2003/09/30

 
T R E S T E M A S

UM - A Constituição Europeia

Em Outubro vai ser um tema que, pelo menos na comunicação social, vai ter
muito impacto, porque os Estados membros têm que definir-se quanto à
forma e ao conteúdo da mesma. Não se trata bem de uma constituição mas
sim do ordenamento institucional da UE. Mas os temas quentes são muitos,
e embora a Convenção dirigida por Giscard d'Estaing, não tivesse o caracter
de uma constituinte, a maior parte da estrutura daquilo que poderá ser uma
futura Constituição, está definida e terá que ser aceite no todo ou em parte
pelos países membros, a fim da UE poder avançar na consolidação do seu
peso político, económico e militar -- que agora se encontra disperso, mas ao
mesmo tempo centrado em tres países: França, Alemanha e Inglaterra.
A grande questão que se coloca a cada país, é saber como vão aceitar o
primado do Direito da União sobre o Direito dos Estados membros. Além disso,
importa saber como é que os países vão esclarecer os seus cidadãos para,
depois, poderem referendar a Constituição Europeia. O caminho está cheio
de pedras e os atalhos, para chegar ao destino -- da União Europeia -- são
dificeis de encontrar. Espera-se, da parte dos políticos, bom-senso e abertura
para discussão das ideias. Porque isso é fundamental para não haver mais
desilusões, comos os referendos na Suécia e na Dinamarca.
Este tema, vai por à prova, a vontade de Paulo Portas e do PP/cds em aderir
ao projecto europeu, sem ambiguidades nem eufemismos, embora isso lhe
custe muito pois, para o concretizar, terão de "esquecer" grande parte do
seu discurso anti-europeu, anti-federalista, anti-euro, anti-etc., etc. Desta
vez, o PP/cds, vai-se "travestir" para não perder o poleiro do poder.

DOIS - A NOVELA "PORTUCEL"

Em Outubro vamos saber se a Cofina/Lecta se confirma como grupo vencedor
da privatização de 25% do capital da Portucel, negócio que envolve valores
da ordem dos 800 milhões de euros. Neste momento, a Sonae continua a ter
cerca de 30% da Portucel, e, embora tenha desistido da corrida, por estar com
uma dívida muito elevada, não desiste de procurar ficar bem "encaixada" ou
de levar o caso para os tribunais, caso não veja os seus interesses defendidos.
Este negócio envolve muito dinheiro, muitos activos, e o seu sucesso pode
dar uma ajuda ao PSI20, onde as cotadas de Belmiro de Azevedo têm sido
muito penalizadas, em parte, pela indefinição deste negócio.

TRES - AS NOSSAS PESCAS

O ministro Sevinate Pinto tem, em Bruxelas, um dossier muito complicado para
resolver, desde que não abdique da defesa dos interesses de Portugal. Estou
a referir-me ao alargamento da zona de pesca, para acolher a entrada a barcos
de pesca espanhois. Com a integração cada mais aprofundada na UE, Portugal
não pode continuar a interditar os pescadores espanhois, mas há que faze-lo
com habilidade, caso contrário corremos o risco de ficarmos com as nossas
zonas costeiras completamente arrasadas, limpas de espécies, sem peixe nem
trabalho para os nossos pescadores. Muito dificil, este dossier. E porquê? Se
não agradar a Espanha, as nossas empresas, como a EDP e a Galp, podem
ter muitas dificuldades em fazer negócios em Espanha, aqui ao lado. Aliás,
o Governo de Aznar já permitiu à EDP, o uso do direito de votos na Hidro-
Cantábrico, certamente para mostrar cedências. Depois temos o Mebitel, o
Mercado de Energia Ibérico, onde se vai jogar muito do futuro da Galp-Energia,
da EDP e até da banca nacional. Digamos que, para receber, tambem é preciso
dar, mas é preciso faze-lo com empenho, inteligência e diplomacia.

Estes são alguns dos temas que o país precisa conhecer, saber como lidar
com eles, e ter uma ideia do que está em jogo. São temas que o PP/cds e o
seu líder deveriam apresentar aos portugueses, em lugar dos discursos
xenófobos, e propôr soluções. Claro que Paulo Portas, como ministro da Defesa,
pensa é na compra de submarinos, homenagens a desertores, visitas a Donald
Rumsfeld e outras coisas assim, coisas mais fáceis de digerir. De resto, é bom
lembrar que, Paulo Portas, está muito enfraquecido fisícamente, devido à dieta
que está a levar a cabo, com vista a reduzir o seu peso em 12 quilos. . . .



2003/09/29

 
O "GAULEITER" DO PP E O "BANDO DOS QUATRO"

Ao pegar no Público de hoje, fiquei admirado por, na primeira página,
não dizer nada sobre o cogresso do PP/cds realizado no fim de semana
no Pavilhão da Exponor, em Matosinhos. Então é assim, aquilo foi tão
pobre, que nem merece notícia? - interroguei-me. Depois, lá para as
décimas páginas, lá encontrei a reportagem, mostrando umas fotos com
uns tipos a bocejar, outros a retorcer o nariz, e, PP, naturalmente feliz,
eufórico, escutando os aplausos de que tanto gosta.

A melhor imagem de PP, neste congresso, vem publicada no Público de
domingo, na segunda página. Está ele na tribuna, com ar carregado, muito
sério, de braço direito estendido, como vimos fazer a tantos dirigentes no
tempo do fascismo. Ao ver aquele foto, fiquei certo daquilo que até então
era para mim uma dúvida: PP assumiu-se como o "gauleiter" do PP/cds.
Aquela pose, de saudação aos seus correligionários, não deixa dúvidas
sobre o carácter da pessoa que assume tal atitude. Pode ele não ter
intenção nem pensar como tal, mas que parece um paisano das SS, isso
parece. E é assustador, até porque PP é o ministro da Defesa...

Afinal este congresso do PP/cds, não serviu para nada, a não ser apontar
e nomear os fieis seguidores. Quanto a ideias fortes, pouco ou nada foi dito,
o que se compreende, para não ferir sensibilidades no PSD. No entanto
ouve uma coisa que marcou muito este congresso dos Populares: foi a sua
preocupação em reverem toda a história do partido. Lá porque Adelino
Amaro da Costa era ministro da Defesa, aquando da sua morte, Paulo Portas
deve ter visto nesse pormenor uma coicidência divina, pensando talvez que
isso era um sinal, para ele, dado por Nossa Senhora de Fátima, de quem
PP é um fervoroso crente.
Chamar por Adelino e esquecer o fundador do CDS-Centro Democrático Social,
Dr. Diogo Freitas do Amaral que, corajosamente conseguiu implantar e gerir
o partido a nivel nacional, numa altura em que era difícil e perigoso tentar
fundar um partido de direita, isso parece-me um acto infâme, uma traição e
"revisionismo" da história. Esquecer Francisco Lucas Pires, o Prof. Adriano
Moreira, e ainda Manuel Monteiro, é querer lavar a história, para a reescrever
com as cores e os feitos de Paulo Portas. Isto é ridículo e parece um absurdo,
se tivermos em conta que este facto não foi denunciado por nenhum dos
presentes no conclave. Ali reina a lei da "rolha", do unanimismo, a vontade
do chefe. Contestar, falar claro, significa perder um "tacho", seja à mesa de
uma artarquia, seja à mesa do governo -- mesmo que seja como simples
adjunto ou sub-secretário. É o conformismo, a hipocrisia, o safe-se quem puder.

Lá esteve G. Fini, da Aliança do Norte (de Itália não do Afganistão), que
nutre muita simpatia por PP, mas quanto a mim, faltou lá aquele que poderia
dar a Portas muitas dicas sobre imigrantes: faltou Le Pen, da Frente Nacional
que, nas últimas eleições, fez tremecer os franceses e Jacques Chirac.

Se eu fosse militar, seria muito infeliz por ter um chefe oportunista, xenófobo,
demagogo, "revisionista" e sem sentido de Estado.. Mas, se fosse imigrante,
temia pela minha vida, procurava ir trabalhar noutro país, onde não fosse
acusado por ninguem de estar a roubar o trabalho aos tarefeiros nacionais.

O congresso do PP/cds, ao fazer o "revisionismo" da sua história, outra coisa
não faz que é repetir os erros que outros já cometeram: expulsar do partido
o "Bando dos Quatro" que, não tendo paralelo com outros casos, não deixa
de ser sintomático quanto ao que se passa na cabeça dos seus congressistas.

2003/09/28

 
VIAGEM PELA BLOGOSFERA

Hoje não vou demorar-me em grandes comentários, já que estou bastante
saturado, pois naveguei quase toda a tarde na Blogosfera. É uma viagem
fascinante. O "Blogger" dá-nos, segundo a segundo, um resumo dos blogs
que vão "entrando" na Blogosfera; eles vêm do Japão, da Austrália, da
Correia do Sul, alguns da Índia, de Ceilão, da Indonésia (e Aceh), muitos
do Irão (Persian), do Iraque, do Libano, muitos da Escandinávia e tambem
da Islândia, alguns de Espanha, Alemanha, Itália, e muitos de Portugal,
Brasil, do México, do Canadá, muitos dos EUA. É interessante verificar donde
nos chegam os blogueiros; o maior número deles são japoneses, nórdicos,
ingleses, brasileiros, portugueses, mexicanos, e, naturalmente, americanos.
Da Europa, salientamse ainda os alemães, mas é muito raro aparecer um
italiano, um espanhol, um belga. Aparecem os polacos, talvez hungaros,
(por vezes tenho dificuldade em identifica-los) e Sérvios, mas depois, para
lá dessa fronteira, não se conseguem detectar Russos, Ucranianos, Bielo-
russos.

Graças a "El Turco" , blogueiro turco a trabalhar em Porto Rico, fiquei
a saber que, naquela ilha do Caribe, faz calor, mas chove com frequência:
"Yo estoy aprender español -- diz ele -- siempre que quiero ir a la playa,
empieza a lluver, caindo lluvia, mui parecido con Turquia; en la zona norte
en Istambul, tambien hay muchas árboles siempre verdes". Com um link
directo ao New York Times, fiquei a saber que, a Itália, desde ontem, está
mergulhada num grande apagão. Muito gente dormiu nos terminais de Metro,
de comboios, e a vida nocturna é passada à luz de velas. A culpa, dizem,
foi das trovoadas em França e na Suiça, donde parte um quinto da energia
eléctrica consumida pelos italianos. Berlusconi deve estar pensando que,
aquilo ou é coisa da Al-Qaeda, ou então do de Pietro -- o magistrado da
"Operação Mãos Limpas" -- que reuninu milhares de assinaturas a fim de
pedir aos Tribunais para que Berlusconi não tenha imunidade e possa ser
julgado como qualquer outro cidadão.

Tambem fiquei a saber, por um blog americano, que George Bush está a
fazer uso do "Patriot Act" para o combate ao crime comum, quando aquele
aquela emenda foi preparada para o combate ao "terrorismo". A avaliar
pela quantidade de "sites" anti-guerra, contra a violação dos direitos dos
cidadãos, ou contra as mentiras propaladas sobra as "armas de destruição
maciça", e pelos movimentos de familias a favor do regresso a casa dos
soldados americanos envolvidos na ocupação do Iraque, Bush vai sair muito
"chamuscado", e, o mais certo, é não ser re-eleito no próximo ano.

É tudo. Estou ansioso por ouvir o Dr. Marcelo, quero ver qual vai ser a sua
opinião sobre o conclave do PP, realizado este fim de semana em Santa
Maria da Feira.... Não, desta vez não se trata de "feira", mercado, onde
Paulo Portas tanto gostava de aparecer. Agora, fia fino: só num anfiteatro,
com cenário à americana, i.e. com o palco ao meio, a lembrar um ringue de
boxe. Esperemos que tudo tenha acabado bem, embora sem novidades.
P.S-O congresso do PP decorre em Matosinhos, na Exponor.



2003/09/27

 
FIM DE SEMANA, FIM DE MES

Augusto Santos Silva, incapaz de ver o deserto em que o PS mergulhou,
vem, mais uma vez, apontar José Pacheco Pereira por inventar a implosão
do PS e António Barreto por sonhar com a remodelação da direcção deste
mesmo partido. Não adianta, com dirigentes destes, e porque outros não
se manifestam, torna-se impossivel ao PS transformar-se no motor da
Oposição à Cologação de centro-direita. Lá porque Ferro Rodrigues segurou
o PS com 38 por cento, pensam que na próxima votação vai ser melhor,
pois Ferro foi um ministro que fez coisas boas... Disparate! Ferro, foi apenas
o ministro que abria o cofre para dar, quando Guterres dava ordens para
tal. Nada mais. Qual é a substância politica da estratégia -- se é que a tem --
de Ferro Rodrigues, para se afirmar como líder da Oposição? Nada, não se
descortina nele nenhuma ideia mobilizadora.

Entretanto continuam a acontecer coisas, neste país, e não há ninguém que
seja capaz de marcar pontos, afirmando-se como líder com carisma para
trazer ao país um sinal de esperança em tempos melhores. Tudo está mudo.
Veja-se o caso de Lamego, onde o helicóptero assignado à luta contra os
incêndios foi abusivamente utilizado para viagens turísticas. Temos o caso
das incompatibilidades de Maria Elisa que, em vez de ser tratado com a
seriedade que se impunha, foi dado por "igual a tantos outros", tendo
Jorge Lacão referido que "há outros casos ainda piores". Agora, temos as
nomeações de nove adjuntos para o gabinete do padre António Vaz Pinto,
que é o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Éticas; parece que se
trata de fazer nomeações numa instituição como seja a Fundação Gulbenkian
ou do Oriente, onde há dinheiro com fartura. Que diz o PS de tudo isto?
Nada. O PS está a vegetar, a envelhecer, como as árvores. Falta-lhe uma
árvore sólida, capaz de dar acolhimento a boa gente, de proteger a quem
junto dela se abriga. Na falta de choupos, carvalhos, castanheiros, figueiras
ou oliveiras, apontem para um Sócrates...

Fim de semana e fim de mês, mas tambem fim de verão e começo de Outono.
Está toda a gente à espera que o tempo mude, para ver se assim acontece
algo de bom, de diferente já que, até agora -- pese a boa vontade de alguns
futurólogos -- as coisas não estão a acontecer como era de esperar e como
nos prometeram as "pitonisas" da economia. Isto vai péssimo; as familias,
vieram de férias e tiveram logo que fazer despesa com os filhos, para lhes
darem livros, sebentas, compêndios, lápis, mochilas, etc., etc.. Chegaram
de férias com pouco dinheiro, e tiveram que recorrer ao crédito, pois só assim
conseguiram equilibrar a vida. Estávamos à espera da retoma este ano, mas
os sinais indicam que batemos no fundo -- estamos em recessão. Falta apenas
mais um trimestre, e temos de reconhecer que, as nossas esperanças para
este ano, goraram-se. Agora, vamos esperar pelo primeiro ou segundo
trimestre de 2004, para vermos se as coisas começam a melhorar. Deus queira.

Fim de semana, que não deve ficar na História, embora Paulo Portas gostasse
que, pelo seu dirscurso de amanhã no encerramento do Congresso do Partido
Popular, alguma coisa ficasse nos ouvidos dos comentadores políticos, para
que nisso se falasse durante o resto do ano. Mas não é de esperar, mais uma
vez, que a montanha deixe de parir um rato, só um rato, um ratinho... Paulo
Portas não terá o "espectáculo" dramático de 1975, embora tenha sonhado
com tal cenário. Talvez até tenha pensado, como ministro da Defesa, colocar
as Forças Armadas em estado de alerta "vermelho", mas isso não passa de
sonho para ele. Nós tambem não esperamos nada do seu conclave, só palmas,
abraços e "vamos correr com eles" -- os imigrantes. O resto, vai ser encenado
pelas televisões, para substituir "Big Broters" e "Hermapias", a fim de manterem
os "shares" de audiências, umas mais acima que outras.

2003/09/26

 
O INIMIGO PÚBLICO

"Se não aconteceu, podia ter acontecido" - é este o lema do suplemento
humorístico, publicado agora pelo "Público" às sextas-feira. Há muito que
nos fazia falta uma publicação sobre humor. Longe vão os tempos em que
podiamos escolher entre "Os Ridículos" e o "Sempre Fixe". Com a renovação
dos jornais, muitos títulos desapareceram, não restando agora nenhum dos
que se dedicavam ao humor, à ironia, ao sarcasmo. Parece que perdemos
a vontade de rir e o prazer de olhar a vida com alegria; perdemos a cultura
do riso, da piada inteligente, da zombaria e do escárnio. Resta apenas o
riso alarve das piadas obscenas que os canais de televisão alimentam, com
palmas forçadas e assistência paga, nos seus programas de "anedotas".

A primeira edição de "O Inimigo Público" ainda é pouco relevante para se
avaliar das suas hipóteses de exito, mas que a equipa redactorial parece ter
veia de humor, disso não tenho dúvidas. "Ri-te, Ri-te!" foi a frase escolhida
para lançar o "Inimigo", sempre acompanhada de figuras do Governo, bem
sorridentes, incapazes de conterem as suas gargalhadas. Gostei muito de
saber que Kumba Ialá vai abandonar a Guiné para vir integrar o Grupo de
Forcados Amadores da Moita; gostei da entrevista a Compaio; gostei da
Desbanda Desenhada que, a par de Tin-Tin, tem agora o aventureiro do
espaço, Eduardo Prado Coelho, na aventura sideral, "Rumo ao Orgasmo
Vertical"; gostei e folguei de saber da remodelação governamental.

Eu já tinha avisado aqui, que o PSD estava a ser penalizado por continuar
a governar com o PP de Paulo Portas, mas nunca julguei que Durão Barroso
pudesse ser tão descaradamente traído pelo seu aliado na Coligação. Isto
foi além de tudo o que era de esperar de Paulo Portas. Na sua qualidade de
ministro de Estado e número dois do Governo, Paulo Portas magicou uma
remodelação governamental, na ausência de Durão Barroso em Nova Iorque.
É um absurdo, e prova que alguma coisa não está bem na Coligação. Diz-se
mesmo, que Paulo Portas -- devido à dieta para emagrecer 12 quilos -- tem
comportamentos estranhos, ora de euforia e raiva, ora de depressão e
amnésia. A origem desta obsessão de Paulo Portas pelas dietas destinadas
a emagrecer, deve-se à sua amiga Cinha Jardim que, em plena "silly season",
confessou à imprensa cor-de-rosa que Paulo Portas e Santana Lopes estavam
a ficar muito pesados, demasiado gordos para o seu gosto. E terá sido este
desabafo que levou o ministro da Defesa a entrar em regime apertado, mas
sem acompanhamento médico, correndo agora o risco de uma hipoglicemia.

Quando Paulo Portas esteve na homenagem fúnebre a Maggiolo Gouveia,
quando se apresentou na igreja, de joelhos, a rezar, naquela pose que foi
captada pelos repórteres e pelas televisões nacionais, eu disse cá para mim:
"O ministro Paulo Portas não está bem; está frouxo, sem energia, parece
estar doente". E, parece que não me enganei. Isto vai levar a que Durão
Barroso tome precauções. Desta vez, Paulo Portas não concretizou a ideia
de fazer uma remodelação governamental porque Nobre Guedes, ao saber
do que Paulo Portas preparava, foi imediatamente para o Forte de S. Juliáo da
Barra, e, ao constactar a incapacidade psicosomática do ministro, advertiu-o
do erro que estava a cometer, e conseguiu que tudo fosse por água abaixo...

Temos que agradecer a Nobre Guedes, por ter salvo a Coligação, evitando
o "quartelazo" engendrado por Paulo Portas. Seria um desastre, um enorme
descrédito a nivel internacional. Sabem que Paulo Portas tinha convidado
para ministro da Defesa o "cruzado" Luis Delgado? É verdade, -- e se não é,
podia ter sido -- Paulo Portas chamou Luis Delgado e este, prontamente
compareceu, e aceitou o cargo, "com muita honra, por ir dirigir umas Forças
Armadas que estão sob a alçada dos Estados Unidos da América." Afinal,
Luis Delgado, é pior que a Maria Elisa: recebe como Director da Lusa, por
comentar na SIC, por manter a "Coluna da Direita" no DN, e, agora, ainda
queria acumular tudo isso, com o cargo de ministro da Defesa.

Sem dúvida: o que parece, nem sempre é. Mas cuidado com os demagogos!

 
O INIMIGO PÚBLICO

"Se não aconteceu, podia ter acontecido" - é este o lema do suplemento
humorístico, publicado agora pelo "Público" às sextas-feira. Há muito que
nos fazia falta uma publicação sobre humor. Longe vão os tempos em que
podiamos escolher entre "Os Ridículos" e o "Sempre Fixe". Com a renovação
dos jornais, muitos títulos desapareceram, não restando agora nenhum dos
que se dedicavam ao humor, à ironia, ao sarcasmo. Parece que perdemos
a vontade de rir e o prazer de olhar a vida com alegria; perdemos a cultura
do riso, da piada inteligente, da zombaria e do escárnio. Resta apenas o
riso alarve das piadas obscenas que os canais de televisão alimentam, com
palmas forçadas e assistência paga, nos seus programas de "anedotas".

A primeira edição de "O Inimigo Público" ainda é pouco relevante para se
avaliar das suas hipóteses de exito, mas que a equipa redactorial parece ter
veia de humor, disso não tenho dúvidas. "Ri-te, Ri-te!" foi a frase escolhida
para lançar o "Inimigo", sempre acompanhada de figuras do Governo, bem
sorridentes, incapazes de conterem as suas gargalhadas. Gostei muito de
saber que Kumba Ialá vai abandonar a Guiné para vir integrar o Grupo de
Forcados Amadores da Moita; gostei da entrevista a Compaio; gostei da
Desbanda Desenhada que, a par de Tin-Tin, tem agora o aventureiro do
espaço, Eduardo Prado Coelho, na aventura sideral, "Rumo ao Orgasmo
Vertical"; gostei e folguei de saber da remodelação governamental.

Eu já tinha avisado aqui, que o PSD estava a ser penalizado por continuar
a governar com o PP de Paulo Portas, mas nunca julguei que Durão Barroso
pudesse ser tão descaradamente traído pelo seu aliado na Coligação. Isto
foi além de tudo o que era de esperar de Paulo Portas. Na sua qualidade de
ministro de Estado e número dois do Governo, Paulo Portas magicou uma
remodelação governamental, na ausência de Durão Barroso em Nova Iorque.
É um absurdo, e prova que alguma coisa não está bem na Coligação. Diz-se
mesmo, que Paulo Portas -- devido à dieta para emagrecer 12 quilos -- tem
comportamentos estranhos, ora de euforia e raiva, ora de depressão e
amnésia. A origem desta obsessão de Paulo Portas pelas dietas destinadas
a emagrecer, deve-se à sua amiga Cinha Jardim que, em plena "silly season",
confessou à imprensa cor-de-rosa que Paulo Portas e Santana Lopes estavam
a ficar muito pesados, demasiado gordos para o seu gosto. E terá sido este
desabafo que levou o ministro da Defesa a entrar em regime apertado, mas
sem acompanhamento médico, correndo agora o risco de uma hipoglicemia.

Quando Paulo Portas esteve na homenagem fúnebre a Maggiolo Gouveia,
quando se apresentou na igreja, de joelhos, a rezar, naquela pose que foi
captada pelos repórteres e pelas televisões nacionais, eu disse cá para mim:
"O ministro Paulo Portas não está bem; está frouxo, sem energia, parece
estar doente". E, parece que não me enganei. Isto vai levar a que Durão
Barroso tome precauções. Desta vez, Paulo Portas não concretizou a ideia
de fazer uma remodelação governamental porque Nobre Guedes, ao saber
do que Paulo Portas preparava, foi imediatamente para o Forte de S. Juliáo da
Barra, e, ao constactar a incapacidade psicosomática do ministro, advertiu-o
do erro que estava a cometer, e conseguiu que tudo fosse por água abaixo...

Temos que agradecer a Nobre Guedes, por ter salvo a Coligação, evitando
o "quartelazo" engendrado por Paulo Portas. Seria um desastre, um enorme
descrédito a nivel internacional. Sabem que Paulo Portas tinha convidado
para ministro da Defesa o "cruzado" Luis Delgado? É verdade, -- e se não é,
podia ter sido -- Paulo Portas chamou Luis Delgado e este, prontamente
compareceu, e aceitou o cargo, "com muita honra, por ir dirigir umas Forças
Armadas que estão sob a alçada dos Estados Unidos da América." Afinal,
Luis Delgado, é pior que a Maria Elisa: recebe como Director da Lusa, por
comentar na SIC, por manter a "Coluna da Direita" no DN, e, agora, ainda
queria acumular tudo isso, com o cargo de ministro da Defesa.

Sem dúvida: o que parece, nem sempre é. Mas cuidado com os demagogos!

2003/09/25

 
UM PS INCAPAZ DE SE AFIRMAR

A renúncia de Vicente Jorge Silva (VJS) da comissão de Ética do Parlamento,
vem demonstrar, mais uma vez, as fragilidades do PS, onde cada um faz o
que lhe apetece e diz as coisas mais disparatadas. Na última edição do
"Expresso", António Costa desvalorizou a situação da deputada do PSD,
Maria Elisa, que pediu suspensão de mandato nos finais de Julho por motivos
de doença mas que, sabe-se agora, está a trabalhar na RTP desde o dia 29
daquele mes, em flagrante incompatibilidade com o estatuto de deputada.
Mas isso, para o socialista Jorge Lacão, presidente da comissão de Ética, é
irrelevante, dado que há outros casos mais graves. Os restantes deputados
do PS calam-se, mas castigaram António Costa, que agora foi reeleito para
dirigir o grupo parlamentar, apenas com 53 por cento dos votos expressos.
É evidente que a suspensão de Maria Elisa foi aceite, mas não para estar a
trabalhar noutra empresa, a RTP, que é tutelada pelo Estado. Por isso, ou
há moralidade, ou comem todos... Vicente Jorge Silva, tem razão, quando diz
que este caso não deve ser "esquecido" pela comissão de Ética. Ainda que,
isto fragilize o PS, ao mostrar falta de dinamismo e desinteresse pela acção
política que se impôe tomar nestes casos. Não há dúvida, o maior partido da
Oposição está desorientado, abalado, parece sofrer do sindroma casapiano.

UMA IGREJA EM DECADÊNCIA

Abalada pelo escândalo da pedofilia que envolveu os bispos de algumas
dioceses nos Estados Unidos, a Igreja Católica vem agora tomar medidas
para "prevenção dos abusos", tais como cantar nas missas, bater palmas,
e não permitir que ajudantes femininas assistam no altar durante as missas.
Por outro lado, vai apelar para que "cada católico, sacerdote, diácono ou leigo,
denuncie eventuais abusos litúrgicos." Isto, é abrir a porta aos delatores.
A poderosa Igreja de Roma, tem perdido crentes, porque a sua prática nem
sempre está de acordo com a Igreja de Pedro -- que é bem diferente desta.
As suas posições contra o uso do preservativo e da pilula; a sua recusa em
aceitar os casamentos homosexuais, em não reconhecer os movimentos gays,
em não querer mulheres no exercício sacerdotal, tudo isto tem contribuido
para afastar os crentes da Igreja de Roma. Muitos acabam por encontrar
outros caminhos de fé, como o budismo, o islamismo, o induismo, etc.
É ironia do destino que a Igreja venha fechar-se ainda mais sobre si, numa
altura em que o seu representante, o Papa J.P.II, está de tal forma doente e
incapaz, que nem se quer pode estar presente, para dar andamento à sua
agenda de chefe de Estado... As suas viagens como Chefe de Estado, têm
demonstrado como ele está enfermo, incapaz de desempenhar o lugar deixado
por Pedro. É o lugar para uma pessoa viva, saudável, acolhedora, afável, cheia
de alegria, contagiante de fé e esperança. Este Papa não inspira confiança
nem fé a muitos católicos, e, muito menos ainda, aos que o não são. Vir agora,
nesta triste figura, decretar medidas para recuarmos à Idade Média, não me
parece que seja útil para o mundo cristão. Mas, os caminhos da fé, são livres,
não são decretados pelos Papas, por isso, cada ser humano, é livre para
procurar. Certamente que, nessa procura, vai encontrar bem perto, dentro de
si mesmo, a essência do que é divino -- porque, cada um de nós, foi criado à
Sua imagem. Nós somos o seu rosto. Quando concluimos a nossa procura, já
estamos seguros, felizes, iluminados. Passamos a viver a existência em harmonia.






 
UM PS INCAPAZ DE SE AFIRMAR

A renúncia de Vicente Jorge Silva (VJS) da comissão de Ética do Parlamento,
vem demonstrar, mais uma vez, as fragilidades do PS, onde cada um faz o
que lhe apetece e diz as coisas mais disparatadas. Na última edição do
"Expresso", António Costa desvalorizou a situação da deputada do PSD,
Maria Elisa, que pediu suspensão de mandato nos finais de Julho por motivos
de doença mas que, sabe-se agora, está a trabalhar na RTP desde o dia 29
daquele mes, em flagrante incompatibilidade com o estatuto de deputada.
Mas isso, para o socialista Jorge Lacão, presidente da comissão de Ética, é
irrelevante, dado que há outros casos mais graves. Os restantes deputados
do PS calam-se, mas castigaram António Costa, que agora foi reeleito para
dirigir o grupo parlamentar, apenas com 53 por cento dos votos expressos.
É evidente que a suspensão de Maria Elisa foi aceite, mas não para estar a
trabalhar noutra empresa, a RTP, que é tutelada pelo Estado. Por isso, ou
há moralidade, ou comem todos... Vicente Jorge Silva, tem razão, quando diz
que este caso não deve ser "esquecido" pela comissão de Ética. Ainda que,
isto fragilize o PS, ao mostrar falta de dinamismo e desinteresse pela acção
política que se impôe tomar nestes casos. Não há dúvida, o maior partido da
Oposição está desorientado, abalado, parece sofrer do sindroma casapiano.

UMA IGREJA EM DECADÊNCIA

Abalada pelo escândalo da pedofilia que envolveu os bispos de algumas
dioceses nos Estados Unidos, a Igreja Católica vem agora tomar medidas
para "prevenção dos abusos", tais como cantar nas missas, bater palmas,
e não permitir que ajudantes femininas assistam no altar durante as missas.
Por outro lado, vai apelar para que "cada católico, sacerdote, diácono ou leigo,
denuncie eventuais abusos litúrgicos." Isto, é abrir a porta aos delatores.
A poderosa Igreja de Roma, tem perdido crentes, porque a sua prática nem
sempre está de acordo com a Igreja de Pedro -- que é bem diferente desta.
As suas posições contra o uso do preservativo e da pilula; a sua recusa em
aceitar os casamentos homosexuais, em não reconhecer os movimentos gays,
em não querer mulheres no exercício sacerdotal, tudo isto tem contribuido
para afastar os crentes da Igreja de Roma. Muitos acabam por encontrar
outros caminhos de fé, como o budismo, o islamismo, o induismo, etc.
É ironia do destino que a Igreja venha fechar-se ainda mais sobre si, numa
altura em que o seu representante, o Papa J.P.II, está de tal forma doente e
incapaz, que nem se quer pode estar presente, para dar andamento à sua
agenda de chefe de Estado... As suas viagens como Chefe de Estado, têm
demonstrado como ele está enfermo, incapaz de desempenhar o lugar deixado
por Pedro. É o lugar para uma pessoa viva, saudável, acolhedora, afável, cheia
de alegria, contagiante de fé e esperança. Este Papa não inspira confiança
nem fé a muitos católicos, e, muito menos ainda, aos que o não são. Vir agora,
nesta triste figura, decretar medidas para recuarmos à Idade Média, não me
parece que seja útil para o mundo cristão. Mas, os caminhos da fé, são livres,
não são decretados pelos Papas, por isso, cada ser humano, é livre para
procurar. Certamente que, nessa procura, vai encontrar bem perto, dentro de
si mesmo, a essência do que é divino -- porque, cada um de nós, foi criado à
Sua imagem. Nós somos o seu rosto. Quando concluimos a nossa procura, já
estamos seguros, felizes, iluminados. Passamos a viver a existência em harmonia.






2003/09/24

 
MÚSICA NO PARLAMENTO

A Oposição apresentou hoje, no Parlamento, para discussão e aprovação, uma
lei sobre "quotas de música portuguesa" a fim de promover esta, obrigando as
estações de Rádio a incluir nas suas grelhas de difusão, uma percentagem de
música em português. Creio bem que esta ideia não é de agora, pois no tempo
de Cavaco Silva, se a memória não me falha, houve uma tentativa de regular a
difusão de música e canções nacionais, quando o Estado ainda detinha a tutela
parcelar de algumas estações de rádio. Hoje o panorama é diferente, mantendo
o sector público apenas duas estações, a RDP1 e a RDP2. O quase monopólio
pertence agora a um grupo de "media", do qual fazem parte a ex-Comercial e
o ex-RCP, e inclui a Nostalgia, a Cidade e uma série de Rádios locais que emitem
em cadeia, permintindo-lhe, assim, alargar o expectro de audiências.

A coligação do Governo foi apanhada de surpresa, e, a fazer fé nas notícias que
vieram do Parlamento, não terá gostado que a Oposição lhe "desse música", pois
às 17,00 horas, não se encontrava ninguem do Governo no hemicíclo para ouvir
a Oposição. Tudo leva a crer que os líderes parlamentares da Coligação, querem
"outro tipo de música", pelo que se afadigavam a ultimar um projecto alternativo
para contrapôr ao da Oposição. Portanto, "quem manda, é a maioria", e, como
tal, "esperem vocês que a gente tem outra ideia, e já voltamos". Às 17,00 horas
a Oposição aguardava, no Parlamento, em "suspense", a criação de um projecto
que a Coligação diz estar a ultimar... [Que grande baile! Que procedimento mais
absurdo, que ideia mais tacanha. É assim que o nosso Parlamento funciona!...].

Esta medida reguladora da emissão de música e canções em português, talvez
tenha a ver com alguma directiva da UE, mas ainda que a isso sejamos obrigados,
não me parece que possa resultar. É uma daquelas medidas absurdas, na medida
em que hoje ninguem aceita que o Estado se intrometa no "mercado" consumidor,
onde funciona a lei da procura e da oferta, e numa altura em que a globalização
se afirma cada vez mais, e sempre com vantagens para as gigantes editoras que
dominam o mercado mundial, controlam e mantêm os preços altos, manipulam os
"tops" e criam o "mainstream" e as modas que levam os adolescentes a aderirem
ao consumo em massa. É uma questão dificil de resolver, dados os interesses em
jogo, e impossivel de remediar através de legislação. O ónus é atribuido aos
operadores de Rádio, que já lutam com dificuldades, dada a diversidade de meios
disponíveis que estão à disposição do Consumidor de música.

A preferência pela música e pelas canções em português, por parte dos ouvintes
e espectadores, só pode ser alcançada fazendo a sua divulgação nas escolas,
a partir do ensino básico. Tudo o mais virá por acréscimo, com bons autores, bons
intérpretes, bons espectáculos ao vivo. Outra coisa que conta, é o orgulho e o
sentimento de ser português, de gostar e de conhecer a nossa cultura, as nossas
tradições. Nos anos 80 tivemos uma vaga enorme de criadores e intérpretes,
que iam desde os Jáfumega, aos GNR, UHF, Rui Veloso, etc., etc. Nesses tempos,
o ensino de música nas escolas era sentido, era estimulado, sendo ponto de
partida para a criação de muitas e diversificadas bandas de rock, donde sairam
muitos instérpretes e bons cantores que, acabaram por fazer carreira a solo.

A música, para mim, é a linguagem suprema, que todo o mundo conhece, mesmo
que interpretada num idioma estranho. A música faz bem a todos os seres vivos,
contribui para unir as pessoas, torna a vida mais alegre, ajuda-nos a suportar a
dor e o sofrimento. A música e o canto, não deviam servir o "mercado", deviam
ser gratuitos, sem "tops" nem "stars". Apenas uma festa, onde todos cantassem,
como soubessem e pudessem, sem "cachets" nem "discos de ouro" milionários.
Infelizmente, neste mundo, há oportunistas sempre farejando os "nichos" que
podem ser explorados pelo "mercado". E, foi assim, que nos roubaram a alegria
de cantar, livremente. Eles reservaram essa "alegria" para os recintos fechados,
para poderem facturar, explorando uns -- os espectadores -- e imolando outros
-- os Elvis -- que acabam exaustos e dopados, às mãos dos seus "managers".




2003/09/23

 
OS SENHORES DO MUNDO EM NOVA IORQUE

Há quem diga que Nova Iorque é a capital do mundo.
Pelo que vemos hoje, através das CNNs, não nos custa a acreditar que assim
seja. Na verdade, quase todos os países do mundo, enviaram a Nova Iorque
os seus mais altos dirigentes. Para lá viajaram Chirac, Schroeder, Blair, Putin,
Aznar e tantos outros, alguns menos conhecidos, outros de quem pouco se fala
mas que não deixam de ter peso, como sejam os dirigentes da China, da India,
da Indonésia, da Austrália, África do Sul, Brasil, etc.

Esta romagem peregrina aos "States" que os dirigentes mundiais fazem todos
os anos, para assistirem à abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da ONU,
e onde cada um vai ter uns minutos de antena, para ler um breve discurso que
há muito estava escrito, tem este ano um significado muito importante. De facto,
George Bush e Rumsfeld -- este, desejava que a ONU tivesse apenas missões
humanitárias -- vão pedir às Nações Unidas, forças militares e dinheiro para
para a continuação da ocupação do Iraque, porque os Estados Unidos estão
metidos num atoleiro; já morreram mais de 300 militares americanos no Iraque,
mais de metade no pós-invasão; o défice orçamental aproxima-se dos 450 mil
milhões de dólares, e o Congresso não quer aprovar mais despesas de guerra,
a menos que se verifiquem mais cortes na assistência médica... Entretanto,
todos os dias morrem soldados americanos no Iraque.

Bush está num labirinto do qual não é capaz de sair.
Chegou ao poder, debilitado, começando a disparar o seu unilateralismo em
todos os azimutes. Disse não ao Protocolo de Quioto, não ao tratado ABM com
a Rússia, não ao Tribunal Penal Internacional; para proteger a indústria siderúrgica
americana, aumentou os direitos aduaneiros de importação de outros países, etc.
Com o 11/9, achou que poderia fazer valer a sua política unilateral, criando -- após
a luta contra os talibans -- um "road map" de países a invadir, começando pelo
Iraque, sem que para tal tivesse o aval das Nações Unidas. Com este golpe, feriu
a maioria dos países membros da ONU, rasgou os tratados e as leis internacionais,
e foi para a guerra com o apoio de uma vintena de países, alguns deles sem meios
nem condições para concretizarem esse apoio, como é o caso de Portugal.

No próximo ano há eleições nos "States", e Bush parece temer a sorte que tocou
a seu pai, após a Guerra I do Iraque. E isto porquê? Porque as sondagens apontam
para esse lado. Bush desperdiçou a riqueza deixada pela administração Clinton;
baixou os impostos, que beneficiaram apenas os ricos; fez a guerra, perturbando
os investimentos financeiros e económicos; tem a economia num estado "anémico
que não consegue descolar do chão, e contamina a economia dos restantes países.
E, agora, perde na frente de batalha, a guerra contra o terrorismo. Não conseguiu
capturar bin Laden, deixou fugir Saddam Huessein, não consegue ter mão nos
desmandos de Ariel Sharon. Um desastre, terrível para os "States" e para o mundo.

De facto, tem que ser a comunidade internacional, a tomar medidas de diplomacia e bom-senso, com vista a obter a paz, mediar conflitos, tornar este mundo mais
mais seguro, mais solidário, mais sereno, mais tolerante.

Como disse o Dalai Lama -- que tambem anda lá, por Nova Iorque -- "a destruição
do teu vizinho, é a tua destruição", ou seja: a vingança, gera mais vingança, mais
ódio, mais violência -- logo depois, vem o terror.
















2003/09/22

 
WWW.GODBLESSTEXAS.BLOGSPOT.COM

Domingo, 21
Fui ver o filme do meu correligionário Schwarznegger, o Exterminador Implacável
3. Ele enfrenta uma máquina de destruição e luta contra o apocalipse, defendendo
a nossa civilização. Um bom argumento, mas a dar um pouco para o intelectual.
Repare-se na eficácia dos filmes de Stallone, que não fazem concessões nesta
matéria. Já agora, Sylvester, para quando um Rambo IV? Receio que Arnold, com
a entrada na política, se venha a perder.
Posted by George 10:03am.

Estou farto de me perguntarem pelas armas de destruição maciça no Iraque. Mas
havia, garanto. Não sou só eu a dizer. Olhem, se não acreditam em mim ou no
no Tony, perguntem ao José Manuel Durão Burroso, ele sabe.
Posted by George 08:26am.

Os Rangers ganharam o campeonato. Estava eu a comemorar a vitória e chamam-
me ao telefone. Havia uma complicação qualquer com Israel e aquele tipo do lenço
aos quadrados. Francamente, há alturas para tudo. Disse para me ligarem mais tarde.
Posted by George 08:17am.

Hoje sonhei que pilotava uma nave pelo universo, levando a civilização a planetas
distandes. Fiz um desenho sobre isso.
Posted by George 07:05am.
(o desenho representa uma nave em direcção a um planeta, deixando para trás
seis outros planetas, com a bandeira americana içada, a lembrar o Império. . .)


Sabado, 20
Fui para a cama sem sono. Liguei a TV. Estava a dar um comentário histórico sobre
as civilizações árabes, falando numas heranças culturais e numas complexidades
quaisquer, metendo a Europa pelo meio (não sei o que terá a ver). Uma seca. Fiz
zapping. Felismente encontrei um canal de cinema. Estava a dar um um filme com cowboys e índios. Os cowboys mataram os índios. Simples. Televisão deve ser isto mesmo, entretenimento e boas histórias. Nada de pedantismos.
Posted by George 09:45am.

Um amigo disse-me que devia ler mais. Fui procurar o livro que me ofereceram num
Natal. Não o encontrei.
Posted by George 08:01am.

Dizem-me que há problemas na Tchetchénia. Não há nada a fazer, África é uma dor
de cabeça permanente.
Posted by George 07:21am.

(:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-) - (:-)

Não resisti a transcrever o "cartoon" de Luis Afonso, publicado na revista "Pública"
do jornal Público, de domingo, dedicado ao Blog de George, um texano com tiques
e pistola no coldre, bem à moda do Far-West, de poucas falas e sempre pronto a
disparar, como viamos nos filmes de John Ford, William Wyler e Howard Hawks.






2003/09/21

 
O PSD ESTÁ MAL ACOMPANHADO

O PP/cds de Paulo Portas, tem um espaço de manobra no actual Governo, que
não corresponde ao seu peso eleitoral. Mas Durão Barroso e o PSD, não tendo
alcançado a maioria para governarem à vontade, tiveram necessidade de criar
uma coligação com o partido populista de Paulo Portas. Só que, um acordo de
legislatura feito com o PP, mais tarde ou mais cedo, vai penalizar muito o PSD.
Porque a direcção do PP, ao aliar-se aos social-democratas, tinha apenas em
vista a entrada na área do poder para, assim, crescerem eleitoralmente.
Não admira pois que Luis Nobre Guedes, fale já em perspectivar um crescimento
da ordem dos 100 por cento para o PP. Fala numa percentagem de 15 a 20
por cento dos votos. E isso só pode ser à custa do PSD.

O PP é um partido que apregoa os "ideais cristãos" -- diz Paulo Portas -- mas
este partido renegou essas raízes, cortando os laços com o Centro Democrático
Social (CDS), para passar a ser o partido do "Paulinho" (PP), um partido que
se diz "popular" -- em feiras, praças, lotas de peixe -- mas que, na verdade, é
um partido com aspirações mais à direita, como ficou demonstrado agora, com
o discurso feito na "rentrée" , por PP, ao afirmar "primeiro, o emprego para os
portugueses." De resto, este partido, é a imagem do seu dirigente, feito à medida
do seu ego, e perante quem ninguem ousa afrontar o "chefe". Digamos que, os
restantes dirigentes, procuram é assegurar o lugar no barco do poder, enquanto
as os ventos sopram de feição.

O País e o PSD estão numa situação dificil: o PSD, para governar, quer ter maioria;
o País, para seguir em frente, precisa de estabilidade política. Mas a verdade é que
o PSD está a pagar caro por se ter coligado com o PP. O dirigente do PP, andou
um ano fugido ao julgamento da opinião pública, ora pelo Caso Moderna, ora pelos
problemas criados na governação do seu ministério. Paulo Portas faz, aquilo que,
como jornalista, sempre censurou. Agora até fez uma pirueta com o autarca do
"Queijo Limiano", e vem dizer-nos que tudo está bem, assim. A sua credibilidade,
afunda-se; o seu oportunismo político, continua evidente. E, no PSD, há gente que
foi humilhada por PP, e ainda não lhe perduou, pelo que, mais tarde, este partido,
deixará de ter unidade, se não fôr feita uma espécie de "catarse" anti-Portas.
Era bom que fosse encontrada uma solução partidária, para que o Governo pudesse
revitalizar-se, depurar-se dos "populistas" rançosos, e continuar a gerir o país com
honestidade, bom-senso e crescimento económico.

O PS SOFRE DE ANEMIA

"Bem mais importante, útil e urgente é a remodelação do PS, da sua direcção e
sobretudo do seu secretário-geral. Este partido encontra-se num lastimoso estado.
Prisioneiro de tendências e fracções, é tambem refém do PC e do Bloco. A fuga de
Guterres, o terrorismo internacional, a guerra do Iraque, o défice público e a
pedofilia deixaram-no destroçado."
"Ferro Rodrigues tem revelado uma total falta de jeito e autoridade. Confunde
berraria com firmeza. A remodelação do líder e da direcção do PS é uma clara
urgência, para bem da democracia e da vida pública. Tal como para a esquerda."
- - - (António Barreto, in Público de hoje).






2003/09/20

 
QUE É FEITO DO PS?

"Como tentei mostrar na semana passada, o Big Brither é um dispositivo comuni-
cacional poderoso, fundado na recriação ficcional como hiper-realidade da nossa
realidade saturada de "media". Um programa que vemos e comentamos porque
somos estimulados pelo mais horrivel dos voyeurismos, o que se deleita, escondido
no anonimato, com a nudez social e psicológica de outros".- Augusto Santos Silva,
in Público de hoje.


Mais uma vez, Augusto Santos Silva, vem escrever "nada sobre nada". Mais uma
vez, um ex-dirigente do PS, à falta de ideias sobre o futuro do país, vem falar de
"voyeurismo", estimulado por um programa de televisão comercial, de que só ele
me dá conta, mas cujo endereço prefiro ignorar. Infelizmente, a aridez de ideias,
parece estar a grassar nos quadros dirigentes do PS que, sendo Oposição, não se
faz sentir, não se houve a sua voz, não nos diz nada sobre alternativas ao PSD.

Se bem lembro, Augusto Santos Silva, foi ministro da Educação no Governo PS. Por
isso, era de esperar mais das suas prestações opinativas. Mas não, este senhor,
vem-nos falar do Big Brother, como qualquer outro seu eleitor, deliciando-se com
as cenas obscuras, delineadas em guião televisivo, desempenhadas por "actores
pronto-a-servir"... O Dr. Santos Silva gosta, mas por favor: guarde essse seu gosto
por coisas obscenas para si. Nós não precisamos de exercícios emocionais, não
queremos simulações, guerra de audiências, "marketing" e de "shares". Isso não
nos dá melhor nivel de vida, não nos eleva culturalmente, retira-nos da discussão
dos problemas nacionais, faz-nos sentir anestesiados. É preciso pachorra, não é?

Como dizia há dias José Pacheco Pereira, o PS anda à deriva. Após a queda eleitoral,
e tendo batido no fundo, parece que ficou orfão. Agora, com dirigentes como Augusto
Santos Silva, que se entretém a falar de minudências, que em vez de preferir ver
um "Acontece" ou coisa parecida, faz "zapping" para um programa anestesiante,
e teima em verder-nos, semanalmente, o seu "voyeurismo obsceno", não admira
pois, que o PS, como Oposição, esteja ausente, distraído ou desinteressado do poder.
É uma lástima, verificar como temos falta de dirigentes políticos capazes de lutar por
um ideal. É uma lástima, verificar o deserto cultural que é este país de políticos, onde
não se vislumbra um dirigente com ideias novas, convicções éticas e capaz de dar
um contributo sério para sairmos deste marasmo.

APOSTILHA

Decorreu ontem e anteontem, o Encontro Nacional sobre Weblogs, na Universidade
do Minho, em Braga. Espero ver as conclusões, no weblog do Encontro, a fim de
avaliar em que sentido aponta a bússola das conclusões. Para já, penso que houve
demasiada apropriação do Encontro, exercida pelos profissionais de Imprensa. Este
fenómeno de comunicação interessa aos jornalistas mas, por enquanto, quem mais
domina a Blogosfera, é o cidadão comum. Encontros destes, sem a abrangente
participação dos blogs nacionais, é uma farsa que não deve acontecer mais.




2003/09/19

 
EMIGRANTES E EMPREGO

"Em 2001 o saldo líquido entre as contribuições pagas pelos emigrantes que trabalham
e residem em Portugal e aquilo que o Estado gastou com eles em saúde, educação,
segurança social, justiça, habitação e equipamentos foi de 65 milhões de contos. Por
outras palavras: os 450 mil imigrantes que acolhemos entre nós não só nos ajudaram
a construir estradas e pontes, a limpar as nossas casas ou a realizar colheitas agrícolas, como contribuiram para a diminuição do défice. Mas a maioria dos portugueses não conhece este números, como parece acontecer com Paulo Portas."
"A ignorância e a falta de cultura cívica é, como a História ensina, o terreno onde melhor
medra o populismo. E a ignorância sobre os reais efeitos sociais e económicos da
imigração é, por toda a Europa, um campo onde os demagogos penetram com facilidade, explorando os sentimentos mais básicos dos que, por não verem o quadro todo, só estão atentos ao imigrante que mora ao lado."
"Uma política de imigração responsável afasta-se da demagogia do "emprego para os
portugueses em primeiro lugar", pois isso prejudica social e economicamente o país.
Pior, corrói o tecido social tal como o populismo corrói o sistema democrático."

- - - José Manuel Fernandes, Director do Público, no seu editorial de ontem, em
contra-ponto ao discurso miserável de Paulo Portas, na "rentrée" do CDS/PP, e que
logo foi, corajosamente, denunciado por J Pacheco Pereira, -- na Imprensa e no seu blogue Abrupto -- como sendo a "vulgata" do líder da extrema-direita francesa, Le Pen.

ONDE ESTÁ A OPOSIÇÃO?

"Mas o que é isto?" -- pergunta J Pacheco Pereira, irritado com as minudências de
[José] Saraiva, publicadas no "Jornal de Notícias", do Porto, sobre "Mestre Gaspar e
o seu tabuleiro-[PS-Porto]".
"O que torna o artigo de Saraiva gritante é a dimensão que ele toma pela ausência
de qualquer outra actividade significativa dos socialistas, o imenso vazio de causas
que vai da base ao topo. Nem se quer deram atenção a um dos discursos mais à
direita feito recentemente no espectro político português".

- - - J Pacheco Pereira no seu artigo de ontem "O PS implodiu?" editado no Público,
insurge-se contra a pobreza franciscana dos comentários publicados por alguns dos
nossos "opinion-makers" que, á falta de substância -- para não falar de cultura --
escrevem artigos blá-blá-blá, mais rascas do que literatura de cordel, mais distantes
do país real que as reportagens e entrevistas da imprensa "côr-de-rosa". Eu quero
aplaudir J Pacheco Pereira pela sua coragem ao desmascarar estes "escribas" que
nada sentem, nada avaliam, nada têm para dizer sobre o país real. Confesso que,
na Blogosfera, tenho encontrado comentários/opiniões sobre os problemas deste
país, feitos com maior acutilância e elevada honestidade moral, do que as "análises"
vertidas nos jornais por alguns comentadores avençados da nossa praça.


2003/09/17

 
UM DIA DE SUAVE VIVER

Hoje foi o meu dia de fazer "gazeta" aos deveres que cada um de nós tem para cumprir
em cada dia que começa a viver... Demoradamente, após o aftershave, tomei o meu duche matinal, seguido do pequeno almoço, à base de cereais, seguindo-se uma ida até ao Alto da Barra, para tomar a indispensável bica e folhear o Público. Na hora certa, regresso a casa para arrumar o carro, e aí vou eu, até à capital, de comboio, onde, no Cais do Sodré, me espera um grupo de 10 amigos. O nosso destino é tomar o Metro atéà Gare do Oriente, donde partimos para almoçar no Chimarrão, frente ao Oceanário de Lisboa. Uma mesa para 13 pessoas, um número como outro qualquer. O menú é total, o chamado "rodízio" pois é uma maneira de cada um comer e beber o que quizer, e só o que lhe agradar.

Começamos com a "caipirinha" -- que, para mim, é melhor do que a servida na Bahia e
Rio de janeiro -- segue-se o "bufet" quente e frio, e depois começa o "rodízio" de
carnes, que é um verdadeiro bombardeamento, pois ainda temos uma no prato, logo vem outro com a peça de picanha ao alho, seguida de "maminha de alcatra", logo de
de entrecosto, seguido de "cupim" -- maravilha! -- e ainda este vai a meio cai logo outra
peça de presunto, banana frita, filé mignom, abacaxi para cortar a gordura, picanha ao
alho, costeleta de búfalo, mais "cupim".... Um festival de carne brasileira! No meio de
tudo isto, o espectáculo fabuloso do escanção, dando a provar e encher meio-copo de
tinto do Douro, ano de 1998.
Após o "rodízio" de carnes, vem a sobremesa, com doces, pudins, frutas, arroz-doce,
e chegamos ao "café", já bem anafados e divertidos. Para rematar, uns bebem whisky
outros licôr; para os entendidos "Adega Velha", préviamente depurada em balões de
vidro aquecidos, tudo feito num ritual de profissionalismo onde a técnica se confunde com o espectáculo flamejante do néctar usado para aquecer os recepientes... E, nesta
fase, seguem-se os dircursos, os "cheers", a alegria comungada entre todos.

Depois deste ritual, ainda houve tempo para uma viajem conjunta no teleférico, para
gozarmos o panorama fabuloso do rio Tejo , da imponente Ponte Vasco da Gama, da
Marina, do belíssimo conjunto arquitectónico e dos belos jardins do Parque Expo.

Acabámos, eram umas 17,00 horas, tempo de regresso. De carro não, de Metro até
ao Cais do Sodré e de comboio, até ao Estoril. Tudo feito conscientemente, por uma
questão de segurança, e para "saboreármos" os meios de transporte disponíveis,
que são excelentes, rápidos e seguros. Assim, Lisboa, tem outro sabôr!

Depois disto, que poderia eu dizer à Blogosfera? Nada, a não ser contar a verdade.
(Tenho penha de não ter "comunicado" com a Austrália, via weblog, pois pareceu-me
sentir desespero na mensagem recebida. Mas para quem está nos antípodas, pouco
mais pode fazer. Eu vivi o meu dia, lá, terão dormido toda a noite, assim o espero.)


2003/09/16

 
CAMINHO RESPONSÁVEL

"Os problemas económicos internos de cada um dos países são diferentes. Portugal, para além de não ser um contribuinte líquido é, contrariamente à França e à Alemanha, beneficiário do Fundo de Coesão. Para um país pequeno membro de uma união monetária, o cumprimento efectivo de uma regra orçamental desta importância é o que melhor defende os seus interesses, protegendo-o de ser afectado por uma eventual indisciplina dos países grandes. Seria dramático abandonar a política que está a ser seguida com visíveis resultados positivos, em nome de modelos fracassados. Seria substituir o remédio que cura a doença por um analgésico que se limita a aliviar a dor por um curto lapso de tempo agravando a doença.
A política é, na sua essência, um permanente exercício de responsabilidade. Não se pode, em consciência, repetir erros, cujos resultados são evidentes, apenas para obter efeitos políticos tentadoramente fáceis, mas perigosamente efémeros. Trata-se de escolher entre a ilusão e a realidade, entre o remendo e a ilusão.
Acresce que Portugal passou, no espaço de um ano, de país criticado a país elogiado. Isto é decisivo para o reforço da nossa credibilidade e o futuro constrói-se com responsabilidade e com credibilidade
." - Manuela Ferreira Leite, ministra das Finanças, in "Espaço Público" do Público, de hoje.
O Governo de Durão Barroso é um conjunto de pessoas, onde não se vislumbra um ministro com substância política -- a excepção é a Drª. Manuela Ferreira Leite -- por isso, devemos encorajar a ministra das Finanças a prosseguir o seu trabalho, que me parece honesto, isento, comedido e capaz de sanear as contas do Estado.

"REQUIEM" PELA OMC EM CACUN

A conferência da OMC reuniu em Cacun, no México, 142 países. Os diferentes pontos de vista e os diversos interesses envolvidos, sobretudo os interesses económicos dos
países mais ricos, levaram a que as posições se extremassem, arrastando o Brasil, a
India, a China e a África do Sul para o seio dos mais pobres -- constituindo, assim, um bloco poderoso, com metade da população do mundo...
Em memória do agricultor coreano Lee Kyung Hae, que se suicidou, praticando o velho
ritual asiático de "hara-kiri", deixo aqui um apontamento redigido em inglês, recolhido
na Blogosfera:

"FATAL HARVEST"
"Industrial food production is fatal to consumers, as pesticide residues and new disease
vectors such as E. Coli and "mad cow disease" find their way into our food supply; fatal to our landscapes, as chemical run off from factory farms poison our rivers and groundwater; fatal to genetic diversity, as farmers rely increasingly on high-yeld monocultures and genetically engineered crops; and fatal to our farm communities, wich are wiped out by huge corporate farms
". - Extractos do livro "The Tragedy of Industrial Agriculture", by Andrew Kimbrell, publicitado pelo companheiro norte-americano na Blogosfera "Cryptogon.com".

2003/09/15

 
TERRORISMO VERBAL

"Humilha o teu melhor amigo em público" - é esta a mensagem para os jovens, passada pela Nokia, para vender a N.GAGE, uma consola de jogos sem fios.
"Bate os adversários e ganha brutos prémios". "Se fores bom, vais enfrentar os melhores e mostrar quem é que manda", remata o anúncio de página inteira.

Lamento que esta empresa europeia -- líder mundial de telemóveis -- tenha enveredado por esta forma de fazer publicidade, ainda para mais dirigida aos consumidores jovens.
"Humilhar", é uma acção violentíssima, destruidora de amizades, geradora de ódio
e raiva. Será que os gestores da Nokia não se apercebem da carga negativa, imoral
e destruidora que está implicita na mensagem que dirigem aos seus consumidores?
Por este andar, se não houver bom-senso, qualquer dia o "mercado" passa a aliciar as crianças, com ideias e mensagens totalmente contrárias ao espírito de solidariedade e respeito pela pessoa humana. Da Nokia, era de esperar uma mensagem diferente, pedagógica.

Será que o Consumidor não tem uma palavra a dizer, sobre este tema? E as Igrejas, que falam de tolerância estre os homens, tambem devem dizer o que pensam sobre esta forma de terrorismo verbal! E o Estado, através do ministério da Educação, cala-se e faz vista larga, deixando o "mercado" cultivar nas crianças os instintos mais básicos de violência, ódio e terror? Publicidade como esta, diz o contrário daquilo que os pais dizem aos seus filhos; induz a violência, quando os pais e as religiões, defendem a paz e a harmonia entre todos.

O terrorismo que destroi pessoas e bens, não é apenas o que se traduz na
explosão de bombas, é tambem aquele que "humilha", esmaga, destroi o ego e a auto-estima das pessoas. O terrorismo verbal, em famílias, grupos de pessoas, nas escolas, nas igrejas, nos locais de trabalho, nas televisões, nos jornais, na publicidade -- é uma
forma de violência que deve ser evitada, cerceada, banida. O terrorismo verbal leva á crispação, ao descontrolo das emoções, ao desequilíbrio do corpo e da harmonia psico-somática do indivíduo. O mundo -- as pessoas -- precisam de calma, serenidade, paz.

Não aceitemos o que alguem nos quer vender, com base nas sementes de violência.


2003/09/14

 
E N T R E L I N H A S

Os advogados de defesa tanto quizeram afastar Rui Teixeira que acabaram por reforçar a posição do juiz". - Judite de Sousa, in Jornal de Notícias de 13/8.

"A Diocese de Boston [EUA] vai pagar 85 milhões de dólares a 552 vítimas de abusos sexuais cometidos por padres católicos ao longo de 30 anos". - in Público de hoje.

"As posições da Igreja sobre "o inigma da sexualidade" [???] não gozam do prestígio que ganhou noutros domínios". - Frei Bento Domingues, a propósito da conferência realizada pelo Instituto de S. Tomás de Aquino sobre o "Enigma da Sexualidade". [Enigma, oh Deus!]

"Vamos falar francamente: quem de nós, mulheres, nunca parou para pensar e se indignar com o facto de a Igreja ser uma instituição dominada e comandada por homens?". Carolina Cileno, universitária, de S. Paulo, Brasil, no seu blogue "Caracol".

"O presidente Nixon decidiu que um regime Allende no Chile não é aceitável pelos Estados Unidos. Pede à CIA que impeça Allende de aceder ao poder, ou que o deponha". Richard Helmes, director da CIA, sobre o outro 11 de Setembro [de 1973] no Chile, onde foram mortos e lançados ao mar, centenas de jovens chilenos.

"Há seis meses os Estados Unidos diziam à ONU "vão para o inferno". Agora dizem "vão para o inferno mas venham para o Iraque primeiro". - Mouin Rabbani, analista do ICG-International Crisis Group, organização independente, sediada em Bruxelas.

"En Corea lider de agricultores / para sembrar arroz legaste al mundo / com el temple de alzados luchadores / A todos sorprendiste en un segundo / y la entraña te abriste sin rancores / porque tu vocación fue ser fecundo". - in Cintarazo, companheiro mexicano na Blogosfera, pelo hara-kiri cometido por Lee Kiung Hae, no dia de abertura da conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC), a decorrer em Cancun, México.

"La gran puteria"
"Y bienvenida la protesta muda / de Adán y de Eva en casta comunión... / se es juvenil la piel que se desnuda. / Paguen los ricos su prostitución! / la carne mexicana, quien lo duda, tiene demanda, dice Max Gaston" [ministro da Agricultura]. - in Catarazo, acima referido, a propósito de um propesto em que as pessoas se despiram, ficando como Adão e Eva.

"Não se trata de expor o corpo, mas sim de utilizá-lo de uma forma natural. Não senti o peso da nudez, foi uma libertação, uma ausência de disfarces e adornos". - Elisabete Rodrigues, 29 anos, de Santa Maria da Feira, onde o fotógrafo Spencer Tunick "desnudou" 295 participantes portugueses, para a posteridade. As barreiras da hipocrisia estão a cair.

 

2003/09/13

 
UM PADRE COM 299 FILHOS

Hoje estou desapontado, ao "olhar" para as coisas que acontecem neste mundo. Vejo no Público, o ex-ministro Augusto Santos Silva, a dissertar "Porque vemos o Big Brother",-- um evento desconhecido para mim -- e que leva a interrogar-me sobre os atributos intelectuais da maior parte dos nossos políticos. O Dr. Santos Silva sofre de "voyeurismo" e demonstra,
com a sua crónica, que tambem ele tem um gosto obsceno pelas novelas reais [com guião].

Em viagem pela Blogosfera, fico a saber como é a vida das pessoas em Bagdade, relatada
pela bloguista "Riverbend" em Baghdad Burning, e pela qual fico a saber daquilo que não é relatado pelas televisões -- o dia-a-dia de uma família que vive numa cidade insegura, onde
não há gaz, a electricidade falha de hora a hora, a água é pouca e imprópria para beber, e
onde os inúmeros assaltos e fogo cruzado fazem parte da rotina diária. Por isso acredito no ódio e na raiva que "Riverbend" sente por figuras sinistras como Bush e Rumsfeld.

A boa-nova chega de S. Paulo, no Brasil. "The Blog's a vapour", editado por Chock diz que:
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de 62 anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os seus quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com 29 afilhadas e tendo delas 97 filhas e 37 filhos; de 5 mães teve 18 filhos; de 7 amas 29 e nove filhos e 5 filhas; de 2 escravas teve 21 filhos e 7 filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve 3 filhos; da própria mãe teve 2 filhos. TOTAL: 299, sendo 214 do sexo femenino e 85 do sexo masculino, tendo concebido em 53 mulheres.
El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos 16 dias de Março de 1487 e guardar no Real Arquivo do Tombo esta sentença, devassa e mais papeis que formaram o processo."

Duzentos noventa e nove descendentes! É obra. Foi assim que Portugal se multiplicou...
A Igreja comete um grande erro ao não aceitar o casamento dos padres. É contra todas as leis da Natureza. É negar o princípio da vida. É castrar a energia vital dos padres, porque a energia sexual, é a maior força criadora do mundo vivo.

Obrigado "Chock", meu irmão brasileiro da Blogosfera, por este achado incrível. Eu sou de Trancoso, e sempre ouvi contar histórias como esta. Só a Igreja é que não quer ouvir...

2003/09/12

 
DOIS TEMAS REVOLTANTES

"A OMC mata os agricultores", dizia o cartaz de protesto empunhado por Lee Kyang Hae de 55 anos, agricultor sul-coreano que se suicidou ao fazer "hara-kiri" , espetando uma faca no próprio tórax em Cacun, no México, onde está a decorrer a conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que, como era de esperar, está a causar grande apreensão e cepticísmo entre os países mais pobres.
Benin, Chade, Mali e Burkina Fasso, países africanos com economia baseada na cultura do algodão, pediram aos EUA, UE e China para acabarem com as subvenções à produção do algodão, pois desvirtuam os preços e causam a queda destes a nível mundial. Só os EUA pagam aos seus agricultores cerca de 2 mil milhões de dólares em subvenções. A UE tem apenas 2 por cento da produção de algodão.
Na vigília contra a OMC, à luz de velas, estiveram presentes, tambem, os "sem terra" mexicanos. Resta dizer que, no final, os resultados esperados -- a favor dos países mais pobres -- são quase nulos, pelo que não admira se houver mais cenas de "hara-kiri".

Se Sharon expulsar Arafat, os americanos vão sentir no Iraque o efeito desta bomba explosiva, que vai gerar no mundo árabe mais ódio e sede de vingança contra os EUA.
Mas em Israel, se isso acontecer, os atentados à bomba vão-se multiplicar, trágicamente.
Arafat, quer Sharon queira quer não, é o presidente eleito pelos palestianianos... Nestas
circunstâncias, como se pode aceitar uma medida absurda, como é a ideia de expulsar o
presidente dos palestianianos, do seu próprio país? Está tudo louco!... Não chega já a
ignomínia do "Muro de Sharon" construido como "aparthaid" para isolar os palestinianos?
Este muro, com 2 metros de altura, já tem 140 kilómetros de extensão, e lembra os campos de extermínio na alemanha de Hitler. Israel está a fazer tudo aquilo que foi condenado internacionalmente, está a fazer aos outros aquilo que não gosta que lhe tivessem feito. Sharon e o seu governo estão cegos, o seu ódio aos palestinianos não
lhes deixa ver as causas do problema. Violência, humilhação, terror, dão lugar a ódio,
vingança, destruição. Não se trata de domar um rebanho, não se trata de arrasar uma
montanha, de desviar um rio, de apagar um incêndio. Trata-se de aceitar os outros, de
os respeitar como iguais, de lhe estender a mão, de os aceitar como amigos e vizinhos.
Perante o que se está a passar na Palestina, onde Israel manda implodir prédios de 8
andares, onde ataca as populações com helicópeteros equipados de mísseis ou tanques
de guerra de última geração, o que podemos esperar dos restantes países árabes? Que
entrem -- mais uma vez -- em guerra contra Israel? Não, porque os judeus têm, atrás de
si, os Estados Unidos. Por isso, não admira que, os países árabes, fazendo o jogo dos
outros -- a hipócrisia -- apostem apenas na logística aos palestinianos, fornecendo-lhes
explosivos e dinheiro, como se faz com todas as guerras não declaradas.


2003/09/11

 

 
CHOVE EM SANTIAGO

No dia 11 de Setembro de 2001 estava eu nas instalações logísticas do Aeroporto de Lisboa, num seminário de formação quando, pelas 14,30 horas, uma colega atende o telemóvel e é informada de que um avião se despenhara contra as "Twin Towers", em Nova Iorque. Eu não quis acreditar, devia ser uma daquelas cenas de Hollywood, pensei. Logo a seguir, numa pausa para café, fui até à sala dos Operadores de Combustíveis, procurar saber do que se tratava, pois ali havia rádio e televisão. Ao entrar, encarei com aquelas imagens perturbadoras. Era o tempo de implosão da primeira Torre, esfarelando-se em milhões de pedaços e poeira. - Meu Deus! Que se está a passar? Isto é mesmo real... Que aconteceu? - perguntava a mim mesmo, embasbacado. Após alguns segundos, pensei: Hoje, é dia 11 de Setembro!.... Será pura vingança, do que aconteceu no Chile de Allende? Claro que, 28 anos depois, não tinha a ver com isso. Apenas as datas coincidiam...

Hoje fala-se muito em terrorismo. Deixou de falar-se no direito à indignação, no direito de defesa nacional, no direito à dignidade, no direito à revolta contra os opressores, contra aqueles que nos querem subjugar, contra os que invadem as nossas casas, matam as nossas famílias, os nossos amigos, invadem as nossas terras, não respeitam as nossas crenças, a nossa cultura, os nossos costumes. Não importa se falamos de cristãos, muçulmanos, indús ou árabes; não importa a cor nem a religião, todos têm o direito de viver em segurança, em dignidade, em paz. Infelizmente, os poderosos que hoje mandam no mundo, estão cegos, não houvem os outros, não admitem ser contrariados, julgam que têm o poder e a verdade do seu lado. Estão cegos e não querem ver que a sua maneira de gerir o mundo, está errada, porque desrespeitam os outros, humilham os demais, pecam.

O 11 de Setembro americano, é um sinal da raiva, do ódio e sede de vingança da parte de quem se sente ofendido e humilhado na sua dignidade -- o mundo árabe e muçulmano. O que está a passar-se na Palestina, continua a ser o rastilho de toda a violência, de toda a ira contra o poderio americano -- que deixa o aliado judeu, usar o seu poderoso exército, a aviação e os mísseis, para atacar e arrasar um povo que, para se defender, não tem uma coisa nem outra, apenas as pedras do ódio.

Segundo uma sondagem Gallup, realizada em 9 países islâmicos, 61 por cento acham que os EUA e o seu Presidente são uns "Sem escrúpulos, agressivos, arrogantes, fáceis de provocar e tendenciosos". "Washington adoptou a ocupação israelita [da Palestina], como parte da sua própria campanha anti-terrorismo", disse Mouin Rabbani do International Crises Group, na Jordânia. "Os americanos raptaram os nossos sonhos de reforma e democracia", afirmou, irritado, o cineasta Samir Zikra; isto porque Bush, ao apontar o alvo ao Irão, acabou por fortalecer o regime dos ayatholas, acabando com as tímidas reformas. "Caso se repetisse um atentado, da magnitude do 11 de Setembro, a alegria furtiva do mundo árabe seria provavelmente maior que nunca", disse o egípcio Karim El-Gqwhary, citado pelo Público de hoje.

É uma tragédia para todos nós, que a maior potência do mundo, esteja a ser dirigida por gente que não consegue ver a realidade em que vive. Só quando os EUA trocarem a política do "pau e da cenoura", a que apelidam de "hard power" e passarem a praticar uma política de "soft power", usando a cooperação em vez da arrogância, é que poderemos ter esperanças de viver num mundo mais pacífico -- como referiu Joseph N Nye, deão da Kennedy School of Government da Universidade de Harvard.


2003/09/10

 
CANCUN - A TRÍADE DO LIVRE COMÉRCIO

A Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciou hoje, em Cancun, no México,
mais uma ronda de conversações, com o objectivo de acabar com as barreiras
alfandegárias entre os seus estados membros, a fim de incrementar as trocas
comerciais. A agenda da OMC é extensa, mas apenas vou aqui tratar da parte
que mais interessa aos países subdesenvolvidos: a agricultura. Com este tema
já temos uma ideia do que se passa naquele forum mundial, onde os interesses
dos mais ricos são incompatíveis com os dos mais pobres.
Nesta discussão temos tres gigantes, interessados em "vender" os seus exce-
dentes aos restantes parceiros. Vejamos, em traços largos, o que se passa:

A) UNIÃO EUROPEIA (UE) - Quer vender aos outros, mas não prescinde da PAC,
através da qual atribui milhões de euros em subsídios aos seus agricultores;
na UE, um agricultor, por cada vaca, tem uma ajuda diária de 2 euros, que é o
dobro do rendimento de 3/4 da população rural nos países pobres.

B) ESTADOS UNIDOS AMÉRICA (EUA) - Querem vender os excedentes aos outros,
mas através da "Farm Bill" gastam cerca de 180 milhões de dólares em subsídios
a 25 mil produtores de soja e milho, recebendo cada um cerca de 650 mil dólares.
Assim, podem exportar milho a 20 por cento inferior ao custo de produção, ou
trigo 46 por cento abaixo do valor real.... Nas terras férteis do Ohio, Nebraska,
Kansas e Iowa, existem propriedades com a extensão de 320 hectares de milho,
e a terra é trabalhada com potentes tractores orientados por GPS.... Dois terços
dos fundos do "Farm Bill" vão parar aos bolsos de 10 por cento dos produtores.

C) JAPÃO - Este país exporta para todo o mundo, tendo enriquecido, só por isso.
Mas não dá a mão aos outros, comprando produtos agrícolas. Só para proteger
os seus arrozais, o Japão desembolsa, por cada hectare, 10 mil euros por ano.
O Japão onera 90 por cento das importações de arroz, com tarifas de 500 por
cento do preço de custo, desvirtuando a realidade do mercado e afastando,
assim, os produtores pobres.

OS OUTROS - Por áreas geográficas, os mais castigados pela Tríade dos ricos,
são os países de África. Segundo peritos da ONU, os subsídios americanos da
"Farm Bill" custam aos africanos 50.000 milhões de dólares por ano, que é igual
ao montante das ajudas dadas pelos países ricos a África. [Dá com uma mão, e
tira com a outra]. O Mali e Burkina Fasso são produtores de algodão, cuja cotação
no mercado era de 50 cêntimos em 1995, passou para 25/40 cêntimos nos dois
últimos anos. Um desastre.... Calcula-se que no Mali vivam mais de 8 milhões de
pessoas com menos de um dólar por dia. Nos EUA, os subsídios dados aos 25 mil
produtores de algodão, ascendem a 3,5 mil milhões de dólares. Isto representa
uma verba superior ao PIB de toda a África subsariana....

RESULTADO - Nos EUA 61 por cento dos adultos e 10 por cento dos jovens têm
problemas de obsidade, morrendo 300 mil americanos, por ano, dessa doença.
Para evitar o mal, os americanos recorrem ao "fitness", gastando nesse exercício
33 mil milhões de dólares por ano.
Em 2001 as estatísticas mundiais registavam, em todo o mundo, mais de 800
milhões de subnutridos. Na África subsariana, contam-se mais de 195 milhões de
pessoas com carência alimentar.

Com esta breve exposição, compreende-se melhor a constestação que é feita à
escala mundial pelas organizações "antiglobalização" contra a Organização Mundial
do Comércio (OMC). Como disse o Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, tudo isto
"é uma perfeita ilustração da hipocrisia da Administração Bush quando fala da
liberalização do comércio." Eu diria ainda mais: trata-se de "terrorismo económico"
exercido pelos mais ricos sobre os mais pobres. Enquanto esta política não fôr
alterada, não pode haver entendimento entre as nações -- porque barriga vazia,
não é boa conselheira, e pode levar a um grito de revolta, por ódio e vingança.



2003/09/09

 
QUEDA DE PONTES, QUEDA DE PRESTÍGIO

"Durante muitos anos a engenharia portuguesa -- e em especial a engenharia de
pontes -- era motivo de orgulho. Para além de nomes como Edgar Cardoso, o país
possuia um laboratório de investigação de renome internacional -- o LNEC -- cujos
serviços e competência eram reconhecidos em todo o mundo. Acresce que empresas
portugueses de projectistas e de construção eram consideradas internacionalmente
e trabalhavam com regularidade nalgumas das maiores obras públicas do planeta.
Por fim, havia um sentido de serviço público nos organismos de Estado que fazia
com que fosse impensável realizar obras de forma descuidada. Este quadro geral
degradou-se enormemente nos últimos anos. Os organismos do Estado viram os
seus quadros envelhecer e confrontaram-se com a dificuldade de contratar técnicos
novos e competentes por não lhes oferecerem condições atractivas. No sector das
estradas, o desmantelamento da JAE agravou a situação, pois facilitou a saida de
muitos quadros históricos. Quanto ao LNEC, o instituto é hoje uma sombra do que
foi no passado."
"É por isso que não foi apenas a passagem superior do IC19 a cair no domingo: com
ela caiu tambem a confiança dos portugueses na qualidade das obras públicas."

(Citado por José Manuel Fernandes, director do Público, no seu editorial de hoje).

APOSTILHA

De 1 a 7 de Setembro, morreram 29 pessoas nas estradas portuguesas, em 1692
acidentes rodoviários, que provocaram 64 feridos graves e 674 feridos ligeiros,
segundo dados da Brigada de Trânsito de GNR.
No decurso da fiscalização rodoviária foram detectados 580 condutores com uma
taxa de álcool positiva, 191 dos quais foram detidos por revelarem um valor igual
ou superior a 1,20 gramas por litro de sangue (citado pelo Público, edição de hoje).

[O Estado lamenta as mortes na estrada, mas os cidadãos não desistem: preferem
viver com o seu fígado em "vinha-d'alhos" e o cérebro toldado pelo vapor do álcool]


2003/09/08

 
A SAÚDE DOS PORTUGUESES

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está outra vez a ser atacado, tanto por aqueles que
sempre o denegriram como por aqueles que sempre lhe deram apoio. Este Governo, ao
tomar posse, prometeu acabar com as "listas de espera" nos hospitais, mas chega-nos
agora informação de que, nos últimos tres meses, as listas têm aumentado, sendo de
150.000 o número de doentes a aguardar consulta. Quanto à redução da despesa com
a saúde, é de crer que não seja relevante, verificando-se mesmo um agravamento em
alguns hospitais. A par disto, sabemos que o Estado teve que pagar 31 milhões de euros
ao Grupo Mello, por decisão do Tribunal Arbitral, referente ao contrato de gestão do
Hospital Amadora-Sintra. A par disto, verifica-se a recusa de alguns médicos na prescrição
de genéricos. E depois, temos a greve dos médicos ao trabalho suplementar, fazendo
subir, ainda mais, o número de doentes em "lista de espera".

No meio de tudo isto, aparece agora o Presidente da República (PR), em entrevista à Lusa,
dizendo que tem "especial preocupação com a universalidade do sistema e concretamente
com o efectivo acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde de que necessitam".
Diz tambem o PR que "devemos ter claro que o investimento na saúde é um investimento
produtivo", adiantando que, "o aumento da esperança de vida, a diminuição das taxas
de natalidade, em especial da infantil, constituem, um poderoso instrumento para o
crescimento da economia".
Quererá o senhor Presidente da República dizer que o SNS está em perigo, e vem chamar
a nossa atenção para o facto de o acesso ao SNS passar a ser restrito e pago por todos?
Quererá tambem dizer-nos, o senhor PR, que as pessoas não são mais do que números,
ao dizer que "o investimento na saúde é um investimento produtivo"? Esta afirmação,
deve ter "tilintado" muito bem aos ouvidos dos médicos com consultórios particulares...

Não há dúvida que à custa da [falta de] saúde dos portugueses, vive um mundo de gente
interessada em que os portugueses não tenha saúde, mas sim "doenças". Quantos mais
"doentes" houver, quanto mais prolongadas forem as suas "doenças", mais lucros terão
os médicos, as farmácias e os laboratórios... E qualquer destas entidades, tem apenas
um objectivo: facturar, ganhar dinheiro, enriquecer -- à custa do sofrimento alheio. Pensam
assim, porque a sociedade actual pensa apenas em sucesso, dinheiro, poder; quanto ao
Estado -- que tambem é constituido por gente com mente deformada -- vai mantendo as
coisas, com novos hospitais, mais médicos, mas não faz o que devia -- cuidar da saúde
pública. Hoje,a saúde pública, é uma fonte de receitas para o Estado, seja através dos
impostos cobrados à indústria farmacêutica, seja em impostos sobre o álcool e drogas.
Nunca a Humanidade teve uma indústria tão lucrativa, tão dinâmica como a indústria
quimico-farmacêutica dos nossos dias. Mas a falta de saúde pública, a nível mundial,
nunca foi tão grave [esqueçamos as pandemias]. Fora dos centros urbanos, vive gente
saudável, que vive sem doenças até aos 80/90 anos, e nunca foram ao médico! Porque
essa gente vive de forma saudável, em harmonia com a Natureza, sem angústias nem
stress, alimenta-se de produtos isentos de corantes e conservantes, não se "intoxica"
com fármacos sintéticos -- só porque tem uma dôr de cabeça.

E esta é, a questão da saúde pública que a nossa sociedade não é capaz de resolver,
assim como a indústria petrolífera não quer resolver a sua fonte de poluição, trocando
os hidrocarbonetos por energias alternativas.
O Estado queixa-se por ter que gastar centenas de milhões com a "saúde" dos seus
contribuintes, mas não dispensa os milhões de euros de imposto sobre o tabaco; diz
que os portugueses têm demasiados acidentes de viação e no trabalho, mas fomenta
o consumo de álcool e promove a instalação de dezenas de bares ao longo do rio Tejo;
diz-nos que morrem dezenas de milhar de portugueses por doenças cardio-vasculares,
mas fomenta o consumo de tabaco e álcool.
Os portugueses estão a ficar obesos, doentes do fígado, dos rins, com artrose, com
colesterol, açucar no sangue, colesterol elevado, etc. Mas o Estado, o que é que faz,
para ter um país com gente saudável? Ensina as pessoas a alimentarem-se de forma
saudável? Disponibiliza aulas de nutrição, nas escolas? Em vez de estádios de futebol
-- caríssimos -- tem construido ginásios, piscinas, pistas para "jogging" para os cidadãos
praticarem actividade física? Claro que não.
Dir-me-ão -- e aqui volto ao início deste comentário -- que o Estado não deve interferir
na vida das pessoas... Pois, mas se o Estado se queixa, por ter um país de gente sem
"saúde", é preferível que seja o Estado -- como pessoa de bem -- a cuidar da saúde
dos cidadãos, mas de forma preventiva! As pessoas são livres de se "intoxicarem" com
tabaco, álcool, doces de pastelaria, gordura animal, drogas de farmácia -- cabe ao
Estado esclarecer o cidadão, motivá-lo, educá-lo se preciso fôr.

Os grandes industriais da saúde -- sejam médicos, laboratórios ou farmácias -- tambem
têm o dever moral de não "intoxicarem" os pacientes, com uma variedade de drogas
ingeridas/injectadas durante semanas, meses, anos. Quantas vezes o "paciente" outra
coisa não precisa senão um conselho de psiquiatra, e acaba por ficar "preso" a um
cabaz de fármacos diversos -- acabando, assim, por contrair uma ou mais "doenças".

O médico de amanhã, mais do que técnico de medicina, terá que ser um psiquiatra. Não
deixa de ser médico do "corpo", deve tambem ser médico da "mente".
A evolução dos tempos, das mentalidades, assim o determinará.







2003/09/07

 
OS NOVOS CRUZADOS NA BABILÓNIA

Já aqui me referi, no comentário do dia 03/Ago, intitulado "Os Custos da Vassalagem",
aos cruzados da nossa praça que mais se têm distinguido na defesa da invasão e
ocupação do Iraque. Entre eles mencionei Luis Delgado e outros, mas esqueci-me
daquele que é tido como o mais intelectual, mais doutrinador, mais empedernido nas
nas suas convicções sobre a justeza da guerra bush/blaireana:o José Pacheco Pereira,
meu compagnon de route, que navega na Blogosfera com a designação de Abrupto.

Pois na quinta-feira, ao folhear o Público, encarei com ele de caras. Vem defender as
suas visões, afirmando que "o roteiro israelo-palestiniano, a réstia de esperança que
representa [representava, digo eu] só foi possivel num mundo pós-Saddam". Eu diria
antes, num mundo pós-Sharon. Mas José Pacheco Pereira (JPP) já admite erros da
parte de Bush e já chama de "incompetentes" aos responsáveis político-militares
americanos, por não terem previsto o cáos e a anarquia.

A mim o "que me'spanta" em JPP, é a sua deriva política, pois ele é deputado da UE
-- que tão mal servida é, com gente desta -- e onde, por certo, deve ter posições
mais moderadas. Mas, isso não será verdadeiro pois, JPP diz que "o melhor sinal da
irrelevância da UE é que, fossem quais fossem as objecções quanto à intervenção
americana, os países democratas deviam oferecer-se, sem ambiguidades ou reservas,
para ajudar os Estados Unidos no Iraque..." -- Pois, agora a UE, que pague a factura...

[Nós bem avisámos]. "Não avisaram nada -- prossegue JPP -- como tambem não estão
dispostos a mexer uma palha para a Coreia e para o Irão, onde os perigos se acumulam,
à espera, mais uma vez, que sejam chamados os EUA". - Alto aí, oh Pacheco, ninguém
chamou os States para coisa nenhuma... Não há dúvida, este novo cruzado, continua
a ser um indefectível defensor do ataque, da guerra, dos bombardeamentos maciços,
do massacre de civis indefesos, da destruição total -- para depois, a UE pagar a factura.
Oh Dr. Pacheco, dedique-se ao Parlamento Europeu, defendendo os interesses de quem
o elegeu; dedique-se à Blogosfera, esclarecendo-nos sobre a futura Constituição da UE;
dedique-se aos seus "Estudos sobre o Comunismo", para satisfazer o seu ego -- mas
não fomente mais guerras preventivas. "Please, make love, not war!".

APOSTILHA

No Público de sexta-feira, João Bénard da Costa (JBC) vem falar de fantasmas, referindo
que Sophia de Mello Breyner Andresen lhe havia contado "uma história fantástica, das
mais fantásticas histórias dela", e que lhe confessou ainda, que as "coisas que lhe metem
mais medo são elevadores e fantasmas". É natural, todos os poetas têm as suas fobias.

No final da sua crónica, JBC -- que esperava uma resposta de Eduardo Prado Coelho (EPC)
sobre o que é o "orgasmo vertical" -- ficou decepcionado com a mesma, por nada lhe dizer
de concreto. Eis o que disse JBC: "Eduardo Prado Coelho desapontou-me. Não me explicou
o que era o "orgasmo vertical" e deixou-me com dois outros enigmas: o que é o "orgasmo
horizontal"? O que são os "axiomas da geometria libidinal"? "Mete-se pelos olhos dentro"?
Oh Eduardo Prado Coelho, se a sua avozinha o ouvisse... "

De facto, a resposta de EPC, é inconclusiva, transversal, delirante. Eu espero que EPC
esclareça este assunto, para bem da líbido de todos nós. Ele acha que "orgasmo vertical"
é o que não é o "orgasmo horizontal". Ora bolas, as coisas não são assim, tão lineares.
E digo mais: não vejo onde está o axioma da "geometria libidinal". Mestre, esclareça-nos!
Dr. Eduardo, deixo-lhe uma dica: consulte o livro do Kamasutra.






 
OS IMPONDERÁVEIS DA INTERNET

Circunstâncias imprevisíveis, fizeram com que o comentário de sexta-feira não fosse
publicado, devido a problemas de comunicação com o servidor Blogger.com dos EUA,
que suporta a maioria dos "sites" da Blogosfera. Ontem, o cáos ainda era reinante, e,
por isso, não foi possivel editar qualquer aviso de alerta ou emitir o comentário do dia.
Vamos ver se esta tarde consigo recuperar as ideias que tinha alinhavado na sexta-feira,
já que, por falta de "back-up", as mesmas se evaporaram no éter da Blogosfera.

2003/09/04

 
OS PARABENS AO ANIVERSARIANTE

Não se trata do aniversário do "Abrangente", mas sim do seu editor, Evaristo Ferreira.
Nestas ocasiões podemos avaliar o quanto somos lembrados e estimados, não apenas
pelos nossos familiares, mas tambem pelos colegas e amigos. Não me posso queixar,
pelos telefonemas, SMS e e-mails recebidos, ainda tenho muita gente a lembrar-se de
mim. Os familiares, estão mais perto, mas os amigos, por razões diversas, chegam a
estar ausentes semanas, meses ou até anos. E, nestas alturas, é dos amigos que mais
nos lembramos e tambem, é dos amigos que nos chegam os gestos mais inesperados.
Hoje recebi de um "velho" amigo, o AMP, um e-mail cheio de fraternidade e rematado
com a seguinte quadra: "Uma rocha pode partir / Uma flor pode murchar / Mas a amizade
do colega amigo / Jamais pode acabar." -- Palavras para quê? É um artista português!

Entre outras coisas recebidas, não quero deixar de mencionar uma em especial, porque
foge a toda a lógica dos afectos, já que se trata de uma mensagem de parabéns enviada
por uma empresa... Não é isso, não se trata de subornos! Trata-se de fazer do cliente
um amigo, e, simultaneamente, fidelizá-lo, mas para além desse serviço de "marketing",
está uma intenção muito generosa e merecedora de todos os elogíos. A empresa em
questão, a Divan y Divani, "lembrou-se" do meu aniversário e, por isso, remeteu-me um
conjunto de 12 poemas de Sophia de Mello Breyner, numa edição primorosamente
encartada, protegida por uma caixa em forma de livro, com um bonito laço a apertar de
dentro para fora... verdadeiramente uma obra de arte, e de poesia, naturalmente.

Ora aqui está, um meio inteligente, barato e sedutor para divulgar a cultura, neste caso
a poesia, e muito eficiente para fazer de cada cliente um amigo. Felicito a empresa, que
gentilmente me fez esta surpresa, e recomendo ao ministro da Cultura, Dr. Pedro Roseta,
para que tenha em atenção esta ideia inovadora; já que o ministro de Estado, Dr. Morais
Sarmento, foi o coveiro do "Acontece" -- em parte dou-lhe razão, havia que inovar -- e
enquanto não surge outro meio para divulgar a literatura e os seus autores, que seja
seguido o exemplo da empresa acima referida. Poderá, neste caso, até socorrer-se da
Lei do Mecenato, para que esta medida seja aplicada com equilíbrio e justiça.

APOSTILHA

Conforme sugeri em 29-08-2003, Eduardo Prado Coelho (EPC) respondeu hoje ao repto
lançado por João Bénard da Costa (JBC), não por carta mas no jornal Público, no sentido
de EPC lhe explicar o que é "O orgasmo vertical". Como referi, EPC usa e abusa dos seus
adjectivos ditirâmbicos, quantas vezes sem saber o que escreveu, mas como lhe soam
bem ao ouvido, zás! Daí que se compreenda o incómodo sentido por JBC, por não saber
o que era "O orgasmo vertical", pois não quereria fazer figura de ignorante perante os
seus amigos.
A resposta de EPC, é insuficiente, transversal, desajeitada, pois nada esclarece. Vejamos
a resposta: "O orgasmo vertical é o que não é horizontal". Nem Aristóteles, nem Freud
eram capazes de dizer tamanha coisa, porque ela nada tem de revelação, de sabedoria.
Enfim, é uma resposta à medida de EPC, que remata com a seguinte asserção: "E neste
axioma da geometria libidinal cabe a história toda e o mundo todo". Caramba, eu estava
a ver que EPC ia falar de "geometria variável", termo usado pelo Pentágono na construção
dos F-15 ou similares, aviões de combate com asas de geometria variável usados no
Vietname! Mas sosseguei, pois sei que EPC nunca pilotou um caça de guerra, e, daí até
comparar a estrutura de um bombardeiro com o orgasmo libidinal, seria um paradoxo
geométrico.
Para EPC enriquecer o seu verbo, em assuntos deste jaez, recomendo-lhe o Kamasutra.

2003/09/03

 
OS CUSTOS DA VASSALAGEM

Durão Barroso e o seu Governo, prestaram um mau serviço ao País, quando assinaram
a "Carta dos Oito" e se puzeram em bicos de pé na Cimeira das Lages ao lado de George
Bush, Tony Blair e Aznar. O povo que os elegeu não lhes deu mandato para aquele acto
de vassalagem e submissão aos senhores da guerra. Um acto duplamente condenável,
porque dividiu a Europa -- onde estamos inseridos -- e porque colocou Portugal ao lado
dos invasores de um país soberano -- o Iraque. As consequências dessa vassalagem,
vão começar a sentir-se a partir deste mês, com o envio de um contingente policial de
132 GNRs, que foi preciso equipar convenientemente, com a ajuda de terceiros, e cujo
custo rondará, por agora, os 8 milhões de euros. A sangria de dinheiros vai continuar.
O pior, pode estar para vir.

Nesta altura da guerra, é caso para perguntar: - Onde estão os "cruzados" que sempre
defenderam a invasão do Iraque? Onde está Luis Delgado, José Manuel Fernandes,
José António Lima, Vasco Graça Moura, António José Teixeira e Outros? Ainda estarão
a banhos? Ou não têm nada para dizer sobre o fim da ocupação do Iraque, sobre a sua
reconstrução e segurança, sobre a normalização da vida dos seus habitantes? E quanto
às "armas de destruição maciça" -- já as encontraram? E as provas que ligavam Sadam
à Al-Qaeda? Digam-nos alguma coisa, com o fulgor e o entusiasmo que caracterizavam
os vossos iluminados "artigos de opinião" antes da guerra? Ou a vossa "cruzada" pela
invasão do Iraque, esfumou-se? Ou estão pensando -- como o vosso herói, G. Bush --
que, agora, há que meter o rabo entre as pernas e sair daquele atoleiro, entregando a
gestão do Iraque às Nações Unidas?

Infelizmente, para desgraça de todos nós, é isso que vai acontecer. Depois daquela
"cow-boyada", depois de tudo escaqueirado -- estilo Schwarznegger/Terminator -- serão
as nações anti-guerra, que terão de "remediar" o que os "novos-cruzados" estragaram.
A que preço, ainda não sabemos, pois os "empreiteiros" americanos já têm os projectos
feitos e as obras distribuidas pelos "coligados". A factura será paga com o petróleo do
povo iraquiano. Para os países que vão entrar agora, com tropas e material, resta-lhes
apenas suportar as despesas com a manutenção da ordem. O pior, estará para vir.

O lado perverso da "cruzada" de Durão Barroso, é ter sido infiel à maioria dos nossos
parceiros da União Europeia. Se Portugal tem hoje melhores auto-estradas, melhores
equipamentos sociais, melhor saneamento básico, melhor ambiente, mais riqueza, isso
devemo-lo à UE e não aos EUA. A segurança externa, era e é-nos proporcionada como
país membro da Nato, desde a sua fundação. O nosso futuro, está na Europa, fazemos
parte dela, é no aprofundamento da UE que Portugal colherá todas as vantagens, agora
e no futuro. Porquê, então, traír os nossos "compagnons de route", juntando-nos a um
"poder efémero", como é o caso da América de Bush, que poderá evaporar-se em 2004?

A deriva de Durão Barroso, representa o pior que pode haver num político oportunista,
que se põe em bicos de pé ao lado dos poderosos, como vassalo ou "cruzado" às ordens
do Império, na esperança de vir a receber algumas milgalhas pelo serviço prestado.

Quando é que os portugueses -- e sobretudo os nosos políticos -- aprendem a ter
dignidade, orgulhando-se da sua terra, do seu povo, da sua cultura, das suas tradições?
Nós, somos o que somos, somos quem somos, -- não temos que ser outros nem de outra
maneira; somos nós, somos assim, e ninguém tem nada com isso! Somos poucos, somos
pequenos; temos pouco, queremos mais; temos o que temos e esperamos mais -- mas
a grandeza de um povo, está na sua dignidade, nunca na servidão

















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