2003/09/29

 
O "GAULEITER" DO PP E O "BANDO DOS QUATRO"

Ao pegar no Público de hoje, fiquei admirado por, na primeira página,
não dizer nada sobre o cogresso do PP/cds realizado no fim de semana
no Pavilhão da Exponor, em Matosinhos. Então é assim, aquilo foi tão
pobre, que nem merece notícia? - interroguei-me. Depois, lá para as
décimas páginas, lá encontrei a reportagem, mostrando umas fotos com
uns tipos a bocejar, outros a retorcer o nariz, e, PP, naturalmente feliz,
eufórico, escutando os aplausos de que tanto gosta.

A melhor imagem de PP, neste congresso, vem publicada no Público de
domingo, na segunda página. Está ele na tribuna, com ar carregado, muito
sério, de braço direito estendido, como vimos fazer a tantos dirigentes no
tempo do fascismo. Ao ver aquele foto, fiquei certo daquilo que até então
era para mim uma dúvida: PP assumiu-se como o "gauleiter" do PP/cds.
Aquela pose, de saudação aos seus correligionários, não deixa dúvidas
sobre o carácter da pessoa que assume tal atitude. Pode ele não ter
intenção nem pensar como tal, mas que parece um paisano das SS, isso
parece. E é assustador, até porque PP é o ministro da Defesa...

Afinal este congresso do PP/cds, não serviu para nada, a não ser apontar
e nomear os fieis seguidores. Quanto a ideias fortes, pouco ou nada foi dito,
o que se compreende, para não ferir sensibilidades no PSD. No entanto
ouve uma coisa que marcou muito este congresso dos Populares: foi a sua
preocupação em reverem toda a história do partido. Lá porque Adelino
Amaro da Costa era ministro da Defesa, aquando da sua morte, Paulo Portas
deve ter visto nesse pormenor uma coicidência divina, pensando talvez que
isso era um sinal, para ele, dado por Nossa Senhora de Fátima, de quem
PP é um fervoroso crente.
Chamar por Adelino e esquecer o fundador do CDS-Centro Democrático Social,
Dr. Diogo Freitas do Amaral que, corajosamente conseguiu implantar e gerir
o partido a nivel nacional, numa altura em que era difícil e perigoso tentar
fundar um partido de direita, isso parece-me um acto infâme, uma traição e
"revisionismo" da história. Esquecer Francisco Lucas Pires, o Prof. Adriano
Moreira, e ainda Manuel Monteiro, é querer lavar a história, para a reescrever
com as cores e os feitos de Paulo Portas. Isto é ridículo e parece um absurdo,
se tivermos em conta que este facto não foi denunciado por nenhum dos
presentes no conclave. Ali reina a lei da "rolha", do unanimismo, a vontade
do chefe. Contestar, falar claro, significa perder um "tacho", seja à mesa de
uma artarquia, seja à mesa do governo -- mesmo que seja como simples
adjunto ou sub-secretário. É o conformismo, a hipocrisia, o safe-se quem puder.

Lá esteve G. Fini, da Aliança do Norte (de Itália não do Afganistão), que
nutre muita simpatia por PP, mas quanto a mim, faltou lá aquele que poderia
dar a Portas muitas dicas sobre imigrantes: faltou Le Pen, da Frente Nacional
que, nas últimas eleições, fez tremecer os franceses e Jacques Chirac.

Se eu fosse militar, seria muito infeliz por ter um chefe oportunista, xenófobo,
demagogo, "revisionista" e sem sentido de Estado.. Mas, se fosse imigrante,
temia pela minha vida, procurava ir trabalhar noutro país, onde não fosse
acusado por ninguem de estar a roubar o trabalho aos tarefeiros nacionais.

O congresso do PP/cds, ao fazer o "revisionismo" da sua história, outra coisa
não faz que é repetir os erros que outros já cometeram: expulsar do partido
o "Bando dos Quatro" que, não tendo paralelo com outros casos, não deixa
de ser sintomático quanto ao que se passa na cabeça dos seus congressistas.





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