sério a tempo
inteiro. Basta-nos que o seja no exercício das suas funções e que nos considere. Para
continuar a dispor da nossa interminável paciência e "incondicional" subordinação".
(in Carta aberta ao ministro Paulo Portas, subscrita por um oficial superior, major do
Exército português, no activo, publicado no Público de hoje).

"A Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) elogiou ontém os ex-chefes do
Estado Maior do Exército (CEME) pelo jantar em que criticaram o ministro da Defesa,
Paulo Portas"... "O polémico jantar seguiu-se à demissão do ex-CEME Silva Viegas,
que alegou falta de confiança política em Paulo Portas. Alguns comentadores defen-
deram que é o ministro quem deve ter confiança nas chefias e não o inverso. A AOFA
considera este pensamento próprio de um regime ditatorial e sublinha que a confiança
tem de ser multilateral, sob pena de rupturas insanáveis. A AOFA sublinha ainda que
deve haver "subordinação" dos militares ao poder político, mas não "submissão".
(Comunicado da AOFA, citado por Pedro Ribeiro, no Público de hoje)

"Votadas com sucesso algumas reformas significativas, apresentado um projecto de
reformulação da administração pública, imposto o princípio da austeridade orçamental,
tudo levava a crer que o Governo poderia ir para férias, com excepção da incessante
e austera vigilância de Manuela Ferreira Leite. As revistas da especialidade estavam
prontas a seguir as maratonas bailarinas (!) de Paulo Portas, capazes de o deixarem,
segundo declarações da própria Cinha Jardim, de gatas. Como a Oposição parece
encontrar-se no mesmo estado (de gatas), abria-se a Durão Barroso uma estrada
estival cor-de-rosa. De súbito, um sinal de fumo inquietante: demissão do CEME
por ter perdido a confiança no ministro da tutela. Depois, as divergências acumuladas
por Figueiredo Lopes (ministro da Administração Interna) ganham um peso especial:
a nomeação de Gil Martins (do SNBPC) mostrou-se desastrosa. A falta de meios foi
vista através de todas as televisões, a descoordenação dos coordenadores tambem.
O ministro (Figueiredo Lopes) não tem discurso para as circunstâncias".
(Eduardo Prado Coelho in "O Fio do Horizonte", editado no Público de hoje).

"O ministro da Administração Interna é o ministro-lotaria. Figueiredo Lopes ainda não
foi porta fora, porque tem a ronha toda de quem anda nesta vida de ministérios há
tempo de mais".
(Francisco Moita Flores in Correio da Manhã citado pelo Público de hoje).

"Durão Barroso podia ter feito mais e melhor. A nomeação dos inenarráveis Figueiredo
Lopes e Amilcar Theias (do Ambiente) a evidente descoordenação estratégica no
combate aos incêndios, os cortes orçamentais que fragilizaram as acções de prevenção,
o desastroso impacto na economia figuram a débito no seu livro de contabilidade".
(Fernando Diogo in Expresso citado pelo Público de hoje).

- - - - -
Era benéfico para todos, que viessem aí umas chuvadas valentes, para refrescar
e lavar as terras calcinadas pelos incêndios, e tambem para que os portugueses
serenassem os ânimos exaltados, a fim de podermos dar a volta a este fado triste.

2003/08/10

 
FROM AMERICA, WITHOUT LOVE

Chester Crocker, antigo secretário de Estado adjunto para os Assuntos Africanos,
falando sobre a Libéria, a Serra Leoa e a República Democrática do Congo, disse
o seguinte: "Os americanos começam a compreender que os Estados desmonorados
-- em África -- são incubadoras para quase todos os desafios lançados aos interesses
e valores americanos através do mundo".
(A Legião Francesa que se cuide, no futuro poderá ter um concorrente, em África).

"Uma igreja do Sul dos EUA recorreu a um estratagema original para tentar reduzir
as tensões raciais na sua comunidade. Fred Caldwell, bispo de uma igreja baptista
de maioria negra em Shreveport (Luisiana), ofereceu 5 ou 10 dólares a cada indivíduo
branco que se apresentasse numa missa da sua congregação, mas a iniciativa teve
críticas. Segundo o "USA Today", houve em Shreveport quem considerasse que a
harmonia racial é algo que não se pode comprar (muito menos por 10 dólares). Outros
acharam que o dinheiro seria melhor usado em obras de caridade".
(Afinal, nos States, continuam a haver segregação racial, até nos locais sagrados).

"A arquidiocese de Boston, nos EUA, disponibilizou 55 milhões de dólares para pagar
acordos extrajudiciais em 500 casos de abusos sexuais cometidos por padres. Mas a
proposta pode não ser aceite, disseram os advogados dos queixosos. A proposta
visa pôr fim ao processo de pedofilia na diocese de Boston, onde 140 padres são
acusados de ter abusado sexualmente de menores de ambos os sexos. A hierarquia
da Igreja Católica nesta cidade do estado de Massachusetts, na costa oeste, terá,
segundo as acusações, ignorado as queixas que foram sendo feitas pelos paroquianos
ao londo dos anos".
(Nos States, até a Igreja acha que, com dinheiro, pode comprar o silêncio das vítimas).

"A Igreja Episcopal dos EUA deu mais um passo para o reconhecimento da homosexu-
alidade, apesar da polémica que o tema gera na comunidade religiosa a que pertence,
a anglicana. Na noite de sexta-feira (dia 8), o conselho de bispos autorizou os sacer-
dotes a casarem pessoas do mesmo sexo".
(Então, e o santo Papa, já não merece respeito?´Ele, é contra esses matrimónios!)

"As eleiçoes para o cargo de governador da Califórnia prometem ser animadas. Depois
de Schwarzenegger (o Exterminador) ter avançado com a sua candidatura, outra
personagem do espectáculo anunciou estar na corrida. Chama-se Mary Carey e é actriz
de filmes pornográficos. Carey ainda está na fase de recolha de assinaturas, mas para
fazer desde já frente a Schwarzenegger, a senhora vestiu o seu camuflado (azeitona)
e foi para as ruas de Los Angeles apresentar as suas propostas eleitorais".
(É uma pena não poder mostrar aqui a fotografia de miss Carey. Posso dizer que tem
mais "sex-appeal" do que o Terminator, e que deve ter de anca 90 por 120 de peito;
com tais atributos, miss Carey já pode cantar: "hasta la vista, baby" porque o robot
Terminator vai acabar na sucata, esmagado pelos peitos de Mary Carey).

Pelo que lemos aqui e pela teoria de Spengler, os States aproximam-se da decadência.
(Registos recolhidos do jornal Público, edição de domingo, dia 10).

2003/08/09

 
ÀS TRIBOS URBANAS, DÃO-LHE MÚSICA!

O País continua a arder. Enquanto isso, em Zambujeira do Mar, decorre o "Festival
Optimus/Sudoeste", uma orgia de música pop, reggae, funk, jazz, blue, rock e dança,
à mistura com cerveja e ecstasy.
O principal cardápio é servido pela empresa do grupo liderado pelo "Tio Belmiro" que
tambem resolveu alinhar, agora, na corrente da "pop" para atrair mais clientela. Em
segunda linha, aparecem as editoras musicais, interessadas tambem em promover
as vendas de CDs. A seguir temos os Montez e os Covões, trabalhando no duro para
poderem facturar, neste Festival, cerca de 1 milhão de euros (atenção ao IVA e IRS!).

A semana passada, a PJ desmantelou e deteve os responsáveis de uma rede de
tráfico de droga, tendo-lhes apreendido armas, telemóveis, carros de alta cilindrada
e grandes quantidades de ecstasy e outros tipos de alucinogéneos. Na altura foi
referido pela PJ que, aquela droga, se destina a ser vendida em Zambujeira do Mar.
É assim, com estes ingredientes, que estes festivais se tornam irresistíveis para as
tribos urbanas, fanáticos do funk e da metálica.

Da parte das editoras, o aproveitamento comercial destes eventos, vai desde uma
"news letter" onde referem os "projectos -- que mania esta, dos projectos musicais!--
já editados, e daqueles que vão ser prensados até final do ano. O negócio é gerido
por um grupo de "boys" entendidos em "marketing" e em engenharia sonora. São
milhões que estão envolvidos. Por exemplo o funkiano Jay Kay (Jamiroquai), já vendeu
16 milhões de CDs, o equivalente a uns 300 milhões de euros. Segundo consta entre
o pessoal das tribos funk, este Jay Kay, "mascarado" com o seu chapeu pé-de-meia,
continua a ter problemas com drogas, e uma grande obsessão por Ferraris.

Os "Primal Scream", grupo/banda inglês, em entrevista de apresentação, disseram
que os concertos deles "pôem as pessoas a voar". Entendam: "voar, mas para dentro´
("é uma trip, meu, é uma trip, a nossa música é uma trip"). Para eles alimentação é
sinónimo de ecstasy. "It's a trip, man". Britney Spears precisa é de experimentar
umas drogas, para ser menos aborrecida. -"What? It's a trip man".

Os belgas "2 Many DJs", segundo rezam os cardápios, "onde actuam, provocam ondas
de tumulto com muitos assistentes a portarem-se como se estivessem num concerto
de nu-metal, com "mosh" à mistura".

Dos grupos/bandas portugueses pouco há para dizer. Confundem-se com os outros,
até nos nomes de cartaz: os "Loto" têm mais "groove"(?), os "Grace" são mais pujantes,
os "Blind Zero" são mais maduros, os "Toranja" têm a palavra certa, dos "Zorg" são
esperadas cargas de adrenalina e dos "Mofo", ruido, muito ruido. ("It's a trip, man").

- - - -

Não há dúvida, este País tem gente de futuro!

Com eles, à custa deles, muita gente vai poder "enricar", até um dia, quando a música
voltar a ser a linguagem que todo o mundo conhece; a linguagem do amor, da alegria
e da fraternidade. A linguagem que só alguns tem o dom de cantar, por graça divina,
e que, por isso, não deveria ser objecto de exploração industrial; deveria ser gratuita,
usada como terapia, para felicidade de todos.


2003/08/08

 
HÁ FALTA DE ÉTICA E COERÊNCIA NALGUNS POLÍTICOS

Para caracterizar aquelas pessoas que entram na política, só para melhor
defenderem os seus interesses, hoje vou socorrer-me, ainda que parcialmente,
da opinião de Esther Mucznik, publicada hoje no jornal Público.
Esta senhora é, pelo que sei, cidadã portuguesa, observa o "Sabat", e utiliza,
quase sempre, o seu espaço de opinião para defender Israel, os judeus e lembrar
que o Holocausto existiu. Chega a ser fundamentalista, na defesa das suas ideias.
Para mim é dificil aceitar isso, mas reconheço que Esther Mucznik é uma pessoa
corajosa e que tambem é capaz de se indignar, perante o oportunismo dos políticos.
É para agradecer essa sua intervenção cívica, que faço minhas as suas palavras para
denunciar a atitude da deputada Maria Elisa que, em licença médica da Assembleia
da República, se prepara para apresentar mais um programa na RTP.

..."São estes exemplos que retiram qualquer credibilidade às políticas de moralização
e aumentam a crescente ausência nacional de escrúpulos. De que serve o Governo
declarar guerra às falsas baixas médicas se uma personalidade mediática, e
precisamente por isso, se permite faze-lo impunemente? De que serve o Governo
procurar reduzir os custos da RTP, quando, por um lado, acaba com programas de
qualidade e baixo custo de que o melhor exemplo é "O Lugar da História", mas, por
outro,se prepara para pagar, certamente a preço de ouro, mais um "talk show" ou
um programa de entrevistas, cuja utilidade em termos de serviço público é mais do
que duvidosa? Perseguição política, clama Maria Elisa, às críticas que se têm feito
ouvir. Na realidade, o que é de admirar é que, tendo sido Directora de Programas
na época do grande despesismo -- que o Governo quer legitimamente acabar -- ela
volte de novo à casa-mãe, como se nada fosse".

..."Portugal está a atravessar um momento difícil, porque é um momento de
descrença e de falta de confiança, agravado agora pelas trágicas consequências
da imensa fogueira que está a consumir as florestas e onde se revela, o pior e
o melhor de um povo e de um país."
"Nenhum país muda se não acreditar em si próprio e sobretudo nos homens e
mulheres que o representam a todos os escalões. Por isso a moralização, a
probidade e o exemplo dos "de cima", são decisivos, tambem para inspirar o
comportamento dos "de baixo".

- - - - -
Tem razão Esther Mucznik, mas é que, a agora deputada Maria Elisa Domingues,
sempre gostou de viver como se "estivesse" noutro país, viajar e fazer compras
em Nova Iorque, Paris e Londres, com o dinheiro facturado à RTP, sempre ao
sabor da corrente, então com o PS, agora com o PSD!


2003/08/07

 
TEMPO DE IR A BANHOS

Estamos em plena época de férias. Os aontecimentos mediáticos rareiam.
Para além do rescaldo dos incêndios pouco mais há a registar.

Até a agência LUSA parece ter dificuldades em manter os jornais ocupados. Hoje
vem informar que a Igreja Ortodoxa se desvinculou da "Santa da Ladeira" a quém
prestava assistência espiritual desde 1978. Aquela instituição aconselha agora os
fieis a não frequentarem a Ladeira do Pinheiro, pois considera que "tudo aquilo é
apenas uma seita com fins duvidosos, uma mistura de cultos e doutrinas, uma
ilusão espiritual".
(Ao fim de 25 anos, os ortodoxos tambem escorregaram, na fé da Ladeira).

Eduardo Prado Coelho (EPC), que é uma referência no campo das letras, artes e
da cultura em geral, à falta de melhor, dedicou a sua coluna no jornal "Público",
intitulada "Fio do Horizonte", à banalidade das revistas côr-de-rosa -- que diz
conhecer apenas pelas capas -- e faz-nos saber que Atur Albarran (sim, esse, o
ex-reporter de guerra e agora sócio de Carlucci no ramo imobiliário), terá sido
apanhado pelos "papparazi" em inacreditáveis orgias. Sobre isto, Albarran terá
dito "que ninguém tem nada com isso". E, na opinião de EPC, a denúncia daquelas
orgias "é um caso de fascismo social".
(Dr., que ideia mais "silly"! Não se terá perdido, a olhar para o Fio do Horizonte?).

Anote-se ainda o caso de uma adolescente de 14 anos de idade que, através da
revista "Bravo" dirigiu uma mensagem (não se sabe a quém, nem o seu teor) a
qual teve eco numa outra, publicada na revista "Cupido", por um jovem de 27 anos
de idade. A troca de mensagens levou a telefonemas, SMS e vai daí, a jovem
adolescente sai de casa para ir ao encontro do seu amado. Terá sido um encontro
muito breve; ao fim do dia a adolescente regressou a casa.
Agora o adulto de 27 anos, sujeita-se a ser acusado de crime por autodeterminação
sexual (?).
(Anseios das "teenagers" de hoje, impacientes por sair de casa dos pais. Porquê?)

Resta-nos a Volta a Portugal em bicicleta. Começou ontém, em Albufeira.
Da equipa espanhola KELME, desistiram 5 dos 8 ciclistas, ficando pela estrada um
aos 10,7kms, tres aos 17,6kms e outro aos 22kms. Restam dois. Tudo isto, ao que
consta, "por dores de barriga", ou seja, por diarreia, provocada talvez pela ingestão
de sais vitamínicos.
A 20km da meta, o russo Oleg Rodianov, acabou por desistir, sendo recolhido pelo
carro vassoura.
É uma prova dura, que requere preparação física e nervos de aço. Disto deu conta
Joaquim Gomes, director da Volta: "Nervosismo é ter que discutir um contra-relógio
decisivo e passar toda a noite com diarreia".

(Esqueça. Acontece, a qualquer um, quando menos se espera).






2003/08/05

 
MAIS ACÇÃO MENOS PALAVRAS

As pessoas estão assustadas perante a calamidade incendária que assola o
país. E, estão com os nervos à flor da pele, irritadas, indignadas com tudo e
com todos. O descontrolo emocional é evidente.
Vejamos alguns exemplos deste estado de nervos e de angústia incontida:

-Os produtores florestais, pela voz de José Manuel Casqueiro, vêm dizer que
a proposta de medidas tomadas pelo governo, para aliviar a tragédia, "são
medidas atabalhoadas, nada objectivas, um verdadeiro flop";
-A Direcção Geral de Florestas, a propósito do incêndio do Pinhal de Leiria,
diz que a responsabilidade é da Direcção Regional de Agricultura da Beira
Litoral ", por força das alterações orgânicas feitas pelo PS em 1996";
-António Jesus Oliveira, em carta dirigida ao Director do "Público", levanta a
hipótese destes incêndios serem um "atentado terrorista -- um 11 Setembro
português -- por o nosso país ter apoiado a guerra contra o Iraque";
-Álvaro de Sousa, leitor do referido jornal, sugere, entre outras coisas, que
"o governo deve emitir dívida pública, a subscrever pelas seguradoras", já
que o Orçamento tem escassez de meios (dinheiro);
-O Prof. Vital Moreira, aponta diversas causas para estes incêndios florestais
entre elas "a introdução do eucalipto e o círculo vicioso do (des)ordenamento
florestal vigente", lembrando ainda que a Lei de Fomento Florestal de 1938,
"com a arborização de baldios e serranias interiores a norte do rio Tejo,
contribuiu logo para a expulsão das comunidades pastoris";
-O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, diz que "o governo andou mal, atrasou-se
e que, nestas coisas, tem que haver sempre alguém que é o responsável",
e, como tal, deve ser demitido;
-Adérito Serrão, presidente do Instituto de Meteorologia, diz que logo, a 29
de Julho, foi emitido um aviso das previsões meteorológicas, que apontavam
para as "condições favoráveis à ocorrência de incêndios".

Convém haver um pouco de serenidade, porque os acontecimentos ainda
requerem muito cuidado, muito esforço, muita acção, e menos palavras.

- - - - -
Nesta altura há que destacar o seguinte:

1º)- O esforço heróico dos Bombeiros Voluntários, que têm superado todas
as carências de meios, lutando corajosamente (sem dormir nem comer)
contra as chamas infernais e procurando acudir ás populações angustiadas;

2º)- O serviço prestado pelos nossos canais de Televisão, que não pouparam
meios para informar o país sobre a dimensão desta tragédia nacional, trazendo
até nós imagens impressionantes de realismo, trágico e dantesco dos fogos.

3º)- A cobertura feita pelos principais jornais diários, e que tão bem souberam
interpretar (através dos seus reporters), a angústia, o pavor e o medo sentidos
pelas populações vítimadas por esta tragédia;

4º)-A presença das Forças Armadas que, finalmente ,se tornou visível, actuando
ao lado dos Bombeiros Voluntários, executando tarefas de combate a incêndios
e tambem de vigilância e de logística operacional.



2003/08/04

 
O PAÍS ESTÁ EM CHAMAS

Não vale a pena criticar, acusar alguém, apontar culpas seja a quem for.
A hora ainda é de acção e vigilância. O país foi surpreendido por um furacão
de incêndios, que ainda não se extinguiram, apesar do esforço heróico
dispendido pelos nossos Bombeiros Voluntários.

Neste momento a situação é trágica, contabilizando-se já a perda de vidas
humanas, elevados prejuizos materiais, e a perda da nossa floresta. Mais
tarde, no inverno, virá a erosão dos solos, provocada pelas chuvadas.

Na minha infância, havia muitas vilas e aldeias neste país, com gente activa
a trabalhar a terra e a cuidar da floresta. Assisti muitas vezes à limpeza e
recolha da caruma dos pinhais que, além de ser usada como combustível,
servia para acamar o gado bovino e os suinos, resultando daqui, nalguns
casos, o estrume para adubar a terra. Tudo naturalmente.

Hoje a floresta está ao abandono, desprotegida, sem os cuidados dos donos
ou rendeiros que cuidavam a terra e eram o elo de ligação entre a Natureza
e o Homem. Havia um equilíbrio, uma harmonia que já não existe.

É altura de pensar, como poderemos nós proteger a floresta, se cada vez
estamos mais ausentes dela, vivendo nas nossas cidades.
Não é fácil encontrar soluções, mas alguma coisa tem de ser feito.

- - - - - - - -

Nesta emergência nacional, devemos perguntar ao governo e em especial ao
ministro da Defesa, Dr. Paulo Portas, que é feito dos aviões C-130 da Força
Aérea, do material de engenharia ao serviço do Exército, das tropas para
actuar no terreno?
Ou o novo conceito de "defesa nacional" não contempla este tipo de ameaça
à segurança de pessoas e bens nacionais? Estes incêndios são um perigo
para a Nação. Precisamos da ajuda das nossas Forças Armadas, aqui!...




2003/08/03

 
Se o jornalista Paulo Portas ainda existisse, já há muito tempo que o actual ministro
Paulo Portas, teria sido apeado do cargo que exerce. O apêgo ao poder do actual
ministro da Defesa, perverte todo o conceito de ética política, e prejudica a imagem
do governo de Durão Barroso.
PP é o ministro errado no lugar errado. Nunca foi tropa, não conhece as divisas de
um tenente-coronel e menos ainda o espírito de corpo, intrínseco dos militares. Para
cúmulo, e embora ele apareça agora de fatos bem talhados, a imagem de PP continua
ligada aos tempos em que andava de feira em feira e nos mercados de bairro, trajando
jeans e boné, e a prometer aumentos de reformas e redução de impostos. Agora, nem
os deficientes da ADFA, nem os militares que fizeram a guerra em África -- a quém ele
tanto prometeu -- acreditam em PP, porque ele não pode cumprir as promessas feitas.
Resta-lhe ir em peregrinação a Fátima, pedir a Nossa Senhora, para que faça um
milagre, e possa cumprir , assim, as promessas feitas ao povo que o elegeu.
Milagres à parte, mas a coisa está feia, inquinada e tende a piorar.
- - - - - - -
Outro ministro em dificuldades, é o MAI, a cargo do Dr. Figueiredo Lopes, a quém foi
atribuida a tarefa de cumprir a promessa feita pelo PM Durão Barroso ao amigo
George Bush, de que Portugal iria para Bagdad com forças de segurança, proteger as
tropas americanas dos ataques iraquianos.
Conhecemos o embaraço financeiro do PM em suportar as despesas com as ditas
forças, bem como as dificuldades de as equipar e armar com os meios adequados ao
deserto babilónico. Afinal, não são militares que vão para o terreno, mas sim 140
elementos da GNR. Já é boa vontade em ajudar a manter a invasão do Iraque.
O que preocupa o Dr. Figueiredo Lopes, é saber que, diáriamente, as tropas estão
a ser atacadas, com baixas no inimigo invasor. É verdade que os 140 GNR não vão
para Bagdad mas sim para Nassíria... mas lá, a coisa tambem ferve. E vai daí, o
ministro Figueiredo Lopes, lembrou-se de que, se os 140 GNR andarem por lá,
armados sim, mas com uma camisola do Figo, talvez os iraquianos se tornem nossos
amigos, e não façam emboscadas aos portugueses!... Não será ingenuidade? É que,
a camisola 23 do Figo, é de um clube espanhol, o Real Madrid. Não haverá confusão?
O meu receio, é que os iraquianos -- que agora têm as suas vidas destroçadas -- já
não vão mais em futebois, e procurem vingar-se em todos os que contribuiram para
o caos político, social e económico do Iraque.
Seria muito triste, que sangue português fosse derramado em terras da Babilónia.


2003/08/02

 
Jan K. Bielecki, ex-ministro da Polónia e administrador do Banco para a Reconstrução
e Desenvolvimento, num artigo de opinião distribuido por um sindicato de jornais ao
qual se associou o "Público", editado hoje, vem falar da "Nova Europa" (termo inventado
pelo seu amigo Donald Rumsfeld), da Nato e ainda da União Europeia.
A adesão dos polacos à Nato não foi muito pacífica, dentro e fora da Polónia, e, como
admite Bielecki, o seu país é visto na UE como "o cavalo de Troia" americano, por se ter
colocado ao lado de Bush, na invasão do Iraque, ao arrepio de outros países fundadores
da União. Os polacos estão a pagar, com tropas no terreno, a lealdade a Rumsfeld/Bush,
e, como a situação ecnómica e social se tem agravado, com aumento do desemprego, o
país está agora mais dividido quanto à utilidade da Nato, e vira-se cada vez mais para a
"Velha Europa" da União, na esperança de melhor futuro. Preferem o desenvolvimento
económico ao temor de uma invasão.

A Nato é uma relíquia da guerra fria, que deveria ter sido desmantelada após a queda do
Muro de Berlim. Quando muito adapta-la aos novos tempos. Estamos a manter um sistema
de segurança que já não responde à realidade do nosso tempo. A sua manutenção serve
apenas para fortalecer o complexo industrial-militar americano.
A Europa já tem uma Força de Intervenção Rápida de 60.000 homens para actuar em todo
o terreno. A Europa vai ter personalidade jurídica; vai responder a uma só voz. A Europa
tem uma indústria de armamento sofisticada e deve preserva-la, pelo seu peso económico.

Portanto, a Europa e a América, - como o Canadá - são parceiros e amigos, porque todos
eles têm uma matriz comum. É impensável não existirem boas relações entre estes países.
Isso não impede que, entre eles, haja interesses e pontos de vista diferentes; para os
resolver, existem os canais da diplomacia. Alianças de guerra, hoje, apenas levam à divisão
entre povos, e à humilhação de outros. O mundo precisa de viver, e não de guerrear.
O terrorismo não se combate, criam-se condições para o prevenir; os conflitos locais devem
ser resolvidos por forças de ordem local, com a ajuda da ONU. os direitos humanos e a
democracia, serão assumidos, por todos, quando os cidadãos não conhecerem a fome,
quando tiverem direito ao ensino, a uma casa, a um emprego.

Para o senhor Bielecki, estes problemas são resolvidos com o "combate", i.e., com a guerra.
Estou certo que, na "Nova Europa", nem todos têm esta visão, porque é uma visão negra,
apocalíptica, própria do senhor Rumsfeld, que é fraco. Quém tiver o Poder, seja ele um
homem ou uma nação, deve exerce-lo com equidade, com generosidade, com justiça e
bondade -- sem orgulhos nem arrogâncias. Isso só gera reacção, defesa, violência... Os
senhores poderosos, os políticos, devem meditar na origem da violência, do terrorismo...

Eu não quero acreditar que o "Project Syndicate", ao distribuir o artigo do senhor Bielecki
e a que o Público aderiu, editando-o, seja uma obscura agência de notícias com fins pouco
claros, mas desconfio que seja para marcar as posições de Rumsfeld, acentuando divisões
na construção da Unidade Europeia em curso. Que aquele senhor me perdoe, esta minha
desconfiança, mas depois do que ele disse sobre as "armas de destruição maciça" no
Iraque, dificil se torna, para mim, compreender o que o atormenta neste mundo de Deus.











2003/08/01

 
O país está a arder, os militares perderam a confiança no ministro PP, a produtividade
do país é afectada pela fuga aos impostos, a oposição do PS ao governo não se sente,
a magistratura continua a ser atacada. Estes são os factos mais evidentes quando se
olha para o país. Era natural que os mais destacados "fazedores de opinião" da nossa
praça nos viessem esclarecer do que se está a passar, pois esse é o dever deles, até
porque têm acesso a informação previligiada. No entanto alguns deles, não sentem isto,
e continuam a fazer manchetes à medida dos seus gostos.

Veja-se o caso de Miguel Sousa Tavares(MST): virou as baterias para o Palácio de Belém,
para afirmar a "inutilidade das funções do Presidente da República". Isto porque, na
opinião de MST, o Presidente não faz nada de relevante, não intervém directamente na
política dos governos, porque o PR tem poucos poderes. etc. Para MST, "Jorge Sampaio
é o "most predictable" Presidente. Nunca fez ou disse nada que não estivesse
essencialmente certo ou que não fosse esperado".

MST está a atear mais uma fogueira neste país, para nos distrair do essencial. Ele sabe,
por formação académica, quais são os poderes do PR, e atrevo-me mesmo a afirmar que
MST deve ter lido a nossa constituição. Portanto, se alguma coisa não vai bem neste
país, é ao governo e à AR que compete criar as leis e os mecanismos para regular com
eficácia os poderes instituidos. Ao vir com mais este tema para a praça pública, numa
altura destas, MST parece estar ausente do país real. Talvez esteja a banhos, algures.

A situação é confusa e desesperante. Mais ainda, porque a "rentrée" política tarda.




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