2005/04/30

 
O dia de hoje, para Vasco Pulido Valente, marca o fim da II Guerra Mundial,
pois foi neste dia que Hitler se suicidou com um tiro na cabeça. VPV lembrou-se
desta efeméride certamente por ter ido à matinée, ver o filme A Queda. Mas o
surumbático José Pacheco Pereira, que eu saiba, nada escreveu sobre as histórias
desta data. Não admira, pois JPP anda por aí, a pairar sobre os céus de Portugal,
em vôo de pássaro, a contar as ETARS, as lixeiras a céu aberto, as "maisons" e
as rotundas deste país. Durante tres anos, de nada se apercebeu (talvez por andar
afadigado em defender a causa das WMD, que levaria Bush a invadir o Iraque),
e agora anda entediado com Portugal e as suas gentes. Prefere voar mais alto...
Pois para mim, este dia, diz respeito à derrota dos EUA na guerra do Vietname.
Há trinta anos, o Vietname do Norte derrotou o exército mais poderoso do mundo.
Tiveram que fugir de helicópetro a partir do terraço da Embaixada americana em
Saigão, hoje denominada cidade Ho Chi Min. O Império fugia do astuto pigmeu.

Memorial aos "Campos da Morte", em Choeung Ek, a 15km de Phnom Penh.

Mas este dia, que marca o início do fim do nazismo na Europa e o fim do
neo-colonialismo americano no Vietname, traz uma boa notícia para a Ásia, em
especial para o Camboja. Está quase concluido o tribunal internacional que vai
julgar os horrores dos "campos da morte" no Camboja, durante o regime de Pol
Pot, entre 1975 e 1979. Durante mais de quatro anos, o povo cambojano viveu a
mais sangrenta ditadura da História. Morreram cerca 2 milhões de pessoas, um
terço da população. As mortes aconteceram por escravidão, trabalhos forçados,
doenças e execuções nos "campos da morte", sem que a comunidade internacional
fosse capaz de intervir. Foram as tropas do Vietname que, após consolidarem as
suas fronteiras, avançaram sobre a capital, Phnom Penh e libertaram o país da
barbárie em que estava mergulhado. O povo não podia ter pertences, nada de
haveres, nem uma colher para comer. O pouco de tudo, era tido como um "bem"
comum. Quem resistisse, era mobilizado para trabalhos forçados, até à morte.

Recolha de armas no Ruanda, onde as lutas étnicas mataram mais de
800.000 pessoas em cerca de 15 dias no ano de 1994. Mais um "holocausto"
que a consciência da comunidade internacional não pode nem deve esquecer.


Em 1955 reuniram-se na Indonésia, pela primeira vez, 30 países africanos
e asiáticos para lutarem contra o racismo e o colonialismo e proporem uma
política de neutralidade. Ficaram a ser conhecidos como os "não-alinhados".
Para comemorar os 50 anos da "Conferência de Bandung", estiveram reunidos
esta semana na Indonésia mais de 120 países. Ali foi adiantado por Kofi Anann
que o tribunal para julgar os "khmers vermelhos" estava quase pronto. O custo
dos serviços em tres anos estima-se em 56,5 milhões de dolares. O Japão vai
disponibilizar 28 milhões, o Camboja 12 milhões e o restante será participado
pela comunidade internacional. A Ásia está dando passos para a segurança, a
paz e o entendimento entre os seus povos. Até o Kuomintang, partido nacionalista
chinês refugiado em Taiwan, visitou Pequim com vista ao entendimento entre
as duas partes. 60 anos depois da fuga para Taipé, o Kuomintang foi à China.
Este entendimento deixa a Koreia do Norte fora do baralho. Mas certamente
que o exemplo vai resultar, levando à união das duas Koreias. Será o fim da
Guerra Fria, definitivamente. Será a afirmação da Ásia no mundo.

Num mundo de guerras e de atrocidades, os jovens aprendem a viver
com as armas do ódio e da morte. Colonato de Morag, na Faixa de Gaza.

2005/04/29

 
Num país pobre, que se debate com enormes dificuldades para ultrapassar as
barreiras do seu atraso económico e social, todos devem ser responsabilizados pelo
desempenho nas funções exercidas, não importa de quem se trate. Tanto se exige
a um professor, como a um cientista ou a um juiz. No sector privado, cabe aos
patrões e gestores a avaliação dos seus empregados. No sector público, deve ser o
Estado, através de mecanismos adequados, a incentivar os funcionários na missão
que lhes foi incumbida , e a premiar o mérito conforme o desempenho de cada um.
Se isto não for feito, não haverá produtividade nem melhoria nos métodos de fazer
o trabalho. Infelizmente, em muitos sectores do Estado, ainda há a ideia de que, o
"lugar" está assegurado, pelo que não vale a pena andar depressa. Enquanto esta
mentalidade existir, o país não se moderniza nem a produtividade avança.

Vem isto a propósito do escandaloso caso relatado na comunicação social,
sobre o processo que andou a ser arrastado de tribunal para tribunal, para que
alguem decidisse em qual deveria ser julgado, tendo-se passado cartorze meses
sem decisão, e chegado ao fim as medidas de coacção aplicadas aos arguidos, pelo
que os presumíveis assassinos de um agente da GNR, estão agora ao ar.... livres e
rindo-se da justiça que se faz em Portugal. Quem são os responsáveis por esta
comédia? Certamente que os há. Um escrivão, um delegado do MP, um juiz, todos
eles, são funcionários do Estado. Quem lhes pede responsabilidade? Quem lhes
exige empenho, trabalho, produtividade? Se eles no fim do mes levam o ordenado,
que é pago pelos contribuintes, devemos todos nós, exigir que se acabe com isto.
Chegamos a desejar que a Justiça fosse feita por jurados, por um grupo de velhos
com sabedoria, como sempre foi feito durante milhares de anos... E a justiça era
feita, com equidade e toda a gente respeitava quem dava a sentença. Com a justiça
entregue aos advogados, entrámos na mercantilização da lei, que acaba, quase
sempre, por favorecer o mais poderoso. Não admira que "grandes escritórios de
advogados", tenham sugerido ao Governo, que este devia aconselhar-se com
aqueles, através de um acordo prévio, cuja avença deveria rondar os milhões...
E por aqui me fico. Glosando "Uma Ordem dos Advogados imparcial e isenta"
que, se não toma posições em assuntos como o que acima acabei de relatar, ainda
menos toma em relação a outros casos de interesse geral, e tão pouco parece
estar a defender parte da classe (menos favorecida) que lhe dá o nome.

Para enfrentar os insurgentes no Iraque, que hoje rebentaram com mais
10 carros armadilhados e morto uma vintena de civis, Rumsfeld chamou ao
Pentágono o "Spiderman" e o "Captain America" a fim de lhes propor uma
missão secreta e de resgate, lá para as bandas de Bagdade, Bakuba e Tikrit.
É a arma letal (não proíbida) que Rumsfeld tinha na manga. Se resultar, se
os "justiceiros" sairem vencedores, adivinha-se um novo meio de fazer justiça.

2005/04/28

 
Todo o cidadão que procura saber como vai o "pulsar" da vida neste planeta,
deve estar preocupado, já que os sinais são contraditórios e não deixam antever
o que o futuro nos reserva. Existe muita incerteza. A confiança dos consumidores
e dos industriais continua em queda. As economias ocidentais vão-se arrastando,
evoluindo em "yo-yo" e as empresas, para obterem resultados, cortam nos custos,
sobretudo em recursos humanos. Daí que o desemprego continue a subir, tendo
como resultado o enfraquecimento do consumo. O petróleo, --pelo qual se fez uma
guerra --continua no sobe-e-desce, mas sempre acima dos 50 dolares, o dobro do
custo de antes da guerra... Com o petróleo, vai toda a "mais-valia" gerada pelas
nossas débeis economias. Quem sai beneficiado, são os produtores, as grandes
empresas petrolíferas e os especuladores. Em tempo de guerra, é o ver se te avias.
Tambem é verdade que, o actual cíclo económico, deve ir até 2008. Mas com as
perspectivas do petróleo continuar a subir, para os 60, 80 dolares ou mesmo os
100 dolares o barril, nos próximos quatro anos, as economias ocidentais têm pela
frente um enorme sorvedouro dos seus esforços, reduzindo-lhes o lucro e capitais.
Mas por hoje, não vou mais longe. Noutra altura, voltarei a este tema.

Enquanto meio mundo se esforça por sobreviver, e enquanto outro meio vive
nesta ansiedade, quero manifestar a minha alegria--já que ontem não o consegui
fazer--por algo que, em relação aos portugueses, ainda pouco tem a ver com eles,
mas que, no futuro, poderá vir a ter. Refiro-me ao vôo experimental do A380, o
maior avião comercial do mundo, que ontem foi efectuado, com exito total. É bom
saber que, na Europa, a tecnologia e a ciência, atingiram o padrão de excelência.
A "European Aeronautical and Defense System" (EADS), através da sua afiliada
"Airbus", construiu o A380 com capacidade para 555 passageiros, podendo, no
futuro, ir até aos 850. A "Airbus" tem uma pequena parcela do capital da OGMA
onde os brasileiros da "Empresa Brasileira de Aeronáutica" (EMBRAER) detêm
80 por cento. Mas a "Airbus" poderá aumentar a sua participação até aos 20 por
cento. Se assim acontecer, a OGMA -- que é especialista em manutenção de
aviões -- poderá vir a cooperar nalgumas áreas da "Airbus". Espera-se que assim
aconteça. Aliás, Portugal já podia estar ligado a outro projecto europeu, que tem
a ver com a construção de helicópeteros. Mas o ministro da Defesa, que na altura
era Paulo Portas, preferiu aliar-se ao Pentágono, através do amigo Rumsfeld.

Tempo de colheitas... Entre a guerra e o desespero da fome, Jamila
Mohammad, vai ceifando o trigo, para poder sobreviver, já que os eleitos em
30 de Janeiro, estão em Bagdade, a tentar formar um Governo, há cerca de
tres meses.... à espera de fumo branco. Deles, Jamila não espera nada. Apenas
deseja que a deixem cuidar da terra e viver em paz, com aquilo que Deus dá.

2005/04/26

 
É muito estranho o que está acontecendo em Timor-Leste, onde os bispos de
Díli e Baucau, a propósito de uma lei governamental que torna o ensino de Religião
e Moral não obrigatório, aparecem como os instigadores de protestos populares
contra o Governo de Mario Alkatiri. A Igreja local, sempre desempenhou um papel
de relevo na luta pela independência, colaborando com a resistência armada, que
era liderada pelas FALANTIL. Mas isso não é razão para, num sistema democrático,
sair para a rua, organizar manifestações e exigir a demissão do Governo. Isso cabe
aos partidos da oposição. Pior ainda, quando exigem a demissão de Mário Alkatiri,
alegando que ele é um muçulmano... A Igreja timorense, assim, porta-se como um
grupo fundamentalista. Perigosamente, porque Timor-Leste é meia ilha, sendo a
outra metade, muçulmana. Aliás, a Indonésia, com uma área de 2 milhões de km2,
mais de 200 milhões de habitantes, que vivem em cerca de 13.500 ilhas, é o maior
país muçulmano do mundo. É o vizinho de Timor-Leste, com quem os timorenses
necessitam de ter boas relações e sem o qual nunca vão conseguir sair da pobreza
e do subdesenvolvimento em que têm vivido. Onde está o bom senso dos bispos?

Na Indonésia existem mais de seiscentos vulcões e grande parte
deles mantêm-se activos, como este em Surabaya na ilha de Java.


Por cá, depois da expulsão dos medíocres e dos populistas demagogos que se
tinham apoderado do sistema partidário, é a hora para repensar as estratégias
políticas com vista às eleições autárquicas. Já foram redesenhadas algumas
candidaturas, sobretudo no campo do PS e do PSD. Em Lisboa, vamos ter dois
fortes candidatos: Carrilho contra Carmona; no Porto, tudo leva a crer que o duelo
vai ser entre Assis e Rio; em Oeiras, nada está certo, mas Teresa Zambujo vai
continuar pelo PSD (o tio Isaltino, já fumou muitos charutos em pré-campanha
eleitoral, mas perdeu fumo após o congresso que elegeu Marques Mendes); em
Cascais, onde manda o Capucho do PSD, vamos esperar para ver (não desejo ao
PS outro JudaZito); em Sintra, o Seabra (ex-CDS e ex-comentador futeboleiro)
deverá manter-se na corrida... e perder a favor de um bom candidato do PS.
Lá por cima, estou para ver quem vai concorrer contra o pediatra de Gaia, que
perdeu a favor de Mendes no Pombal, e queria estar com o que "anda por aí..."
E Matosinhos? Será que o "senhor de Matosinhos" vai para a reforma? E o nosso
major, vai concorrer a Gondomar com "apito dourado"? E o Avelino, essa figura
que aparecia em cuecas na "Coutada das Celebridades"? Será que tem dinheiro
para se candidatar a Amarante, por troca do Marco, onde era fiscal de linha?
Vamos ver como vai ser. Talvez neste fim-de-semana saia fumo branco...

Beneditus XVI recebeu e falou aos jornalistas, com quem espera manter um
diálogo permanente, e estes continuam a divulgar a obra e a figura do Papa.

2005/04/25

 
O conclave do PP-cds escolheu José Ribeiro e Castro. Começa uma nova era
com o regresso às origens do CDS. Sem purgas nem rancores. Nem o envio pelo
correio da fotografia de Paulo Portas para a séde do PND de Manuel Monteiro.
Mas depois de tudo isto, não é credível que o CDS venha a melhorar o seu score
eleitoral. Posicionado ao centro, e embora se defina democrata-cristão, o partido
mais à direita do nosso sistema parlamentar não tem condições para aumentar a
sua percentagem de eleitores, já que se encontra bloqueado pelo PSD, partido de
quadros e esteio da nossa democracia, capaz de absorver parte do eleitorado do
CDS. Mas tambem não era como partido populista, que o PP-cds poderia brilhar
no espectro partidário. O único espaço que o PP-cds tinha disponível, era á direita,
na área sociológica e política "popular liberal". Com a saída do popular e demagogo
Paulo Portas, o CDS voltou às origens, mas deixa orfãos muitos jovens "turcos" do
consulado Portas que, não tendo ideologia nem ética política, por ali andavam, na
esperança de um dia tomarem as rédeas do partido e dar-lhe um rosto liberal...
Eles aspiram, tendo como exemplo alguns países europeus, à criação de um partido
liberal. E é aí que a nossa direita tem espaço para se organizar. Só lhes falta ideias,
programa, e um líder. Um partido "social liberal" pode aglutinar toda a direita.

Depois do PSD ter corrido com a medíocridade intelectual e política que era
personificada por Santana Lopes; depois de o CDS ter corrido com o populismo
do "Paulinho das Feiras", travestido em pose de Estado com o seu "fato às riscas",
a competência e a responsabilidade voltam a pontuar na democracia partidária.
Por efeito da eleição de José Sócrates como líder do PS, e dos resulltados eleitorais
deste partido em 20 de Fevereiro. A má moeda foi recolhida e tirada de circulação.
As leis do "mercado" funcionaram; houve a rejeição dos plásticos, da madeira lacada,
dos panos crús, dos vidros acrílicos, dos cremes lavander, das imitações baratas. Já
não há "lojas dos 300" em política, e no comércio tiveram que subir a qualidade e os
preços. Em matéria política, o mercado corre a favor da qualidade e da inovação.

Dizem que o "homem do fato às riscas" vai andar por aí, comparecendo na AR
até às eleições autárquicas. Depois irá para os States, fazer não sei o quê, já que o
seu amigo Rumsfeld não poderá fazer muito por ele, na medida em que está muito
pressionado, mais uma vez, por causa dos excessos em Abu Graib e Guantánamo.
Mas talvez arranje uma cunha para West Point, onde o nosso ex-ministro das
tropas poderá estudar as artes de Clawzewitz e aprender a lidar com um morteiro.
Presunção e água benta, cada um toma a que quer. Mas, se é verdade que a
a História não acabou (nem acaba), não quer dizer que os factos passados voltem a
repetir-se. Não pode, porque o tempo e os actores são diferentes. Não acredito
que o "romeiro" queira fazer o percurso de Durão Barroso. As férias passadas no
Qatar (Qatar ou Kwait?), deixaram o peregrino engordar. Quando acabar a "missão"
nos States, voltará ainda mais anafado e com menos cabelos. A aura esfumar-se-á.

EM 25 DE ABRIL DE 1915...

Faz hoje 90 anos que os soldados de Sua Magestade foram chamados para
a frente da batalha em Galipoli, na Turquia, para defesa do estreito de Bósforo
e Dardanelos e posterior tomada de Istambul. Para a frente foram mandados os
ANZAC (Australian and Neo-Zealand Army Corps). Foi a mais trágica batalha de
infanteria. Pelo Império morreram 50 mil, perderam-se 10 mil e 21 mil morreram
de doenças diversas. Do lado turco perderam 250 mil. A efeméride é comemorada
na Nova Zelândia, Austrália e Turquia, onde estiveram o príncipe Carlos, John
Howard (Aus) e Hellen Clark da Nova Zelândia, que citou Timor-Leste no discurso
de circunstância. É a memória viva da destruição em massa de jovens ao serviço
dos interesses imperiais, com séde e comando, à data, em Inglaterra.

2005/04/24

 
António Barreto, que já comeu à mesa do poder quando foi ministro do PS para
a Agricultura, nos "anos da brasa", quando fez a "Lei Barreto" da Reforma Agrária,
na qual procurava conciliar todos os desavindos com a posse da terra, -- Lei que
morreu, por inépcia e inaptidão dos seus pressupostos, e levou ao eclípse político
do autor -- continua a escrever muitas palavras, para dizer coisa pouca. Apenas
para dar aso ao seu complexo de Édipo. Hoje escreve sobre "uma democrática
obscenidade", que é, para ele, a proposta do Governo sobre os cargos dirigentes
da Administração Pública. Barreto sabe que, até nos States, os cargos de "confiança
política" são nomeados pelo presidente em exercício. Mas admitir isso, Barreto não
pode porque, assim, estaria a dar razão a Sócrates. E Barreto, como qualquer pessoa
magoada com a vida, não admite tal coisa. Barreto é sempre do contra. Assim, nesse
estado de alma, Barreto parece, cada vez mais, um "evangelista assarapantado".

Este grande animal, que ainda povoa o nosso planeta, anda solto e feliz
no ambiente em que vive. Muitos humanos, que vivem sorumbáticos por
causa do seu intelecto, não conseguem realizar a sua felicidade devido ao
exagero de dialética; dispam a indumentária e mergulhem no mar da vida.


Vasco Pulido Valente, émulo de António Barreto, tambem é um proscrito.
Já comeu à mesa do poder, no tempo em que mandou numa secretaria de Estado,
salvo erro a da Cultura. A utilidade durou pouco tempo, é verdade, mas o Vasco
nunca mais teve emprego nos orgãos da República, daí que os seus comentários
de "quarto de página" sejam sempre ao nível de "pasquim". Tambem está magoado
e desiludido com a vida. A propósito do que Pulido disse da Casa da Música, escreve
hoje Augusto M. Seabra: "Mesmo sabendo há muito que o inegável estatuto
intelectual de Vasco Pulido Valente tambem configura um caso exponencial de
«inimputabilidade político-intelectual» a sobranceria de Uma Casa Portuguesa,
no Público da outra sexta-feira. Sem comparações de custos, mas como responsa-
bilidade política, lembro-me bem do que foi em Setembro de 1980, no Porto, a
inauguração do Carlos Alberto como Auditório Nacional, e da frase que mais ouvi,
«isto vem mesmo a calhar»: o secretário de Estado da Cultura que procedeu à
abertura à beira de eleições legislativas foi Vasco Pulido Valente".
(Pois é, eles falam, falam... mas é por despeito, raiva, amuo, ressentimento).


Pontes... é o que devemos procurar para nos unir e tornar solidários.
A Ponte 25 de Abril, é um símbolo da Revolução de 1974, mas é tambem
a imagem das distâncias reduzidas pela ligação das duas margens.

VIVA O 25 DE ABRIL! SEMPRE.

2005/04/23

 
A CONVERSA DOS COLUNISTAS DINOSSAUROS...

No último domingo, dia 17, insurgi-me aqui contra António Barreto, por este
colunista não gostar da lei de limitação de mandatos. E comparei a sua opinião
à de Vasco Pulido Valente, comentador de "quarto de página", sempre em estilo
"arrasa pessegueiro". Pois este senhor, no "Público" de hoje, escreve o seguinte:
"Como se já não bastasse a ridícula polémica sobre a data dos referendos (o da
Europa e o do aborto), a «classe política» passou agora a discutir a limitação de
mandatos. Tudo serve para evitar a realidade e a substituir mansamente pela
demagogia". Vasco Pulido é contra a lei, mas na sua iluminada sabedoria, lembra
que o assunto já vem do tempo de Robespirre, e foi adoptado pelos burgueses
europeus e, tambem, na América. Cita o caso da Califórnia, onde Schwarzeneger
tentou agora contornar a lei que limita os mandatos de governador. Se assim é,
na Europa e nos States, porque está o Pulido a desvalorizar a nossa lei? Diz ele:
"Na sua ignorância, a gente que em Portugal propõe a limitação de mandatos,
inimiga pública e jurada do populismo, não percebe, e nunca perceberá, que abriu
caminho às piores formas de populismo. Segundo parece, (Pulido não sabe, não
tem a certeza) ela só quer eliminar os «dinossauros», que por aí estão instalados
nas câmaras: uma linda coisa -- como António Barreto se atreveu a lembrar".
Afinal os dois iluminados, ambos "dinossauros" neste negócio de facturar colunas
de comentários, estão do mesmo lado. Para eles, o importante, não é apresentar
uma análise isenta e pedagógica; o que é importante para Barreto e Vasco Pulido,
é manterem-se na crista da onda niilista, na crítica absurda e incoerente, com
opiniões surrealistas, axadrezadas e vesgas... Assim, tornam-se afamados pelo
dislate, pelo efeito "dadaísta", pela ideia curva e pelo raciocínio abstruso.
"Com a limitação dos mandatos, alguns políticos, fingindo virtude, usam em seu
proveito o ódio universal à «classe». O resto é conversa"-- remata Pulido.
É gente como esta, que enche colunas de jornais com ideias desencontradas,
neuróticas, -- a troco de uns dinheiros -- e ainda goza com sorriso alarve.

Tempo de vindimas, lá para o hemisfério sul, nos arredores de Santiago,
no Chile. Ora aqui está um profíquo e revigorante exercício físico que se
recomenda aos colunistas da nossa praça. Dediquem-se a colher cachos, pois
é gratificante, e não correm o risco de, bebendo môsto, ficarem bêbedos.

2005/04/22

 
Afinal Telmo Correia sempre vai apresentar-se como candidato à liderança
do PP-cds. Não vai ter a vida facilitada. Paulo Portas, como todos os dirigentes
populistas, moldou o PP-cds ao seu estilo. Agora, qualquer que seja o seu sucessor,
terá que "refundar" o partido. Falta saber se Telmo Correia é homem para tanto
esforço. E qual o caminho que vai seguir: continuar com o populismo de direita, ou
regressar às origens, não como partido do "centro", mas sim como partido da direita
liberal. É o espaço disponível, neste momento, no espectro político português. Caso
não seja feita esta opção, o futuro do PP-cds não será auspicioso, continuando a ser
apenas a"muleta" do PSD, sempre que este não consiga alcançar a maioria absoluta.
O ressabiado e demagogo ex-dirigente do PP-cds, Paulo Portas, deixou na séde do
Caldas uma "escola" de políticos inábeis, prontos a seguir o pensamento do chefe.
Para não ouvirem falar de Revolução, convocaram a sua reunião magna, para os
dias que antecedem a data do glorioso "25 de Abril". Mas saiu-lhes o tiro pela
culatra: certamente por obra do Espírito Santo, os media vão estar ocupados, este
fim-de-semana, com as actuações beneditinas em Roma. Do conclave do PP-cds,
muito pouco se vai ouvir e falar. Segunda-feira, dia 25, completam-se 31 anos
do 25 de Abril, festa do povo e dos democratas, mas não de PP e seus acólitos.


O INIMIGO...
"Segundo o processo "Apito Dourado", é norma os nossos clubes oferecerem
aos árbitros de futebol o serviço de prostitutas. Esta medida é extremamente
positiva. Há décadas que se registam queixas sobre a má qualidade dos árbitos
portugueses. Os defeitos apontados são conhecidos. Os árbitros, como os políticos,
recebem salários de miséria, insignificantes perante a pressão, stress e exposição
pública a que são diariamente sujeitos. Já que os prémios do jogo não sobem, pelo
menos é reconfortante obter uma bela noite de sexo com uma brasileira de 18 anos.
Só com contrapartidas destas será possivel que um dia todos os árbitros tenham
o nível de Jorge Coroado. Seria bom que Jorge Sampaio patrocinasse a ideia de
entregar prostitutas tambem aos deputados. No prazo de uma legislatura, todos
os parlamentares teriam o conhecimento e a verve de um Afonso Costa".
(Se não aconteceu, podia ter acontecido. In "O Inimigo Público)

Não pisar a relva... Operário procede à avaliação dos trabalhos em campo
onde vai a decorrer a Feira Anual de Horticultura de Munique, Alemanha.

2005/04/21

 
O conclave do PP-cds, destinado a escolher um novo líder, começa amanhã.
Já não é sem tempo. Passaram dois meses, e o partido do Caldas tem estado em
auto-gestão, por abandono do carismático dirigente, Paulo Portas. Ele que disse
tantas vezes não conhecer o verbo abandonar, fez ainda pior do que aqueles a
quem criticou por tal pecado. Jurou, como condestável sem espada, aquando da
homenagem póstuma a Maggiolo Gouveia; jurou quando defendeu a participação
da GNR no Iraque; jurou aquando da última visita de Rumsfeld a Bruxelas; jurou,
mais uma vez, que não sabia conjugar o verbo abandonar, quando assinou pela
compra de dois submarinos para a Armada; e jurou, quando o bote "Borndiep"
tentou entrar nas águas territoriais, carregado de preservativos e pílulas do dia-
-seguinte. Na AR, como ministro, e referindo-se a Guterres, Paulo Portas disse,
amiudadas vezes, não saber conjugar o verbo abandonar. Tanta vez o disse e
afirmou, que Paulo Portas parecia viver sob juramento divino, a quem não seria
permitido "pecar" pelo simples enunciado do verbo abandonar.
A verdade é que Paulo Portas, por esquecimento ou por não acreditar mais em
santos milagreiros, acabou por pronunciar/cantar/dançar o verbo abandonar,
desistindo de chefiar o PP-cds, renunciando à liderança do partido, largando a
côrte, os vassalos, os escudeiros, os aios e lacaios. Deixou a todos desamparados,
desprotegidos, orfãos. Confirma-se assim, mais uma vez, o aforismo popular:
errar (pecar) é humano. Nos tempos que correm, é bom lembrar esta verdade.

Na pirâmide como na esfera, quem está por cima é quem está melhor.
Aos que estão por baixo, só lhes resta trabalhar mais, e com menos regalias.
De nada vale olharem para cima, para o céu; nem isso lhes é permitido ver.


Grande devoto de Nossa Senhora de Fátima, Paulo Portas, já terá feito o
mea culpa, e começa a inclinar-se outra vez para a devoção à Santinha. Através
da imprensa fiquei a saber que, no dia em que saiu fumo na Capela Sistina,
Paulo Portas foi a Fátima, mas não apenas para penitenciar-se do abandono
do PP-cds. Ao que se diz, convocou um "mini-conclave" para se despedir dos
seus colaboradores partidários. E foi pródigo com todos, oferecendo-lhes um
almoço na tasca da "Tia Alice" -- do melhor que há no país, dizem -- tendo sido
o prato principal "bacalhau gratinado no forno com molho bechamel". Antes da
bacalhauzada com grelos, houve "morcela de arroz", e acabaram num gelado
de natas coberto de chocolate e amêndoa ralada... Não se sabe quais foram
as bebidas, se vinhos ou champanhes. A conta, pelo que dizem, dava bem
para pagar uma refeição a mais de 700 "velhinhos" -- como diria Paulo Portas
nos tempos em que era conhecido como o "Paulinho das Feiras" e prometia
aumento de pensões aos "mais idosos" e aos "ex-combatentes". Promessas...


Na Ásia, as feridas causadas pela ocupação japonesa durante a II Guerra
Mundial, ainda não estão curadas nem esquecidas. O primeiro-ministro do
Japão, Joshiro Koizumi, não tem sabido lidar com esta questão. Na China,
tem havido manifestações contra o Japão por questões históricas. Nesta
imagem, os sul-coreanos manifestam-se contra o Japão, por causa da
soberania das águas que rodeiam a minúscula ilha Dodko, onde se descobriu
petróleo e gas natural em áreas cuja posse é reclamada pelos dois países.

2005/04/20

 
BENEDITUS NA BLOGOSFERA...

"O Vaticano, escolheu o seu Jerónimo de Sousa. Poderá nem ser uma má opção.
Mas trata-se de uma escolha que revela uma Igreja Católica que assume a
falência e que, aparentemente sem alternativas (ou melhor: com alternativas
que não quer apostar), cerra fileiras".
(Paulo Gorjão, post 521, sempre assertivo e directo)

"Mas que mania a do Vaticano em imitar os rituais e reflexos da defesa do velho
e ido Kremlin. Retribuição à imitação inversa em que as missas estalinistas
imitavam (e imitam, onde se mantêm) os rituais da Igreja? Com toda a franqueza,
a escolha do Politeburo do Vaticano por Ratzinger lembra, por semelhanças largas,
a escolha de Tchernenko. Quem se lembra que compare".
(João Tunes, sempre atento e desafiador).


O PASTOR ALEMÃO...

(Imagem importada do Ateísmo, com a devida vénia.)

2005/04/19

 
A Igreja católica, a partir de Roma, tem mostrado como é poderosa e rica, mas
tambem mercantilista, já que valoriza o espectáculo em detrimento da fé e oração,
onde reside a essência de qualquer religião. Devia optar pelo recolhimento, mas
não o fez. E os media, que vivem do espectáculo, invadiram os lugares santos, com
a parafernália de meios que amanhã vai servir numa corrida de touros, num jogo
de futebol, numa corrida de cavalos, num casino em Las Vegas... O "templo" foi
invadido pelos vendilhões, e lá dentro reina o mercado, os direitos de transmissão,
os copyrights para fotografia, a venda de T-shirts, de bonés, jornais e posters.
Com a globalização, mais de dois terços da população mundial, é massacrada com o
espectáculo de Roma, como se o Império ainda existisse e pudesse converter tantos
mil milhões de infieis... à fé pregada naquele espectáculo. Não é mais possivel.
E agora, com o nomeado Joseph Ratzinger, mais doloroso se torna manter a fé
numa Igreja que reprime, gosta do poder, e adora a riqueza e ostentação...

Nem sempre o que parece é.... A sonda Cassini captou a imagem de dois
satélites de Saturno. Parecem iguais, mas as suas faces são diferentes. À
esquerda está Dione e à direita Tetis. Estão mudos, mas em movimento.


DIFERENTES MAS IGUAIS...

Cacique Raoni, membro da tribo Kaiapós, conversa com o director da
FUNAI-Fundação Nacional do Índio, em Brasília, onde decorre um encontro
dos povos autóctones do Brasil. Parecem enterder-se bem, e respeitar as
diferenças de cada um, não impondo modas nem dogmas existenciais.

2005/04/18

 
A LUPA DO INSPECTOR MARCELO...

"As escolhas de Marcelo", apresentadas na sua palração dominical na noite
de ontem na RTP, foram tão minimalistas, tão insignificantes e tão miudinhas, que
o professor de Direito Administrativo, para as analisar e desconstruir, teve que
servir-se de uma lupa... como faz qualquer detective durante a investigação dos
mais pequenos pormenores, passíveis de indiciar a causa ou o móbil do crime.
Marcelo não enjeitou as ideias expendidas por Sócrates na "Grande Entrevista"
dada a Judite de Sousa, mas acabou por "denunciar" dois erros de semiótica no
discurso do entrevistado... Uma vitória de Pirro, que encheu o ego de Marcelo.
Num tempo em que a comunicação se faz com novos meios de expressão, quando
quando a linguagem "futeboleira" invadiu as outras actividades sociais, quando os
jovens usam formas de escrita abreviada nas SMS, quando o inglês assume cada
vez mais relevância em todos os domínios da comunicação, criticar alguem por
ser informal na forma de se expressar, sempre é conveniente, mas faze-lo no
lugar, no tom e na forma como o fez Marcelo, é pura chicana política...
Todos os dias topo com erros de escrita na blogosfera. Ainda hoje, num dos mais
activos blogues, vi escrito "fassismo". Limitei-me a indicar que era "fascismo".
A minha intuição diz-me que o inquieto cérebro do professor Marcelo está a
ficar cada vez menos analítico. Ontem, já nem falou sobre a eleição do novo Papa.


GANDA NÓIA!...
Marques Mendes, líder do PSD, assustou-se com o vozeirão do "Adamastor"
da Madeira. É pena, porque Marques Mendes tinha condições para continuar a
liderar o partido sem ter que ceder a Alberto Jardim, já que este nem se quer o
apoiou no congresso do Pombal. O chefe da Madeira, alinhou com o choramingão
de Gaia, o Filipe Menezes. Ao ceder a Alberto Jardim, por causa da limitação de
mandatos dos eleitos, Marques Mendes perdeu o pouco que tinha: a sua frágil
sustentação nos 56,6 por cento de votos. Deixa de ser um chefe determinado,
forte e independente. Já tinha começado com pouco élan, agora tudo leva a crer
que será sempre e apenas o "chefe provisório"... Os chefes, para se afirmarem,
não podem vacilar na acção. Cada vez que vacila, não avança, mostra indecisão.
Marques Mendes parece ter medo dos fantasmas que "andam por aí...". Pelo
menos estão indentificados dois: Pedro Santana Lopes e Alberto J. Jardim.

Na sua solidão, homem e animal, calcorreiam os campos desertos do
lugar onde nasceram, à procura de meios de subsistência. Andam por aí...

2005/04/17

 
O discurso niilista de alguns iluminados, que a troco de uma avença preenchem
as colunas dos jornais diários com análises hipocondríacas, está a tornar-se um caso
patológico de venal propaganda. A este propósito, veja-se o "retrato" polaroid feito
por António Barreto no "Público" de hoje, sobre o projecto do Governo para limitar
os mandatos dos eleitos. Barreto começa por dizer que "quase toda a gente está de
acordo com o princípio da limitação de mandatos", mas depois, faz como se fosse
uma doméstica a limpar o pó dos nóveis com um espanador... Sacode para cima,
para baixo, para a direita, para a esquerda, e o objecto da sua limpeza, acaba ainda
mais conspurcado, mais impuro... E, no meio da sujeira feita, Barreto abandona o
discurso atirando para o ar acusações vis e obscenas: "Lei inútil, demagógica,
contraproducente e despótica! Esta é a lei de uma classe política que desconfia de
si própria". -- Afinal em que ficamos? Se toda a gente está de acordo com a lei
que limita os mandatos dos eleitos, por que dizer que ela é "inútil", "demagógica"?

Mas quem é o iluminado, o sujeito com ar de "evangelista assarapantado",
que vem dizer nulidades sobre coisas de um mundo em que ele não vive? Quem
é o senhor Barreto, onde trabalhou, quantos empregos teve, quantos serviços
cívicos prestou à comunidade, que experiência tem ele da vida para poder botar
assim discurso trapalhão, enroscado, trapaceiro, arrasador, niilista?... A palavra
e a escrita servem para comunicar, esclarecer, clarificar as ideias. Ora o senhor
Barreto, pelo registo polaroid editado no "Público" de hoje, mais uma vez, não
consegue clarificar nada; na sua sapiência doutoral, Barreto discorre sobre tudo
para concluir sobre nada. Porque o seu evangelho, nada tem a ver com a realidade
deste mundo actual. É uma pregação à base de adjectivações em torno do sujeito,
misturadas como quem "bate claras em castelo", só para exaltar o seu discurso.

Infelizmente, há muitos iluminados a escrever banalidades nos jornais,
ainda que sejam de referência. Um émulo de Barreto, o senhor Vasco Pulido
Valente, tambem escreve niilidades de última página. Nota-se, no estro destes
avatares, um lamento ressabiado, uma acidez de sujeito ofendido, algo ligado ao
seu passado, no tempo em que conviviam com o poder... Por desmérito ou por
desconchavo ideológico, foram colocados à margem, esquecidos pelo poder. Agora,
sempre que usam os media, inconscientemente, vertem o fel da sua patologia
nos artigos de opinião editados em colunas pelas quais são avençados. A leitura
dessas inutilidades, acaba por nos afastar desses autores iluminados, na medida
em que, a soma das equações é nula, e a insanidade mental do autor é evidente.

2005/04/15

 
Por entre o spam que diáriamente chega à caixa de correio, encontrei um apelo
assinado por Isabel Silva, a denunciar o facto de a Antena 1 não ter emitido, no dia
3 de Abril (um dia após a morte do Papa), o programa do Dr. Machado Vaz, com o
título "O amor é". Achei estranho, já que a denúncia não vinha do sexologista, mas
sim de alguem que habitualmente escuta as suas palavras. Estranhei tambem que
que o Dr. Machado Vaz, em vez de denunciar públicamente o que dizem ser um
acto de censura, apenas tenha registado um lamento no Murcon, sem nos dizer se
tinha inquirido a direcção da Antena 1, se a palestra foi censurada e houve recusa
em emitir "as mentiras no amor", -- que é, ao que parece, a substância da questão.
A direcção da Antena 1 deve explicar, a todos, por que razão não emitiu "O amor é".
Ainda que o Dr. Machado Vaz, para além de apontar "as mentiras no amor", tenha
falado do preservativo, nos casamentos de homossexuais, nos amores descartáveis,
e das causas do HIV -- antes ou depois do defunto -- a Antena 1 não pode censurar.

Devo confessar que me surpreendeu a cinfrineira à volta de uma questão
colocada pelo Dr. Machado Vaz no Murcon: "Sobretudo, verifico que uma nova
paixão não implica a certidão de óbito do amor reinante. Que acham vocês?".

Ao desafio do sexólogo choveram as mais diversas e desencontradas opiniões. A
maioria são de mulheres, alguns homens, mas toda a gente se esconde atrás do
anonimato. Uma Yulunga, pergunta se gravaram para os "Amores Difíceis", e o
Dr. Machado Vaz responde que sim, na RTPN, dia tal; na RTP2, dia coiso, e ainda
depois da meia-noite, não sei onde, no fim-de-semana... Uma série de opiniões,
em cascata, ocupa imenso espaço na web; falam de amantes, de fidelidade, de
infidelidade, de namorados descartáveis, de atrações "tipo filme pornográfico,
estás a ver?". Falam de tudo e mais alguma coisa, procurando algo na escuridão
da sua alma, esquecendo-se, ou desconhecendo que, o graal de que andam à
procura, não está aqui nem alem, mas sim dentro de cada um... Mas o inefável
sexólogo, tambem parece desconhecer esta verdade. Por isso, deixa andar...
Faz render o peixe, e diverte-se. Esquecem o registo genético, a vida familiar
em que foram criados, as repressões sociais -- os factos que moldaram a
personalidade de cada um... "O Amor é" uma constante de variáveis, impossivel
de descrever em duas linhas ou numa palestra de rádio. Esse, é o caminho seguido
pelos evangelistas, pelas seitas religiosas, pelos astrólogos, adivinhos, pitonizas,
curandeiros, leitores de Tarot, cartomantes de ocasião e oportunistas de sempre.

Hugh Hefner, fundador da revista "Playboy", é um dos interessados na
exploração do amor/sexo. Quanto mais se falar em sexo (mas não aceitando o
nudismo), mais proveitos tem este ancião de 79 anos de idade... Este, e todos
os que publicam revistas e filmes porno. Vivem dos encontros e desencontros
que a vida coloca ao indivíduo que procura no outro aquilo que não tem em si.

2005/04/14

 
Não sou dos que, ao fim de um mes de Governo Sócrates, esperava resultados
económicos porque, para isso, é preciso esperar muito mais tempo. Na área fiscal,
financeira e económica, não pode haver milagres (ilusões); são áreas que dependem
de tempo, de calendários, de prazos. Pedir mais, nesta altura, só por chinfrineira.
Mas o Governo está a tomar medidas muito importantes, que podem modernizar o
país, através de legislação que tem em vista acabar com os mandatos ad eternum
dos presidentes de Câmaras, dos chefes de governo regionais, do primeiro-ministro.
É uma iniciativa "reformista", pela qual tanta gente se tem batido, mas que agora,
no momento de a colocar em prática, está a causar engulhos a muitos reformadores.

Girassóis na Índia... O governo central está incentivando os agricultores a
produzirem culturas alternativas ao trigo e arroz, pelos excedentes destes.


Dentro do PSD, haverá muita gente que apoia a ideia de limitar os mandatos
nas autarquias, mas alguns dos seus autarcas, entre eles Fernando Ruas, já vieram
dizer que discordam da lei, até porque ela teria como primeiro alvo, a "reforma"
compulsiva do "dinossauro" Alberto Jardim... Ruas defende-se, vitimizando o chefe
do governo regional da Madeira (que "anda por aí"). Ruas espera, com esta jogada,
que Jardim venha ao continente pôr ordem no Parlamento. O que Ruas está a fazer,
é defender-se a si, provocando uma guerra de danos colaterais.
É fundamental que se concretize esta medida do Governo, para acabar com os
nepotismos, as capelinhas, o tráfico de influências, o marasmo nas autarquias. Este
princípio poderá ser o início de uma série de medidas que leve às reformas que o
Estado necessita para se modernizar. Por isso mesmo, deveremos estar atentos e
criticar todos aqueles que defendem a "reforma da administração pública", mas
quando é chegado o sinal de partida, recusam-se a participar a corrida.

Fantasia em vôo... Flamingos sobre o deserto de Atacama, norte do Chile.

2005/04/13

 
A maioria dos portugueses continua a viver os seus dias com péssimismo.
Todos têm alguma coisa para lamentar: a falta de emprego, a subida da gasolina,
o défice do Estado, os políticos que não governam, o clube que não marca golos,
o árbito que favoreceu os outros, o PP-cds que se esfumou, os pedófilos que não
são julgados, a seca que matou o nabal, os vagabundos que "andam por aí", etc.
Não haverá forma dos portugueses tomarem outra "atitude" perante os revezes
que a vida lhes coloca? Se o futuro é determinado pelas nossas expectactivas,
então é imperioso que todos os portugueses mudem de rumo... se querem uma
vida melhor. Em vez de andarmos a alimentar, diáriamente, as nossas crenças
negativas, deveríamos antes, assumir uma "atitude" de prudente optimismo, a
fim de projectarmos no "inconsciente do mundo" uma corrente de ideias que
levem a gerar uma força positiva, capaz de transformar o futuro de todos nós.
Se todos alimentarem a corrente, negativamente, dificil se torna concretizar a
melhoria das nossas vidas. Pode parecer simplista, mas até os "mercados" fazem
projecções baseadas no sentimento dos consumidores. Alguma coisa quer dizer.

Vem o intróito a propósito das mais desvairadas opiniões que têm sido
produzidas sobre a Casa da Música, obra-prima da arquitectura mundial, que
vai ser inaugurada por estes dias. O arquitecto holandês, Rem Koolhas, é o pai
do monumento, e este, já é considerado um dos melhores deste século. Como disse
o arq. Álvaro Domingues, "a obra e o autor, fazem mais pelo marketing da cidade
do Porto [eu díria, do país] do que o FCP ou o Mourinho quando juntos eram
montados num dragão hertziano". Mas há muita gente que prefere o estádio do
Dragão, o de Braga ou a catedral Alvaláxia... São gostos, são públicos diversos.
O projecto, gerou muita celeuma. Numa consulta ao Google, vi que a nata dos
nossos arquitectos, da Faculdade do Porto e de diversos ateliers, escreveram e
disseram muito contra a forma, o volume e a geometria da obra. Mas hoje, a
cidade do Porto está orgulhosa. Nunca a cidade foi tão citada nos fóruns onde
se fala de arquitectura, de música, das artes em geral. Melhor que o FCP, sim.

Pois agora toda a gente parece interessar-se pela Casa da Música.
O arq. Álvaro Domingues diz que a Maria Augusta, até quer ser arquitecta, agora
que "Vai-lhe a idade na curva indefinida". O arquitecto cogita sobre a existência
de uma arquitectura para lá da sua representação e amplificação mediática. Tem
dúvidas, e mostra-se amargo perante o rumo da arquitectura mediática... "Mais
valera ter ido apanhar vento para um parque eólico e carregar as baterias com
energias renováveis", confessa o arquitecto. "Parece claro, mas a arquitectura
tambem é imagem. Muito dificil está o mundo. Vou dizer à Maria Augusta que
vá estudar a transmigração das almas". [...] "Pode ser que isto entretanto se
desenrede, mas não estou a ver muito bem por onde" -- finaliza o arquitecto,
incapaz de acompanhar as novas tendências da moderna arquitectura.
Mas a obra está feita, e vai ser muito apreciada, e festejada com Música!

2005/04/11

 
O banqueiro da Golman Sachs, António Borges, apresentou-se no Congresso
do PSD, em Pombal, para ganhar notoriedade. E conseguiu, ou não soubesse ele
como se joga na banca, para ganhar, mesmo em tempos de crise. António Borges
optou pelo mercado de derivados, onde os futuros podem alcançar boas margens.
Continua a jogar na Goldman Sachs, e vai esperar que o contrato de derivados no
PSD, a vencer-se em 2008, realize uma mais-valia a seu favor, com a qual espera
liderar o partido. Assim, não arrisca o presente, e consegue assegurar o futuro.
É uma estratégia de banqueiro experimentado nos mercados mobiliários...

Quem saiu prejudicado com o "contrato de futuros" de António Borges,
foi Marques Mendes, que fez o papel da "formiguinha" em todo esta jogada. Foi
o primeiro a avançar, correu o país a mobilizar os militantes, esforçou-se para
que o PSD assumisse a sua matriz política, e depois, na cerimónia de coroação,
apresentou-se um "outsider", para dividir os votos... Marques Mendes, como todos
os bons cidadãos dedicados à causa, é remediado e não consegue fama nem glória.
Em Oeiras, onde mora, não consegue ser "conde", e em Pombal, onde decorreu o
congresso do PSD, não conseguiu proclamar-se "marquês"... Granda nóia!...

Uma figura quixotesca apagou-se em Pombal: Pedro Santana Lopes, o
menino-guerreiro, que passou a "andar por aí" acompanhado do trotzkista
Alberto Jardim. Na Câmara de Lisboa, vai ser uma gargalhada, sempre que
haja necessidade da sua assinatura: "não sabemos do presidente, anda por aí...

(Um postal vintage da CML, importado do blogue do Marco António)

2005/04/09

 
Um breve comentário sobre o casamento do príncipe Carlos com Camila.
Não me interessa falar da monarquia, da aristocracia, dos banqueiros nem dos
empresários de sucesso. Apenas de pessoas humanas. Do passado e do futuro dos
nubentes já tudo foi dito, de bom de mau e de sórdido. A fama tem um preço, e os
tablóides, os fotógrafos e as revistas "côr-de-rosa", tudo fazem para escalpelizar a
vida íntima dos famosos. Na terra de Sua Magestade e nas repúblicas plebeias...

O voyeurismo de uns, a curiosidade parola de outros e o desejo libidinoso
de alguns, leva a que uma maioria se divirta com a violação da privacidade de
alguem. Não importa em que circunstâncias, nem de quem se trata; na morte, no
casamento ou no baptizado, o importante é captar a "intimidade" das vítimas.
Esquecem-se os sentimentos, desvirtuam-se os gestos de ternura, revelam-se
as palavras de circunstância. Tudo é observado, expiado, registado pelos media.
Se as vítimas são baixos, altos, marrecos, carecas, divorciados, se andam de
carro, de cavalo, de burro, de bicicleta, de camelo -- tudo é esquadrinhado...

No caso em apreço, chega-se a comparar Camila com Diana, para concluirem
que aquela é feia, um estupôr, uma oportunista. Esquecem todos que, nestas
questões de amor entre homem e mulher, o que mais os une não é a beleza ou
a idade, mas sim a "química" do instinto que os atrai; pode ser fatal, mas é uma
força que os impele a unirem-se. Quando se fala de amor, liga-se este, a afecto,
amizade, carinho, ternura, meiguice, adoração. Mas tudo isto não passa de
jogos de sedução para alcançar um fim: o sexo. Depois, o "amor" esfuma-se...
No presente caso, trata-se de empatia, emoção, envolvimento, compreensão,
instinto -- um verdadeiro amor que resistirá a tudo e todos, e acabará por
vencer todas as barreiras, todos os obstáculos que se oponham à sua união.
O amor é cego, diz o povo. O amor, para ser, não precisa de olhos. Basta ter
o coração, instinto. Quem ridiculariza o casamento de Carlos com Camila, não
conhece os laços afectivos que levam os amantes a renunciar a um reino...

2005/04/08

 
Há muito tempo que não lia um artigo de opinião que me enchesse a alma
de alegria, como o de Miguel Sousa Tavares, no "Público" de hoje. É bom sentir
que, entre nós, há sempre alguem que não desiste de, na hora adequada, defender
os ideais por que tem lutado. Na blogosfera, a esquerda parece ter baqueado, não
tem sabido ou querido realçar as medidas do Governo PS. Ainda é cedo, é verdade.
Mas numa altura em que a direita se organiza e tenta desvirtuar o pensamento e a
acção de José Sócrates, não devemos distrair-nos, deixando o terreno livre para o
comentário sarcástico dos liberais e conservadores. O que o MST fez, foi lembrar
que, em pequenos passos, o actual primeiro-ministro está a contribuir para uma
mudança radical dos interesses instalados: os notários (que dantes nunca pensaram
em perguntar aos clientes se estavam satisfeitos); os donos das farmácias (que têm
vivido à sombra do Estado, em regime de numerus clausus); os senhores juizes (que
nas férias diziam trabalhar com mais afinco); e os professores (que ao longo do ano
tinham 131 dias de aulas e 234 de folgas). São pequenos passos, mas a mudança
começa sempre com um passo, adiante. Parabens ao MST, pelo enérgico ataque.

PAZ À SUA ALMA...

Os liberais blasfemos têm razão, "O Inimigo Público", esta semana não
passou na "Censura" pois, ao contrário das restantes publicações, não
tem qualquer pequeno artigo sobre o defunto... Por tal motivo, queremos
lembrar aqui o lema do satírico: se não aconteceu, podia ter acontecido.

2005/04/07

 
Num consultório médico temos que deixar, para alem do dinheiro da consulta,
parte do nosso tempo, gasto em horas de espera. Para aliviar o desespero, levei
comigo uma revista na qual andava a tropeçar há largos dias quando entrava no
carro... andava lá, ora no banco ora junto aos pés, sempre a atrapalhar. Tinha-me
sido oferecida, pelo "Público", e não havia maneira de lhe dar uma vista de olhos.
É uma revista de direita, da direita ressabiada, que ainda lambe as feridas deixadas
pelo Vietname, que pretende ser muito culta, que se mostra vivamente atlantista,
liberal e com ideias inovadoras, mas que não deixa de "comer à mesa do Estado",
já que a revista é propriedade do "Fórum para a Competitividade". Tem publicidade
a pagar pelo Millennium, pela EDP, pelo Grupo Mello - o da Saúde e da Via Verde -
dos papeis Inapa e das cortiças Amorim... Tudo sob a batuta de Helena Matos.

A - Aquilo que defendemos (afirmam eles)
T - Talento e mérito. Contra os paternalismos e a mediocracia.
L - Liberalismo. A iniciativa privada não é apenas um requisito para a prosperidade.
 - Aliança Atlântica. A aliança entre europeus e norte-americanos... (e o Canadá?)
N - Não ao clientelismo que transforma os cidadãos em funcionários.
T - Têmpera. Carácter. Identidade. Dos homens e dos Estados (temperados?)
I - Inconformismo. Contra a cultura dominante e o politicamente correcto.
C - Confronto. Porque a mediocridade é filha dos unanimismos (de Santana?)
O - Ocidente. Porque a civilização ocidental é a maior...em direitos, liberdades e tal.

Bem prega Frei Tomás... O que li na "Atlântico", em diagonal, deixa adivinhar
que é mais um coio destinado a reunir a direita, pondo-se a olhar para o lado de
lá (para a White House), virando costas ao destino da Europa, blasfemando contra
a China, a Índia e a Rússia... Um covil de cobras e lagartos. Vasco Rato, fala do
"Impulso Apaziguador"; Joaquim Aguiar sobre "A Sociedade e o Inimigo"; Paulo
Tunhas escreve sobre "Omnipotência do Pensamento e Narcisismo Intelectual",
apoiado em dezenas de obras e autores, Id e Ibidem, etc.... Um assombro de
intelectualidade; Rui Ramos, passou pela Ilha da Páscoa (no Pacífico) e identificou
uma das colossais estátuas de pedra, como sendo José Sócrates; Luciano Amaral,
chora baba e ranho escrevendo sobre "A Guerra que a América não quis Ganhar"
(a queda de Saigão); Hugo Gonçalves, escreve sobre "Femme Fatale", recordando
Oriana Fallaci de há 30 anos, quando ela seduzia todos; o João Tordo, conta-nos
um conto, para fazer publicidade ao Hotel Marriot.... Depois vem a culinária e a
moda, desde o bitoque com batatas fritas em óleo (pior que o do motor do meu
carro) e uns óculos sexy, que mudaram o mundo, desde o crash bolsista de 1929.
Banalidades, iguais à das revistas côr-de-rosa, mas indispensáveis à direita dorida.

A mãe tigre lambe os filhos, nesta cena ternurenta e através da qual
poderiamos pensar que se trata de amor maternal. Mas não é amor...
É apenas instinto. É genético, está-lhe talhado nas hormonas. Qualquer
animal irracional, qualquer bicho-mãe, não consegue fugir à força do seu
instinto maternal, por imperativo genético. Na Natureza não há "pais",
só há mães, que criam e cuidam dos filhotes com este desvelo e esmero.

2005/04/06

 
Mais uma vez, José Manuel Fernandes, que parece representar a política e os
anseios de George Bush, vem zurzir em Jacques Chirac e falar n"O Mal da França"
no seu editorial de hoje, no "Público".
"Chirac é um sobrevivente político a que falta qualquer dimensão de Estado.
Político de vistas curtas, sem espinha vertebral, adapta o discurso às circunstâncias
e ao que pensa ser popular. [...] Continua a fazer diplomacia por conta própria, quer
nas relações com a Rússia de Putin, quer na insistência do levantamento do embargo
de armas à China para promover as empresas francesas"....
Com amigos destes, a Europa não vai longe. Tendo sido maoísta-trotzkista, como o
foi Durão Barroso, será que este segue os passos de JMF, minando o futuro da UE?.
Não vejo o JMF criticar George Bush pela venda de aviões de combate F-16 ao
Paquistão!... Que já tem armas atómicas e mísseis balísticos, que amanhã (por mais
um golpe de estado - como fez Musharaf) podem cair na mãos dos islamistas ou dos
talibans. O Zé Manuel não critica Bush pela venda de armas à Indonésia, à Coreia
do Sul, ao Japão, à Arábia Saudita, à Jordânia e aos Emiratos Árabes Unidos and
so on, porque Bush pretende promover as empresas americanas...

JMF e George Bush estão preocupados com a concorrência europeia no mercado
de armemento. Não querem que a Venezuela equipe as FA com armas modernas.
Acusam Chavez por comprar 100 mil AK-47 à Rússia, aviões de combate ao Brasil,
traineiras a Espanha, helicópeteros de assalto e aviões Mig-29 à Rússia, dizendo
que Chavez se prepara para "conquistar" os países sul-americanos, realizando o
sonho de Simão Bolívar... Argumentam que, tal armamento, se destina à subversão
na Colômbia, Nicarágua e Bolívia -- os únicos países latino-americanos que ainda
giram em torno do "Grande Vizinho do Norte". A França tambem é acusada de
vender armas a Chavez. E Chavez é acusado de comprar armas à Índia, à China.
É acusado de trocar a assistência petrolífera dos americanos pelos técnicos do Irão.
O "terrível" Chavez é acusado de vender petróleo ao desbarato a Cuba por troca
dos serviços prestados por milhares de professores e médicos cubanos a trabalhar
na Venezuela. Na CIA, diz-se que é preciso acabar com o eixo Cuba-Venezuela.

Os fantasmas do mal continuam a preocupar Bush. A sua política externa não
vai ser muito diferente. A National Review, da ala direita republicana, citada por
Jim Lobe no Dawn de Islamabad, dedicou uma das suas edições para contar a
história sobre "Latin America's Terrible Two", escrita por Otto Reich, colaborador
de Bush no primeiro mandato. Os terríveis "two" são Chavez e Castro... Seriam
tres, mas não quizeram mencionar Lula da Silva. Com gente assim, é de esperar
mais instabilidade política nos países sul-americanos, aqueles que procuram
viver fora do eixo dos EUA. Resta a esperança de algumas consciências mais
avisadas: "Lidámos com Castro como sendo a "encarnação do Diabo", e fizemos
com isso um motivo de chacota na América Latina, mas nada que efectivamente
levasse a encorajar a democratização e os direitos humanos em Cuba. Se fizermos
outro tanto com Chavez, teremos os mesmos resultados", refere Geoffrey Thale
do Washington Office para a America Latina.
O ódio de JMF pela França, é o outro lado da sua beata adoração pelos States.

2005/04/05

 
Devo confessar que, como cristão -- embora arredado das sacristias -- choca-me
todo este espectáculo mediático com a morte do chefe da Igreja e do Estado
do Vaticano. Aprendi na História que, antes de Cristo, todas as crenças e adorações
a um ídolo falharam, como veículo de fé, porque elas não passavam disso mesmo: a
adoração a um ídolo de barro... Depois (antes) veio o iluminado Buda, e muito mais
tarde apareceu Alá. Mas como religião de fé, apenas conta a palavra de Cristo e a de
Alá. O sábio e iluminado Buda, que nasceu príncipe e renunciou aos privilégios da
corte para ir em busca da verdade, esse não invocou a palavra de nenhum deus para
deixar um conjunto de nobres verdades. Mas todos os mestres que vieram depois,
disseram e pregarem as verdades de Buda. O iluminado morreu em paz absoluta.

Ao ver o circo encenado com a morte do Papa para consumo das televisões
em rede global; ao ver os fariseus que acorrem a Roma; ao ver tanta gente a orar,
em igrejas e em Roma, sinto que grande parte deste espectáculo serve para exibir o
poder do Vaticano. Mas tambem a vaidade, a hipocrisia e o cinismo de muita gente
que vê no Papa um "santo" milagreiro, quando em boa verdade ele não passa de
um cardeal de carne e osso, eleito pelos homens -- sabe-se lá com que lóbies -- e
que peca e erra por ser humano e, portanto, poder agir, nalguns casos, com dureza,
contrariando "meio-mundo" para agradar a outro meio. Ninguem está isento de
"pecado". Eleger santos por decreto, proclamar a santidade humana, é criar ídolos,
é gerar mitos. Assim, está-se a esquecer Aquele a quem é devido louvor e respeito.

Se falasse nas enormidades adjectivas proferidas pelos "farizeus" neste cenário
de circo televisivo, muitas "pérolas" poderia registar, para confirmar a loucura
deste réquiem pelo Papa. Enquanto o Papa agonizava, ouvi dizer que "ele estava às
portas do céu, à espera que S. Pedro chegasse"... "S. Pedro ainda não autorizou a
abertura das portas ao santo padre". O Papa "é um pastor de um grande rebanho".
"Sampaio faz bem em ir a Roma, porque o Papa era muito amigo de Portugal".
(Seria mais amigo de uns do que outros?). O espectáculo vai continuar, para
gáudio de muita gente. (Vem-me à memória o circo romano, com escravos lançados
às feras, para divertir o povo). Até o "comissário" Luis Delgado está maravilhado
com a encenação que está a ser feita para o povo: "O verdadeiro impacto do
primeiro Papa global vai ver-se na sexta-feira, na Basílica de S. Pedro, em Roma".
Delgado espera ver Putin, Bush, Berlusconi... E Sócrates, será que vai aparecer?
E a China, será que vai mandar alguem, mas quem será? E a Austrália?...
Simplesmente macabro, sórdido, ateístico.

2005/04/04

 
CONTINUA, NA PRAÇA PÚBLICA, A APOLOGIA DOS SANTOS SOFREDORES.

"A velhice é sofrimento
A doença é sofrimento
A morte é sofrimento.
Estar ligado ao que se detesta é sofrimento
Estar separado do que se ama é sofrimento
Não realizar o que se deseja é sofrimento".


FALAM DA VIDA, FALAM DE DEUS, SÓ PARA ATINGIR OS SEUS FINS...

O actual embaixador dos EUA na ONU afirmou um dia, ( para facilitar a
invasão do Iraque) que as Nações Unidas não existiam. É muito provável
que cumpra o seu desiderato, desligando o "tubo de alimentação" da ONU
.

2005/04/03

 
Meu Deus, perdoai aos vendilhões do templo pelos negócios que têm realizado
à custa da doença, da velhice e da senilidade do homem; perdoai aos hipócritas e
aos fariseus que encenaram todo aquele espectáculo para servir de circo; perdoai
aos que se arrogam de ter a verdade, a palavra e o mandato de um deus, ignorando
os deuses de dois terços da população mundial; perdoai a quem permite explorar a
fé do crentes, desviando a atenção destes no seu Deus, para chorar a morte de um
simples mortal; perdoai a todos os ministros papais por viverem rodeados de tanto
luxo e riqueza, perante fieis que pouco ou nada têm; perdoai aos crentes por não
saberem, nem darem conta que, é dentro do seu coração que se encontra a Luz que
leva a Ti; perdoai a todos por --com este festival da dôr, do sofrimento e da morte--
terem ensombrado e esquecido os eventos da Páscoa e da Semana Santa.

"Há quem se torne demasiado velho para as suas virtudes e para as suas
vitórias; uma boca desdentada deixa de ter direito a todas as verdades. E
quem quer que ambicione a glória deve saber despedir-se das honras a
tempo, e praticar a arte dificil de se retirar a tempo".

(Nietzsche, in "Assim Falava Zaratusrta").

2005/04/02

 
A Helena Matos, que é uma mulher de direita, que é frontal nas suas opiniões,
que agora é directora da revista Atlântico -- uma publicação editada pelo Estado,
através do "Fórum para a Competividade" -- vem hoje no "Público" abordar o tema
da pobreza, a propósito dos acontecimentos na Cova da Moura, afirmando a certa
altura: "por amarga ironia, é à condição das vítimas [da insegurança] que se vai
buscar a justificação para os actos dos criminosos. Outro item do discurso da
pobreza é o do abandono escolar. A esta luz, não aprender é a reacção natural e
óbvia perante as dificuldades".
A Helena Matos esquece, ou não conhece, as condições de vida das famílias que
vivem em bairros como o da Cova da Moura. A sua argumentação peca e falha
por esse facto. Esquece que, quando não há coesão no ambiente familiar, são os
filhos quem mais sofre -- por falta de amor, paz, carinho, compreensão. A falta
destes afectos, leva-os a constestar todo o tipo de autoridade, revoltando-se e
desistindo de estudar. Resta-lhes escolher o caminho da rebeldia, do confronto,
da sua afirmação. A coesão da família depende de factores económicos e sociais.
Sem trabalho, sem rendimentos familiares, sem uma habitação condigna, como
é que uma família pobre consegue afirmar-se, viver em harmonia, ter filhos a
estudar e com resultados escolares positivos? Não é possivel. Helena Matos não
gosta de ouvir falar em pobreza, mas ela existe, e cada vez alastra mais. Lutar
contra a probreza, é conhecer as suas causas; não se combate, por combate-la.

Velhas casas novos moradores... Em Bamyan, Afganistão, as pessoas
vivem em velhas ruinas de templos budistas que mais parecem cavernas.
O budismo foi predominante, até à chegada dos povos muçulmanos...

2005/04/01

 
Para explicar o inexplicável sobre a guerra do Iraque, José Pacheco Pereira
escreveu há uns tempos, no Público, uma série de folhetins donde, no final, nada de
concreto se concluia. O modelo folhetinesco foi seguido, esta semana, por José Manuel Fernandes, com um editorial fraccionado em tres edições seguidas no jornal
"Público", do qual é director, e no qual pretendia diagnosticar "As Dores da Direita".
Eu, ao terceiro dia, já não me lembro dos primeiros episódios... Mas conclui que
JMF recomenda a todos os "refundadores" a admissão, nas suas fileiras, de gente
como Irving Kristol, que veio da esquerda. (Esqueceu-se de dar como exemplo o seu
currículo, já que militou, nos anos da "braza", nos grupos maoístas-trotzkistas.) JMF
diz que Kristol teve "o papel histórico e o desígnio político" de converter o partido
republicano e o conservadorismo americano num novo tipo de conservadorismo
político... Mas JMF tambem falou sobre a direita portuguesa: "já se encontra uma
presença crescente de gente mais nova, com formação política, menos complexos,
outras referências e vontade de intervir, designadamente na blogosfera".
Eu já aqui havia dito isso, e não foi preciso escrever um editorial em tres episódios!

Ballet acrobático... O Lago dos Cisnes em versão chinesa, Shangai.

"Os dois últimos santanistas, Rui Luis Gomes e Pedro Pinto, iniciaram uma dura
batalha legal nos tribunais, para que a máquina que mantém Pedro Santana Lopes
ligado à vida política continue ligada. Apesar de decretada a sua morte cívica, os
dois fiéis querem continuar a alimentar-lhe a esperança de vir a ocupar um cargo
importante depois das eleições autárquicas de Outubro. Recorde-se que, desde
20 de Fevereiro, o actual presidente da Câmara de Lisboa alterna entre os estados
vegetativo e sportinguista, comunicando apenas por movimentos do beicinho.
Carmona Rodrigues, que está encarregue de lhe mudar o soro, é um dos que
acredita que Santana 'tal como o teatro de revista, voltará a erguer-se da tumba
e a fazer-nos rir'". (Se não aconteceu, podia ter acontecido). In O Inimigo Público.

Numa viagem pela blogosfera, fui surpreendido com duas notícias: O Jumento
vai ocupar um lugar de elevada responsabilidade na Administração Pública, pelo que
vai abandonar a sua intensa actividade bloguística, editando apenas umas belíssimas
fotos sobre o quotidiano português, mas sem periocidade certa. No Blasfémias,
tive a confirmação de um facto do qual eu já suspeitava: Manuel Monteiro regressa
ao PP-cds, com o beneplácito de Paulo Portas. O Partido da Nova Democracia é
extinto e no Largo do Caldas vai mandar Telmo Correia, até ao regresso de Portas.
(Se não é verdade hoje, podia muito bem ser).

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