2005/04/15

 
Por entre o spam que diáriamente chega à caixa de correio, encontrei um apelo
assinado por Isabel Silva, a denunciar o facto de a Antena 1 não ter emitido, no dia
3 de Abril (um dia após a morte do Papa), o programa do Dr. Machado Vaz, com o
título "O amor é". Achei estranho, já que a denúncia não vinha do sexologista, mas
sim de alguem que habitualmente escuta as suas palavras. Estranhei tambem que
que o Dr. Machado Vaz, em vez de denunciar públicamente o que dizem ser um
acto de censura, apenas tenha registado um lamento no Murcon, sem nos dizer se
tinha inquirido a direcção da Antena 1, se a palestra foi censurada e houve recusa
em emitir "as mentiras no amor", -- que é, ao que parece, a substância da questão.
A direcção da Antena 1 deve explicar, a todos, por que razão não emitiu "O amor é".
Ainda que o Dr. Machado Vaz, para além de apontar "as mentiras no amor", tenha
falado do preservativo, nos casamentos de homossexuais, nos amores descartáveis,
e das causas do HIV -- antes ou depois do defunto -- a Antena 1 não pode censurar.

Devo confessar que me surpreendeu a cinfrineira à volta de uma questão
colocada pelo Dr. Machado Vaz no Murcon: "Sobretudo, verifico que uma nova
paixão não implica a certidão de óbito do amor reinante. Que acham vocês?".

Ao desafio do sexólogo choveram as mais diversas e desencontradas opiniões. A
maioria são de mulheres, alguns homens, mas toda a gente se esconde atrás do
anonimato. Uma Yulunga, pergunta se gravaram para os "Amores Difíceis", e o
Dr. Machado Vaz responde que sim, na RTPN, dia tal; na RTP2, dia coiso, e ainda
depois da meia-noite, não sei onde, no fim-de-semana... Uma série de opiniões,
em cascata, ocupa imenso espaço na web; falam de amantes, de fidelidade, de
infidelidade, de namorados descartáveis, de atrações "tipo filme pornográfico,
estás a ver?". Falam de tudo e mais alguma coisa, procurando algo na escuridão
da sua alma, esquecendo-se, ou desconhecendo que, o graal de que andam à
procura, não está aqui nem alem, mas sim dentro de cada um... Mas o inefável
sexólogo, tambem parece desconhecer esta verdade. Por isso, deixa andar...
Faz render o peixe, e diverte-se. Esquecem o registo genético, a vida familiar
em que foram criados, as repressões sociais -- os factos que moldaram a
personalidade de cada um... "O Amor é" uma constante de variáveis, impossivel
de descrever em duas linhas ou numa palestra de rádio. Esse, é o caminho seguido
pelos evangelistas, pelas seitas religiosas, pelos astrólogos, adivinhos, pitonizas,
curandeiros, leitores de Tarot, cartomantes de ocasião e oportunistas de sempre.

Hugh Hefner, fundador da revista "Playboy", é um dos interessados na
exploração do amor/sexo. Quanto mais se falar em sexo (mas não aceitando o
nudismo), mais proveitos tem este ancião de 79 anos de idade... Este, e todos
os que publicam revistas e filmes porno. Vivem dos encontros e desencontros
que a vida coloca ao indivíduo que procura no outro aquilo que não tem em si.





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