2003/11/30

 
Hoje é domingo, amanhã é feriado (perdôem ao Conde Andeiro!),
o tempo (não, o clima) está frio, cinzento e enevoado, pelo que não
vou demorar-me no comentário às noticias do dia. Para isso, está
o Dr. Marcelo, a cuja missa quero assistir, logo à noite na TVI, com
serenidade de espírito e a atenção devida à palavra do Mestre.

Lembrei-me agora, ao referir o Dr. Marcelo -- as palavras são como
as cerejas! -- de uma pequena notícia, que não pode ser esquecida:
Li no "Público", que Paulo Portas assistiu à missa realizada nos
Jerónimos pelo capelão D. Januário, para festejar a abertura do ano
escolar nas Academias dos tres ramos das Forças Armadas, mas onde
ninguem esteve presente em representação das chefias militares.
Por outro lado, no Dia de Finados, o bispo capelão D. Januário Torgal
realizou outra missa, novamente em Stª Maria de Belém -- a tradição
manda que seja na Igreja da Memória -- e, embora as chefias não
fossem à dita, mandaram uma formatura em "ordinário de marcha"
para prestar honras ao ministro da Defesa, Dr. Paulo Portas. Só que,
desta vez, Paulo Portas não foi à missa! Imagina-se a desilusão dos
militares em parada, não é? -Citado pelo Ten-cor.João J Brandão Ferreira.

Paulo Portas está em Bruxelas onde, anualmente, é oferecido um jantar
aos ministros europeus da Nato. Este ano, foi a vez de Portugal organizar
o jantar. Só que, Paulo Portas, abriu um precedente, ao convidar para o
"Eurodinner" o seu amigo, Donald Rumsfeld e, para suavizar a questão,
chamou tambem o canadiano John McCallum. Em tempos de contenção
de despesas, Paulo Portas não olha a gastos -- o caso Moderna acabou,
mas a tradição mantem-se.

Perante esta iniciativa de Paulo Portas, que dirão os outros ministros
sobre esta atitude? O ministro de um pequeno e pobre país, que tem um
défice orçamental excessivo e continuado, atreve-se a rasgar a "tradição"
do "Eurodinner", para o converter em "North Atlantic-Dinner"! Não há
dúvida, este é um país de dirigentes que gostam de se pôr em bicos de pé
perante os senhores do Império. Gostam de actuar como "divisionistas".

O U T O N O

O Outono no sudeste da China ainda vai longo. Foto obtida por Leylop,
estudante de Arquitectura. Consulte o blogue dela, na coluna de Links.



No Circulo Polar Ártico, a neve já tomou conta das montanhas. Foto obtida
na região de Ancorage, no Alasca - cortesia do Ancorage Daily News.



Na Finlândia, a maioria dos lagos já estão gelados e as árvores perderam
a totalidade da folhagem. No país das renas e do Pai Natal, cai a neve.



Este é o manto de alvura que se abate sobre as regiões frias da Finlândia.




2003/11/29

 
Entre tantas crenças e religiões que há neste mundo de Deus,
apenas a religião cristã tem uma estrutura piramidal, uma hierárquia
inter-governamental, um Estado, uma moeda, um orçamento anual. No
topo está o chefe de Estado/Igreja, na base os crentes e contribuintes.
Pelo meio ficam os bispos, as dioceses, os padres, as organizações de
caracter religioso, humanitário e de propagação da fé. Longe vão os
tempos do escandalo Ambrosiano, do arcebispo Marcinkus, dos fundos
em Wall Street. A Igreja, se esquecermos a pedofilia, está num mundo
de paz. Depois dos escândalos dos anos 80, o Vaticano encontra-se em
estado de graça. São os tempos da "santificação" dos mortos que, em
vida, mais fizeram pela caridade, pelo amor, pela compaixão de todos
os desfavorecidos -- por fé ou por opção. Mas deixaram o exemplo.

Vem esta evocação, a propósito dos instrumentos governamentais
(vulgo Concordata), agora assinados entre o Estado português e o
Estado do Vaticano, onde ficou expresso que, "o clero passa a descontar
impostos sobre o dinheiro recebido em resultado do exercício do minis-
tério de padre". Posso inferir que, os padres são remunerados pela
tabela, pelo ensino e prática da Fé, como qualquer professor de Física,
Química ou Electrónica. O ordenado é de 650 euros -- em Lisboa -- mais
200 euros para alojamento. Desconhece-se a tabela do IRS. É pouco,
mesmo assim é mais do dobro do "ordenado mínimo" nacional. Mas é
bom que sirva de exemplo aos "magnatas do Futebol". Paguem impostos

Esta Administração que gere os"ministérios" da Fé, é muito dificil de
entender à luz daquilo que é, para mim, a crença em algo de dívino ou de
transcendente. Se todos os credos religiosos, para existir, tivessem uma
estrutura estatal, haveria menos entendimento e tolerância na diversidade
de crenças. A Fé não devia ser "gerida", devia ser espontânea; há um
momento na vida de todos nós, em que essa luz, essa opção se coloca.


(O cérebro dos atentados em Istambul, já está preso)

Não vale a pena, no século XXI, andarmos a fomentar a Fé em algo divino,
que pode ser Deus, Alá, Shiva, Buda ou outro qualquer. Ir por aí, leva-nos
ao confronto entre comunidades, entre nações -- quando a questão diz
respeito apenas à consciência de cada um. Porquê então, virem agora uns
"cruzados", apresentar a petição "Deus e a Europa", para que seja inscrito
no preâmbulo da Constituição Europeia uma referência ao cristianismo?
As Cruzadas já lá vão, a Europa, 700 anos depois da guerra aos infiéis,
é um continente multi-étnico; só a França terá cerca de 5 milhões de
mussulmanos, a Alemanha uns 3 milhões, depois virá a Turquia com 80
milhões... E temos indús, árabes, judeus, budistas, ortodoxos, etc., etc..
Não faz sentido nenhum a inclusão da referência ao cristianismo no pre-
âmbulo da CE. De resto, os nossos países são, há centenas de anos,
estados laicos. Porquê, estarmos a criar problemas para o futuro?

=+=+=+=+=

Tive agora conhecimento pela Al-Jazeera que, sete agentes dos serviços
secretos espanhois cairam numa emboscada, a norte de Bagdade, tendo
morrido todos, em virtude do ataque de que foram alvo quando se dirigiam
nos seus Jeeps, após efectuarem o trabalho de recolha de informações.



Hillary Clinton esteve ontem em Bagdade, na esteira de George Bush, para
apoiar os militares americanos. Ao contrário do que pensaram alguns dos
"neo-conservadores" cá da terra, Hillary não é candidata à presidência dos
EUA pelo Partido Democrático. Nem vai envolver-se na campanha do próximo
ano. Mas é correcto afirmar-se, que ela vai concorrer às eleições em 2008.




2003/11/28

 
George Bush, em silêncio, pela calada da noite, aterrou em Bagdad.
O mínimo que podemos dizer, sobre este "trip" do texano, é que ele
é corajoso, e, na hora certa, sabe jogar, para ganhar mais votos nas
eleições do próximo ano. Não admira que, as próximas sondagens,
apresentem uma subida a favor do actual presidente dos EUA. Esta
incursão de Bush em terras da Mesopotâmia, para jantar com os seus
militares no "Dia de Acção de Graças", não tem equivalente em termos
simbólicos no poderio americano. Bush mostrou à América que ele não
tem medo, que está com os seus militares e não pretende abandonar
o Iraque, enquanto não estiverem criadas as condições de segurança.
Utilizando todos os meios de que dispõe, desde facilidades logísticas
para deslocação em linha directa e sem escalas, até ao silenciamento
dos meios de comunicação social e possivel "empastelamento" das
comunicações por satélite, radar e telefonia móvel usadas pelos
"inimigos", George Bush chegou a Bagdade incógnito e em segurança.


Mas este feito heróico cometido por Bush, que foi uma surpresa e uma
festa para os seus soldados, pode vir a causar muita raiva e ódio nos
inimigos que a América sempre teve naquela região. Não esqueçamos
que os árabes e mussulmanos não toleram que os "infiéis" ocidentais
pisem os lugares santos do Islão. Estes não estão no Iraque, mas não
há dúvida que, George Bush, ao ir a Bagdade, desafiou todos os seus
inimigos da Al-Qaeda, todos os "mudjahins". E fê-lo, quando os árabes
ainda festejavam o fim do Ramadão. E fê-lo de forma que, se foi alegre
e feliz para os seus soldados, pode ter sido humilhante para todos os
mussulmanos: foi tudo à fartazana, á "la gardére", com perú assado
até dizer "chega!", bebidas e tudo o que de melhor se come nestas
datas festivas. Coisa que, a maioria dos mussulmanos, e em especial
o povo iraquiano, não pode usufruir, por falta de dinheiro, de emprego,
de segurança -- porque não têm a vida organizada, devido à guerra.

:-(

Como diria J Pacheco Pereira, o Abrupto, lá por Estrasburgo: o tempo
está cinzento, deprimido, frio, metálico. Vem piorar a nossa auto-estima,
já tão afectada pela depressão económica. Esperemos que as condições
climatéricas mudem, mas para bem, com sol e sem frio. Para aqueles que
se preparam para fazer uma viagem pelo país, aqui ficam as previsões
para amanhã, com melhorias para domingo -- tudo em forma de mapa!

Nas previsões, não consta chuva, vamos ver se acertaram.







2003/11/27

 
Realiza-se, este fim de semana, em Guimarães, o Congresso da Ordem
dos Arquitectos portugueses, que é liderada por Helena Roseta. Porque
sempre tive muita admiração pelo trabalho desenvolvido por esta classe
de profissionais, presto aqui a minha homenagem a quantos se dedicam
a planear, projectar e construir as nossas cidades, os nossos jardins, as
nossas casas. Infelizmente, neste país, só agora começa a aparecer na
construção civil, a "mão do arquitecto". Dantes, as casas, os prédios, as
moradias, tinham um projecto tirado a "papel químico", por meia dúzia de
engenheiros, e depois, quem construia -- na maioria dos casos-- eram os
empreiteiros, os sub-empreiteiros, os "patos-bravos". Erguiam a "obra",
sem estarem habilitados, com paredes de "tijolo a uma só vez", sem as
noções de acústica e térmica, com materiais pobres, com azulejos de mau
gosto, madeiras sem tratamento adequado e abusando do alumínio onde
nem sempre era aconselhável. Tudo isto com a cumplicidade dos fiscais
camarários, que sempre tinham a mão estendida para receber "luvas".
Finalmente, os arquitectos começam a impor-se junto das empresas de
construção, e os compradores de casas começam a exigir mais qualidade,
que só os arquitectos podem impôr em conjunto com aderecistas e afins.

(Esboço de pormenor para renovação de cidade)

Nesta singela homenagem, apenas quero lembrar meia dúzia de nomes
de mestres de Arquitectura que sempre foram o meu ideal: Walter Gropius,
Le Courbusier, Frank Loyd Wright, Mies van der Rohe, Alvar Aalto, Lúcio
Costa e Óscar Niemeyer. Arquitectos portugueses que sempre admirei:
Daciano Branco, Raúl Lino, Pardal Monteiro e os contemporâneos Ricardo
Salgado, Siza Vieira e Souto Moura. Em nome deste punhado de insígnes
artistas que renovaram as formas e o meio ambiente das nossas casas
e edifícios públicos, aqui deixo o meu apreço pelo seu trabalho artístico.

(Thomas Mayer, Der neue Zollhoff, Dusseldorf-Germany)


(Pormenor de um novo Teatro, Londres)


(A beleza e o enquadramento das formas em harmonia com o infinito)

2003/11/26

 
"Brigada Fiscal trava fraude de 70 milhões de euros", é a manchete de hoje
no jornal "Publico". Quantos casos, iguais a este, não haverá neste país de
défices orçamentais e com falta de verbas para a educação e saúde? Onde
está o combate à fraude fiscal, para acabar de vez com os prevaricadores?

O presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, que gosta tanto
de túneis e de buracos, ficou agora a saber, pelo aluimento de terras em
Campolide, onde um autocarro "fura-greves" foi engolido, que a sua cidade
está inflacionada de "buracos". Esperamos ver o buraco de Campolide, com
o autocarro a pino, num dos próximos cartazes de PSL: "E esta, hem?!..."

"Entre a estupidez e a soberba" é o título do editorial escrito por José Manuel
Fernandes no "Público" de hoje, onde não perdoa aos "infieis" que tramaram
o seu amigo George Bush. Na oblíqua e estúpida posição de JMF, nada fica
claro sobre a questão do PEC. Apenas o seu rancor, por a Alemanha não ter
apoiado os States na guerra do Iraque. Ele, como todos os que acusam a
Alemanha de ser soberba e arrogante, esquecem que foi com o dinheiro
generoso da Alemanha, que se foi construindo a União Europeia. Foi, ou
não, JMF? Como você é imparcial e rancoroso, meu Deus!

(Nas universidades de Berlim, funciona este "rent-a-Santa Claus" para as
festas familiares, reuniões ou eventos comerciais. A visita do Pai Natal, custa
28€, mas se incluir a companhia de um anjo, passa a custar o dobro, 56€)


Ferro Rodrigues, continua a cumprir a sua Via Sacra, adiando o futuro do PS,
fazendo algum barulho, mas sem agenda política nem fôlego para fazer
sombra ao Governo de Durão Barroso. É uma lástima esta Oposição, não
só pela sua incapacidade como ainda pelo discurso "borrado" pela pedófilia
e pelos palavrões de mau gosto utilizados por Ferro Rodrigues. Tudo isto
veio ofuscar os caminhos por onde passa e fala Ferro Rodrigues. Assistimos
à mais amarga travessia do deserto feita pelo PS, conduzido para lá por
Ferro Rodrigues, sem que haja alguem capaz de corrigir o rumo tomado.


(De visita a Guantanamo, o deputado inglês Johan Steyn, disse que o facto
de os "suspeitos de terrorismo" trazidos do Afeganistão pelos Estados Unidos
para aquela Base Aérea, e onde se encontram sem julgamento nem assistência
jurídica há dois anos, constitui uma "monstruosa fallha da justiça" americana).






2003/11/25

 
Como fui para a estrada logo pela manhã, nem se quer tomei o cheiro a
papel de jornal. Apenas sei do meu país, através dos canais RDS, e não
vou aqui fazer nenhum comentário, porque quero sentir-me "descolado".

O dia esteve muito agradável, embora se notasse bem o frio que nos
chega, vindo das terras altas do norte. Uma viagem sem destino à volta
da capital, em dias úteis, não é exercício fácil, porque os carros são muitos.

---Ponte 25 de Abril.

Na margem sul, donde podemos observar Lisboa numa panorâmica de 180
graus --desde Sacavem até Oeiras-- vivem centenas de milhar de pessoas,
das quais vêm trabalhar para a capital, diáriamente, algumas dezenas de
milhar. Vêm de carro, pela Ponte 25 de Abril, de comboio e de barco. Nos
concelhos de Almada, Seixal, Barreiro e Alcochete mora grande parte da
população da Grande Lisboa. Falta a terceira ponte, para servir esta gente.

---Falua, nas águas do Seixal. Trata-se de um barco recuperado.

A vila do Seixal, está muito bem cuidada, tem equipamentos sociais diversos
e uma vista panorâmica sobre a Baixa de Lisboa, que é deslumbrante, em
tempo propício, como era o dia de hoje, sem neblina e com muito sol.

---Moinho de maré, recuperado pela Câmara do Seixal.

A cidade do Barreiro, que sempre foi de operários, nos tempos da CUF e
depois da Quimigal, está em transformação e vai beneficiar muito com a ponte
que está projectada. Este concelho, mais do que os seus vizinhos, está numa
situação desesperada, por causa dos problemas ambientais que herdou do
passado e que vai levar alguns anos a resolver: são as instalações da antiga
Siderurgia Nacional e o antigo Parque da Quimigal, que ocupam centenas de
hectares de terrenos poluidos em maior grau em relação aos da Refinaria de
Cabo Ruivo, onde foi implantada a Expo-98.

---Estuário do Tejo, de águas poluidas, mas de melhor qualidade que em 1960.

Alcochete ainda tem a beleza do passado, mas está a ser muito pressionado
pelos empreiteiros da construção civil. A Ponte Vasco da Gama, levou muita
gente a comprar casa em Alcochete. Este concelho tem menos problemas de
natureza ambiental, mas tem outras questões que ainda não foram resolvidas,
como seja o Campo Militar de Tiro, onde eram ensaiados os morteiros fabricados
na Fundição de Oeiras, entre 1978/84, que eram vendidos ao Iraque, quando
este país estava em guerra com o Irão. Tambem eram vendidos a Israel.

---Salineiros de Alcochete, uma actividade defendida pelos ecologistas.

Os terrenos da Siderurgia e da Quimigal, no Barreiro, o Campo de Tiro e as
Salinas de Alcochete, condicionam muito o futuro de toda a zona ribeirinha na
margem sul do rio Tejo. As primeiras pela tarefa gigante de descontaminação
de terrenos e a última, por ser a memória de um passado não muito distante,
quando os campos de Alcochete se enchiam de bacalhau, espalhado em estacas
a fim de se cumprir o ritual da seca e da salga do tão apreciado peixe.




2003/11/24

 
Ontem, escrevi neste blogue, sobre os nossos intelectuais.
Hoje, no "Público", Eduardo Prado Coelho, regressado do Rio de Janeiro,
vem perguntar: "Ainda precisamos de intelectuais?". Eu, penso que sim.

Entre a carta aberta --refiro-me ao "Público-- de Helena Carvalho Buescu,
dirigida ao ministro da Educação sobre os "Manuais big Brother", a "Crise
nacional" de Mário Pinto, e "A reforma da justiça" de Luis Salgado Matos,
opto por "Propinas, uma vergonha!" de Jorge Queiroz, e "Não pagamos!!!"
de M Fátima Bonifácio -- ambos a desancar nos estudantes do cadeado.
Contudo, não posso deixar de aplaudir a coragem e o desassombro do
jovem Bruno Carapinha que, ao lado de Fátima Bonifácio e Jorge Queiroz,
escreve uma "Carta à Direita do meu país", onde deixa transparecer que,
o valor das propinas para o ensino público, vem favorecer, ainda mais,
a proliferação das Universidades privadas.

Perante tamanha discussão, abstenho-me de fazer mais comentários sobre
o assunto. Mas quedo-me confuso, assustado mesmo, ao chegar à página
13 do "Público", onde aparece a diabólica imagem de Alberto João Jardim
(ele que me perdôe, o terror que me causa), autoritário, de bocarra aberta,
mão estendida, dedo em riste, apontando para nós, como se fosse algum
"gauleiter", senhor de um vasto e poderoso Império, onde as pessoas não
podem contestar a sua palavra, nem ousar dizer que alguma coisa vai mal.
(Be quiet!, como dizem os texanos; Caluda!, como dizem os madeirenses)


Ora aqui está um povo saudável, sem necessidade de ir para as listas de
espera dos hospitais! Um grupo de 14.603 entusiastas do Tai Chi, conseguiu
um record mundial de presenças numa demonstração daquela arte marcial
realizada em Taipé, Taiwan, China. Uma ideia que o nosso Governo devia
aproveitar para fomentar o exercício físico e tornar o povo mais saudável.


O povo da Geórgia, ao sul da Techtchénia, festeja a saída de Chevardnadze
que, aconselhado por Moscovo, deixou Tbilissi para não ter o mesmo fim de
Niculeau Ceauzescu na Roménia ou de Milosevic na Sérvia.



2003/11/23

 
A CULTURA DO PÉSSIMISMO

Que o cidadão vulgar -- aquele que tem, como modo de vida, a rotina diária
de ir para o emprego e do emprego para casa -- tenha por hábito a lamúria
e o desalento, em vez do optimismo e da confiança no futuro, ainda que vá,
agora a nossa inteligentzia, os nossos intelectuais virem diáriamente zurzir
nos portugueses, culpando-os de todas as suas frustações, sem assumirem
as suas responsabilidades, isso é que não podemos aceitar. Porque, destes
senhores, é suposto ouvirmos um discurso escorreito de segundas intenções,
um discurso isento, rigoroso e claro sobre as questões que nos afligem.

No "Público" de hoje, António Barreto, que se apelida de "Velho do Restelo",
vem fazer-nos um "Retrato da Semana" onde vem insinuar que o nosso país
está "À beira do abismo". Para um intelectual, com a craveira de António
Barreto, chegar a esta conclusão é porque alguma coisa não está bem. Falta
saber quem está a precisar de tratamento, se é o objecto analisado ou se é
o autor da análise. É que, na verdade, o país é o que é -- é apenas o reflexo
daquilo que são os seus habitantes. Portanto, eu posso inferir que o mal está
no Dr. António Barreto. A este intelectual parece faltar-lhe o ambiente da Casa
de Mateus, em Vila Real, onde já viveu momentos apoteóticos. Essa vivência,
dava-lhe uma visão mais positiva da vida e uma compreensão mais realista
sobre o actual ciclo económico que afecta os portugueses.

António Barreto, na sua crónica, diz mal de tudo e de todos nós, só ele parece
não ter culpas nem responsabilidades, por este clima de lamúria em que o país
vive. Diz que os portugueses não planificam, querem tudo feito de um momento
para o outro; "detestamos fazer algo a que os cineastas do mundo inteiro estão
obrigados", ou seja: não temos arquitectos (prefiro estes aos cineastas) nem
engenheiros; não fizemos a Expo-98 nem a Ponte Vasco da Gama; não tivemos
o Engº Cardoso, o das pontes; não fizemos o Centro Cultural de Belém nem a
Marina de Cascais. Quem fez tudo isso, "foram os europeus"(?).... segundo diz
António Barreto. Até os estádios lindos e magestosos, foram obra dos europeus,
remata por fim António Barreto. Ora, perante estes disparates, vertidos em
espaço nobre de um jornal de referência, que podemos dizer deste intelectual?

Outro intelectual que vem puxar a brasa à sua sardinha, é Augusto M Seabra,
que em tempos de crise económica e de contenção orçamental, nos vem falar
sobre a programação do TNSC-Teatro Nacional de S. Carlos, que teve "apenas
seis produções e seis concertos", pelo que, a temporada, foi "quantitativamente
pouco menos que raquítica". Seabra chega a inumerar as obras que ainda não
foram cartaz do TNSC: o "Orfeo" de Verdi, não voltou desde 1968; "Alceste" de
Gluck, foi apresentada em 1956; "Maometto II" de Rossini, nunca foi à cena no
TNSC; "Capriccio" de Strauss, nunca foi apresentado. Feita a "radiografia das
ausências", Seabra conclui que isto "revela fundamentalmente o alheamento
do teatro de reportório barroco e pós-barroco". Mas este intelectual, apesar de
abrir o seu concerto sinfónico com "A temporada e as sombras", acaba menos
péssimista que António Barreto. Parece compreender o momento que passa.


Neste país de "Drs." -- porque os advogados continuam a dominar tudo -- faz
falta, na administração pública e autárquica, e nas empresas particulares, de
engenheiros, economistas, biólogos -- gente formada pelo ISE, pelo INESC,
pelas Universidades do Minho e da Beira Interior. Precisamos licenciados para
Inovação & Desenvolvimento. Este país sempre viveu de "Drs.", os advogados
cujo "métier" se desenvolve num ambiente social envolto em querelas, onde
tudo gira à volta de argumentos capciosos, sibilinos ou falaciosos. Temos
o processo Casa Pia, que ilustra a engrenagem mental com que essa classe
funciona. O país não se desenvolve, nem avança ou progride com mentalidades
ligadas à advocacia. Precisamos de mentalidades inovadoras, que "trabalhem"
com a técnica, a inovação, o desenvolvimento, a pesquisa -- aliadas a ciências
sociais e humanas, que façam a ponte com aquelas. O nosso futuro joga-se
na educação, no desenvolvimento intelectual dos portugueses, novos e velhos.
A educação, o ensino, é permanente. Até agora, não conseguimos virar o leme.


2003/11/22

 
OS CAMINHOS DA INTERNET

Através do blogue de Sauer Thompson (Austrália), fui endereçado para
para uma organização denominada "Las Muertas de Juárez Demandan
Justicia"
. Trata-se um um grupo de "graphic designers" residentes na
capital do México que, perante a incapacidade e a inacção das autoridades
policiais, resolveu criar na web um sítio destinado a divulgar o assassínio
de mulheres na cidade de Juárez. Nos últimos dez anos, foram ali raptadas,
violadas, assassinadas, estropiadas ou ultrajadas mais de 60 mulheres,
sem que a polícia conseguisse identificar, prender e processar qualquer
responsável por estes actos criminosos. A primeira medida tomada, foi o
convite dirigido a 60 desenhadores gráficos de todo o México, para que
criassem um quadro alusivo ao tema "Las Muertas de Juárez Demandan
Justicia".
A segunda fase, foi promover exposições desses quadros nas
galerias de Metro, na cidade do México e em outras de grande densidade
populacional. Agora, as autoridades, estão dispostas a investigar os crimes.

Ao tomar conhecimento do caso, a organização de Ashley Benigno, na
Austrália, convidou oito arquitectos --entre eles Sauer Thompson-- a fim de
pensarem sobre um sítio na Web, segundo a ideia "brand", que terá por
finalidade, o acolhimento, a análise e a discussão de temas semelhantes
ao de "Las Muertas de Juárez Demandan Justicia". No dizer de um dos
convidados de Ashley, será uma "kind of decentralized flash mobbing for
de mind", onde todos poderão participar no debate e ajudar a esclarecer
as questões de forma a que os factos não sejam varridos da memória
colectiva. A ideia está lançada, as pessoas envolvidas têm competência
para inovar, e algo de novo vai aparecer na Blogosfera, já em Dezembro.

Afinal, quais foram as conclusões da cimeira Blair-Bush? Os dois grandes
mentores da guerra do Iraque, reunidos em Londes durante tres dias,
trataram de quê? George Bush deu alguma garantia, a Tony Blair, de que
que os seis cidadãos ingleses, presos em Guantanamo, são expatriados
e julgados em Inglaterra? Tony Blair, pediu ou não a George Bush para
este abandone as tarifas adicionais aplicadas à importação de aço da
da União Europeia? E quanto às tarifas dos texteis? E a reconstrução do
Iraque, é só para empresas americanas, ou os parceiros têm algum
lugar na distribuição das obras? Os construtores portugueses, esperam.


Como podemos classificar um governo ou um país que, em determinado
momento, esquece as regras da Organização Mundial do Comércio--pelas
quais lutou e sempre faz campanha --e vem depois, de forma unilateral,
aplicar taxas aduaneiras sobre o aço e os texteis, a fim de proteger as
grandes empresas do seu país? Que é arrogância, hipocrisia, falta de
respeito pelos tratados internacionais? Que diriamos de um amigo, que
não tivesse vergonha, faltasse à palavra dada e nos vexasse, voltando
atrás no negócio feito ou exigindo mais vantagens para concluir o negócio?








2003/11/21

 
Vai uma grande confusão na cabeça dos nossos comentadores da cena
política internacional. À falta de vez, para escreverem os seus editoriais,
-- há uma escala diária para cada um poder opinar -- alguns directores
de jornais, decidem contornar o editorial e passam a escrever numa
coluna de "Opinião". Aconteceu assim, na edição do "Público" de hoje, onde
o director, José Manuel Fernandes (JMF), vem perguntar, "Quem nos ameaça:
a América ou os terroristas?". Até parece que, para JMF, este momento não
podia ser adiado por mais um dia para expôr, mais uma vez, as suas ideias
sobre o "terrorismo" que persegue George Bush. Com tal desenvoltura o faz,
que JMF parece ter ficado aliviado por haver mais explosões... porque isso
lhe deu oportunidade de vir, mais uma vez, defender Bush dos "inimigos"
que contra ele e Tony Blair protestam nas ruas de Londres. E mais uma vez,
JMF, tenta confundir-nos a todos com a sua argumentação enviesada.

Para mostrar que outros pensam como ele, cita o blog de Pacheco Pereira,
onde este faz uma pergunta-desafio, que tambem não tem sentido nenhum,
pois uma coisa é votar contra a guerra, contra a ocupação de um país, outra
é votar a favor da Al-Qaeda -- isto é querer confundir-nos a todos, nada mais.
O que estamos a ver, é que a Al-Qaeda -- ou quem quer que seja -- ataca os
interesses americanos, e, no último atentado, dos ingleses. Se é verdade que
a política externa dos americanos, é feita em função dos seus interesses,
e não admitem que ninguem conteste esse facto, tambem é verdade que,
só a eles compete cuidarem de si -- e fazem-no de forma imperial, indo para
a guerra, com arrogância e sem dar ouvidos a mais ninguem. George Bush e
a sua equipa, preferem o unilateralismo das armas em vez da diplomacia.

De resto, o "Ground Zero" em que Bush e Blair se meteram, foi criado por
por eles, contra vontade da maioria dos aliados europeus, da Rússia, China,
Índia, Brasil, México e tantos outros países menos populosos. Agora, quando
Bush e Blair estão metidos no "atoleiro" da Mesopotâmia, apelam ao resto
do mundo -- como pretende fazer JMF -- para continuar a apoiar a ocupação
do Iraque porque --dizem eles-- ali se joga a luta mundial contra o terrorismo.
Nada mais falacioso, nada mais vergonhoso. O Diabo continua à solta nas
terras da Palestina, onde arrasa cidades, invade o lar de famílias inteiras,
constroi o "Muro da Vergonha", com 340 kms de extensão (terras adentro das
fronteiras palestinianas), mata inocentes civis com o Exército mais bem equi-
pado do mundo, inocentes que apenas têm pedras para atirar... mas que,
em plena noite, são atacados com mísseis disparados de helicópeteros, e
morrem debaixo dos escombros, sem saberem por que morreram...

Considero uma desonestidade intelectual, a forma como alguns dos nossos
"opinion-makers" pretendem fazer passar a mensagem sobre as questões
políticas que abalam a estabilidade e a paz mundiais. Em vez de analisarem,
esclarecerem e opinarem, "enredam-se" num torvelinho de ideias confusas
e falaciosas, que em nada contribuem para construir consensos e trabalhar
em plataformas de entendimento que levem à paz e à segurança dos povos.




2003/11/20

 
O FUTEBOL NÃO EDUCA...

Os nossos rapazes da selecção sub-21, ao ganharem à França por
penalties, em Clermont-Ferrand, tornaram-se autênticos selvagens,
deixando o balneário todo escaqueirado. Mas José Romão, à chegada
ao aeroporto, disse que não, "Tudo ficou intacto: a sanita, os armários".
Eu sempre achei que o futebol não educa, antes pelo contrário, apenas
contribui para os rapazes se tornarem autênticas feras, mesmo quando
ganham. O que aconteceu em França, é inadmissível, e, os culpados
não são apenas os jogadores, são principalmente os responsáveis
pela equipa, que não fomentam na selecção o espirito de "fair play". E a
Federação tem culpas, por não ter uma política cívica e ordeira para
os jogadores se enquadrarem nela. O futebol é o tubo de escape dos
adeptos e dos jogadores, porque todos jogam para "vencer". Ora,
a vitória não pode ser transformada em "selvejaria", como disse a
responsável francesa do estádio de Clermont-Ferrand.

(A violência é própria dos animais selvagens, por instinto de sobrevivência)

Era bom que o futebol deixasse de ser um "happening" para verter a
raiva e a vingança de todos os que participam e assistem aos encontros
desta modalidade. Se o exemplo da selecção sub-21 começar a fazer
parte da praxe futebolística, qualquer dia as claques portuguesas vão
além do que faziam os "hooligans" ingleses. É preciso não esquecer
que os sub-21, já se portaram de forma desordeira nos encontros de
Gaia e Guimarães. O que fizeram em França, deve merecer uma rija
e veemente reprimenda a todos os jogadores, por parte da Federação.

(Os animais selvagens, apenas são violentos em situações de perigo)

O que se passou em Clermont-Ferrand, deixou uma imagem de marca
dos jovens portugueses, e o Governo deve pensar nas sementes de
violência que podem ocorrer durante o Euro 2004. Que não esteja a
pensar apenas nos "hooligans" ingleses, pois o "rastilho" da violência
pode estar cá dentro. Tudo indica que, com os patrocínios "Sagres", os
adeptos, de um e de outro lado, percam a noção de que, o Euro 2004
deve ser uma festa e não um acontecimento para semear a violência.

(Quando a raiva ataca, a selvejaria manifesta-se, nos mais ferozes)

Para disparate e violência gratuita, já chega a vergonhosa acção dos
dirigentes estudantis da Universidade de Coimbra, ao continuarem com
as portas da Academia fechadas a cadeado. E sem que o poder legítimo
faça cumprir a lei e a liberdade democrática, a fim de se avaliar até que
ponto os estudantes aceitam ou não a abertura das aulas.


2003/11/19

 
CASA ONDE NÃO HÁ PÃO...

Os portugueses vivem tempos difíceis. Nada acontece para alegrar
a alma de cada um. Nem os Estádios piramidais, dispendiosos e sem
utilidade imediata, parecem animar a malta do futebol. Mas o cidadão
comum, tambem vive triste e preocupado com o futuro, e nem mesmo
o discurso optimista de Durão Barroso, que vem alertando para a luz
ao fundo do tunel consegue animar aqueles que o elegeram. "A coisa
está feia", como diz o irmão brasileiro. Aliás, o treinador da selecção
nacional, o irmão Scolari, diz que os resultados da selecção estão a ser
prejudicados, pelos problemas que afectam a vida social e económica
dos portugueses; estes -- diz -- não apoiam a selecção, antes a levam
ao descontrolo, com os assobios, os impropérios e a falta de apoio.
"É o reflexo da crise económica, que se reflete na agressividade e na
falta de "fair play" por parte das claques", resume o treinador.

Scolari tem razão, ao fazer esta análise. O pessimismo e a descrença
não levam às vitórias. E isso aplica-se, tambem, às demais actividades
em que é requerida a participação entusiasta e confiante dos cidadãos.
Hoje reparei que, Manuel de Carvalho, director-adjunto do "Público", no
seu editorial, "Consolidar o quê?", está a passar por uma fase doentia,
motivada -- penso eu -- pela "recessão" em que o país se encontra.
Escreve sobre "previsão" do Governo; "consolidação" orçamental;
"recessão" pior que a de 1993; "contenção" da despesa pública; falta
de "dinamização" do sector empresarial. "O produto não cresce, o défice
não pára e no vaivém temos de encarar a realidade e viver o pior
momento económico desde que o FMI aterrou na Portela, já lá vão
20 anos", -- remata Manuel de Carvalho, depois de afirmar que os
resultados do Governo, "fazem-nos ter saudades do tempo da tanga".

Como se não bastasse o pessimismo de Manuel de Carvalho, o "Público"
apresenta-nos a opinião de Álvaro Domingues -- que me parece ser
"tripeiro" -- e vem opinar sobre "O Orçamento da senhora ministra".
Mas não o consegue fazer, porque parece ter entrado em "loop", ficando
com ideias menos claras do que o seu director-adjunto. Escreve frases
curtas, próprias para manifs: "A fisga ao fusgo"; "vias dolorosas" [deve
ler-se vias verdes]; "A competitividade. A Produtividade. A fiscalidade.
A qualidade. A contabilidade. A irritabilidade". Álvaro Domingues, assim,
parece gago; não consegue passar a mensagem. Termina, dizendo
que "Queremos mentiras novas!" por que, lembrou-se disso quando,
ao passar pela Rua do Campo Alegre, viu aquela frase "escrita num
muro amarelo". Afinal, parece que a amnésia lhe passou. Ainda bem.

(Olhar mais além, para as outras coisas, que tambem são importantes,
mas não pensamos nelas, ajuda-nos a "recentrar" a nossa energia,
a respirar fundo, a observar as marés, a compreender os ciclos da
economia. Essa nova compreensão, liberta-nos; deixemo-nos voar).


A grande questão que atormenta os portugueses, tem a ver com a
falta de confiança; e esta, prende-se com a continuada crise económica,
que teima em persistir. O crescimento dos últimos quatro anos, embora
reduzido, deveu-se ao consumo interno, proporcionado pelas baixas
taxas de juro. Os portugueses individaram-se, a crise económica tem
um ciclo de 10/11 entre a recessão e o pico mais alto do crescimento.
Poucos pessoas puderam ou não quizeram fazer poupança. Agora, com
o acentuar da crise, todos falam, todos têm ideias, todos acusam o
Governo, a ministra Ferreira Leite. Deixemo-nos de lamúrias, dentro
do zona Euro, como é o caso de Portugal, não podemos enveredar por
mais endividamentos do Estado, mais défices, mais isto, mais aquilo.
Se alguma coisa há a fazer, é: investimento estrangeiro. Onde está?

Que a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, siga com o plano
de consolidação orçamental, e lembre aos portugueses que não é
bom para as famílias, gastarem mais do que aquilo que têm. Melhores
tempos virão. Agora, é o velho ditado: "casa onde não há pão..."



2003/11/18

 
O CLICHÉ ANTI-SEMITA

O controlo da opinião pública mundial no que respeita ao povo judeu
continua a ser uma constante nos meios de comunicação social. Não
se pode dizer a menor crítica contra a política levada a cabo por Ariel
Sharon e o seu Governo no que respeita à destruição da Palestina;
quem o fizer, é acusado de anti-semita, ainda que as críticas sejam feitas
por simpatizantes do povo judeu, bem como do seu país, Israel. Isto
não faz sentido, pois uma democracia deve aceitar a crítica de todos
os que não concordam com a política seguida pelo acutal governo.

Em França, neste momento, assiste-se a um extremar das partes. Ali
vivem uns 700 mil judeus, mas a comunidade árabe, tem 5 milhões,
em grande parte de segunda geração. E creio que a França e os seus
governos, sempre aceitaram bem a integração dos árabes, sobretudo
os magrebinos, assim como aceitam os imigrantes de outros países.
Mas agora, com a polémica do anti-semitismo, até Jacques Chirac teve
que intervir, para clarificar a questão. O que se passa, hoje em dia, é
que as pessoas criticam Israel pelo uso da força desmesurada do seu
exército na luta contra os palestinianos, que lutam contra a ocupação
dos seus territórios -- isso não é anti-semitismo. Pode ser "judeofobia".

(O Muro do "apartheid" que Israel constroi, cria ódios, vingança, fúria)

OS MANUAIS BIG BROTHER

Maria Filomena Mónica (MFM), no "Público" de hoje, desanca forte e feio
nos manuais escolares do ensino secundário, como havia prometido. Diz
que em 18 de Outubro, o ministro da Educação, David Justino, afirmou
ter de manter o BB nos manuais "para não dar uma indemnização de
milhões de contos aos editores", mas que, "mesmo assim, -- diz MFM --
o ministro deveria, pura e simplesmente, deitá-los para o cesto de papeis."
MFM acha que os manuais não passam de uma discriminação social, pois
"o filho de um cigano, para citar o caso muito discutido em pedagogia,
jamais terá possibilidade de ler "O Crime do Padre Amaro" a não ser que
o professor lhe forneça essa oportunidade."

"Enquanto os filhos dos pobres são metidos em salas de aula onde se
discute o que levou Tomé a expulsar a Maria de casa, os meninos previle-
giados entretêm-se a ler poetas simbolistas. A inclusão do BB nos manuais
é a via escondida para a exclusão social. Em suma, os novos programas
servem para proteger os meninos que frequentam as escolas privadas
dos "bárbaros" que subitamente invadiram os liceus do Estado". Sobre o
programa BB, diz MFM: "Estas séries são fabricadas na base do princípio
de que não se deve presumir que o povo pode ser inteligente, culto ou
sofisticado. A linguagem utilizada é um rosário de lugares-comuns, o enredo
de um sentimentalismo rasteiro, a receita baseia-se na exibição de sexo,
sexo e mais sexo."
É a vida, como diria Guterres. É a força do mercado, ao
qual se rendem hoje todos os governos e filósofos mal-pensantes. Nesta
procura selvagem pela obtenção do "lucro", vale tudo, até cuspir na cara.

(Espero que esta foto não seja censurada pelos amigos dos manuais do
Big Brother, nem pela hipocrisia farisáica de quantos se deliciam com os
jogos sexuais do BB, promovidos pela TVI, que já foi "de inspiração cristã").




2003/11/17

 
A OPINIÃO DOS OUTROS

O nosso ensino não ajuda o país a ter uma sociedade desenvolvida.
Apenas leva à formação de "mediucres". Esta é a realidade, e mais
uma vez me chegam testemunhos que expressam esta minha ideia.
No "Público" de hoje, Maria do Carmo Vieira, prof do ensino secundário
e autora de um estudo sobre manuais escolares, vem protestar pelo
facto de os manuais de ensino substituirem os clássicos mestres da
Literatura Portuguesa pelo regulamento do Big Brother. Afirma então
que, a "defesa miserabilista de que devemos atender aos discursos que
os alunos trazem de casa (e o Big Brother é um entre muitos exemplos),
é uma forma perversa de impedir o desenvolvimento cultural, em parti-
cular dos alunos que vêm das camadas socialmente desfavorecidas e
para os quais a escola constitui (ou devia constituir) o meio previlegiado
de o obter enquanto lugar de ensino e formação." (...) "A literatura, que
como arte intervem na nossa formação e que, implicando a palavra,
permite uma reflexão sobre a língua e a sua infinita potencialidade de
construções, é lamentavelmente subestimada neste novo programa do
secundário. Quem o elaborou e apoiou expôs de forma bem visivel o seu
desamor pela leitura".


Tambem Maria Filomena Mónica ), aborda este tema, pela segunda
vez e voltará na próxima semana. Diz MFM: "Tão ocupados andam os minis-
tros com a gestão dos sarilhos correntes -- a abertura do ano escolar, a co-
locação dos docentes, as pressões dos sindicatos -- que não têm tempo para
se ocupar sobre o conteudo do que é ensinado."
Conta-nos ainda MFM, que
em determinada ocasião, "notou o gozo com que tanto ela [a Rita, sua neta],
como a irmã mais nova haviam devorado "A Idade do Gelo", um DVD no qual os
mastodontes pré-históricos tentam salvar um bebé. De tal forma estão as
crianças fartas do Estudo do Meio [disciplina onde se inclui o Big Brother]
que só querem ouvir falar da Pré-História."
MFM promete que, na próxima
semana, vai escrever sobre "O Big Brother na Sala de Aula". Continue MFM.

Até Eduardo Cintra Torres (ECT), na sua crítica sobre Televisão, vem
desmentir o "24 Horas" dizendo que o Big Brother (BB) ainda não morreu,
"está bem vivo, e [vai durar] por mais dois anos, no novo "best-seller" dos
manuais de Português do 10º ano, editado pela Porto Editora."
O crítico de
TV afirma: "Nem os jovens nem os seus educadores esperam da escola que
desça tão baixo. Pelo contrário, o contrato ético e pedagógico da sociedade
com a escola é que ela ensine aos jovens matéria útil mas culta. A escola
não é entretenimento e é errado que alguma pedagogia pretenda fazer das
aulas programas de TV sem TV."


No mesmo dia, Luis Salgado de Matos, com a crónica "Bombas em Portugal?"
analiza não os "manuais BB" mas a "violência da praxe", o que, de certa
maneira, nos leva às questões levantadas na TV, por Eduardo Cintra Torres.
"Por ocasião da queima das fitas, propaganda cervejeira inunda o país de
apelos humorísticos à embriaguez dos futuros "drs." -- apelos que por certo
não caem em esófago roto. A embriaguez, claro, é violência -- ou facilita-a.
A ideia dos cadeados na Universidade de Coimbra tem um toque arcaico ou
sado-masoquista -- mas nem por isso deixa de ser violenta." (...) "Violência
da praxe, apelos à bebedeira, banalização da violência pedófila, assaltos
bancários como meio de vida -- consideramo-las como manifestações da praxe
ou exemplos de perversão sexual sem nenhum ponto comum. De facto, são
agressões novas típicas da nova fase de desintegração social: mais indivi-
dualismo, menos apoio das famílias, dos vizinhos, das igrejas, ambições
mais altas e satisfações mais baixas, o "Estado social" a dar cada vez menos
prestações. Até onde irá a nova violência?"
LSM conclui, receando que esta
nova violência alcoólica, aumente a "probabilidade de terrorismo interno."


(Todos os seres vivos precisam de ensino, treino e preparação para poderem
sobreviver neste mundo, onde as condições de vida nem sempre são fáceis).

2003/11/16

 
A INTERNET EM TRÁS-OS-MONTES

A região de Trás-os-Montes era, até há poucos anos atrás, a região
mais isolada do país. Com o advento da democracia, depois do 25 de
Abril, com a implantação do poder local e com as novas vias de acesso
e comunicação, Trás-os-Montes deixou de ser a periferia e transformou-se
numa região atractiva para todos quantos, até então, desconheciam as
suas vilas e cidades, as suas gentes, a sua cultura e tradições. Acabou
o velho ditado: "Para cá do Marão, mandam os que cá estão".

A provar esta minha afirmação, está o fenómeno verificado na utilização
da Internet. O sítio "www.trasosmontes.com" é o portal que nos dá acesso
a um imenso e sugestivo leque de informações, com links de ligação a
uma vasta rede de "sites" e páginas web, alguns deles tecnicamente
perfeitos, muito bem desenhados, com texto e multimédia. Por exemplo
"trasosmontes.com, para além das noticias locais, tem uma directoria
sobre: arte e cultura, câmaras municipais (todas elas: Vinhais, Montalegre,
Vimioso, Valpaços, Sabrosa, Peso da Régua, Boticas, Mirando do Douro,
Murça, Chaves, Bragança, Vila Real), ciência e tecnologia, computadores
e Internet, economia e negócios, desporto e recriação, educação-escolas,
meios de comunicação, organismos oficiais, páginas pessoais, turismo,
saúde, aldeias vilas e cidades.

(Edifício da Camara Municipal de Valpaços - foto da pagina web)

Até uma simples aldeia, como Podence, tem um "site", com monografia
da aldeia, com gráficos onde vemos que tem 430 habitantes, havendo
60 com idades entre os 15-30 anos, e tem ainda 250 emigrantes.
Na impossibilidade de mostrar o seu Santuário, deixo aqui uma amostra
do que de melhor se pode encontrar nesta aldeia transmontana.

(Ah! que apetitosos!. Foto recolhida da página web)

O concelho de Vila Flor, tem o "site" www.benlhevai.fr.st, desenhado e
mantido por um emigrante em França, feito com avançado "software" e
que recebe "visitas" de emigrantes cheios de saudades da sua terra,
a partir do Brasil, Austrália e França. É comovente, verificar como este
meio de comunicação consegue ligar as pessoas, estando tão distantes.

Outra pequena aldeia, com mapa de localização e tudo, encontra-se em
www.santulhao.com. Este "site" deve-se à carolice de um emigrante no
Brasil, que ali trabalha, e lá tem os filhos, mas quer que eles lembrem
as suas origens. Lá tem a foto, uma menina, que um dia virá a Santulhão.

(Emidio Miranda Martins, mata saudades de Santulhão)

Outro exemplo, a Vila de Sabrosa, tem um "site", onde a directoria refere:
localização, história, locais a visitar, imagens, festas e romarias, artesanato,
gastronomia-vinhos, alojamento. Por aqui, podemos avaliar a utilidade
pública do serviço prestado por todos estes "sites", a maior parte com
links para ligação a outras aldeias e vilas. O "site" www.trasosmontes.com
é de uma importância capital, pois é a partir dele que ficamos a conhecer
os URLs de todos os outros. Basta clicar, e passamos de Vila Real para
Bragança, daqui para Boticas, depois para Valpaços, ou para Podence.

(Vale de Frades, Vimioso, festa de inauguração do Parque Merendas)

Tenho pena que, José Pacheco Pereira (o Abrupto), que é transmontano,
não conheça estes "sites" e não possa escrever sobre a importância da
Internet na luta contra o isolamento rural. Pacheco Pereira é deputado
no PE, comentador nas TVs, rádios e jornais. É natural que esqueça as
terras e as gentes transmontanas, porque tem uma vida cosmopolita.
Mas era importante que ele estivesse a par deste fenómeno de "sites"
para, como político, fazer a devida apreciação a nível estatístico, cultural
e sociológico. E lembrar, uma vez mais, o "depósito legal" destes docs.

Tambem o deputado Augusto Santos Silva, que ontem publicou uma carta
no jornal "Público" dirigida à ministra dos Negócios Estrangeiros, Teresa
Patrício Gouveia, por ter estado ausente do país e não saber, por isso,
da agenda política, tem aqui, o senhor deputado, uma prova de como
hoje em dia, a informação chega depressa e bem a todos os lugares, e
até consegue unir as pessoas para debater ideias e preservar memórias.

==É tudo, e não é nada. Apenas uma chamada de atenção à Blogosfera==


2003/11/15

 
As actuais fragilidades do PS são muitas e diversificadas, sendo que,
para além do "enferrujamento" provocado pela actuação de Ferro
Rodrigues, uma grande parte dos actuais dirigentes nacionais, actua
sem convicção e de forma descoordenada contribuindo, assim, para
enfraquecer ainda mais as posições do PS perante a opinião pública.
Exemplo disso, é a "Carta à ministra os Negócios Estrangeiros" que
o deputado Agusto Santos Silva (ASS) publica hoje no Público, com a
esta introdução: "Cara Teresa Gouveia: Ausente do país e sem a
informação necessária para me pronunciar sobre o momento político
imediato, opto por me dirigir a si sobre um assunto menos circunstancial,
mas muitíssimo importante e em relação ao qual deposito expectativas
na sua acção."


Ora bem, ou lá no PS andam todos a falar para o lado ou então ASS
não lê os jornais, não vê as televisões, não consulta a Internet, ou,
pior ainda, não tem um telemóvel, para ligar para o Largo do Rato.
Se assim é, este alto dirigente do PS, está fora do tempo, não consegue
lidar com as novas tecnologias, nem sabe onde colher informação em
cima da hora, coisa tão acessível a qualquer cidadão, ainda que
esteja noutro país. Como fará Rumsfeld, ou faria Madelene Allbright?
Como fará o Barão de Santa Comba Dão, quando está em terras de
Vera Cruz e quizer saber como vão as cotações da PT, ou ficar em dia
com os procedimentos emanados da ANACOM? Liga-se, e fica com
o mundo nas mãos. Na hora, no momento, qualquer pessoa, como
seja o caso de Durão Barroso, que está na Bolívia, é informado ou
informa-se do que se passa em Portugal ou no Iraque.

"A Teresa sabe que o país já pouco ou nada tem a ver com a imagem
que a RTP-I teima em projectar junto das comunidades." (...)"Agradecia-
-lhe tambem que procurasse persuadir o seu colega da Educação a
acabar com a política de abandono do ensino do português no
estrangeiro".(...) "Peço-lhe, portanto, cara Teresa Gouveia, senhora
ministra, que pelo menos tente, tente pensar e enunciar globalmente
a equação entre cultura e política externa".



Eu, no lugar de Teresa Gouveia, acharia esta carta, no mínimo, uma
lamúria de um politico sem coragem, que prefere fazer "queixinhas" em
lugar de expôr as suas ideias no Parlamento, enfrentar cara a cara os
demais parlamentares, e defender aí -- porque é no Parlamento que
se concretizam as reformas -- os ideais e as necessidades do país.
São intervenções como esta, sem fulgôr político nem substância prática,
e, ainda por cima, descoordenadas, que levam à ineficácia o discurso
político do PS. Agora, anda Ferro Rodrigues a visitar hospitais, como
o padre visita os paroquianos, julgando que esse é o melhor caminho
para fazer frente às políticas de Durão Barroso. Mas isso não passa de
demagogia, é apenas populismo, porque falta uma política de Oposição
coerente e definida como prioritária para o discurso do partido. Então,
e o desemprego, a inflação, o investimento estrangeiro, a educação,
a formação profissional, o Ambiente, as energias alternativas?... Pregar
nos hospitais, não é o melhor caminho. O país precisa, está carente de
um discurso mais virado para o futuro, um discurso inovador, onde se
sinta que não estamos condenados a viver na cauda da Europa.




2003/11/14

 
O IRAQUE E O FUTEBOL

A embuscada em que cairam os jornalistas portugueses que iam fazer
a cobertura das actividades dos 128 GNRs enviados para o Iraque, veio
mostrar como aquele país é um lugar perigoso e altamente inseguro.
É preciso ter presente que, a embuscada, se desenrolou em plena auto-
-estrada, entre Basora (a sul) e Bagdade (a norte), sem que ninguem
tenha por ali transitado, no momento em que os bandidos assaltaram os
nossos jornalistas. Isto prova que o Governo aceitou esta missão, sem
que estivesse devidamente informado da situação caótica que se vive
naquele país. Tambem deixa transparecer, que houve falta de cortesia
por parte dos serviços de informação no terreno, ao não avisarem os
nossos militares de que os jornalistas de campanha, não deveriam ir
para a estrada sem acompanhamento de forças de segurança. Temos
a sensação de que, os portugueses, sendo poucos mas voluntariosos,
não contam para as preocupações dos ingleses e americanos, que já
conhecem os perigos no terreno de guerra. Ninguem se preocupou com
meia dúzia de jornalistas portugueses, na sua missão de informar.


O grande senhor dos Aneis do Dragão, no Porto, prepara-se para receber
os políticos, vassalos e amigos, que no domingo vão dar-lhe o beija-mão
e as reverenciadas vénias. Se há senhor a quem os políticos vão bajular,
esse vai ser o Presidente do Dragão, que para eles reservou camarote e
champanhe. E os tais políticos, os "sem vergonha", vão aceitar de mão-
-beijada, aquelas beneses concedidas pelo senhor do Dragão. Vai ser
uma cena fantástica, de sonho e magia, como são os contos de fadas e
de aventuras estilo Harry Potter, que está agora na berra (eu prefiro ler
Tim-Tim, em "Os Charutos do Faraó"). Cada um, com o seu anestesiante.

Era bom que os políticos "sem vergonha", useiros e vezeiros das festas
da "malta", lembrasse ao senhor do Dragão, as judiciosas palavras de
Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa: "os estádios construidos
para o Euro 2004, independentemente da polémica que envolveu a sua
construção, sejam postos ao serviço de toda a comunidade, em particular
no apoio às camadas mais desfavorecidas".
É bom não esquecer que, o
Estado paga (com o dinheiro de todos), 25 por cento do custo dos novos
estádios. Portanto a arena do Dragão, da Águia ou do Leão -- todas as
do Euro 2004 -- são pertença, em grande parte, do Zé Povinho. É bom
isto seja referido pelos políticos. E que, no futuro, estas arenas não sejam
apenas utilizadas para jogar à bola, mas sim para outros encontros de
carácter desportivo, onde participe o maior número de pessoas possivel.


Não vejo que estes estádios tragam valor acrescentado para o país. Foi
um imenso desperdício de dinheiros públicos, quando temos o Programa
Pólis para recuperar cidades, e tudo está em "banho-maria", por falta de
verbas. Hoje em dia, as grandes e modernas cidades do mundo, investem
em equipamento social, em recuperação do património histórico, em novas
áreas urbanísticas -- onde os arquitectos e os paisagistas recriam belos
recantos citadinos, tornando a vida das cidades mais humana e atraente.
Mas eu sou suspeito: penso que o futebol aliena o cidadão -- e é por isso
que os políticos apoiam e bajulam os senhores dos Dragões e quejandos.










2003/11/13

 


Faz agora um ano que nafragou o "Prestigie" ao largo da Galiza,
provocando o derrame de crude, que alastrou a toda a costa galega
poluindo praias e zonas de reserva natural. Perante o descuido do
Governo central e da inépcia do Governo local, o povo da Galiza deitou
mãos à obra para limpar as praias e salvar aves e a vida marinha. Teve
o apoio e simpatia dos ambientalistas europeus e o contributo de todo
o povo de Espanha. O Governo de Aznar vai pagar caro por ter ignorado
o impacto do desastre, e Fraga Iribarne, terá posto fim à sua carreira
política. Por cá, valeu-nos as preces que o ministro da Defesa, Paulo
Portas, disse ter feito a Nossa Senhora de Fátima, para que empurrasse
a maré negra para norte das praias de Portugal. Foi um desastre que
tocou muito a Galiza, gerando em toda a gente uma sensibilidade muito
grande para os problemas da poluição marítima. Formaram a Plataforma-
NuncaMais, com extensões a escolas, universidades e empresas. Este
movimento cívico ainda se mantém, porque o "Prestigie" ainda está a
libertar crude, calculando-se que restem umas 14.000 toneladas. Para
que "Nunca Mais" aconteçam acidentes que venham conspurcar o nosso
ambiente, a nossa terra e a vida de todos os seres vivos, aqui deixo
algumas ideias para mostrar a importância de sermos todos ecologistas:

A poluição dos rios e dos mares afecta seres vivos muitos frágeis.


Não devemos transformar os oceanos em cemitérios de sucata como é
o "Prestigie", que vai matar espécies e impedir a reprodução de outras.


A poluição dos rios e lagos leva à extinçãp de espécies raras de aves,
que nidificam e vivem nas suas margens em harmonia com a natureza.


As árvores e as plantas tambem fazem parte do ambiente em que nós,
os humanos, vivemos com os demais seres vivos. As plantas e as flores,
pela sua beleza, dão-nos a medida da fragilidade deste eco-sistema.




2003/11/12

 
Não era minha intenção voltar hoje a abordar os problemas do
Iraque, mas eis que, justamente no dia da partida dos nossos
militares da GNR para aquele país, acontece o inesperado: a sul
de Bagdade, em Nasyhria, onde está aquartelado o contingente
italiano, ao qual se vai juntar o nosso agrupamento da GNR, pela
primeira vez, é lançado um ataque mortífero naquela cidade contra
o quartel das tropas italianas, morrendo pelos menos 16 militares,
segundo a informação da "Al Jazeera/On-line". Nasyhria era, até
agora, considerada uma cidade pacífica, e nada previa que ali
pudesse acontecer um ataque, em tudo semelhante ao efectuado
contra a Cruz Vermelha e o Hotel Rashid, em Bagdade.

Este ataque, no dia da partida dos nossos GNR para Nasyhria, vem
provar a todos nós, que o Iraque está a ferro e fogo, onde forças
estranhas lutam pela expulsão dos exércitos ocupantes, e onde não
se vê, neste momento, como podem os Estados Unidos abandonar
aquele território sem que o poder caia na rua, que o país entre em
guerra civil, e George Bush e o seu Exército saiam dali humilhados.

A Itália está chocada com a notícia de tantos mortos. Berlusconi diz
que não abandona o Iraque, a Oposição reclama o regresso das suas
tropas e pergunta: em nome de quem e porquê devem os soldados
morrer no Iraque?


Na América, o cépticismo é enorme, e, segundo um alto responsável,
Bush vai reunir os seus conselheiros, com carácter de urgência, pois
um relatório "top-secret" da CIA, mostra que os Iraquianos não dão
crédito ao trabalho do Governo Interino, nem acreditam que os EUA
consigam melhorar a situação política e económica do país, havendo
muitos iraquianos a apoiar as acções terroristas dos últimos dias.
Tudo leva a crer que, George Bush está disposto a rever todo o plano
de estabilização do Iraque, apressando a retirada das suas tropas,
de forma a entregar o poder aos iraquianos, ficando a ONU com a
tarefa de ajudar a conduzir o processo político até à pacificação do
Iraque. A arrogância imperial de Bush, desafiando tudo e todos, e não
dando ouvidos aos seus aliados, conduziu a América para a guerra,
convencido de que Deus o abençoava -- mas Deus abandonou-o.

Por cá, os nossos "cruzados" devem estar atónitos, e as famílias dos
nossos GNRs com os corações aflitos, por temerem os riscos que esta
missão pode acarretar para a integridade e segurança dos soldados.
Ainda me lembro do ministro da Administração Interna, em pleno verão,
recomendar aos GNRs: levem a camisola do Figo, os iraquianos gostam
de futebol e conhecem bem o Figo. Assim, eles não vos farão mal..
.




2003/11/11

 
Estamos quase no final de 2003, e todos nós sentimos que este
mundo está cada vez mais perigoso, apesar das promessas feitas
pela administração Bush, que nos prometeu um mundo melhor e
mais seguro, após as suas guerras no Afganistão e no Iraque. Mas
nem em Cabul nem tão pouco em Bagdade se vêem sinais de paz,
de normalização da vida social e económica. Antes pelo contrário,
cada vez se torna mais claro que a guerra só veio piorar as coisas.
Afinal, Bin Landen continua a dirigir os seus "talibans" e Saddam
Hussein vai incitando ao ódio e à violência contra a ocupação do
Iraque. Por outro lado, a questão palestiniana, que nos foi dito
estar ligada ao derrube de Saddam, não foi resolvida nem parece
haver coragem para a resolver, na medida em que Ariel Sharon
não ouve nem respeita a comunidade internacional, e, os Estados
Unidos, fazem "orelhas moucas" aos apelos da ONU, aceitando
que o Exército de Israel faça à população palestiniana, o mesmo
que os nazis fizeram aos judeus na Europa. Esta inoperância dos
aliados de sempre de Israel, prova-se pela construção do "Muro da
Vergonha" erguido por Sharon, ao longo e adentro das fronteiras
da Palestina. Como é possivel, nestes tempos, haver tal cegueira?

(Este "Muro da Vergonha" é mais alto e mais perigoso do que era
o Muro de Berlim. Este, é electrificado, tem fossas e câmaras de vídeo
)

O magnata de origem hungara, George Soros, em entrevista a Laura
Blumfeld, do "Sidney Herald News", diz que "Bush pensa que em
Setembro/11, foi ungido por Deus
". Por isso, derrotar Bush nas eleições
de 2004, "vai ser o grande objectivo da minha vida", acrescentou Soros.
"Em vez de derrotar o terrorismo, Bush está a levar a América e o mundo
para um circulo vicioso numa escalada de violência
", prossegue Soros
na sua entrevista. Este especulador financeiro, que na década de 90
levou a libra inglesa quase ao colapso, tem gasto parte da sua fortuna
em instituições que promovem a democracia em África, Ásia e países da
ex-União Soviética. Agora, nos Estados Unidos, contribuiu com 15,5
milhões de dolares para um fundo de 5.000 milhões gerido pela Moveon.org,
um grupo de activistas liberais, com vista à campanha eleitoral de 2004,
cujo objectivo à travar a eleição de George Bush. Ora, quando gente
ligada à alta finança, sente que os tempos vão perigosos, e promovem
acções no sentido de alterarem o rumo da deriva dos neo-conservadores
americanos, é porque as coisas estão mal e podem piorar ainda mais.


2003/11/10

 
No seu editorial de hoje, no Público, José Manuel Fernandes (JMF),
vem dizer-nos como "Fazer a Ponte" entre os Estados Unidos e a
Europa (fazendo alusão à "velha" e à "nova" conforme "diktat" de
Donald Rumsfeld). Ao fim e ao cabo, vem trazer-nos as preocupações
dos "fellows" do German Marshal Fund, reunidos na sedutora cidade
francesa de Evian, onde decorreu a cimeira do G8, e para a qual JMF
foi convidado. Não precisava de nos contar nada porque, a situação
do Iraque mantem-se caótica e como era de prever, antes da guerra.
Só ele e os defensores da guerra, não quizeram ver nem pensar no
que o mundo dizia, quando se realizavam manifestações contra, nas
principais cidades mundiais. Hoje, a fonte do terror, mantem-se e
parece mais determinada. E, nos EUA, já se recomenda a Bush para
que aceite parte do plano francês, e dispense Donald Rumsfeld e os
seus directos colaboradores, por falta de visão estratégica. Portanto,
JMF, não precisa de nos explicar; deve apenas aceitar as coisas como
elas são, e, humildemente, aceitar a opinião do mundo pacifista. Ou
será que, vai deixar de ser jornalista, e dedicar-se a fazer "pontes"?


O Futebol Clube do Porto prepara-se para inaugurar o seu estádio no
próximo fim-de-semana. É uma festa para a cidade e para os portistas.
É um dos estádios para o "Euro 2004", onde o Estado aplicou, a fundo
perdido, 25 por cento do custo da obra. Portanto, é um estádio, como
os outros, pagos em parte com os dinheiros públicos. O que não devia
acontecer, porque os clubes de futebol, são sociedades anónimas, com
o capital subscrito e cotado em Bolsa (Porto e Sporting), pelo que, estas
sociedades têm que ser rentáveis, devem ter lucros e pagar impostos.

Tratando-se de empresas sujeitas à Lei das Sociedades Comerciais, não
devia haver ligações entre o poder político e os clubes de futebol. Não se
compreende pois, que alguns políticos venham agora queixar-se, porque
o senhor Pinto da Costa não tenha convidado a assistir à inauguração do
seu estádio, o Presidente da Assembleia da República só porque este, o
ano passado, marcou "falta" aos deputados que se ausentaram da AR
para irem assistir ao jogo do Porto em Sevilha. Nem Motal Amaral deve
ir ao Porto, nem Pinto da Costa deve ir à Assembleia da República; cada
um "apita" e marca faltas na área das suas competências. Deve haver
separação entre política e futebol. Porque é uma actividade cheia de
"novos ricos", onde impera o compadrio, onde não se vê transparência
nos seus negócios de milhões de euros. Porquê, então querer convidar
Mota Amaral ou outro alto dignatário da Nação?

Jorge Sampaio e Durão Barroso, à data da inauguração, estarão reunidos
na Cimeira Ibero-Americana, na Bolívia. Estiveram na Luz e em Alvalade.
Foi um erro, não deviam ter aceite o convite. Delegassem em alguem que
os representasse. Com este gesto, perdeu-se uma oportunidade de
separar a política do futebol. Mas não é tarde, e a festa do FCP, sem a
presença dos orgãos de soberania, pode e deve marcar o fim de uma
era de promiscuidades. Razão tem Rui Rio, o presidente da CM do Porto:
o futebol para existir, não precisa dos apoios dos políticos; como SADs,
são empresas como qualquer outra. Que façam o que têm a fazer. Os
presidentes de camara, os deputados, todos os políticos deviam olhar
para Rui Rio como um exemplo de coerência, isenção e autoridade que
não aceita salamaleques nem pressões dos senhores do futebol.




2003/11/09

 
O INFERNO DOS OUTROS

George Bush e o partido republicano, que sempre defenderam o
puritanismo moral e religioso na prática política, e humilharam Bill
Clinton por causa do "flirt" Monica Lewinsky, têm agora no seio do
governo, um caso de pornografia. O secretário da Energia, Spencer
Abraham, nos anos 80, foi actor de filmes "hard-core", com grande
sucesso, pois desempenhou o principal papel de "quebra-bilhas" em
mais uma dezena de filmes. Spencer defende-se, afirmando que,
quando foi chamado para o cargo de secretário de Energia (?), toda
a gente sabia do seu passado, e que ninguem se mostrou surpreso
com as suas perfomances. Mas, a um ano de eleições, a oposição
quer saber mais, e quer vingar o humilhante inquérito público levado
a cabo pelos republicanos contra o democrata Bill Clinton.


A violência chegou à Arábia Saudita. Desta vez, foi na capital do reino
em Riyadh, um complexo residencial para estrangeiros, foi atingido
por uma carga explosiva, contando-se já 30 mortos, uma centena de
feridos e avultados prejuizos materiais. As autoridades sauditas estão
convencidas de que se trata de suicidas ligados à Al-Qaeda. Era um
país onde os fundamentalistas não operavam, mas ultimamente tem
havido um crescendo nos atentados com explosivos. Os Estados Unidos
pedem a Riyadh para se abrir ao ocidente e à democracia, e, talvez por
isso, pelo início dos sinais nessa abertura, os fundamentalistas, têm
atacado mais vezes e com maior violência. Não será vantajoso para
ninguem, se os Estados Unidos largarem agora o reino saudita, numa
fase tão crucial, quando Bush escorraçou a Al-Qaeda do Afganistão,
mas não prendeu Osama bin Laden, e, no Iraque, deixou fugir Saddam.


Dizem os observadores que o Iraque, é diferente do Vietname. Mas os
últimos acontecimentos levam o povo americano e europeu a sentir
que o derrube de helicópeteros, é mais do que simples "cocktail-molotov".
Para abater um aparelho daqueles, é preciso meios de guerra mais
sofisticados, mais dispendiosos, com uma logística de apoio e pessoal
devidamente treinado. Segundo o "Sunday Times", citado pela Bloomberg
em Bagdad é fácil encontrar à venda, mísseis terra-ar por cerca de 500
dólares, e tambem se encontram lança-rockets de origem russa/ucraniana.
A fazer fé nestes relatos, parece que muita coisa vai mal em Bagdade,
onde já existe um governo interino. Mas ainda será mais perturbador se,
os Estados Unidos, que são responsáveis pela segurança, não tiverem
o controlo sobre o tráfego de armas numa cidade perigosa, como é a
capital do Iraque. A potência ocupante, se quer controlar a situação,
não pode ignorar o que se passa com o contrabando de armamento.




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