2005/10/31

 
José Manuel Fernandes, director do Público, vem hoje explicar num extenso
editorial, por que razão só agora pode contestar o que Fátima Felgueiras escreveu
no "Direito de Resposta" enviado para publicação no Público. JMF desmente parte
das afirmações da autarca, afirma que a investigação jornalística prossegue e deixa
mais algumas pistas sobre contactos prévios entre FF e membros do secretariado
do PS através de intermediários. Mais: transcreve escutas telefónicas feitas entre
FF e o juiz conselheiro Almeida Lopes. JMF considera esta investigação jornalística
"um contributo para estabelecer novos padrões éticos na vida pública e política e
resulta de um saudável e responsável exercício de liberdade de informação". Está
assim satisfeito o pedido feito na blogosfera: o Público explicou-se aos seus leitores.

O maior empregador neste país, Belmiro de Azevedo, em entrevista dada ao
Público e RR, apresentou duas ideias fortes, que devem merecer a atenção dos
responsáveis pela pasta da Economia: (i) "[Na área da energia] há um projecto de
que ninguem fala e que é importante: grande parte das emissões de gases de efeito
de estufa que nos vão fazer incumprir o protocolo de Quioto têm origem nos
camiões que andam pelo país a levar combustíveis, algo que poderíamos evitar
em boa parte com um pipeline. E um caminho-de-ferro tradicional mas eficiente,
que nem se quer precisa de andar muito depressa... Não precisamos de TGV,
precisamos é de tres ou quatro boas ligações em bitola europeia". (ii) [Não temos
petróleo], mas temos uma floresta que está a funcionar ao contrário, que dá mais
prejuizos do que receita. Temos de explorar a floresta, limpar a floresta, fazer mais
uma fábrica de papel, fazer serrações e fábricas de móveis, fazer centrais de
energia com base na biomassa dos resíduos florestais. Aí podia-se criar uma
enorme quantidade de emprego, e por cada emprego que se cria na indústria,
criam-se pelo menos dois empregos nos serviços".

Eduardo Prado Coelho é, como a maior parte dos nossos intelectuais, avesso
às novas tecnologias. Hoje conta-nos no Público os tormentos por que passou, só
para acertar o relógio, por mudança da hora. Acertar o relógio de pulso, "foi o
pesadelo mais temido" por EPC. Trata-se de um relógio lindíssimo e inesperado,
"oferta da amiga A. É uma peça Philippe Starck" - confessa Eduardo. Mas como
não sabe lidar com o relógio - que é o último grito da moda - EPC "solicitou o
apoio de uma amiga que faz design", que acabou por dizer que o relógio estava
mal concebido... Depois EPC procurou a ajuda de "um amigo muito hábil em
mecanismos técnicos" que apenas conseguiu adiantar uma hora, quando o que
pretendia era atrasar... E recomendou-lhe: "vá viver para Paris e já não terá
problemas com a hora do relógio... No final, EPC confessa: "Fui à loja onde o
comprei (?) e uma gentil empregada" recomendou-lhe outra loja no mesmo
centro comercial. Mais uma vez EPC foi "atendido por uma funcionária que
após a leitura das instruções, conseguiu o resultado esperado". --"Obrigado
e até para o ano"--agradeceu EPC, que ainda nos confessou o seguinte segredo:
"Está ali a começar uma bela amizade". (Será verdade? É desta que o Eduardo
vai ao altar?... Não será uma pêta, como a do relógio: primeiro diz que lhe foi
oferecido pela amiga A., depois acaba por ir "à loja onde o comprou."!!!).

"Sócrates decidiu corajosa e honestamente não quebrar a sua promessa
eleitoral de que a actual lei do aborto só será alterada depois de passar pelo
voto popular em referendo", escreve Graça Franco no Público. Na blogosfera
vemos alguns blogues pronunciar-se de igual modo, mas é justo dizer que, a
primeira opinião/recado, com este mesmo sentido, foi expresso no Causa-Nossa
por Vital Moreira, no dia 24, faz precisamente uma semana... Tempo suficiente
para ter chegado aos ouvidos do primeiro-ministro -- que assim mostrou bom
senso e levou a direita a aplaudir, pois de outro modo iriamos ter chinfrineira.

O João Tunes estranhou o meu post de ontem (uma pequena parte), onde
refiro que "hoje em dia o mundo é comandado pela força do capital, que gera
crescimento, emprego e estabilidade social e política". O João parece que ainda
teme o capital -- que foi "diabolizado" por todos os marxistas-leninistas. Hoje
vivemos com outros fantasmas, e o capital -- individual ou corporativo, de
pequenas, médias e grandes empresas -- é benquisto por todas as nações.
Não podemos invejar quem promove riqueza, quem tem melhores ideias, como
as que tem Belmiro de Azevedo, e que acima deixo registadas, por preciosas...

...É um ser humano. Natural de Rar Ben, uma cidade de 12 mil habitantes
na parte de Cachemira paquistanesa, arrasada pelo terramoto. Cerca de tres
milhões de pessoas continuam a viver sem meios de subssistência, junto
aos montes Himalaias, quando a chuva, o frio e a neve estão agora a flagelar.

2005/10/30

 
A campanha para as eleições presidenciais ainda vem longe, mas a torrente
de opiniões, análises, comentários, projecções, vaticínios, estudos genealógicos,
a favor ou contra este ou aqueles candidatos, está a inundar os media e a blogos.
Trinta anos depois da implantação da democracia, quase vinte anos de pertença à
CEE/UE, a geração formada no tempo da ditadura continua a pensar e a agir como
se o lastro do fascismo e da guerra fria a impedisse de ver e sentir o mundo de hoje.
Continuamos a ver e a ouvir "o discurso da cassete". Poucas vozes mostram que
estão em sintonia com a era da Internet e das viagens espaciais. A "ideia" é baseada
no conhecimento do passado, martela no passado, espera a replicação do passado.
Esquece-se que as pessoas, hoje, são outras, porque são deste tempo -- e, não o
sendo, é porque não acompanharam o tempo, ou recusaram-se a mudar... Mas o
mundo e toda a existência são compostos de mudança.

O crédito da imagem pertence ao Politicopata.

Temem-se golpes de Estado, e atemorizam-se com hipotéticos caudilhos ou
monárquicos sidonistas, como se Portugal estivesse hoje "fora" da Europa ou isto
fôsse um qualquer país das tabancas... Receiam-se golpes constitucionais, quando
a maioria parlamentar é de esquerda e o PS tem maioria absoluta. Rejeita-se uma
Presidência da República de côr partidária diferente da maioria governamental, e
defende-se o comodismo da solução 1 em 3: uma maioria parlamentar, um governo
e um presidente -- todos do mesmo partido. E o discurso da presidencialização do
Governo, omite a coabitação, como se esta hipótese não existisse noutros países de
resultados positivos na gestão da coisa pública. Nesta curvatura de círculo, vemos
como a maior parte dos dircursos se diz e contradiz, sem que, no final, nada mais
reste do que a "luta contra o grande capital, a globalização e o direito ao trabalho".
Nestes discursos não aparece um sinal, pequeno que seja, sobre "como sair desta
crise", "como levar a economia portuguesa a crescer", beneficiando o país e os
portugueses. Fala-se, discute-se muito, mas hoje o mundo é comandado pela força
do capital, que gera crescimento, emprego, estabilidade social e política.São poucos
os candidatos à PR com competências para trazer esta discussão para o terreno das
presidenciais. É mais cómodo, para eles, falar de coisas abstractas, de promessas.

No rol dos discursos de cassete, -- onde predominam os candidatos de Direito,
habituados à oratória -- ainda nenhum se pronunciou sobre o apoio e a colaboração
que o PR pode e deve prestar ao Governo de José Sócrates, com vista a estimular
as exportações, a conquistar novos mercados, e a implementar novas indústrias,
seja na área das novas tecnologias, seja na indústria pesada. Quer dizer, por um
lado, falam em melhorar o nível de vida dos portugueses, mas sem crescimento
económico, isso não é possivel... Precisamos de um novo discurso, de novas ideias,
de gente "desempoeirada" de todos os atavios inerentes aos políticos formados
in dura lex... Não é aceitável que um candidato a PR venha a afirmar que Jesus
Cristo tambem não era economista... mas sabia contar o dinheiro! Isto é disparate.
Se Cristo tivesse nascido nos anos 60 do século passado -- e não há dois mil anos --
certamente conheceria e daria conselhos sobre economia... No sentido cristão.
Não nos venham com exemplos do "passado" -- a menos que tragam o "passado"
para o presente, os dias de hoje.

O conflito religioso e inter-étnico na India provocou tres explosões nos
arredores da capital, Delhi. Tratava-se de um dia festivo para os Hindus.

2005/10/28

 
Tendo começado pelo Centro Cultural de Belem, obra emblemático dos tempos
em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro de Portugal, o agora candidato à PR
foi até à Invicta Cidade para apresentar ao país o seu manifesto de candidatura,
justamente no nobre edifício da Alfândega do Porto. Como homenagem ao trabalho
e à riqueza criada naquela região nortenha, mas tambem ao espírito empreendedor
e ao dinamismo que as suas gentes sempre mostraram. Sabemos agora com o que
podemos contar. Com um candidato que vai esforçar-se "para que a seriedade,
a honestidade e a transparência imperem na política". Para acabar com a oratória
desbragada, a verborreia populista e eliminar, definitivamente, "a má moeda"...
Para que os "cidadãos sejam mobilizados para uma participação mais intensa e
exigente na vida cívica". Para que "aqueles que servem a causa pública em lugares
políticos sejam vistos pelos cidadãos como honestos, competentes e rigorosos
".

Portugal, depois dos anos do "Poder Popular", depois das "receitas" dadas
pelo FMI no início de 1980 (a pedido de Mário Soares), depois da integração na
CEE/UE, depois de chegarmos ao "plotão da frente" e ganharmos a nova moeda
(o Euro) , depois de gastos os fundos europeus em Auto-Estradas, pontes, ETARs
e em "rotundas" autárquicas; depois dos políticos de "chinelo", dos oportunistas
e dos autarcas caceteiros e vezeiros em violar a lei, graças aos advogados que
nela descobrem "buracos"; depois das diatribes proferidas contra tudo e contra
todos pelo "régulo" do jardim madeirense, depois das bagatelas, das frivolidades,
dos desaforos de alguns, das futilidades de outros e da "bandalheira" em geral,
é tempo de o povo português se convencer de que o Estado vive uma gravíssima
crise. Para sair desta crise, os portugueses precisam ser optimistas, ter confiança
e trabalhar noutros moldes. É preciso uma mudança. No discurso dos políticos,
mas tambem na mentalidade dos portugueses. Para isso conta muito a imagem
do novo Presidente da Repúlica: austero, grave, rigoroso. E Cavaco Silva possui
estas qualidades, umas vezes severo outras vezes atencioso e humilde, mas sem
perder a nobreza inerente à função de professor académico. Claro que as élites
urbanas têm dúvidas, não gostam de estranhos, daqueles que não são da sua
casta, que subiram na vida a custo de estudo e trabalho. As élites gostam de gente
de "boas famílias", com nomes sonantes, ligados à "indústria" ou à alta finança,
pois hoje não se pode falar em descendentes da Casa de Bragança, nos Lorenas
ou nos Quintanilhas... E Cavaco Silva, é apenas um Silva. Mas fala de cátedra!...
Ou não é ele um homem do nosso tempo, um produto do republicanismo?

A presidência britânica da União Europeia, por razões de diversa ordem, tem
sido um fracasso. Ouvimos agora os ecos que nos chegam da Cimeira dos 25 em
Hampton Court, nos arredores de Londres, e, pelo que dizem, Tony Blair averbou
nesta reunião, uma vitória estrondosa... Não me parece que seja caso para tanta
euforia. Ao fim e ao cabo Tony Blair leva quatro meses como líder da UE, e até
agora pouco ou nada se viu. Só agora se fala na preparação de uma proposta para
apresentar aos seus parceiros, sobre o Orçamento para 2007/2013, rejeitado por
Blair no Luxemburgo. É verdade que o fatídico dia 7/07 complicou a vida dos
britânicos e as ambições de Tony Blair quanto à liderança da EU. Mas pouco ou
nada conseguiu. Nem os "milhões" para África. Que o digam os sudaneses...
Apenas a Comissão Europeia apresentou resultados, graças ao Comissário
Mandelson, que negociou com a China as quotas de importação de texteis.

Ao atingir os 2.000 mortos na guerra do Iraque, George Bush começa a
sentir a contestação dos americanos, e a sua popularidade é cada vez menor.

2005/10/27

 
O João Tunes acusa-me de "praticar terrorismo verbal", por eu ter referido
aqui, ontem, que Mário Soares está "decrépito, confuso, amnésico e deslocado da
realidade actual". O João teve a brilhante ideia de comprar uma embalagem com
fatias de toucinho, daquelas que são embaladas no vácuo, para servir de adereço
e intróito ao seu post, onde vem lembrar-me que, aquilo que eu disse sobre Mário
Soares não se diz, já que nem Maomé disse tanto sobre o toucinho... Mas eu disse
mais, apresentei cinco casos onde Mário Soares perdeu a sua auréola de "animal
político", ao não responder cabalmente às perguntas dos jornalistas na noite em
que se apresentou como candidato a Belém. E foram aqueles cinco lapsos políticos
que me levaram a caracterizar o candidato. O João ficou tão "estarrecido" com o
que escrevi, que acabou por não ler o restante texto do meu post. E pede-me para
eu não "desvairar" nem "perder a compostura" e o "respeito por um político a
quem a democracia portuguesa muito deve"... Mas é por esta razão que me custa,
e desgosta, ver o "velho leão" de regresso à arena, para disputar um combate
que vai perder, sem glória nem proveito para ninguem... Nem para a História.

Numa passagem rápida pelos blogues que me acompanham, para saber como
vai a "pré-campanha", deparei-me com algumas perpelexidades. O Besugo, que
tambem está a embalar para terçar armas a favor do seu candidato, escreve por
metáforas e encaminha-nos para o Dragoscópio. Ao entrar na caverna do dragão,
alegro-me com o sentido de humor do fumarolas: "gostava de ver um outdoor
com a Joana Amaral Dias em cinto-de-ligas, uma cat-woman"... Regresso ao
Blogamemucho e leio o Besugo a protestar contra as minudências postadas por
algum blasfemo sobre a proibição de venda de aves, acrescentando o Besugo
umas perguntas para que o texto tenha sentido ou fique ainda mais desintegrado
de compreensão... "-O Jardim Zoológico vai fechar?". "-A proibição do Lago dos
Cisnes será um acto de censura?" -- acrescenta o Besugo. (De facto, lemos alguns
"animadores" de audiências blosgosféricas, que apenas "questionam" para
entreter os "visitantes", e aumentarem o número de ligações ao seu blogue).

Numa passagem pelo Tugir, o post 1483 do Luis Tito, deixa-me intrigado.
"O cúmulo do humor de mau gosto" -- é o título do post. "Se não tivesse lido,
não acreditava" -- desabafa o Luis Tito. Não resisti e cliquei para seguir a pista
indicada: Super-Mário... ou Mário-Super?... Duas linhas apenas. Para escrever
sobre "equidade". Os Super-Marios terão sido acusados de só falarem sobre o
candidato Cavaco Silva, e vai daí recomendam -- a quem enfiar a carapuça --
o sítio da SPA... Encaminham-nos para a Sociedade de Autores Portugueses.
E mais não dizem, nem explicam por que razão. Ainda a procissão vai no adro,
diz o João Tunes. É por esta razão, que eu não tenciono entrar em polémicas
sobre os candidatos presidenciais. Farei a minha análise, o meu comentário.
Mas ficarei por aqui... Do outro lado, já estão a rir de contentes, tanto mais que,
à esquerda, se confrontam quatro candidatos. O Governo vai ser beliscado...

O João Tunes é um polemista brilhante. É a minha opinião, e é tambem um
elogio... não se trata de pôr uma etiqueta, muito menos de um labeu. O João
Tunes escreve muito bem, tem uma memória e um saber enciclopédicos...
Gosta de opinar, de contraditar, de ouvir o adversário. Temos, na literatura
portuguesa, grandes polemistas, brilhantes escritores que sempre praticaram
a arte de polemizar. Quem me dera a mim poder faze-lo, como o João Tunes,
a quem o David do blogue Pensatempos agradece o seu "web-emprego".

NOTA: O Ágape a quatro, acabou por ser na Ericeira, onde o "Mar à Vista"
continua a ser referência para marisco fresco. Pena é que o espaço seja tão
reduzido, para poder modernizar-se e ter umas instalações que correspondam
à diversidade de marisco servido, e aos preços praticados, que não se discutem.
Quanto ao Mercedes LM 230, é uma viatura soberba. O tablier parece o cockpit
de um avião. Ora, não há como a navegação por satélite... O GPS vai mostrando
estradas, rotundas, cruzamentos... É a condução do futuro... Muita segurança.

2005/10/26

 
Na apresentação do manifesto da sua candidatura à PR, Mário Soares, mostrou
como está decrépito, confuso, amnésico e deslocado da realidade actual. As fotos
publicadas por alguns jornais não o favorecem, mas a verdade é que elas reflectem
o estado de alma do protagonista, a debilidade física e mental do candidato. Todos
caminhamos para o fim das nossas vidas, enfraquecidos pela passagem dos anos,
marcados pelos acontecimentos, enrugados pela morte das células, fragilizados
pela ausência de hormonas... Quando chegamos a tal ponto, o melhor que podemos
fazer é retirarmo-nos do campo de batalha, e vivermos em paz e na sabedoria que
ao longo dos anos conseguimos captar da vida. Quem assim não fizer arrisca-se a
cair em combate, sem glória nem proveito, deixando para a história uma imagem
de ambição desmedida, de usurpação de protagonismo no cenário onde os mais
jovens têm direito a estar... e a desempenhar o papel do futuro, do futuro que é
deles e só eles são capazes de perscrutar e captar. O "passado" não pode estar no
futuro. O "passado" é passado, e só o "presente" pode caminhar para o futuro.

Fim de ciclo... Folhas caídas neste Outono, num parque de Berlim.

Para aqueles que não entendem as incapacidades do "passado", basta lembrar
a série de erros cometidos ontem pelo candidato Mário Soares na conferência de
imprensa, após a leitura do manifesto de candidatura: (i) Mario Soares mostrou
que está desfasado em relação à actividade da Assembleia da República, quando
respondeu que o referendo sobre a despenalização do aborto está a ser discutido
na AR, desconhecendo que já foi entregue no Tribunal Constitucional, e aguarda
agora decisão; (ii) Não respondeu claramente sobre a sua situação de militante
do PS, se mantem ou não o cartão, ou se alguma vez o devolveu ao seu partido;
(iii) Mário Soares não se lembra quantos anos esteve à frente do PS, tendo dito
que foram 11 anos, mas mais à frente acabou por dizer que tinham sido 13 anos;
(iv) O candidato parece ter os cinco sentidos pouco apurados, pois não conseguiu
ouvir a pergunta sobre o "povo que não gosta de pôr todos os ovos no mesmo
cesto; (v) Mário Soares não consegue lembrar-se das funções desempenhadas
por cada um dos seus principais mandatários, confundindo as de Nuno Severiano
Teixeira com as de Vasco Vieira de Almeida... É este o candidato do PS à PR?...

Mais um desafio para Cuba... Reparar os estragos deixados pelo Wilma.

2005/10/25

 

Faleceu Rosa Parks, aos 92 anos, considerada a "mãe do Movimento para os
Direitos Cívicos" dos negros americanos. Em 1 de Dezembro de 1955, quando
viajava de autocarro em Montgomery, Alabama, recusou levantar-se para dar
o lugar a um branco. Foi presa e multada em 14 dolares. Um padre da igreja
baptista, ainda desconhecido, apelou ao boicote das viagens em autocarro, que
durou 381 dias e manteve os media ocupados com os problemas raciais da
América de então. Esse evangelista era Martin Luther King Junior, que depois
iria levar a "questão da segregação racial" até ao Congresso e ganhar a aposta,
embora póstumamente. Rosa Parks dizia que não sabia bem por que recusou
levartar-se e dar o lugar a um branco; parecia que alguem lhe dizia para não
deixar-se humilhar... Que força moral tinha esta Senhora, meu Deus!


As forças militares de ocupação do Iraque continuam a não controlar
as zonas mais importantes de Bagadade. Até mesmo a "Green Zone" onde
estão as embaixadas estrangeiras, o Governo iraquiano e o Quartel General
das tropas americanas tem sida atingida com morteiros. Ontem a zona central,
onde se encontram os melhores hoteis, o Hotel Palestina e o Sheraton, que
estão ocupados por jornalistas de muitos países, foi alvo de ataques suicidas,
morrendo 17 pessoas e ferindo 22 transeuntes que por ali transitavam.


NOTA: A edição do post de sábado 22 saiu duplicado na sua estrutura, mas
com textos ligeiramente diferentes. Deveu-se à lendidão no acesso ao Blogger.
Ao clicar em Publish, não conseguiu fazer a ligação rápida, como é habitual.
Demorou uns 10 minutos, e depois acabou por desaparecer. Ao verificar que
tinha "perdido" o trabalho, postei de novo, conforme a minha memória ia
recordando o "escrito" anterior. Graças ao amigo David, que chamou a minha
atenção para a duplicação, apaguei esta tarde o post em segunda edição.

E agora vou preparando-me para ir a caminho do Estoril, onde me esperam
tres grandes amigos. Vamos "molhar" o Jeep Mercedes do amigo Orlas. Com
um Ágape lá para os lados da Caparica, se o trânsito nos acessos à Ponte 25
de Abril estiver fluido, caso contrário vamos ficar ali pelos Montes Claros.

2005/10/24

 
AS PRISÕES DO REGIME BOLIVARIANO...
Para aqueles que andaram a exigir da Venezuela maior celeridade no processo
do piloto português, esquecendo-se que a justiça portuguesa ainda consegue ser
pior, eis que agora temos um testemunho surpreendente sobre a qualidade das
prisões no país de Hugo Chavez, feita por portugueses detidos naquele país, ligados
tambem ao processo de apreensão de 400 quilos de droga, o mesmo a que está
agregado o piloto do avião da era digital, o Citation X. Segundo Maria Margarida
Mendes, uma das arguidas em prisão preventiva, "aquilo não é uma prisão, mas
é um mundo... organizado". Confessa que teve "um ano de férias que espera esteja
prestes a terminar", mas que ali tem de tudo: cabeleireiro, restaurante, igreja,
médicos e muitas actividades. "Tenho uma óptima varanda com vista panorâmica
sobre a paisagem e o clima é muito agradável", confessa MMM, que ali vive há
um ano, na companhia de cerca de 350 mulheres no estabelecimento prisonal
gerido pelo Instituto Nacional de Orientação Feminina. Embora eu seja leitor de
El Nacional, o depoimento foi recolhido pelo Público, pelo que será imparcial...
Quem haveria de dizer! Uma prisão nas Caraíbas, a lembrar o melhor resort!...

Diz-nos o André que, a norte da Finlândia, há sete montanhas, como se vê
na imagem, onde aparece Yllas e Akaslompolo. Informa tambem que já chegaram
os primeiros nevões, lá para as terras do Pai Natal, na Lapónia. Merece uma visita.


OS AZARES DE EDUARDO PC...
Decididamente, Eduardo Prado Coelho anda em maré de azares... Perdeu-se
no Aeroporto Sá Carneiro, a admirar a nova aerogare, e, embora avisado, deixou
partir o avião e ficou em terra... Mas a mala de viagem, seguiu para Lisboa, no
porão da aeronave. Estou a ver EPC com bilhete na mão, sem saber o que fazer,
sózinho, no meio daquele labirinto que é a nova gare do Aeroporto Sá Carneiro,
no Porto! De início barafustou com tudo e com todos, mas depois lá acalmou e
acabou por aguardar pelo avião das onze. Chegado à Portela, vai para o carrosel,
com os restantes passageiros a aguardar pela mala. Todos se foram embora, e
EPC ficou ali, sózinho, apalermado, sem saber da mala... Lá se informou do local
onde poderia reclamar, mas foi dificil obter resposta... Depois lá consegue superar
todos os entraves, e obtem a sua malinha... Coisa de altos vôos... É a vida!...

Salvem meus irmãos... Há países onde é consumida carne de macaco.
Na Índia um activista procura sensibilizar as pessoas contra a matança dos
nossos irmãos mais próximos... Por cá consome-se carne mais "porca"...


LEIRIA - O DISTRITO MAIS EMPORCALHADO...
Há quatro meses que a Ribeira dos Milagres não era inundada pelos detritos
dos suinos (dos porcos!). Agora a descarga foi de tal ordem, que na milagreira e
mal cheirosa ribeira, só os mosquitos conseguem viver... Consta que, no distrito
de Leiria, há mais de 450 pocilgas, a maior parte sem tratamento dos efluentes
produzidos pelos porcos... Pode imaginar-se a qualidade do ambiente, o cheiro
pestilento, a porcaria de líquidos correndo para o rio Lis... Mas não será possivel
distribuir aos industriais suinocultores, o "Código de Ética dos Empresários e
Gestores", editado pela Associação Cristã de Empresários e Gestores, que me
fizeram chegar -- embora eu não esteja ligado à porcaria -- para que aqueles
aprendam "a previligiar uma cultura de valorização e respeito pela natureza",
contribuindo, assim, para "defesa da dignidade dos homens que colaboram nas
empresas"?... No caso da milagreira Ribeira, os responsáveis pela poluição do
riacho, não só deveriam pagar coima, como até deveriam ser obrigados a limpar
aquela mixórdia, sem mascara no nariz nem protecção contra mosquitos...

Não cuidem da milagreira Ribeira, e depois queixem-se das epidemias que
a Mãe Natureza vai espalhando por esse mundo fora, contra os gananciosos e
os avarentos pelo dinheiro...O pior é que todos nós acabamos por ser penalizados.

2005/10/22

 
Este país está a evoluir, não apenas pelo lado da "banda larga", com a instalação
de acessos à Internet em hot spots ou a modernização da Administração Pública
com portais electrónicos na web, mas tambem no sector da inovação -- área onde
os ciganos estão em progresso. Dantes, o cigano andava de feira em feira, fazendo
negócios com machos e burros, depois do 25 de Abril evoluiram para a venda de
roupas e ténis de contrafacção em locais famosos como a Feira de Carcavelos e a
Feira do Relógio, em Lisboa. Agora estão virados para o ramo imobiliário. Utilizam
uma técnica chantagista, mas inovadora: a imprensa dá-nos conta que, no Algarve,
os ciganos estão a fazer negócios de dezenas de milhar de euros. Escolhem uma boa
urbanização, um condomínio de luxo. Depois segue uma "loira" no seu BMW para
estabelecer contacto. Após firmarem o contrato promessa de compra e venda, dão
sinal de 10 ou 20 mil euros... No dia seguinte, a pretexto de mostrar a casa a uns
familiares, a "loira" pede a chave ao vendedor e depois dirige-se para o condomínio
na companhia do marido mais os seis ou sete filhos, que se lançam vestidos para a
piscina, fazem uma algazarra infernal, berram todos, até que aparece o segurança.
Este chama o vendedor, mas não consegue acalmar os novos "proprietários", a
menos que rescinda o contrato da venda... pagando o sinal a dobrar. Inovação!...

Soldados franceses da 27ª Brigada de Infantaria de Montanha durante
exercícios conjuntos no Kirguistão. A França continua a marcar pontos...


Ainda os estragos do Katrina não estavam reparados quando chegou ao Golfo
do México outra tempestade, depois veio o terramoto no Paquistão, seguido do
pesadelo que é "a gripe das aves", e agora temos o Wilma... Mas em todo este lote
de calamidades, um houve cuja intensidade e tragédia foram mal avaliadas, e está
ainda por resolver e a exigir ajuda da comunidade internacional. Refiro-me ao
terramoto que varreu o norte do Paquistão. Este país, que possui forças armadas
equipadas com mísseis e armas atómicas, aviões de combate e helicópeteros, não
foi capaz de disponibilizar meios suficientes para acudir às vítimas da catrástrofe
que assolou toda a região de Caxemira. Começou por calcular em 4.000 o número
de vítimas, depois apontou para 20, mais tarde para 40, e neste momento já se
aponta para mais de 80.000 mortos, e tres milhões de pessoas sem tecto nem
meios de subsistência. Num tempo de frio, chuva e neve, junto aos Himalaias...

Sobreviventes do terramoto que sacudiu Muzaffarabad, capital da parte
pasquitanesa de Caxemira, aguardam a distribuição de alimentos e agasalhos,
tendo como pano de fundo as neves dos Montes Himalaias. Beleza e desgraça.


A tragédia é de tal dimensão, que o presidente Musharaff, para alem de pedir
ajuda aos EUA e à ONU, solicitou agora ajuda à Nato. Os 26 aliados da Nato já
enviaram para o terreno 1.000 soldados, uma equipa de 100 engenheiros, aviões
e helicópetros para ajudar na construção de alojamentos e entrega de alimentos.
A ONU pede o envio de 450 mil tendas, Musharaff disse à BBC que são precisos
6 biliões de dolares para a reconstrução. A Turquia foi quem mais ajuda ofereceu
até agora: 124 milhões de euros. A vizinha Índia prontificou-se a prestar ajuda
com helicópeteros para distribuir alimentos nas regiões montanhosas, mas em
Islamabad não aceitaram que os helis fossem pilotados por indianos... Inimigos
de guerra de longa data, ainda não alcançaram um clima de confiança mútua.
Entretanto a fome, a doença, a chuva, o frio e a neve atormentam a vida das
populações isoladas junto ao tecto do Mundo, os montes Himalaias...

A solidariedade mundial não acorda para prestar ajuda ao Paquistão.

2005/10/21

 
Ainda não é desta que vou confirmar o nome do meu candidato presidencial.
Para já, gostei da cerimónia de ontem no CCB. Mas prefiro esperar pelo manifesto
eleitoral, a ser anunciado na Invicta, no dia 28... Curioso número, a lembrar outras
datas e acontecimentos. Mas os tempos são outros, apenas os números coincidem.
A confirmar que nada deve ser dito antes de tempo, e sobre coisa alguma que ainda
mal conhecemos, vejamos as opiniões expressas pelos adversários de Cavaco Silva:

MÁRIO SOARES: Falou Nuno Severiano Teixeira, para afirmar que "a campanha
vai decorrer com nobreza e elevação em torno de ideias, projectos e personalidades
distintos". (Cavaco Silva disse que, acima de tudo, "Portugal precisa de estabilidade
política para resolver os graves problemas [em que se encontra].

MANUEL ALEGRE: O próprio, veio dizer que Cavaco "fez um discurso que não é
totalmente claro quanto à forma como pretende exercer os poderes presidenciais".
Cavaco Silva respondeu: "Conheço bem os límites dos poderes do Presidente da
República consagrados na nossa Constituição, que aceito e respeito integralmente".

JERÓNIMO DE SOUSA: [Cavaco] "tem muita responsabilidade pelo que se
passa hoje no país". Cavaco Silva disse para todos: "Nos últimos cinco anos a
economia portuguesa tem registado um crescimento muito baixo, o número de
desempregados tem vindo a aumentar, atingindo já os 400 mil".

Uma grande tempestade aproxima-se de Novosibirsk, na Sibéria.

FRANCISCO LOUÇÃ: "Esperava-se que o candidato Cavaco Silva explicasse
por que é candidato e o que pretende". Resposta do candidato: "Não me candidato
para satisfazer uma ambição pessoal. Candidato-me porque tenho orgulho de ser
português e não me resigno perante o actual estado de coisas".

JOSÉ RIBEIRO E CASTRO: A candidatura de Cavaco Silva é "necessária para
corresponder aos interesses do país" e revela uma "grande independência" em
relação aos partidos políticos". Disse Cavaco Silva: "Candidato-me como um
homem livre. Não fiz, nem farei qualquer negociação com interesses partidários
ou de grupo".

"OS PORTUGUSES SABEM QUE SOU UM HOMEM DE PALAVRA", CS dixit.


Foi hoje lançado à água o terceiro barco de 14500 toneladas metricas
destinado ao transporte de produtos químicos e construido nos estaleiros navais
Jingling para a Suécia, que já tem uma frota de 19 navios construidos em Xangai.
A economia da China, apesar da valorização do Yuan face ao dolar e da subida
dos preços do petróleo, continua a crescer acima do previsto. No final deste
trimestre cresceu a um ritmo de 9,4 por cento, quando se esperava que ficasse
pelos 8,4 por cento. A China não foi autorizada a comprar a Unocal, a petrolifera
californiana. Conseguiu agora a compra da Kazakstan Oil, empresa canadiana
com séde no Canadá, mas com os activos no Kazaquistão, o vizinho da China.
Já se prepara a construção de um pipe line para levar o petróleo às refinarias
do leste e sul da China. Esta foi uma jogada estratégica muito importante.

2005/10/20

 
Não se sabe por que razão José Pacheco Pereira deixou de escrever sobre a
"batalha de Bagdade" e as "armas de destruição maciça". Muito menos ainda por
que não comenta o OE e não opina sobre as reformas estruturais que o Governo
de José Sócrates está a levar a cabo em Portugal. Será que vai tudo bem? Quem
cala consente... Mas hoje dei com JPP no Público, onde vem falar dos "cavaleiros
do Apocalipse". Até fiquei admirado ao ver o abrupto a escrever sobre temas
esotéricos, ligados ao ocultismo, à advinhação. Só que, depois de ler a crónica do
abencerragem, cheguei à conclusão de aquilo não passava de uma cópia do filme
de Hitchcock, Os Pássaros. Na verdade JPP soube utilizar a boleia do "Cavaleiro
da Peste" para viajar até ao futuro, contando-nos depois as desgraças que viu.
Na sua prospectiva, JPP resume o seguinte: Todos irão pagar caro e sofrer muito
com a "peste" que -- afirma Pereira -- teve origem na capoeira e enorme pocilga
colectiva que são os campos da província chinesa de Guandong. (Haja alguem a
falar do perigo amarelo!). "Os namorados deixarão de beijocar-se", "os estádios
de futebol vão ficar às moscas", "os exércitos e as forças policiais vão ficar fora
de combate" (Acaba-se a guerra!). Tudo isto viu e anuncia ao mundo, JPP. Ele
não se lembra nem tem fé nos homens de ciência; esqueceu-se de Pasteur e de
Alexander Fleming, entre outros. Para o adivinhador, não há salvação possivel.
A tanto não se atreveu Nostradomus. Uma pandemia d'Os Pássaros está em
incubação... Para a combater, a indústria quimico-farmaceutica, está a trabalhar
a todo o vapôr, contribuindo para a acelaração da economia mundial. Pelo menos
as acções dos helvéticos laboratórios Roche estão a subir nas praças europeias...

Na mesma página do Público, ao lado de JPP, está Eduardo Prado Coelho,
a perorar sobre "Tres Mundos", sobre um filme, uma trilogia não sei de quê...
(Isto das trilogias tambem é conversa de esoterismo). O intelectual EPC, depois
de MM Carrilho ter perdido as eleições para a Câmara de Lisboa, parece que
ficou orfão.. Esqueceu a Cultura, seu tema favorito. Agora escreve sobre trilogias.
Fala-nos de Eros (não confundir com o novo carro da Auto-Europa), de Blow Up,
de Um Homem e uma Mulher, sobre o filme A Mão... Mas EPC parece confuso,
quando escreve: "Em Eros há uma cena violenta e explícita de sexualidade. Uma
mulher deitada toca o sexo de um homem. Cena de masturbação. O filme chama-
se A Mão. Basta a mão para que um corpo entre noutro corpo".
(Mas afinal, qual é o filme onde a mulher "deitada toca o sexo de um homem"?)
Recomenda-se a EPC para escrever mais sobre a cultura nos trópicos. Nestas
histórias de sexo não é claravidente. Lembram-se, que há dois anos teve uma
grande polémica com João Bénard da Costa, por não saber explicar o que era
"o orgasmo vertical", referido por EPC numa das suas crónicas?

"A atitude mais correcta, neste momento, é aceitar a inevitabilidade do que
aí vem (o que será, meu Deus!) , de dureza, de corte, aumento de impostos,
desemprego e fraco investimento, e dessa forma evitar qualquer desculpa que
para o ano este Governo possa apresentar" -- Luis Delgado dixit.
(Ufa, mesmo assim esqueceu-se de mencionar "a gripe das aves").

A chegada do Outono é visivel, em Berlim, junto ao rio Spree.

2005/10/19

 
O historiador angolano, Carlos Pacheco, vem escrever hoje, no Público, mais
uma tese sobre "novos conflitos estratégicos", a propósito dos investimentos que
a China está a fazer em Angola. O que deveria ser uma boa notícia, transforma-se,
pelo verbo de CP, numa espécie de pesadelo. "Os angolanos estão preocupados",
"as pessoas têm medo", "o maior receio é o expansionismo da China"; "o problema
da mão-de-obra chinesa", "o comportamento social desses adventícios, que vivem
isolados, em regime de auto-exclusão"..."É isto que os angolanos temem"--escreve
Carlos Pacheco, sem compreender que "o medo do perigo amarelo" foi incutido em
todos nós, pelo anterior regime. A China só aparece agora, como grande player na
cena internacional, após ter sido aceite como parceiro da OMC, na Conferência de
Doha, no Qatar, em 2001. De resto, a China tem relações comerciais com Angola
desde há pelo menos 22 anos. O problema de comunicação é o idioma, e isso é que
pode interferir na empatia entre chineses e angolanos. Têm que se habituar...

O Bund, parte da Xangai mais antiga, mas desafogada e cosmopolita.

Estou convencido que Carlos Pacheco está a analizar esta fase da vida em Angola,
mas muito colado ao passado recente, quando o seu país esteve a saque, e tudo o
que Angola produzia era destinado à compra de material de guerra que depois
martirizava o povo angolano. Pelo que conheço, o governo de Eduardo dos Santos
concluiu, no início deste ano, um conjunto de Nove Acordos de Cooperação com
a República da China. Com incidência na pesquisa de petróleo e gas, mas tambem
com ajuda financeira e construção de infraestruturas para o desenvolvimento de
Angola. A Sonangol com a Sinopec prevêem a construção de mais uma refinaria;
A China disponibilizou um empréstimo de 6,3 milhões de dolares, isento de juros;
outro empréstimo de 69 milhões para a montagem de rede fixa telefónica; outro
empréstimo de 100 milhões para comunicações militares; a implantação de uma
fábrica de telemóveis; o treino de pessoal na actividade das comunicações. Para
alem de investimentos em infraestruras, como vias férreas e estradas, em 2006
estão previstos acordos agro-industriais, na área da saúde e da educação.
Perante estes acordos, que podem temer os angolanos? Receiam ter de trabalhar?
"Mãos à obra, vamos a isso!" -- Venha a China para aqui, para este cantinho da
Europa, fazer fábricas, pesquizar hidrocarbonetos off-shore, construir o TGV!

A Grande Muralha, única obra humana avistada do espaço, está em órbita.

Faleceu Daciano Costa, o pioneiro do design português. Quando o "Botas"
era vivo, lembro-me da primeira vez que ouvi falar de Daciano Costa, das suas
obras, do conceito design. Era o tempo em que Portugal "mal trabalhava" o ferro.
Ideias novas, como as de Daciano, custavam a entender, a aceitar. Mas eu fiquei
maravilhado com as ideias de Daciano, porque ele representava o futuro, trazia
um novo mundo, o mundo de coisas feitas com sentido, com um determinado fim.

Já agora, para não celebrar apenas a morte, faço aqui uma referência à vida,
ao nascimento de Vinicius de Morais, registado em 19/10/1913, como muito bem
lembra o vizinho Pensatempos. A vida tambem é poesia...
Com a passagem da capital brasileira, do Rio para Brasília, a vida em Copacabana
perdeu um pouco da sua magia. Porque nesta mudança, foram embora jornalistas,
políticos, intelectuais e boémios que constituiam as tertúlias animadas por Vinicius,
Dorival Cayim, Tom Jobim, e tantos outros. O mundo é composto de mudança...

2005/10/18

 
No governo de Santana Lopes havia um ministro de Estado que se tornou
conhecido por viajar até S. Tomé e Príncipe à procura de petróleo, e depois atingiu
o zénite da celebridade por ter acusado Jorge Sampaio de "caudilho", quando este
entendeu dissolver a A.R., abrindo caminho para novas eleições legislativas. Esse
super-ministro, vindo do "barrosismo", chama-se Morais Sarmento e está agora
na fama, outra vez, por emitir "doutrina" no que toca aos poderes do Presidente da
República. Sarrmento defende agora que o PR deve ter mais poder, sobretudo no
que toca à condução do Governo, devendo intervir na sua acção e assistir a todas
as reuniões deste com o primeiro-ministro... Sarrmento continua, assim, a defender
o papel de caudilho para o Presidente da República; o que dantes erra uma blague
contra Jorge Sampaio, é agora uma virtude para o candidato de Sarrmento. Vamos
ver o que tem para dizer o candidato Cavaco Silva, e quem o vai acompanhar no
dia 20, quando se apresentar no Centro Cultural de Belem. Não me parece que
Sarrmento, o defensor do caudilhismo presidencial, vá constar da lista de convites
de Cavaco Silva. Eles andam por aí, à espera do novo salvador da Pátria, ansiando
por um lugar na fotografia, para depois mostrar, mais tarde, que são cavaquistas,
como fez o tal, que "anda por aí", com Sá Carneiro -- de quem se diz herdeiro...
Não me parece que Sarrmento tenha lugar na fotografia. Pergunto: onde estava
Morais Sarmento no tempo do "cavaquismo"?... Cavaco Silva conhece o país, tem
gente competente para o apoiar, não precisa de "gurus" a falar em caudilhismos.

Hello, my dear friend!... Donald Rumsfeld à chegada a Pequim, cumprimenta
o General Xiong Guongki, ministro da Defesa da China. Numa estadia de tres
dias, Rumsfeld visitará diversos locais, incluindo o centro espacial de foguetões.
Só não foi autorizado a visitar o complexo militar nas montanhas a norte do
país, por ser considerado secreto. Esta viagem de Rumsfeld antecede em um
mês a viagem de George Bush, que irá visitar a China, depois da reunião dos
países da APEC-Asia Pacific Economic Cooperation, a realizar em 18/19-Nov.


O brilhante polemista, João Tunes, depois de mostrar os trunfos que tinha
mão, retirou o baralho da mesa, decretou o fim do bloqueio a Cuba e propôs-me
uma pausa para recuperarmos forças para o que aí vem: as eleições presidênciais.
A mim parece-me uma ideia acertada. Vamos só esperar pela apresentação do
último candidato, vermos qual vai ser a estratégia deste, bem como os ajudantes
de campo que o vão coadjuvar na batalha pela conquista do Palácio de Belém...
Depois, cada um avaliará a prestação (como dizem os economistas) do respectivo
candidato, para assim determinarmos a qual deles vamos dar o respectivo voto.
E mais não digo, porque tudo não passa de ficção, por agora.

Não se trata do nosso TGV... É a linha férrea nas montanhas Tanggulla,
em Quinghai, no Tibete, com uma extensão de 1.142 kms, a inaugurar em Junho
de 2006 e que ligará, pela primeira vez, Pequim a Lhasa, capital do Tibete. Neste
projecto foram investidos 3.700 mil milhões de dolares. Recorde-se que o Tibete,
que sempre fez parte integrante da China, era o território mais isolado do mundo
devido à altitude, à rugosidade do terreno, o que o tornava um dos lugares mais
inóspitos do mundo. Um lugar a visitar em 2008, aquando dos JO em Pequim.


Não quero aqui deixar de manifestar o meu apreço pelo trabalho apresentado
pelo Público sobre o Orçamento de Estado. Oito páginas de texto, gráficos, fotos
e esclarecimentos à margem das propostas do OE, fazem deste trabalho um peça
de jornalismo muito importante, para esclarecimento dos seus leitores. Pelo que
vi em outros jornais de economia, nenhum deles superou o trabalho do Público,
apesar deste ser um jornal de informação genérica. Parabens à equipa de JMF.

2005/10/17

 
Marques Mendes, líder do maior partido da oposição, o PSD, disse há dias numa
entrevista exibida ontem num canal de televisão, que não aprovará o Orçamento
de Estado, se este incluir os projectos da Ota e TGV. O PS maioritário deve estar
a tremer... Mas será isto "oposição responsável"? Não haverá outra forma de fazer
política, na oposição. O PS, tem a maioria para aprovar o Orçamento; o PSD, se
votar contra, não é pela Ota ou TGV, porque estes não estão lá. Apenas constam
como projectos em estudo. O que Marques Mendes pretende, é afirmar-se... Sim,
a afirmação é feita pela negativa, nunca pela positiva -- porque esta é sinal de
humildade, submissão. Negando, é afirmar o nosso ego. Mas em política, quando se
nega, deve-se explicar porquê, e quais são as alternativas propostas. Não o fazendo,
está-se apenas a fazer demagogia, populismo, hipocrisia. Assobiar para o ar.

O João Tunes, que é um homem de causas, não gostou do que escrevi ontem
sobre Cuba. E confundiu a minha ideia sobre a acção do FMI e BM. Eu já não sei
o que seja "a felicidade socialista, o homem novo, as manhãs que cantam". Porque
são coisas da História, do passado onde eu não gosto de voltar. Mas sei avaliar as
coisas do presente. E, por isso, falo de um bloqueio comercial, imposto pelos EUA
contra Cuba, que dura há 43 anos. Inutilmente. Este tipo de bloqueio, que foi usado
contra outros países, poderia ter acontecido a Portugal. E se tivesse sido, como
poderia o país construir uma ponte sobre o rio Tejo, auto-estradas, uma refinaria,
a barragem do Lindoso ou da Aguieira, a construção de hospitais e universidades?
São projectos que requerem milhões de euros em investimento de longo prazo,
com taxas de juro reduzidas e pagamento da dívida em 20 ou 30 anos.
Estes investimentos são feitos pelo FMI, FM e BERD, com o aval da República
porque, como afirmei, a banca comercial e os investidores privados, alem de não
poderem disponibilizar enormes quantidades de dinheiro, cobram taxas de juro
mais elevadas e com prazos de reembolso mais curtos. E quem beneficia destes
fundos? Por exemplo o Sudão, a Etiópia, a Guiné-Bissau, Moçambique -- países
estes, onde em tempos se cantaram as manhãs que chegam após a noite passar.
Se os States querem uma Cuba diferente, porque não acabam com o bloqueio a
Cuba? E, caso o FMI e o BM cedessem fundos para desenvolver Cuba, eu acredito
que o povo cubano não deixaria de pagar -- mesmo em caso de uma castrástrofe
natural. E não são poucas, as que têm passado por Cuba.

Alan Greespan (FED), John Snow (Tesouro), Jin Renqing e Zhou Xianchuan
[estes últimos: ministro das Finanças e Governador do Banco China], sorriem na
abertura da 17ª sessão da Comissão Económica Conjunta Sino-EUA, realizada
em Xianghi, 100 kms a leste de Pequim. Para tratar de negócios... Há mais.


A questão do bloqueio não tem a ver com os "amanhãs que cantam", nem com
os prisioneiros políticos. Para os EUA isso não conta, pois até se sabe que esta
potência tem cerca de 450 prisioneiros, presos sem culpa formada, há mais de
tres anos, sem direito a serem assistidos pelos seus advogados, e justamente em
Guantanamo, na ilha de Cuba... Não milito nestas causas, basta-me acompanhar
a AI. A ir por aí, era "lembrar" uns, e esquecer "outros". Quem se lembra dos
tres mil prisioneiros, por delito de opinião, nas masmorras da Junta Militar da
Birmânia (Myanamar)? E as dezenas de prisioneiros políticos no Paquistão?
Quantos prisioneiros políticos há nas prisões do Cairo? E os "prisioneiros" que
"envelhecem" nos centros de acolhimento de migrantes ilegais na Austrália?
Este mundo é composto de muitas injustiças. Não devemos falar num caso e
esquecer os outros. Este é o meu pensamento. A minha consciência está serena.

Desembarque anfíbio na península de Shandong (China), durante exercício
conjunto de tropas chinesas e russas, efectuadas em 23 de Agosto de 2005.
Amanhã chega a Pequim, Donald Rumsfeld, para uma visita na área da defesa
militar. Rumsfeld não vai à China desde o ano 2000, e disse que sempre fica
surpreendido com o desenvolvimento da China. Simultâneamente, o "guru" do
neo-conservadorismo americano, Paul Wolfowvitz, acaba de afirmar que a
"China não é uma ameaça para a paz no mundo". (Lembram-se o que disse
esta gente, quando no início deste ano, a UE quiz levantar o embargo na venda
de armas á China?... Pois é, e agora os americanos estão a fazer aquilo que não
permitiram que a UE fizesse... O que vale é que a China é parceira no Airbus.

2005/10/16

 
HOJE É DIA DE SALAMALEQUES...

Parabens ao Leonel Vicente, pelo segundo aniversário do Memória Virtual,
um blogue com características únicas, "com o objectivo prioritário de divulgar
o que de melhor vai acontecendo em Portugal e no Mundo", sempre atento às
boas notícias, mas nunca esquecendo o que vai correndo pela blogosfera.

Parabens ao Jumento, por continuar a ser um dos blogues mais activos e com
mais up-grades no que respeita à decoração do seu palheiro. Hoje apareceu com
novos adereços no hall da esquerda e novas "serigrafias" expostas na galeria da
direita. Diáriamente, o Jumento oferece-nos belíssimas imagens do quotidiano
nacional, tão intensas de arte e poesia que nos lembra o portefólio de Man Ray.
Alem disso, devo tambem salientar a qualidade dos coices certeiros que o Jerico
dispensa quando zurra sobre as questões que preocupam a todos nós.

Os mesmos de sempre, são os comentariuns-dinossaurius nos debates em
televisão: o Pacheco Pereira, o Luis Delgado, o João Cesar das Neves e um outro
cujo nome não lembro, tão inflacionado está. (Copyright do nosso Jumento).


O neófito Pensatempos, meu amigo e vizinho com séde ali, em Porto Salvo, diz
que subscreve na totalidade o meu post de sexta-feira no qual me insurgi contra
aqueles que exigem da justiça venezuelana, rapidez e celeridade no processo do
piloto português preso, mas esquecem que a justiça portuguesa ainda consegue
ser pior... O David chegou agora à blogosfera, mas está indo muito bem. Promete.

Eles acodem a todas as vítimas de cataclismos... Equipa médica de Cuba,
aguarda na base aérea de Chaklala, Paquistão, ordens para seguir para Azad
Kashmir, onde as populações mais sofreram, mas a ajuda chegou tardiamente.


O polemista João Tunes, que muito prezo, vem discordar, em grande parte
daquilo que ontem escrevi sobre Helena Matos e a Cimeira Ibero-Americana,
acabando por expressar o seu ponto de vista no Agua Lisa 4. Respeito a opinião.
É evidente que o bloqueio comercial a Cuba, em vigôr há 43 anos, e imposto pelos
EUA não conseguiu derrubar Fidel, antes contribuiu para um endurecimento da
política interna cubana. O bloqueio/embargo é um anacronismo.
Como refere o João Tunes, Cuba não precisa da "água suja" (Coca-Cola) ou da
carne de qualidade duvidosa (McDonalds) ou dos supositórios da Pfizer. Mas a
questão fundamental que o bloqueio impôe, não é essa. A questão que deriva do
bloqueio, é os EUA "bloquearem" a acção do Fundo Monetário Internacional, do
Banco Mundial e outros organismos financeiros -- sem os quais não é possivel
um país aceder a fundos para investimentos de longo prazo. Isto tem a ver com
baixas taxas de juro, com os ratings que as agências financeiras possam atribuir
ao país em função do risco -- quando não mesmo o possivel "perdão da dívida".

Não querendo eu imitar o Jumento e o Tugir, permitam-me que, neste dia
de borlas, faça aqui uma referência à Câmara Corporativa, um blogue muito bem
informado, com posts muito bem escritos, e de muita actualidade sobre os
meandros da justiça portuguesa. O Corporações não precisa de apresentação
para futuras nomeações de Blogue da Semana. A referência que eu deixo aqui
faz sentido numa altura em que a justiça portuguesa está na ordem do dia. Da
justiça e seus protagonistas: os juizes, os magistrados, os advogados. Vale a pena
acompanhar o que a Câmara Corporativa vai editando.

Não registei aqui, em devido tempo, qual tinha sido a explicação dada por
José Manuel Fernandes, em entrevista na Dois, ao Clube de Jornalistas sobre
o caso Fátima Felgueiras. Como eu havia sugerido, o director do Público, perante
a aproximação da campanha eleitoral, achou por bem adiar o contraditório ao
"direito de resposta" de FF, para não perturbar aquele acto cívico. Logo que se
inicie o julgamento de FF, o Público dará todos os esclarecimentos e fará uso
de toda a documentação disponível para mostrar que não mentiu.

2005/10/15

 
É incrível como se consegue perder o tino, por causa das nossas convicções.
Veja-se o caso da perspicaz, acutilante, inteligente, mas agressiva Helena Matos
que, na ânsia de terçar armas em defesa de sua dama (no caso, os EUA), vem hoje
no Público escrever sobre alhos e bugalhos, metendo os pés pelas mãos, num louco
contorcionismo por causa da Cimeira Ibero-Americana. Diz Helena Matos que Fidel
não esteve presente, nem precisava faze-lo "porque os líderes presentes criticaram
o embargo a Cuba", e até "passaram a denominá-lo bloqueio". Mas HM acaba por
afirmar que "O bloqueio a Cuba não existe. Antes pelo contrário", todos os países
fazem negócios com Cuba, excepto os EUA, que "perdem dinheiro e não é certo que
tenham ganhos políticos. As organizações antiglobalização responsabilizam o não
investimento em Cuba e o não comércio dos EUA com aquele país por tudo o que
de mau ali acontece, desde que Fidel de Castro susbstituiu Fulgêncio Baptista
"...

Efeitos da seca no rio Piruerga, em Espanha, durante este verão. Em 120 anos
de registos sobre o clima, este foi o mais seco e de mais altas temperaturas.


A seguir, HM esquece Fidel e passa a afirmar que "Portugal tem de facto a sua
fronteira terrestre parcialmente bloqueada. Tem cidadãos seus temendo pela
não integridade física e pelos seus bens, em Espanha". "Será que falarão deles, na
Cimeira Ibero-Americana?
" -- pergunta Helena Matos, referindo-se a um facto
que só ela conseguiu descortinar: a greve dos camionistas espanhois, que poucos
conhecem, nem mesmo "nos sites e blogues que se dedicam a esta temática".
Depois disto, HM começa a zurzir em Zapatero: "Graças ao casamento gay, à
retirada das tropas do Iraque [...] Zapatero assumiu um imbatível estatuto
"progre" (!). HM lembra que, agora "as Forças Armadas espanholas, aquelas que
Zapatero não quis que combatessem no Iraque
", estão de "guarda a umas valas
das levas de esfomeados que tentam saltá-las. Alguns desses migrantes já foram
baleados. Outros espancados. Mas Zapatero continua a sorrir" [...] O sorriso de
Zapatero é o sorriso do ilusionista que nos olha e sorri da nossa credulidade
perante os seus truques
". HM diz tudo isto, para que "Porttugal não se deixe
ficar bloqueado em relação a Espanha, económica, geográfica e politicamente
falando
". (Se bem percebo, HM está a dizer-nos que não é apenas Cuba que tem
um bloqueio, Portugal tambem está bloqueado, pela vizinha Espanha!...
Ao que chega o descaramento desta gente! HM perdeu a razão, e o tino...).


Para os cépticos do aquecimento global, aqui fica esta imagem como prova do
que está acontecendo aos glaciares do planeta. O crédito de imagem é da Nasa.

2005/10/14

 
Com o alarido feito pelos meios de comunicação social à volta do piloto português,
preso na Venezuela há cerca de um ano, até aqueles de quem deveriamos esperar
comedimento e serenidade, acabaram por perder a compostura, ao deixarem-se
envolver, dominar e ceder às exigências dos media. Refiro-me a Jorge Sampaio
(PR), a José Sócrates (PM) e Souto Moura (PGR) que aceitaram pressionar Hugo
Chaves, antes da Cimeira Ibero-americana, no sentido de este interceder junto da
justiça venezuelana para que o piloto português seja libertado, até ao julgamento.
Isto é insensato. A pressão dos media é intensa, mas não é razão para interferir
em matéria que só aos juizes e aos tribunais diz respeito. Tanto mais quando se
trata de um processo em curso, num país soberano... Mas não é verdade que a
justiça em Portugal tem arguidos em prisão preventiva durante um, dois, tres
anos?... Não é verdade que a nossa justiça funciona tão mal (ou ainda pior) que a
justiça venezuelana? Então por que razão queremos que os outros (a Venezuela,
que é um país novo e frágil em democracia) sejam mais justos do que nós?...

Corinto, apreensão de seis toneladas de marijuana aos guerrilheiros das
FARC-Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia que se preparavam
para enviá-la para os EUA, a troco de dolares para compra de armamento.


Neste mes santo para os muçulmanos, em pleno Ramadão, mais de quinze
milhões de eleitores são chamados amanhã no Iraque para irem referendar a
nova constituição do país. Em qualquer país ocidental seria um acto democrático
aceite pela maioria dos seus cidadãos, se bem que uma pequena franja optasse por
votar em branco ou se abstivesse. Seria normal. Mas não no Iraque, onde xiitas e
curdos aceitam a constituição, mas que não é aceite pelos sunitas. Tem sido um
longo caminho para chegar aqui. E não vai ser o fim, ou seja, a instabilidade social,
o terrorismo, a insegurança vão continuar. Ontem os sunitas da constituinte
aceitaram votar a constituição, mas a séde do Partido Islâmico do Iraque, em
Bagadade, foi hoje atacada à bomba. Até agora os partidos sunitas não tinham
sido atacados. O terrorismo da Al-Qaeda está, afinal, contra tudo e contra todos.

2005/10/13

 
José Pacheco Pereira, analista e comentador institucional em larga escala,
com tribuna na imprensa, rádio, televisão e blogosfera vem hoje no Público perorar
com "Algumas notas pós-autárquicas". Mas o abrupto parece ter cristalizado nas
suas ideias; o homem repete-se, contradiz-se, confunde-se. Talvez por padecer do
efeito "papagaio", fala e escreve fazendo eco em diversos fóruns e acaba por dizer
aquilo em que nunca pensara. Se é verdade que, quem muito fala pouco aprende,
tambem é verdade que, para dizermos alguma coisa de substância, de importante
e de verdade, é preciso que façamos uso da abstração, da meditação, do raciocínio.
Mais que "palrar", o importante é pensar, descobrir, somar as partes e concluir;
isto requer silêncio, algum diálogo sereno -- a sentença da verdade virá depois.
Isto, para quem se dedique a encontrar a verdade; os que "palram" sobre factos do
passado limitam-se a repetir o "eco" daquilo que já foi -- com atropelos à verdade.

O abrupto JPP refere que "a liderança de Mendes tem muitas fragilidades",
apesar de ter enfrentado com valentia o Isaltino, o Valentim, o Menezes, o Lopes
e outros que andam por aí. JPP de modo cínico, trata agora os dissidentes do PSD
apenas pelo primeiro nome ou pelo apelido, como faz com "o Menezes e o Lopes".
Recomenda ao PS e PSD um upgrade, afirmando que Mendes tem feito uma
"oposição séria e responsável" . JPP já esqueceu as acusações feitas por Mendes
a Sócrates durante a onde grevista, quando afirmou que o primeiro-ministro era
insensível aos protestos dos polícias, militares e trabalhadores da FP... Oposição
séria, diz JPP... Para melhor, recomenda a Mendes e a Sócrates um tango, a dois...
JPP escreve ainda sobre populismos, isolamento e comunicação social, sem trazer
nada de novo para a praça pública. Tão cristalizado está o pensamento de JPP,
que este comete hara-kiri ao acusar a comunicação social de promover vários
populistas, "candidatos que não interessavam nem ao menino Jesus". Para JPP,
que escreve e fala na comunicação social, os media metem-se no lixo, para vender
o que lhe convém. "Já é assim há muito tempo, fazem o mal e a caramunha".

Efeitos do terramoto em Islamabad, moderna capital do Paquistão.

A imagem anterior mostra os destroços causados pelo terramoto, num conjunto
de novos edifícios conhecido como as Torres Magallan, por terem como pano de
fundo a cordilheira montanhosa com o mesmo nome. Novos, modernos mas sem
estruturas para suportar um sismo, como se viu. Há quem acuse o governo por
não legislar no sentido de fazer cumprir as normas de segurança em construção,
por outro lado, afirma-se que o problema é da corrupção generalizada, com os
empreiteiros a subornar o pessoal que passa as licenças, etc. Edifícios de 10 pisos
ruiram como baralho de cartas. Islamabad começou a ser construida em 1970.
Até aí, a capital era Rawalpindi, a 14 kms e hoje integrada na malha urbana da
nova capital. Rawal é nome de uma tribo. "Pindi" é cidade. Para criar a unidade
dos paquistaneses, que têm diversas etnias e idiomas, Rawalpindi foi apenas
capital do Pak entre 1959/1969. A ideia fazia sentido, mas os oportunistas do
imobiliário aproveitaram-se. Islamabad é uma espécie de Brasília, muçulmana.
O general Musharaf está a ser contestado. Como dizia há dias Maria Teresa de
la Vega, vice-ministra do governo espanhol, "os governos, no futuro, vão ser cada
vez mais avaliados em função da sua capacidade para acudir aos cidadãos numa
situação de emergência", como aconteceu com o tufão Katrina, e como é agora
com o terramoto cujo epicentro teve lugar na parte de Caxemira paquistaneza.
Musharaf percorreu Islamabad, mas não se lembrou de acudir a Muzaffarabad
a capital da parte da Caxemira paquistaneza. Que foi a de maior destruição...

Balakot, a sul de Srinagar, valas comuns por falta de ajuda no terreno.

2005/10/12

 
Finalmente o Público, na pessoa do seu Director, José Manuel Fernandes,
vai pronunciar-se sobre o caso Fátima Felgueiras. Será hoje, na Dois, pelas 23,30
horas, segundo informa o blogue Jornalismo e Comunicação (via Bloguitica).
Lembro que este caso tem a ver com o regresso de Fátima Felgueiras a Portugal,
vinda do Rio de Janeiro, onde estava foragida à Justiça, facto que foi anunciado
pelo Público com grande destaque e empolamento da notícia ao referir que altos
dirigentes do PS haviam sido préviamente avisados da chegada da autarca. Dias
depois, Fátima Felgueiras, ao abrigo do direito de resposta, enviou para o Público
um extenso comunicado a desmentir a maior parte da notícia, sem que a Direcção
editorial do Público reafirmasse a veracidade dos factos noticiados. Vamos ver o
que vai dizer José Manuel Fernandes. De qualquer modo, a explicação deve ser
dada no Público, para tranquilizar os seus leitores, e para que estes não deixem
de acreditar nas "notícias" que o seu jornal publica.

Em resposta ao meu post de ontem, sobre fumarolas e pogonóforos, recebi de
Luis Lavoura, investigador da Fundação para a Ciência e Tecnologia, o seguinte:
"Os Açores são 9 ilhas, e só em S. Miguel é que há fumarolas (nalgumas outras
ilhas tambem as há, em escala dispicienda). Em compensação, em todas as ilhas
há vento com fartura. A energia renovável que mais rapidamente se instala nos
Açores é a eólica". Agradeço a douta opinião, por ter acrescentado a abundante
energia dos ventos ao potencial energético dos Açores. Com toda a razão. De facto
esqueci-me de mencionar a eólica. Quanto às fumarolas quero acrescentar que
eu pretendia referir-me às fumarolas submarinas, para as quais não me parece
haver muita investigação. Pelo menos na Internet não é fácil encontrar estudos.

A China continua a marcar pontos... Desta vez no domínio espacial. Esta
madrugada o foguetão Shenzhou VI colocou em órbita dois astronautas que
vão estar no espaço durante cinco dias. Fei Junlong e Nie Haisheng, oficiais do
Exército do Povo, dão continuidade à aventura espacial, colocando a China em
terceiro lugar, ao lado dos EUA e da Rússia. Os amigos chinocas estão felizes.

2005/10/11

 
O Público continua a editar "direitos de resposta" que lhe vão sendo exigidos
pelos visados em alguns dos mais importantes "artigos de investigação" ou simples
notícia relatados naquele jornal. Continua a gerar polémica o caso Eurominas, pelo
que hoje José António Cerejo, autor do artigo, vem fazer uso do contraditório das
alegações de José Lamego. Fica claro que José Lamego fica "chamuscado" em todo
este processo. Só António Guterres e Cavaco Silva saiem ilesos e impolutos.
O Público deve uma explicação aos seus leitores: Fátima Felgueiras negou os factos
relatados pelo Público, aquando do seu regresso do Brasil, e a Direcção editorial não
contestou a resposta de Fátima Felgueiras nem deu uma explicação ao seus leitores.
A um jornal de referência não basta parecer sério, deve sê-lo, e mostrar que o é...

Depois do folclore e da festa das autárquicas, onde o CDS se eclipsou e o BE
não se afirmou, aproxima-se a hora para a apresentação do Orçamento de Estado
para 2006. Vai ser na próxima sexta-feira. Veremos se o nosso futuro imediato
vai ser "assim-assim" ou vai piorar; veremos o que o Governo nos reserva quanto
a projectos para o futuro, se arranca o NAER (Ota ou Rio Frio), e vamos ter TGV
(passageiros e mercadorias); veremos se vêm aí mais impostos, qual o rumo do
Plano Tecnológico, se o desemprego é travado e o país vai sair da estagnação
económica, da depressão social. Não podemos esperar pelos outros, devemos fazer
algum esforço da nossa parte para acelarar o crescimento económico. Acho que os
portugueses têm o dever de contribuir para aumentar o PIB da nossa economia.
Em produtividade, inovação e desenvolvimento. A nossa petrolífera deve fazer
estudos geológicos, dedicar-se à pesquisa e extracção de combustíveis fósseis em
terra e no mar... Em terra, na zona da Batalha, e em mar no Algarve,e ao largo da
Figueira da Foz e Viana do Castelo. Nos Açores, em colaboração com Universidade
local, deveria estudar-se a possibilidade do aproveitamento das fumarolas ou de
possiveis pogonóforos, que libertam metano e poderiam ser uma fonte barata de
energia. No Golfo do México, os EUA estão a fazer estudos nesta área, e faz todo
o sentido acompanhar a evolução das pesquisas em curso, já que temos o produto.

Onde há uns mil anos se vivia dos negócios feitos ao longo da Rota da Seda,
nas terras desertas do oeste da China, situa-se hoje a Região Administrativa de
Uygur, com a capital em Xinjiang. Era uma vastidão de zonas desérticas. Hoje é
um centro de indústria petroquímica, metais não ferrosos, de cultura do algodão,
de energia eólica, turismo, silvicultura, processamento de produtos agrícolas.
Em 2004 o volume de import/export foi de 5.636 milhões de dolares, 244 vezes
mais que em 1978, data da implementação da RA. Dali parte um gasoduto, numa
extensão de 4.000 kms, para abastecimento de gas a Pequim e Shangai... Com
boas redes de estrada, comboios e aeronavegação, os chineses transformaram as
condições de vida no inóspito oeste da China, a região administrativa de Uygur.

2005/10/10

 
Não tenho muito a dizer sobre as eleições autárquicas.
Primeiro, porque se trata de eleições locais, e é nessa perspectiva que devem ser
feitas as análises; este trabalho é tarefa de políticos e sociólogos. Segundo, porque
a avaliação dos resultados já foi expendida pelos "analistas" da nossa praça através
dos canais de televisão, embora eles tenham apresentado conclusões divergentes.
As autárquicas penalizam sempre o partido que tem o poder, neste caso o PS, por
isso não admira que tenha perdido Câmaras, tanto mais que tem estado debaixo
de fogo por tudo o que é sindicatos e organismos corporativos que não querem
perder os previlégios que o Estado lhes tem dado. Tendo isto em consideração, o
PS até nem foi muito penalizado. É verdade que perdeu Lisboa, a capital do país.
O PSD sai reforçado, em número de Câmaras. Mas para além desse reforço, que
pode o PSD fazer? Reafirmar-se como um grande partido. Apenas isso.

O que fará o PSD com a sua vitória [folgada] de ontem? -- pergunta o João.

No meu concelho, em Oeiras, um terço dos eleitores votou em Isaltino Morais.
Não sendo eu do PSD, mas defendendo que em política não basta parecer honesto
-- é preciso sê-lo, sempre -- votei em Teresa Zambujo, pelo seu trabalho e pela
sua conduta ética, e por estar em condições de travar a "entrada" do candidato
outsider, sobre o qual recaiem suspeitas de peculato, enquanto a Justiça não se
pronunciar em contrário. Como cidadão, sinto-me duplamente derrotado: não só
ganhou o "vilão", como acabo de verificar que, um terço dos portugueses está-se
borrifando para a lei, para a integridade moral, os principios éticos em política,
em resumo: para as pessoas honestas... Cada um tem os princípios que tem, a
família que tem, os amigos que escolhe, os governantes que merece... Temos o
retrato do país político, com caciques, com esbanjadores, com iluminados; temos
tambem um terço de eleitores que acata, aceita e gera esta espécie de políticos.

Há alturas na vida que nos apetece desaparecer do lugar onde estamos.
É a minha situação neste momento, enquanto não "digerir" esta vivência num
lugar gerido por alguem que me custa a aceitar. Se não estivessemos em fim de
vindimas, na grande China, na província autónoma de Yugur, era para lá que
me deslocava. Consta que tem bom equipamento hoteleiro, muito barato, boas
estradas e está a tornar-se num grande centro de turismo, pois inclui parte da
antiga Rota da Seda. Tem vôos directos a partir de Pequim, Shangai, Hong-Kong
e um total de 96 companhias aéreas fazem escala em Xinjiang, capital da região.
A imagem mostra a boa casta das uvas cultivadas naquela região da China. São
enormes, os cachos, e não apresentam sinais de qualquer espécie de praga. Os
ares, o ambiente e as gentes parecem saudaveis. A chinoca tem um ar feliz!

2005/10/08

 
Hoje o Público publicou mais um "Direito de Resposta" referente ao caso
Eurominas
, que foi requerido e assinado por José Lamego, professor de Direito
da Faculdade de Direito de Lisboa... Quanto ao "Caso Fátima Felgueiras" continua
a não se pronunciar sobre o extenso "Direito de Resposta" publicado a pedido da
ex-autarca, e no qual esta nega a notícia do Público, sem que a Direcção do jornal
tivesse feito qualquer comentário ou explicasse aos seus leitores porque o não fez.
Vamos esperar... A Direcção editorial do Público está a ser confrontada com uma
série de desmentidos a notícias publicadas, para os quais não tem resposta. Mas
o Público deve, a todos os seus leitores, uma explicação. No "Caso de Fátima
Felgueiras" compreende-se que o faça após as eleições de amanhã. Vamos ver...
O INFERNO NO PARAÍSO...

Caxemira, situada no glaciar dos Himalaias, era considerada o lugar mais belo
deste planeta. Dizia-se mesmo que era "o Paraíso na Terra", mas depois vieram
as escaramuças fronteiriças que conduziram à guerra entre a India e o Paquistão,
e Caxemira tornou-se um inferno. Agora que as conversações de paz estavam no
bom caminho, aconteceu um fenómeno natural, o terramoto de grau 7,6 na escala
de Richter, com epicentro a noroeste de Islamabade, tornando toda aquela região
num cenário infernal. Dado que os militares tinham abrigos na montanha, a uma
altitude entre os 4.400 e os 6.600 metros, poderá haver mortos sem ter havido
combates... Quanto aos civis, serão em grande número na vizinha Islamabad,
capital do Paquistão, uma cidade com um enorme desenvolvimento urbanístico.
O NOBEL DA PAZ...

É justo assinalar a atribuição do Prémio Nobel da Paz 2005 à AIEA-Agência
Internacional de Energia Atómica e ao seu principal representante, o egípcio
Mohamed El-Baradei, pelos esforços que tem desenvolvido no sentido da paz,
através da defesa dos princípios inscritos no Tratado de Não Proliferação de
armas nucleares. El-Baradei teve um papel de relevo nas inspecções feitas no
Iraque de Saddam Hussein, e o tempo acabou por lhe dar razão: não havia no
Iraque "armas de destruição maciça"... Apenas existia um político evangelista,
que havia recebido uma mensagem divina -- sabe-se agora -- para invadir o
Iraque... Esse político é George Bush, que afirmou ter sido incumbido por Deus
para perseguir os talibans e punir o diabólico Saddam Hussein... (Amen!).
AMANHÃ É DIA DE VOTAR...
No meu concelho, o PS não soube aproveitar a divisão do PSD, para apresentar
um candidato forte, capaz de ganhar as eleições em Oeiras, pela primerira vez.
Sendo que Teresa Zambujo e o "tio" Isaltino estão num empate técnico, pouco
resta para o PS, talvez uns 21 por cento... Com este previsivel resultado, e não
querendo eu ter, como presidente de Câmara, uma pessoa que está a ser
averiguada pelo MP e sobre a qual é legítimo suspeitar dos seus actos, não me
resta outra alternativa que não seja esta: votar em Teresa Zambujo para a
presidência da Câmara, e no PS para a Assembleia Municipal.

O maior empregador português, Belmiro de Azevedo, não irá votar por
estar a fazer negócios na China... Está perdoado pela falta nas urnas. Que faça
bons negócios, porque o que é bom para a Sonae, é bom para Portugal... Nesta
foto vemos um dos maiores parques eólicas do mundo, na Região Autónoma de
Xinjian, a noroeste da China. É deste tipo de energia que Portugal precisa.

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