2004/06/30

 
Nem aqueles que há bem pouco tempo gostavam de ver Durão Barroso
fora de São Bento estão alegres, até desvalorizam o lugar para que
foi chamado na União Europeia. Isto mostra falta de coerência política
e demasiada raiva acumulada, que os impede de sentirem e verem a verdade
do que se está a passar. Em política há questões para as quais um comício
de rua não é o lugar mais indicado. Para se resolverem, é preciso
serenidade, visão de conjunto e discernimento quanto ao futuro. Sem
ponderação e análise de todas as variáveis não chegamos à verdade.

Quanto ao convite, feito pela UE, a Durão Barroso para desempenhar
o cargo de presidente da Comissão, é prestigiante não só para o nosso
primeiro-ministro como o é para Portugal. Não vejo que dúvidas possa
haver quanto a esta questão. Dizendo o contrário, uns sentir-se-ão
"orfãos", são os que acreditam nos líderes "providenciais", os que
acreditam nos dirigentes "salvadores" da Pátria; outros, por má-fé
ou egoísmo, tentam desvalorizar não só o cargo como tambem o papel
que o indigitado presidente Durão Barroso irá ter a nível europeu.

Neste frenezim de opiniões, a maioria mostra-se desfavorável
à solução dinástica Santana Lopes, o que não é de estranhar, pois
todos conhecemos a vacuidade mental do número dois do PSD, a quem
agora já apelidam de "artista do Parque Mayer" ou a "Toupeira dos
buracos lisboetas". Mas o tempo que lhe é dado para governar não
vai além de ano e meio -- se o conseguir -- e, obrigado a cumprir
uma gestão de controlo orçamental, PSL vai-se desgastar ainda mais.

Ainda me custa saber que, o professor Marcelo Rebelo de Sousa,
tenha sido admoestado e "condenado" a estar "mudo e quedo" no que
respeita à futura acção do governo Santana-Portas. Se esta moda
pega, qualquer dia os "fazedores de opinião" desaparecem dos écrans
de TV e das colunas dos jornais... Será que o professor Marcelo vai
aceitar a recomendação de Barroso? Se o fizer, onde está a isenção,
a ética e o pensamento democrático do professor Marcelo? Sabendo
nós como ele é, não acredito que ele consiga "calar-se", dado que se
trata de um comentador compulsivo, incapaz de se controlar no verbo,
e fácilmente vai "dar com a língua nos dentes", com palavras de
crítica e de censura ao mais que provável executivo de Santana-Portas.

Que a nossa esperança na Selecção continue a não esmorecer.



2004/06/28

 
Vai um grande alarido na Blogosfera por causa da saída de Durão
Barroso para Bruxelas. Uns desejam eleições antecipadas outros querem
esperar até mais ver. Na área da Coligação, dão como certo Santana
Lopes a primeiro-ministro. Na Oposição, Ferro Rodrigues reagiu mal,
pedindo eleições já. Na esquerda caviar, é natural esperar tal desejo.
São reacções a quente, numa altura em que o "árbito" ainda tinha dito
pouco ou nada. O jogo está no intervalo, esperemos pela arbitragem.

Pedir eleições antecipadas é ser irrealista, é adiar os trabalhos,
é voltar a fazer tudo de novo, é jogar em campo minado onde cada um
e todos nós corremos o risco de sair derrotados. Eleições antecipadas
comvêm a Ferro Rodrigues para sancionar a sua liderança em Novembro;
convêm à esquerda caviar para ver se ganha mais espaço no Parlamento;
convêm a alguns irresponsáveis porque esses desejam o "quanto pior
melhor". Mas não são convenientes para o país... Nem para o PS, nesta
fase do ciclo económico. Seria um suicídio político para o maior partido
da oposição, formar governo com um secretário-geral fragilizado,
e numa altura em que a economia ainda não mostra sinais de sólida
retoma do crescimento. A solução para o novo Governo deve ser
encontrada na actual coligação, mas sem o duo Portas-Santana.

Entre o folclore comicieiro de mais umas eleições, donde resultaria
um Governo despesista e a "reforma governamental" feita por um novo
ministro da Coligação, é preferível esta última solução, a quem mais
tarde ou mais cêdo o eleitorado poderá julgar pelos resultados, e
encontrar então um PS devidamente renovado e com uma liderança forte.
Vamos aguardar pela decisão do "árbitro", que será conhecida dentro
de duas semanas. Entretanto, vamos acabar com a "festa" do Euro 2004.
Depois, e em face de novos dados, vamos então analisar este problema.


2004/06/25

 
Uma breve abertura para me associar à contagiante onda de
alegria que o país está a viver, graças ao futebol. É impossivel
ficar indiferente perante este espectáculo de loucura. Estive ontem
no Rossio com os "beefs", que ali se acantonaram, tal como fazem em
Trafalgar Square. Rôdos de cerveja a granel, em garrafas de litro, em
latas, ao copo, à taça, à caneca... Respirava-se "beer" em todo o lado.
Foi uma tarde de alegria, de canto, de tatuagens, de coloração de
cabeças, de "chat" de troca de bandeiras e de bonés... Parece absurdo
dizer-se que o "hooliganismo" acontece quase sempre com os ingleses.
Na "Rossio Square" apenas houve alegria, loucura, "beer" e amizade.

Estes são, para mim, os grandes heróis que ontem levaram a
nossa Selecção a derrotar os ingleses e passar às meias-finais.


Enquanto por cá vamos vibrando com o futebol, os nossos irmãos
brasileiros, para além de acompanharem com interesse o "Euro 2004",
dedicam-se a promover a moda. Pela Passerele de S. Paulo passaram
já grandes estilistas internacionais e "top-models" tôpo de gama.
Nos próximos dias a grande mostra vai decorrer no Rio de Janeiro.

A modelo Naumi Campbell continua sedutora e em forma física.






2004/06/23

 
A "intelligentzia" da nossa Blogosfera reuniu-se ontem, junto ao
rio, ali perto da Rocha Conde de Óbidos, para comemorar meio ano
de existência do Causa Nossa, um blogue com características de
cooperativa, onde opinam ilustres académicos, políticos, gente com
prática e saber na área da "dura lex". Refira-se que aquela reunião
com os convidados de "Causa Nossa" tinha o apelativo nome "Festa do
Solstício". Isto poderia sugerir uma reunião de druidas à volta de
um menir ou nas ruinas de Stonehenge para perscrutar o Além. Nada disso,
pois a ideia seria para comemorar o solstício de verão, altura em
que o Sol alcança o ponto mais a norte do equador. É, portanto, um
tempo propício para festas pagãs, reuniões e encontros de amigos.

Durante o animado encontro, foram distribuidos prémios aos blogues
nomeados para o efeito. Surpreendeu-me que O Jumento não tivesse
recebido nenhum prémio, quer porque (em minha opinião) é um blogue
de "primeira água", quer ainda porque, O Jumento ao comparecer na
"Festa do Solstício" acabou por tirar a albarda e perder, assim, o
anonimato... correndo agora o risco de uma de duas coisas: ser
penalizado pelo Director-Geral da DGCI pelos ataques que tem feito
à máquina fiscal, ou então ser convidado por Manuel Ferreira Leite
para ocupar o cargo de Director-Geral em substituição do gestor
requisitado ao banco Millennium.

Dois prémios foram atribuidos, que me surpreenderam e deixaram
intrigado: "Prémio 5a. Dimensão, a José António Saraiva" e outro
"Prémio Armas de Destruição Massiva", a Luis Delgado". O primeiro,
talvez por se tratar de um dinossauro da História e da Arte, que
fala ininterruptamente e como se tivesse a certeza daquilo que
que afirma é verdadeiro. O segundo, como apóstolo e "cruzado" das
guerras preventivas de George Bush. Pergunta-se: será que o Luis
Delgado compareceu a receber o prémio? Em caso afirmativo, qual
foi a reacção do "cruzado"? Ou já está convertido às evidências,
como parece acontecer com o seu homólogo José Manuel Fernandes?


Como refere o Nuno, na Janela para o Rio, era interessante que
os blogues participantes na "Festa do Solstício" nos relatassem
um pouco do ambiente vivido naquele evento. Ou será que, para tal,
temos que aguardar pelos comentários de Carlos Castro nas revistas
do "jet-set"? Espero que os blogues nos dispensem de tal exercício.
PARABENS A TODOS!






2004/06/22

 
Enquanto a bola rebola e tudo o mais parece estar em coma profundo,
limito-me a subscrever parte do comentário "Bandeiras" de José Vitor
Malheiros, editado no PÚBLICO de hoje, já que a mim me falta horizonte
para perspectivar qualquer debate alheio ao mundo do futebol.
"
A bandeira apela à mobilização
, à vitória e à fé, mas não apela
a nada daquilo que nos últimos anos se tentou convencer os portugueses
que devia ser a nossa aposta: a criatividade, a inteligência e a
excelência, a educação e a formação, a qualidade e a beleza, o progresso
e o bem-estar. Nem sequer à solidariedade, pois o fervor patriótico
tem uma finalidade especial pela superioridade nacionalista, pela
xenofobia e pelo racismo. A bandeira só define uma solidariedade
depois de definir cuidadosamente a fronteira onde ela se esgota e
se transforma em ódio. A bandeira não apela ao neocórtex mas ao
cérebro primitivo, não apela à arte e à ciência mas à força e ao medo".

Break... to piss. Aliviar a pressão provocada pela cerveja.

É apenas triste que esta energia e esta mobilização não tenham
tradução em nada de realmente importante, algo de que realmente nos
pudéssemos orgulhar. É triste que aquilo em que acreditamos seja
apenas isto em que podemos acreditar sem custo, seja esta mobilização
que em nada nos compromete e nada nos exige senão beber cerveja e
buzinar nas ruas".


2004/06/21

 
Com a derrota da selecção espanhola e o apuramento para os quartos
de final do Euro 2004, conseguidos pela nossa Selecção, todo o país
deu largas à sua eufórica alegria, levando a exageros emocionais que
agora nos parecem despropositados. Os jornais de referência, tomaram
o espaço dos jornais desportivos; as buzinas dos carros enfernizaram
os nossos ouvidos até às tantas da madrugada; tudo o mais foi esquecido,
como se tivessemos alcançado o Paraíso. Os portugueses têm vivido tão
deprimidos que bem merecem gozar desta euforia patriótica. Mas cuidado,
a vida não se reduz a um campeonato europeu de futebol. Não esqueçamos
as outras questões, das quais depende o nosso futuro. E não alienemos
esse futuro, promovendo cenas como esta: estava eu a ler o jornal e
saborear a minha bica num café do Centro Comercial Alto da Barra, e
eis que, um grupo com cerca de 20 infantes - crianças de 5/6 anos -
acompanhados pelos seus professores, entraram naquele estabelecimento,
em fila indiana e rufando os tambores, aos gritos de "POR-TU-GAL!",
"POR-TU-GAL!"... Um barulho infernal, que deliciava mais os respectivos
professores enquadrados na "manif", do que a assistência. Os inocentes
em vez de praia, jardim ou outras actividades lúdicas, são instrumentos
de alienação futura, que lhes é transmitida pelos seus mestres... De
um professor, seria de esperar maior discernimento. Há situações em
que é preciso ter a cabeça fria para pensar com juizo e bom-senso.

O rosto de Portugal. Imagem de Hindustan Times, Nova Deli, Índia

A entrevista de João Soares à RR/PÚBLICO, teve o mérito de separar
as águas no PS. Pode ser o início de uma nova forma de diálogo para
encontrar soluções alternativas na sua liderança. Mas, com a euforia
da vitória no Euro 2004, quase passou despercebida. Acontece outro
tanto com a aprovação da Constituição Europeia. Não podemos esquecer
os perigos que pairam no horizonte: os sinais de que o terrorismo
da Al-Qaeda procura actuar durante o Euro 2004, e o 30 de Junho no
Iraque que pode ser marcado tambem de forma trágica em qualquer lugar
deste mundo. É preciso estar atento. O Governo está extasiado porque
a festa da nossa Selecção, deixa a Coligação estar em paz. Ninguem
reclama nada, ninguem tem problemas de governação. Uma maravilha.
O Governo devia ao menos alertar os portugueses...Lá vão os dias em
que tudo era suspeito, até uma simples mochila ao lado de uma cadeira.

Nestes dias de festa do "Euro 2004", são muitos os perigos e ameaças
que pairam sobre o Ocidente, devido ao falhanço na guerra do Iraque.




2004/06/18

 
A gente lê, ouve e vê e custa a acreditar naquilo que se lê.
Miguel Sousa Tavares, que regressou do umbigo da Terra, do equador
onde se situa S. Tomé e Príncipe, ilha onde em tempos Cavaco Silva
trepou aos coqueiros, veio encontrar o país em delírio patriótico,
e, vai daí, desanca em tudo o que tem contribuido para alegrar muitos
portugueses: o Euro 2004. Ele, Miguel Sousa Tavares, que há poucas
semanas dedicou uma página inteira a tecer lôas ao Futebol Clube do
Porto, por ter ganho o campeonato, vem agora dizer o contrário do que
disse, numa lamúria incrível, própria dos críticos de arrasar... Nada
está bem, tudo vai mal, o Estado dá o futebol porque outra coisa não
pode dar. Os heróis, para MST já não são os craques, são aqueles que
trabalham nas roças, na Telecom, na EDP, na Tap -- servindo as gentes
dos Palops. Espero que MST tenha corrigido as erratas de "Equador".

Lemos e custa-nos a acreditar que, José Manuel Fernandes, apóstolo
das guerras preventivas, venha com o editorial de "Mais um dia de Sol",
onde escreve sobre coisas que nunca lhe mereceram um reparo.
Parece estar dotado de veia poética. Além disso, já critica o PSD e
Durão Barroso, embora diga que Ferro Rodrigues é o que é, não por
mérito seu, mas por demérito da Coligação. Estranho muito que JMF
venha agora escrever sobre "mais um dia de sol". Só pode ser para
esquecer o "atoleiro" da guerra do Iraque, em defesa da qual gastou
muitas horas de doutrinação. Deve estar desiludido, como o Delgado.
Pelo sim pelo não, em "Mais um dia de sol", JMF sempre fez uma breve
referência, não à guerra - que está perdida - mas às torturas que
os EUA praticaram em Abu Ghraib. Assim, JMF ressalva os seus pecados.

Porque amanhã temos "Mais um dia de sol", o Abrangente vai verificar
se a "poética" de JMF tem razão de ser, ou é apenas uma forma airosa
de sair pela porta do cavalo, já que a batalha do Iraque não pode
ser ganha pelos apóstolos das "modernas cruzadas", nas quais já não
se fala do Santo Graal, mas tão somente do barril de petróleo...

Nesta altura do ano, o continente indiano é invadido pela
época das chuvas, denominada monções, queda de chuvas intensas.
Pelo lado poético, sempre lembra o filme "Serenata à Chuva".





2004/06/17

 
Enquanto outros vão defendendo as virtudes de uma liderança do
PS na pessoa do actual secretário-geral, seja-me permitido exprimir
por imagens, aquilo para que não estou talhado: o futebol, no caso o
Euro 2004. É um fenómeno a que ninguem pode ficar indiferente. Por esse
mundo fora, fala-se, escreve-se, mostram-se imagens do "Euro 2004".
Na Tailândia, faz-se uma passagem de modelos vestindo adereços com o
esférico a tapar os peitos, a cobrir o umbigo, a aumentar as ancas, a
adornar as orelhas, a imitar os óculos, etc. Na Índia, onde preferem
o criquete e o pólo, há cartazes de rua com a imagem de Totti, Zidane
e Figo, tendo em vista a adesão dos indianos ao futebol. No Brasil,
o Euro 2004 é seguido de perto, devido aos numerosos craques que
jogam neste evento. Em África, outro tanto. Compreende-se porque razão
os políticos defendem e fomentam a promoção deste desporto de massas.

Esta imagem da nossa Selecção, chega-nos da Austrália.


Da Índia chega-nos esta sugestiva imagem dos ingleses em Coimbra.


Imagens da rivalidade entre as selecções da Croácia e França.

Portugal, viu-se grego para reduzir a diferença de golos no desafio
com a Grécia, mas ontem esteve com sorte no jogo da roleta russa.

A Selecção russa, se outro mérito não tivesse, valeu pela
qualidade e beleza eslava das suas claques, que se portaram
de forma eufórica, amigável e sem causarem distúrbios de rua.


O Abrangente não vai em futebóis, mas está com a nossa Selecção.


2004/06/16

 
O post sobre o "day after" das europeias, mereceu alguns reparos
registados nos blogues que me acompanham à esquerda, designadamente
o Bota Acima de João Tunes e o Viva Espanha de Miguel Silva. São poucos
os que constam da lista, mas são bons e eu faço questão de os visitar
diariamente. Porque é útil conhecer a sua opinião, partilhar as suas
dúvidas, apelar à sua energia sempre e quando haja sinais de desalento.
Na Blogosfera, a interacção é importante; motiva e esclarece.

"A política não pode (não deve) reduzir-se a um ritual de celebração
de camaradinhas..." - refere o João. E eu concordo, adiantando ainda
que, democracia é poder escolher, participar, rejeitar o unânimismo.
Em política deve respeitar-se a liberdade, aceitar a diversidade. Em
democracia, ninguem é senhor da verdade. Tudo vai mudando, conforme
as necessidades, as aspirações e os anseios do povo. Não evoluir,
não renovar é tornar o ambiente político e social insuportável.
Tudo envelhece, tudo se acomoda, não há lugar para a inovação. Águas
paradas, tornam-se num pântano, num lodaçal.

Diz a arquitecta Helena Roseta: "Os mesmos são sempre os mesmos.
A maioria das pessoas que quer apoiar o PS não encontra modo de nele
intervir". - É preciso mudar isto. É bom que, contra o unânimismo,
surjam candidatos à liderança do PS, ainda que isso assuste o poeta
acabrunhado com os fantasmas da 'resistência' "à mais formidável
e miserável campanha que até hoje foi feita contra um líder político
desde o 25 de Abril". - É preciso outro discurso, "uma nova geração
de quadros socialistas que não encontram espaço de afirmação no
quadro actual do PS", como disse José Lamego, ao anunciar a sua
candidatura à liderança socialista. É no confronte das ideias que
a política enobrece os dirigentes partidários.

Enquanto não chegam os tempos de mudança no PS, uma ideia me
ocorreu, graças à intervenção de João Tunes e de Miguel Silva.
Sendo a "Estratégia de Lisboa" uma ideia dos socialistas, porque é
que o PS não adere à inovação e novas tecnologias, criando na Internet
um espaço de intervenção livre, onde todos poderíamos apresentar
sugestões, dar opiniões sobre o PS? Não seria uma estratégia
inovadora, a marcar a diferença em relação aos restantes partidos?


2004/06/15

 
Ainda sobre o "day after" das europeias: não concordo com a análise
feita pelo professor Vital Moreira, onde diz que "Ferro Rodrigues
consolidou naturalmente a sua posição de secretário-geral face aos
opositores internos, tendo praticamente assegurada a sua liderança
até às eleições legislativas de 2006". Eu penso que estas eleições
não se destinavam a referendar Ferro Rodrigues à frente do PS. Neste caso
o deputado socialista António Braga mostra maior lucidez e mais intuição
ao afirmar: "Sabe-se que quem deu a cara nestas eleições foi o professor
Sousa Franco. Esta vitória é dele e de todo o PS e qualquer tentativa
de fazer outra leitura que não esta é precipitada, sendo uma forma de
distorcer os resultados". [...]"Reforçado foi o PS no seu todo e não,
necessáriamente, o secretário-geral".


Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso não estão em condições de levar
o PS à vitória. Enquanto o processo Casa Pia não ficar concluido,
não deviam entrar em cena política. Ainda não esquecemos o espectáculo
protagonizado por ambos na AR, quando PP foi libertado da prisão
preventiva. Temos presente os gestos de arruaça e as palavras que
FR proferiu e ficam para a história das obscenidades políticas.
FR e PP deveriam passar para segundo plano, com humildade e com
resignação em vez de quererem voltar à ribalta. Para bem do PS e da
democracia. Não esqueçamos ainda, que é voz corrente, quando se fala
da pedofilia, citar o nome daqueles que, "até fizeram cirurgias
plásticas aos sinais anatómicos, para não serem identificados"...
Um grande partido, como é o PS, não pode nem deve ser representado
por dirigentes sobre os quais recaia a menor dúvida sobre o seu
comportamento cívico e a sua integridade moral.
É quase uma questão de Estado.



2004/06/14

 
A leitura do resultado das eleições europeias é diversificada.
Depende de quem faça a avaliação. Numa coisa estamos todos de acordo:
o voto dos eleitores penalizou os partidos que detêm o poder, sejam
eles de direita, de esquerda, a favor ou contra a guerra. O sinal é
de que, vivemos tempos dificeis, com fracos resultados económicos,
vivemos inquietos e ameaçados pelo clima de guerra. Falta a todos a
tranquilidade, a harmonia, o tempo para cuidar do futuro... A guerra
afecta a maioria dos países, das familias, das economias. O atraso da
retoma económica penaliza os governos, injustamente. Por isso, vota-se
sempre na mudança, na esperança de uma solução política diferente.

Extrapolar os resultados das europeias para o plano interno, apenas
serve o orgulho do nosso ego. Não é seguro que, os vencedores deste
escrutínio, sejam os vencedores de amanhã. Trata-se de uma reprimenda
feita pelo eleitorado ao actual Governo, nada mais. Cabe à coligação
tirar as ilações aos resultados e proceder às alterações no executivo
por forma a dinamizar a acção governativa. Nem seria conveniente que,
a Oposição viesse exigir eleições antecipadas, porque isso seria
desvalorizar o processo de alternância democrática. Por outro lado,
na presente conjuntura económica, seria um suicídio para o partido
que fosse chamado a formar governo. O tempo é de guerra, de crise.

O inconsciente colectivo parece transportar bons ventos para
alcançarmos uma mudança na condução da actual política de guerra.
Esperemos que "esta brisa de paz" consiga cativar os americanos para,
em Novembro, elegerem um "presidente pacífico", respeitador da Lei
e da comunidade internacional, representada pelas Nações Unidas.





2004/06/13

 
Páginas inteiras de publicidade, prometiam que a nossa Selecção
iria arrasar, "deixar em ruinas" a equipa da Grécia. O resultado do
confronto, não foi esse. A nossa Selecção suou as estopinhas, "viu-se
grega" para aliviar a derrota para 1-2. Agora, na quarta-feira, vamos
jogar à "roleta russa", sendo o resultado final uma incógnita.

É evidente que a campanha do "Euro 2004", baseada no apelo ao
nacionalismo - num contexto de unidade europeia - é uma estratégia
ridícula. Como é tambem ridícula a ideia da ostentação de bandeiras
nacionais, exibidas por esse país fora... Numa competição desportiva,
nem todos podem ganhar; há vencedores e vencidos. O importante é
participar, fazendo uma boa exibição. No entanto, desejo que a tal
"bandeirada" na "roleta russa", saia a nosso favor. Bem premiada!


O dever cívico e a participação nas eleições europeias, fizeram
com que, este fim-de-semana, me quedasse por aqui. Os dados estão
lançados. Aguardemos pelo fecho das urnas, para conhecer o final.
Ainda que sejam resultados mínimos, isso não significa desamor
pela UE -- unidade geográfica e política que desejamos cada vez
mais próspera.
Quatro dias de sol e calor, levaram muitos eleitores a sair para
fora, ficando cá dentro. É uma opção de liberdade. Pouco mais...
Quanto ao resto, fica em "stand-by" até Setembro.


2004/06/12

 
Nestes dias, a cultura da violência, do orgulho individual e
colectivo, domina a vida dos portuguese. É o fim da depressão anímica;
vive-se o tempo da alegria, da raiva explosiva, do ego renascido, das lágrimas
reprimidas. Que assim seja, mas não descambemos na tragédia.
Convém estar atento aos perigos que nos rodeiam. De facto, a ameça,
paira no ar, pelo que não podemos esquecer o tempo em que vivemos.

Esta imagem, captada na praia de Almancil, já correu mundo.
A atração pelo esférico, é universal e não entendida por todos.


Neste início de festa colectiva, duas coisas me parecem exageradas:
em primeiro lugar, o facto de o PÚBLICO dedicar as primeiras dezassete
páginas ao "Euro 2004"... É demais. Para isso, existem os jornais
desportivos. Em segundo lugar, a falta de sensibilidade e inteligência
dos nossos "criativos" publicitários na propaganda do "Euro 2004".
"Vamos deixa-los em ruinas". - É um apelo à violência gratuita. Que
falta de bom-senso!... Não soaria melhor: vamos iguala-los e ultrapas-
sa-los?... A Grécia tem um passado histórico (em ruinas) do qual somos
herdeiros. "Vamos ser iguais a eles, supera-los na sua grandeza?".
Esta seria a mensagem mais pacífica e inteligente.


Outro apêlo à violência, na forma de publicidade, é feito em página
inteira, pela "Cervejaria Portugália": "Hoje vamos partir a loiça
toda"... "Por cada golo da nossa Selecção, oferecemos uma rodada".
Desejo que a Portugália tenha motivos para oferecer muitas rodadas
gratuitas de cerveja. Que todos bebam até perderem o tino, que partam
a loiça toda, pois a indústria nacional precisa de vender vidros
e porcelanas. Mas que todos os cacos sejam produzidos à mesa, nunca
nas ruas da cidade, para evitar a propagação de tão desordeiro
divertimento.

A bola ainda não começou a rolar, mas parece que já está tudo doido.
O SEF trabalha para não permitir a entrada de "hooligans", mas eles
já estão cá dentro... só faltam os "skin-heads". Cuidado com os copos
de cerveja, com os exageros verbais.

2004/06/09

 
"O mundo da política é de nível instintivo. Pertence à lei da selva:
a lei do mais forte" - diz Osho em "Intuição-Conhecer para além da
lógica". Nietzsche em "Vontade de Poder" demonstra como política
significa desejo de poder. Nesta luta pelo poder, onde apenas vencem
os mais fortes, os "animais políticos" (os candidatos instintivos),
aparecem de tempos a tempos os políticos "emotivos" que, em vez da
lógica e da razão, fazem mais uso da natureza emotiva que é a sua génese,
mas não conseguem ir longe, por falta de fôlego e de resistência.

Acabam por desistir e, por vezes, são vítimas da sua ambição. Neste
país, nos últimos trinta anos, tivemos duas vítimas mortais, que não
concluiram a maratona eleitoral: o Almirante Pinheiro de Azevedo na
década de 70 e agora o Dr. Sousa Franco. Duas vítimas. Não tanto pela
sua ambição de poder, mas porque ambos foram motivados, solicitados a
entrar na "arena" da política rasteira. Qualquer deles tinha uma
brilhante carreira profissional, onde eram considerados como probos e
eficientes. Um na Marinha de Guerra e outro na Academia da Universidade
de Lisboa. Foram desafiados para a luta política, mas não resistiram
ao embate do frenezim comicieiro, ao ataque soez, à hipocrisia...

Este epitáfio vai lembrar aos americanos o Presidente Reagan.
Sousa Franco não sendo um político tão célebre, merecia mesmo
assim este epitáfio, por ser um homem honesto, franco e bondoso.


A nossa existência é muito breve. Não dá para viver em estado de
guerra, em alerta constante, em permanente luta. Deixemos cair as
"armas", vivamos em paz cada dia que passa, aceitemos a existência
como ela é, com a diversidade da sua fauna e flora, as montanhas, os
rios, a neve, o sol... Aproveitemos o tempo que passa, com alegria,
porque de um momento para o outro, tudo se acaba. Para quê guerrear?



2004/06/08

 
Como se não bastasse a crise económica para nos deprimir
a todos, temos ainda os zigue-zagues da nossa Justiça, envolvendo
todos os seus protagonistas num manto de neblusidade e suspeita;
o mais recente caso tem a ver com a demissão dos responsáveis pela
operação "Apito Dourado". Um caso opaco, confuso, deprimente - para
não dizer mesmo nauseabundo. O processo Casa Pia, arrasta-se vai para
dois anos, sem fim à vista e com todos os arguidos à solta, excepto
o "Bibi", que será sempre quem vai pagar todas as culpas. No combate
à corrupção e evasão fiscal, houve a demissão de Maria José Morgado
que se notabilizou pela sua acção; no caso do "Apito Dourado", temos
duas demissões, cujos elementos são elogiados por um juiz e apodados
de "má-fé e falta de lealdade" por outro juiz. Diga-se que este, pela
sua linguagem verbal e corporal, transpira raiva, ódio e vingança...
É o descrédito total do Governo no que toca à prometida luta contra
o tráfico de influências, contra a corrupção, contra a evasão fiscal.
O "nosso major" deve estar a rir-se de todos nós. A Oposição, nesta
hora, ainda brinca aos "cartões amarelos, vermelhos e aos apitos
dourados" -- desvalorizando ainda mais os acontecimentos ocorridos
na Polícia Judiciária. Ou será para esquecer o caso de Felgueiras?

A olhar o céu... Vénus passa entre a Terra e o Sol,
121 anos depois de ter feito o mesmo, mas em 1882.


O "Rock in Rio", que saiu da sua terra natal para chegar
à Europa, foi acompanhado com muito interesse no Brasil.
Foi um acontecimento importante para a cidade de Lisboa,
podendo tornar-se num futuro cartaz da cidade. Não por
mérito santanista, mas pelo entusiasmo de quantos vieram
de diferentes países para assistirem ao evento. No futuro,
as tribos do rock serão cada vez em maior número, levando
o nome de Lisboa às mais diversas cidades da União Europeia.

Sting actuou no último dia, e foi um nome de cartaz.


2004/06/07

 
Apesar dos apelos feitos à moderação, os partidos nacionais não
conseguem evitar o discurso rasteiro, a insinuação torpe, a acusação
sem cabimento, o populismo e a hipocrisia. Acontece isto, sempre que
os candidatos a deputados - á falta de ideias e projectos - preferem
apelar ao voto, acusando os outros - partidos ou candidatos - pelos
erros do passado. Pior ainda quando, numa campanha, é apresentado um
conjunto de "slogans" para achincalhar o parceiro -- quando o óptimo
era um programa de ideias sérias e inovadoras, para motivar o eleitor
e esclarecer o país. Não me parece inteligente um "programa" baseado
em "apitos dourados", "cartões amarelos", "cartões vermelhos", porque
essa linguagem è demasiado banal e conhecida nos meios da bola, onde
se usa linguagem reles, acusações torpes ao árbito, gestos primários
e violentos. Proceder assim, é semear a desordem, o cáos, a injúria.
A prática política precisa de coerência e sanidade mental.

As questões sensíveis requerem sensibilidade e fino trato.

Sessenta anos não é um número muito festivo no domínio das datas
comemorativas. As comemorações dos 50 Anos do "D-Day" não tiveram
a panóplia nem a presença de tantos dirigentes mundiais, como teve
agora o 60º aniversário. Mas deixemos essa avaliação de lado, para
realçar a importância do evento no que toca ao "desanuviamento" das
chamadas "relações de amizade euro-atlânticas". Foi muito útil para
os EUA e a Europa este encontro nas praias da Normandia. O "atoleiro"
do Iraque, para ser resolvido, precisa da boa-vontade da comunidade
internacional. Por outro lado, George Bush, - embora jogue nisto a
sua re-eleição - já admite que o unilateralismo, no mundo de hoje,
não surte efeito. Às Nações Unidas resta agora acabar com a guerra,
ajudar a reconstruir o Iraque, e gerir a luta contra o terrorismo.

A renúncia de Tenet serviu de "bode expiatório"
e facilita a George Bush a continuação de Rumsfeld.




2004/06/03

 
Pacheco Pereira, um dos apóstolos da "guerra preventiva", editou
mais um folhetim semanal sobre a condução da guerra. Deve ter suado
as estopinhas para produzir semelhante nulidade. Fala de "ecologia
olimpiana", do "traço de antiamericanismo da política europeia", cita
o episódio do cruzador "Belgrano" na guerra das Malvinas, nas "guerras
deixadas imcompletas" e termina com um desejo-profecia: "quando os
carros-bomba rebentarem em Berlim e Paris e desaparecer o 'olimpismo'
a confiança euro-atlântica será penosa e dificil"... Seguem-se novos
folhetins na próxima semana, até que o Iraque seja libertado.


O estranho de toda esta ladaínha de Pacheco em defesa de sua dama,
é querer falar da guerra, como se ele fôsse um general, mas em toda
a sua argumentação Pacheco Pereira deixa transparecer que, tal como
o nosso ministro das tropas, nem se quer fez serviço militar. O que
Pacheco procura não é a verdade, mas a realidade -- a sua realidade
-- que é apenas a projecção dos seus desejos e dos seus pensamentos.
A verdade é simplesmente aquilo que é. A realidade de Pacheco é a
sua interpretação da verdade. Como pode Pacheco falar sobre guerra,
sem citar Clauzewitze? Será que Pacheco conhece "Da Guerra", a obra
prima daquele general? Terá Pacheco estudado as teorias de Clauzewitze?
Não me parece. O que Pacheco pretende, todos nós sabemos o que é.
Ele que faça um pedido a Rumsfeld ou George Bush para um "assigment"
ao serviço do Pentágono, onde poderia teorizar sobre "a condução da
guerra no contexto democrático de alianças internacionais".

Os apóstolos da guerra preventida sabem que não é fácil
sairem airosamente do grande buraco sujo onde se meteram.



2004/06/01

 
"A realidade é crua: a maioria dos portugueses não sabe a data,
não vai votar e nunca se interessou pela Europa
" -- quem desabafa
assim, é o apóstolo Luis Delgado, a propósito das eleições europeias.
Náo devemos tomar a "parte" pelo "todo", porque os portugueses são
europeus, sentem-se bem na Europa e acham que a adesão à UE, foi muito
benéfica para Portugal. Não podemos aceitar as ideias apocalípticas
dos apóstolos que, sendo europeus, não se sentem bem na UE. Para eles
só existe um país belo, um Eden, e esse fica nas terras do "Tio Sam".
É para lá que dirigem as suas orações, as suas aspirações e anseios.
É para lá que devem ir... Vão pregar para outras paragens.



O amigo Luis do Tugir em português, continua atento ao que se vai
escrevendo nos blogues mais próximos da sua tribo. No fim de semana,
andou em "Divagações" pelo que, através do Abrangente, ficou sabendo
que, no Iraque, tambem se verificam grandes engarrafamentos nas
estradas -- provocados pelos tanques do Exército de ocupação! Refere
o amigo Luis que, a terrivel blogueira "Tia Lolita", desapareceu,
não tem postado no Tugir... Eu peço a Deus para que a referida Tia
não tenha ido para as terras da Mesopotâmia, onde por certo seria
raptada pelas "forças insurgentes", como gosta de referir o apóstolo
Delgado. Ou terá sido "desmobilizada" pela sobrinha "Lolita", que
está sempre a dar raspanetes ao Besugo dos esguichos?


Neste Dia Mundial da Criança, é nosso dever recordar todas as
crianças deste mundo, sobretudo aquelas que, durante a sua vida,
nunca têm tempo nem espaço para brincar, para serem crianças.





This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]