2003/11/19

 
CASA ONDE NÃO HÁ PÃO...

Os portugueses vivem tempos difíceis. Nada acontece para alegrar
a alma de cada um. Nem os Estádios piramidais, dispendiosos e sem
utilidade imediata, parecem animar a malta do futebol. Mas o cidadão
comum, tambem vive triste e preocupado com o futuro, e nem mesmo
o discurso optimista de Durão Barroso, que vem alertando para a luz
ao fundo do tunel consegue animar aqueles que o elegeram. "A coisa
está feia", como diz o irmão brasileiro. Aliás, o treinador da selecção
nacional, o irmão Scolari, diz que os resultados da selecção estão a ser
prejudicados, pelos problemas que afectam a vida social e económica
dos portugueses; estes -- diz -- não apoiam a selecção, antes a levam
ao descontrolo, com os assobios, os impropérios e a falta de apoio.
"É o reflexo da crise económica, que se reflete na agressividade e na
falta de "fair play" por parte das claques", resume o treinador.

Scolari tem razão, ao fazer esta análise. O pessimismo e a descrença
não levam às vitórias. E isso aplica-se, tambem, às demais actividades
em que é requerida a participação entusiasta e confiante dos cidadãos.
Hoje reparei que, Manuel de Carvalho, director-adjunto do "Público", no
seu editorial, "Consolidar o quê?", está a passar por uma fase doentia,
motivada -- penso eu -- pela "recessão" em que o país se encontra.
Escreve sobre "previsão" do Governo; "consolidação" orçamental;
"recessão" pior que a de 1993; "contenção" da despesa pública; falta
de "dinamização" do sector empresarial. "O produto não cresce, o défice
não pára e no vaivém temos de encarar a realidade e viver o pior
momento económico desde que o FMI aterrou na Portela, já lá vão
20 anos", -- remata Manuel de Carvalho, depois de afirmar que os
resultados do Governo, "fazem-nos ter saudades do tempo da tanga".

Como se não bastasse o pessimismo de Manuel de Carvalho, o "Público"
apresenta-nos a opinião de Álvaro Domingues -- que me parece ser
"tripeiro" -- e vem opinar sobre "O Orçamento da senhora ministra".
Mas não o consegue fazer, porque parece ter entrado em "loop", ficando
com ideias menos claras do que o seu director-adjunto. Escreve frases
curtas, próprias para manifs: "A fisga ao fusgo"; "vias dolorosas" [deve
ler-se vias verdes]; "A competitividade. A Produtividade. A fiscalidade.
A qualidade. A contabilidade. A irritabilidade". Álvaro Domingues, assim,
parece gago; não consegue passar a mensagem. Termina, dizendo
que "Queremos mentiras novas!" por que, lembrou-se disso quando,
ao passar pela Rua do Campo Alegre, viu aquela frase "escrita num
muro amarelo". Afinal, parece que a amnésia lhe passou. Ainda bem.

(Olhar mais além, para as outras coisas, que tambem são importantes,
mas não pensamos nelas, ajuda-nos a "recentrar" a nossa energia,
a respirar fundo, a observar as marés, a compreender os ciclos da
economia. Essa nova compreensão, liberta-nos; deixemo-nos voar).


A grande questão que atormenta os portugueses, tem a ver com a
falta de confiança; e esta, prende-se com a continuada crise económica,
que teima em persistir. O crescimento dos últimos quatro anos, embora
reduzido, deveu-se ao consumo interno, proporcionado pelas baixas
taxas de juro. Os portugueses individaram-se, a crise económica tem
um ciclo de 10/11 entre a recessão e o pico mais alto do crescimento.
Poucos pessoas puderam ou não quizeram fazer poupança. Agora, com
o acentuar da crise, todos falam, todos têm ideias, todos acusam o
Governo, a ministra Ferreira Leite. Deixemo-nos de lamúrias, dentro
do zona Euro, como é o caso de Portugal, não podemos enveredar por
mais endividamentos do Estado, mais défices, mais isto, mais aquilo.
Se alguma coisa há a fazer, é: investimento estrangeiro. Onde está?

Que a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, siga com o plano
de consolidação orçamental, e lembre aos portugueses que não é
bom para as famílias, gastarem mais do que aquilo que têm. Melhores
tempos virão. Agora, é o velho ditado: "casa onde não há pão..."







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