2005/10/17

 
Marques Mendes, líder do maior partido da oposição, o PSD, disse há dias numa
entrevista exibida ontem num canal de televisão, que não aprovará o Orçamento
de Estado, se este incluir os projectos da Ota e TGV. O PS maioritário deve estar
a tremer... Mas será isto "oposição responsável"? Não haverá outra forma de fazer
política, na oposição. O PS, tem a maioria para aprovar o Orçamento; o PSD, se
votar contra, não é pela Ota ou TGV, porque estes não estão lá. Apenas constam
como projectos em estudo. O que Marques Mendes pretende, é afirmar-se... Sim,
a afirmação é feita pela negativa, nunca pela positiva -- porque esta é sinal de
humildade, submissão. Negando, é afirmar o nosso ego. Mas em política, quando se
nega, deve-se explicar porquê, e quais são as alternativas propostas. Não o fazendo,
está-se apenas a fazer demagogia, populismo, hipocrisia. Assobiar para o ar.

O João Tunes, que é um homem de causas, não gostou do que escrevi ontem
sobre Cuba. E confundiu a minha ideia sobre a acção do FMI e BM. Eu já não sei
o que seja "a felicidade socialista, o homem novo, as manhãs que cantam". Porque
são coisas da História, do passado onde eu não gosto de voltar. Mas sei avaliar as
coisas do presente. E, por isso, falo de um bloqueio comercial, imposto pelos EUA
contra Cuba, que dura há 43 anos. Inutilmente. Este tipo de bloqueio, que foi usado
contra outros países, poderia ter acontecido a Portugal. E se tivesse sido, como
poderia o país construir uma ponte sobre o rio Tejo, auto-estradas, uma refinaria,
a barragem do Lindoso ou da Aguieira, a construção de hospitais e universidades?
São projectos que requerem milhões de euros em investimento de longo prazo,
com taxas de juro reduzidas e pagamento da dívida em 20 ou 30 anos.
Estes investimentos são feitos pelo FMI, FM e BERD, com o aval da República
porque, como afirmei, a banca comercial e os investidores privados, alem de não
poderem disponibilizar enormes quantidades de dinheiro, cobram taxas de juro
mais elevadas e com prazos de reembolso mais curtos. E quem beneficia destes
fundos? Por exemplo o Sudão, a Etiópia, a Guiné-Bissau, Moçambique -- países
estes, onde em tempos se cantaram as manhãs que chegam após a noite passar.
Se os States querem uma Cuba diferente, porque não acabam com o bloqueio a
Cuba? E, caso o FMI e o BM cedessem fundos para desenvolver Cuba, eu acredito
que o povo cubano não deixaria de pagar -- mesmo em caso de uma castrástrofe
natural. E não são poucas, as que têm passado por Cuba.

Alan Greespan (FED), John Snow (Tesouro), Jin Renqing e Zhou Xianchuan
[estes últimos: ministro das Finanças e Governador do Banco China], sorriem na
abertura da 17ª sessão da Comissão Económica Conjunta Sino-EUA, realizada
em Xianghi, 100 kms a leste de Pequim. Para tratar de negócios... Há mais.


A questão do bloqueio não tem a ver com os "amanhãs que cantam", nem com
os prisioneiros políticos. Para os EUA isso não conta, pois até se sabe que esta
potência tem cerca de 450 prisioneiros, presos sem culpa formada, há mais de
tres anos, sem direito a serem assistidos pelos seus advogados, e justamente em
Guantanamo, na ilha de Cuba... Não milito nestas causas, basta-me acompanhar
a AI. A ir por aí, era "lembrar" uns, e esquecer "outros". Quem se lembra dos
tres mil prisioneiros, por delito de opinião, nas masmorras da Junta Militar da
Birmânia (Myanamar)? E as dezenas de prisioneiros políticos no Paquistão?
Quantos prisioneiros políticos há nas prisões do Cairo? E os "prisioneiros" que
"envelhecem" nos centros de acolhimento de migrantes ilegais na Austrália?
Este mundo é composto de muitas injustiças. Não devemos falar num caso e
esquecer os outros. Este é o meu pensamento. A minha consciência está serena.

Desembarque anfíbio na península de Shandong (China), durante exercício
conjunto de tropas chinesas e russas, efectuadas em 23 de Agosto de 2005.
Amanhã chega a Pequim, Donald Rumsfeld, para uma visita na área da defesa
militar. Rumsfeld não vai à China desde o ano 2000, e disse que sempre fica
surpreendido com o desenvolvimento da China. Simultâneamente, o "guru" do
neo-conservadorismo americano, Paul Wolfowvitz, acaba de afirmar que a
"China não é uma ameaça para a paz no mundo". (Lembram-se o que disse
esta gente, quando no início deste ano, a UE quiz levantar o embargo na venda
de armas á China?... Pois é, e agora os americanos estão a fazer aquilo que não
permitiram que a UE fizesse... O que vale é que a China é parceira no Airbus.





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