2006/02/28

 
FIM DE CARNAVAL...

A imprensa, e os jornais em particular, tambem devem ser questionados. Deixei
de ler o Público -- que está a ficar para trás -- e passei a leitor do DN, que está em
franca melhoria, com bons colaboradores (excepção para o incrível DL), o grafismo
é mais dinâmico, e a cor total das suas imagens é uma mais-valia, como se pode ver
hoje, ao apresentar cenas de Carnaval em muitas partes do mundo. Está brilhante.
Mas o DN não deixa de "pecar" quando utiliza critérios editoriais que nem sempre
são claros. Repare-se na edição de hoje, com uma primeira página empastelada por
dois assuntos bizarros. O DN não deve copiar a matriz do tablóide 25 Horas, ainda
que este, seja do mesmo grupo de media, a ControleInveste da Olivedesportos...
O DN, que inexplicavelmente ignora Angola -- como faz a maior parte da imprensa
lusitana-- informa que o "excessivo protagonismo" do chefe da secreta de Eduardo
dos Santos, levou este a demiti-lo... A imprensa rebola-se toda com as peripécias
das "secretas", sejam elas angolanas, sejam portuguesas. O essencial, nunca chega
a ser notícia. Parece que têm vergonha do maior país africano, que fala português.

Deve haver algum "lobby" contra Luanda, desde os tempos da Jamba, quando
os oportunistas fretavam aviõezinhos para visitar Savimbi, mas fugiam de Luanda,
onde estava o poder e o governo de Angola, com quem a comunidade internacional
se entendia. Ainda agora, o ministro da Defesa, Luis Amado, esteve em Luanda a
tratar de acordos de defesa e segurança com o governo de Eduardo dos Santos.
Mas a nossa imprensa, ignorou o facto. Apesar de ser uma notícia relevante, pois
tem a ver com formação e fornecimento de material às FA de Angola. De seguida,
Luis Amado foi visitar a República Democrática do Congo, possivelmente tratar de
assuntos importantes relativos à segurança na região e conforme as instruções da
ONU para aquele país, onde existe uma força militar de interposição internacional.
A nossa imprensa ignora Angola, por alguma razão que eu desconheço, e porque
parece ter "remorso" do passado colonial. Para sabermos de Angola, temos que ler
a imprensa chinesa (em inglês), americana ou francesa. É uma vergonha.

O outro assunto puxado pelo DN para a primeira página, é a história do velhote
alcunhado de "avô Metralha". Isto é estúpido, porque nem os netos têm culpa de
ter um avô vigarista, nem o juiz que o vai julgar lhe vai reduzir a pena pelo facto de
ser "avô". Mas adiante. O vígaro até nem gosta que lhe chamem "avô Metralha";
o que ele gosta é ser conhecido como "Texas". (Na infância deve ter visto muitos
filmes sobre bandidos e biografados como o Al Capone). Este assunto do "Texas"
era apropriado para um tablóide como O Crime ou mesmo o 25 Horas... Mas
o DN deve ter achado a história comovente: um velho que roubou uns bonbons,
quando ele só queria roubar o canhão de uma máquina para fazer um molde e
falsificar documentos para "importar 10 luxuosos carros" roubados nas ruas de
Amesterdam, para depois vender aqui ou em Espanha, ganhando com esse tipo
de crime, 250 mil euros... Esta história, só podia ser contada no DN (por graça),
em época de Carnaval... Mesmo assim, peca por contribuir para o "orgulho" dos
vigaristas. Pela descrição da história, dá-se "formação" a novos candidatos que
estejam na disposição de seguir o exemplo do "Texas". Não percebo o critério de
jornais de referência, que se aprestam a fomentar e a "acarinhar" este tipo de
vigaristas. O que o "Texas" precisa é de um psiquiatra, não é da "compreensão"
de um jornalista, a fazer campanha pública pelo "avôzinho" que levou toda a sua
vida a roubar, vigarizar e esbanjar o dinheiro dos outros. Acabou o Carnaval...

O "Texas" gosta é de "assaltos", sheriffs e marshalls, como o outro...

2006/02/27

 
NA VÉSPERA DO ENTRUDO...

Helena Garrido, no seu editorial de hoje no DN faz o papel de advogado do Diabo
ao defender o entertainer Herman José, por este ter sido "vítima" da administração
fiscal -- uma "brincadeira" de mau gosto, diz Helena -- já que colocou o cómico como
devedor num exercício de formação para os funcionários do fisco. Convenhamos que
esta situação, para um contribuinte que vive a fazer disparates e nonsense sórdido,
não parece ser nada despropositada, mais a mais numa altura de Carnaval, como é
esta. Para mais, o entertainer "desceu" tão baixo, na sua maneira de ganhar o pão,
que já nada nos surpreende a respeito do cómico. O conselho a dar ao entertainer,
é, que vá reciclar-se, reconverter-se, educar-se... Porcos, feios e maus... há muitos.

O incrível e lunático Luis Delgado, homem forte do comentário político no DN,
depois da história do marshall e do pio Tadeu-- do tablóide 25 Horas--vem hoje
fazer história com as "quatro fases da Lua"... para apresentar o "seu" balanço dos
mandatos de Sampaio. O lunático Delgado acha que os mandatos de Jorge Sampaio,
como Presidente da República, estiveram sob o signo e a influência da Lua Cheia,
do Quarto Minguante, da Lua Nova e do Quarto Crescente. Este notável lunático,
comentador da nossa praça, veio, finalmente, revelar-nos quais são as suas fontes
de informação e de prospectiva: o horóscopo, como faz qualquer vidente de feira!

O clima, está a brincar connosco neste Carnaval... Ontem tivemos um dia de
chuva, frio e ventania -- na região de Lisboa, porque nalgumas regiões do país
nevou forte e feio... Hoje, tivemos um dia de sol, sem vento, com temperaturas
amenas, a convidar à folia do Entrudo -- na região de Lisboa e para os que gostam
de gozar o Carnaval. Mas para amanhã, o sol vai estender-se a todo o país! Ainda
bem, para que os portugueses dêem aso à alegria, pois a vida não deve ser passada
a alimentar tristezas, pensar em trabalho, ou na falta deste... É aproveitar o tempo
que passa, as oportunidades que surgem. Quarta-feira, logo começa outra vida...

Dançando hula no vulcão Kilauea, Hawaii... Spot publicitário para
televisão com vista a promover e defender os parques naturais, bem
como o património cultural deixado pelos primitivos colonizadores...

2006/02/26

 
EM TEMPO DE MÁSCARAS...

A maior parte dos "analistas e comentadores" da nossa praça escrevem a metro,
isto é, umas colunazitas de opinião, para cumprir contrato de colaborador. São raros
aqueles que, com propriedade, são profissionais da "análise política". Mas todos eles
entram por aí. O resultado é a asneira, e, por issso, julgo ser necessário desmascarar
alguns desses iluminados. Melhor: é preciso "desacrilizar" todos os que se julgam ser
iluminados e nessa condição opinam, escrevem, comentam sobre tudo e sobre nada.
Analista, verdadeiro criador de cenários, só conheço um: o versátil Marcelo, embora
esteja a enveredar pela prédica de sacristia. Dos outros, muito pouco se aproveita.
O assarapantado Barreto, o espectral Vasco, o abrupto Pacheco, o incrível Delgado,
o mefistofélico VGM, o equatoriano Miguel ST, e mais uns poucos que não vale a
pena mencionar, não trazem mais-valia, não esclarecem, não sugerem, não pensam,
apenas criticam, negativamente, niilisticamente, sem desodorizante nem sabão...

Mas este fim-de-semana dei com um artigo de Francisco Sarsfield Cabral que,
sendo crítico, é tambem esclarecedor e avança com soluções... coisa tão rara, quase
impossivel de encontrar nos analistas "iluminados" da nossa praça. Sarsfield Cabral,
economista e jornalista de longa data, deve ser apontado como exemplo do que se
espera de um crítico, de um analista e comentador. A peça em análise foi publicada
no DN de ontem, sob o título "Os pobres em sociedades ricas". Um trabalho honesto
útil e esclarecedor. Já o mesmo não acontece com o "retrato da semana" feito pelo
assarapantado Barreto, no Público de hoje, onde vem palrar sobre o encerramento
de escolas. Diz que a ME, Maria de Lurdes Rodrigues, "tem um ar calmo e por vezes
doce", mas Barreto, mais adiante, diz que, "para obter efeitos fáceis", a ministra faz
"tudo à bruta" [!!!]. Barreto "concorda" com as medidas, só que, depois, acaba numa
ladaínha de "mas"... "mas"... "mas"... Barreto julga-se senhor de toda a verdade.

O incrível Luis Delgado, comentador pró-USA, ouvidor dos evangelistas e fã dos
métodos usados no Far-West, escrevia há dias,--agora só tem direito a rabiscar no
DN uma vez por semana, e na coluna de Opinião -- sobre os cartoons e o marshall
do 25 Horas, o pio Tadeu, um autêntico enredo para um western à John Ford...
O imaginário do incrível Delgado está todo virado para as pradarias do Oeste. Ele
descreve a invasão do pasquim, como sendo feita pelo marshall, que ia armado de
Winchester calibre 7,5 e entrou no santuário do tablóide com a seguinte ameaça:
-"Tirem as unhas dos teclados!..." [dos PCs]. Delgado descreve a cena dramática,
com o bispo Tadeu de mãos no ar, os ajudantes com as mãos nas pistolas, os maus
da fita em grande tensão, e algumas ameaças que poderiam acabar em violenta
pancadaria, não fora a calma e o sangue frio do marshall... (Deve referir-se à PJ.
A mim não me espanta o imaginário do Delgado. O que me surpreende, é que o
DN --propriedade da Olivedesportos-- aceite esta leviandade, continue a manter
LD como colaborador permanente, como se este fosse um agente secreto...).

2006/02/24

 
Estamos em pleno Carnaval, coisa que nunca me disse nada, a mim. Nunca
gostei de palhaçadas, de máscaras, de vestir a pele do "outro". Quanto a humor,
sim. Com ironia, inteligência, sarcasmo. Coisas que eu não encontro no Carnaval.
Sendo a máscara o principal adereço dos costumes de Carnaval, a mim não agrada
deixar de ser o que sou, e vestir a pele de "outro", ainda que seja por um dia, uma
hora. Mas se fosse actor, em local apropriado, assumiria a personagem do "outro".
No palco da Arte. Em casa de Apolo, com boca de cena e palco para representação.
Fora desse local, não aprecio representações nem cenários da arte de Talma. Mas
aceito que os foliões dêem aso à sua alegria, vistam a pele do "outro", cantem e
dancem. É a sua natureza de ser e estar. Nem todos "estamos" do mesmo modo,
neste mundo de diferenças. E fico feliz por ver os outros viverem em paz e alegria.

Últimos adereços para a Escola de Samba do Viradouro, Rio de Janeiro.

Hoje não me apetece escrever sobre coisas sérias. Melhor: não estou para aí
virado. Não é que faltem temas ou casos para analisar e opinar. Existe até muita
matéria para comentar, e onde poderia descobrir motivos sérios, sim. Mas com
os quais poderia, tambem, fazer humor, já que certas personagens e o papel que
desempenham na vida, estão muito perto das cegadas de Carnaval, das cenas de
máscaras que vemos no Entrudo. Só que esses personagens, não sabendo que ao
longo do ano fazem essas cegadas no trabalho, na política, no futebol, quando chega
o Carnaval não resistem, e vão "mascarar-se" com outra máscara, vestindo a pele
do "outro", daquele que efectivamente representaram durante o ano. (v.g. o Soba).
Quanto às criancinhas, é outra história. Há sempre alguem que gosta de ver nos
outros, aquilo que não conseguiu fazer/ser na vida... Mesmo durante o Carnaval.

Estes são os dias do "Carnaval das Mulheres" em Colónia, Alemanha.
Nem marido, nem namorado... Elas decidem, alegremente, a suas folias...

2006/02/23

 
Finalmente o PS vai mobilizar-se para apoiar o Governo e José Sócrates. Esta
mobilização tem muita importância dado que, com a saída de Jorge Coelho após o
fracasso deste em duas eleições, o PS não tinha práticamente ninguem no terreno
para "explicar" a bondade das medidas tomadas pelo Governo. Havia uma apatia
de parte do aparelho do PS, pouca iniciativa no Grupo Parlamentar, alguma falta
de coesão no discurso ministerial. E isto é, em parte, equivalente ao que acontece
nos partidos da oposição. Falta ao Governo uma política de "justificação" e defesa
das medidas reformistas, que é preciso explicar aos portugueses. O encerramento
de escolas, a melhoria do ensino, o corte da despesa pública, a criação de emprego,
o investimento estrangeiro em curso, as vantagens do Plano Tecnológico, as novas
tecnologias, a desburocratização do país, etc. Vamos aguardar pelo balanço da acção
governativa que vai ser feito no Fórum Novas Fronteiras, para ser apresentado no
dia 12 de Março, data da tomada de posse do Governo de José Sócrates.

Esta tomada de consciência, por parte do primeiro-ministro, de que o PS está
desguarnecido e sem meios de defesa contra os ataques daqueles que pretendem
descredibilizar "a política reformista e pragmática" do seu Governo, pode ajudar
os portugueses a compreenderem melhor a "acção governativa". Haverá que dizer,
que nunca nenhum partido ou governo foi capaz de levar a cabo as medidas que
agora estão em curso, sem as quais o país continuaria a caminhar para o abismo, o
que poderia conduzir à saída da UE, do euro e perder todos os fundos estruturais,
sem os quais Portugal não teria capacidade para se modernizar. Por outro lado, os
"comentadores" que se têm entretido a "desvalorizar" todas as medidas aprovadas
pelo Governo, deixariam de ter o campo livre para "confundir" e menosprezar a
acção reformista levada a cabo pelo primeiro-ministro José Sócrates.

No CDS continua a desenhar-se uma Direcção a duas cabeças. Mais uma vez
o "condotieri" Paulo Portas veio para a comunicação social -- que o adora! -- para
falar como se ele fosse o Presidente do CDS/pp. E fê-lo à boa maneira da "direita"
chauvinista, xenófoba e racista. Portas não aceita que a Lei da Nacionalidade possa
ser usada por "criminosos terroristas, homicidas, sequestradores", etc. A Lei foi
aprovada por todos os partidos, menos o CDS. O "condotieri" louva os seus amigos
e deputados pelo "bom trabalho de persuasão" ao não votarem a lei. Tudo isto na
ausência e nas costas do presidente Ribeiro e Castro... Coisa de gente leviana.

O Iraque está a ferro e fogo... Depois da guerra, e dos cartoons,
temos agora os atentados e assassínios em massa, por causa da fé...
De ontem para hoje, as autoridades encontraram mais de 100 sunitas
assassinados à queima roupa, todos com um tiro na cabeça...

2006/02/22

 
MUITA PARRA, POUCA UVA...

Não estamos em época de vindimas, tão pouco em tempo de eleições, mas temos
a baixa política espelhada no estilo "de escárnio e mal-dizer" fomentada por um
ror de iluminados comentadores... A esquerda ligada ao PS, e à esquerda deste,
discute os cartoons anti-Islão. A direita e os independentes, não ouvem, não vêem
não sentem, não dão pelo trabalho do Governo. "Nada tem feito" -- dizem eles com
alegria. O que dói, neste côro de carpideiras é ver que, entre elas, estão alguns dos
comentadores mais respeitados, que nada mais fazem do que alinhar pelo diapasão
dos outros, os treinadores de bancada. É o caso de Vicente Jorge Silva, que sempre
mostrou ser um jornalista competente pelo que fazia, mas não pelo que dizia... Foi
deputado do PS, mas nunca conseguiu brilhar no Parlamento, onde cumpria apenas
com a sua presença. Depois renunciou ao mandato -- só ele sabe porque razão --
e voltou à escrita... Muito bem, replicaram os amigos, é aqui o teu lugar. Mas pelo
que tenho lido, VJS não se diferencia muito de alguns dos seus parceiros, mesmo
dos mais apagados... Porque "cantigas de escárnio e mal-dizer" é estilo do passado.
Hoje, a um comentador perspicaz, exige-se idoneidade moral e intelectual, saber.
Não basta que venha dizer: não está feito. O que o país precisa é de alguem que
diga "como vamos fazer", qual a melhor maneira de "fazer" e com que meios...

Vicente Jorge Silva, ao analisar "A hora da verdade de José Sócrates", não faz
mais nem menos do que o Vasco, o MST, o VGM, o incrível LD... Todos estes fiéis
da escrita, botam discurso pago, mas a sua parole não traz "mais-valias" para o
país... Não "sabem" que o "governo central" está em Bruxelas, que o país perderia
os fundos estruturais, caso continuasse em défice excessivo e descontrolado;
ainda há dias falavam de 7,1% de desempregados, e hoje aumentaram essa cifra
para 11,2... contabilizando os pescadores de linha, os biscateiros, os part-times,
os despedidos por comum acordo -- tudo ao molho, e de um dia para o outro. Não
vejo razão para esta cambalhota, mas eles chilreiam sobre os 11,2%. Estou certo
de que estes "opinion-makers", nem com a "argentinização" da nossa economia,
mudariam de opinião, i.e. continuavam a cantar as "insensibilidades do Governo"
como faz o grande líder Marques Mendes... Chinfrineira, mal-dizer, nada mais.
Estes comentadores e analistas, habituados que estão a falar de poleiro, mostram
como estão longe do país real, como têm falta de visão estratégica, e como estão
longe de compreender que Portugal é governado, em grande parte, a partir de
Bruxelas... Se acham que fora da UE, o nosso país tem mais possibilidades de
vencer a crise, digam-no claramente, façam petições, recolha de assinaturas para
pedir o corte das amarras... Se não têm ideias, nem génio ou rasgo para as criar,
recolham ao poleiro, não poluam mais o ambiente, o ruido é ensurdecedor...

Agora que os comentadores andam misturados e de mão-dada com outros
artífices da escrita-- onde surgem como opinion-makers, escritores, bloguistas,
jornalistas, cozinheiros, gourmets e provadores de vinhos -- vale a pena ler esta
prosa de VGM, deputado europeu, tradutor de Goethe e Petrarca, comentador
e poeta, a propósito das ofensas ao Profeta: "Desgraçadamente, Portugal preza
o leitão da Bairrada, o salpicão de Vinhais, o presunto de Lamego e de Chaves,
a feijoada com tripas, a carne de porco à alentejana. Entre a sarrabulhada e o
toucinho entremeado, Portugal vive de mastigar e deglutir o animal imundo [o
porco] cozinhado de cento e tantas maneiras, refocilando-se, suinicida e torpe,
numa permanente ofensa às barbas sacrossantas do profeta. E não contente com
a transgressão desse interdito, Portugal gosta da boa pinga em todas as suas
modalidades fermentadas de verde e de maduro, de branco e de tinto, de rosé
e de licoroso, de conhaques, bagaceiras e cervejas... Mas Portugal prevarica..."
(Porque é que as pessoas não fazem [escrevem] aquilo de que gostam e sabem
fazer com maestria, em vez de palrarem sobre nada?... Que saudades do poeta,
quando ele fazia poesia, e alinhava nas tertúlias dos cafés lisboetas!).

Mesquita de Samarra, 95km a norte de Bagdade, lugar santo dos xiitas,
com a cúpula destruida por atentado bombista perpetrado hoje. Nos últimos
dias assiste-se a um recrudescimento de atentados sunitas contra os xiitas.

2006/02/21

 
DE MAU HUMOR...

A Joaninha (Bichos Carpinteiros), sonhou com "24 pontos negros" atirados ao
Governo de José Sócrates, e deles faz uma enjoativa enumeração, à laia dos "sete
princípios" decretados pelo abrupto Pacheco Pereira. Está na moda: cada qual faz
a sua "lista de desejos", "correntes" ou "pontos negativos" sobre os tormentos que
cada um sente e padece. A Joaninha, que bloga com o socialista Medeiros Ferreira,
escreve sobre "cortes e mais cortes", e de "aumentos [dos impostos]", no "silêncio
do arrastão de Carcavelos" e troca o "Plano" pelo "Choque Tecnológico", à maneira
usada pela direita ressabiada; a Joana Amaral Dias refere-se à "lei da nacionalidade
melhor. Mas insuficiente" e fala de "balbúrdia na justiça". A Joaninha consegue ser
mais lamurienta e leviana do que o incrível Luis Delgado, a quem o Besugo dá uma
ensaboadela com "SS" - Sabão de Sabujo.

Paulo Gorjão vai anotando os percalços da direita acabrunhada e sem norte.
Acha que Marques Mendes ainda não conseguiu afirmar-se devido ao "legado de
Santana Lopes", mas acrescenta que o líder do PSD não foi capaz de arranjar uma
agenda política, nem de implementar um governo-sombra destinado a fazer uma
oposição credível ao Governo de José Sócrates. Concordo plenamente com esta
ideia, mas não me parece que Marques Mendes tenha gente capaz e interessada
em formar tal agrupamento ministerial. Todos estão à espera do tempo certo para
colher dividendos políticos. De resto, os deputados eleitos pelo PSD, eram amigos
ou correligionários de Santana Lopes, pelo que não estão em sintonia com o actual
líder do PSD. Por outro lado, "ele anda por aí", à espera de voltar.

Finalmente o leme do Causa Nossa vai seguir o bom rumo. Vital Moreira
regressou e já editou tres posts, sucintos e com actualidade relevante, pelo que a
blogosfera está mais rica e o Causa Nossa volta a ter as características editoriais
que lhe deram prestígio. Por outro lado, espera-se que Vital Moreira ajude na
desconstrução da campanha ensaiada contra o Governo pelos críticos de direita,
e tambem pela esquerda caviar, obreira e ressabiada, pois quanto ao incrível Luis
Delgado ou o espectro do Vasco, desses já nada há a esperar, a não ser regurgitar.

Foi a loucura total... Os dinossauros "Rolling Stones" actuaram ao
vivo em Copacabana, à borla, para mais de 1 milhão de pessoas.

2006/02/20

 
A TIRANIA DA LEVIANDADE...

A irresponsabilidade, o populismo e a demagogia atingiu os líderes da oposição.
Até agora, o líder que tinha o discurso mais buçal, era Marques Mendes. Os outros
iam fazendo por sobreviver. Mas eis que, nestes dias de romaria luciana, chegou o
condottieri dos populares, falou à comunicação social e Ribeiro e Castro perdeu a
compostura, mudando radicalmente o seu discurso... Até quer fazer o balanço do
Governo, antes mesmo de este completar um ano, tanta é a pressa em enveredar
pelo discurso demagógico, populista, irresponsável. Ribeiro e Castro sente a ameaça
que constitui, para si, a presença do condottieri Paulo Portas no terreno político.
E então, vai daí, começou a bradar para a somunicação social que este Governo, não
fez nada, não arrajou 150 mil empregos, não resolveu o défice, não ajudou a Função
Pública, os polícias e os magistrados... Enfim. Não tomou medidas, que afinal, são
contestadas pelos magistrados, pelos funcionários públicos, pelos professores. Está
tudo doido, a começar pelo líder do CDS...Então o povo está na rua a protestar, sem
haver motivo para isso? Parece um país de loucos, de gente sem medida nem lei.

Perante gente desta, tão irresponsável, tão leviana, torna-se urgente apelar
à responsabilidade cívica de cada um. O país está num aperto, a economia asfixia
sem espaço para crescer, o desemprego aumenta por causa daquela asfixia, e as
famílias portuguesas desesperam; durante anos não houve políticos com coragem
para reformar o Estado, a economia, o ensino e tomar medidas de contenção na
despesa orçamental. Agora que temos um Governo que, corajosamente, tomou
medidas no sentido de inovar, reformar e sanear as finanças públicas, modernizar
a administração pública e criar condições para aumentar a produtividade e levar
a economia a crescer, a oposição débil e desorientada, vem demagógicamente a
dizer que nada tem sido feito... Uma coisa é fazer o jogo da oposição, outra é ter
medo da contestação interna feita pelos que querem poleiro. Mesmo assim, um
líder partidário deve ter a coragem de enfrentar essa contestação, e não cometer
a desonestidade moral, acusando o Governo de nada fazer, quando o que está em
causa, são tricas partidárias... Assim, que mensagem querem dar aos eleitores,
e aos portugueses em geral?... É a descredibilização da política, e dos políticos...

Os portugueses estão inquietos, desesperados e pessimistas. Não é com líderes
intelectualmente desonestos, que o país vai sair mais rápidamente desta situação.
É bom que os políticos sejam honestos, sinceros, dedicados e ponham os interesses
do país acima das suas ambições. O marasmo a que o país chegou, deve-se à maior
parte dos líderes políticos da oposição, mas tambem do PS. Ninguem está isento
de pecados. Mas ao menos agora, ponham as ambições pessoais de lado, até ao
final da presente legislatura, e façam alguma coisa pelo nosso país. Depois podem
verbalizar todas as culpas e desculpas, mas agora é hora de "mudança", ainda que
esta pareça estar a favor de uns e contra outros. A questão é que, se a economia
não aumentar, se não vendermos mais, é impossivel haver mais emprego e mais
aumentos de salários e pensões. Deixem-se de paleio, pensem, trabalhem, inovem
e "aprendam a vender"... produtos e ideias, mais lá fora do que cá dentro.

O Atomium de Bruxelas, depois de restaurado... Representa uma molécula
do ferro, ampliada 150 biliões de vezes. Construido em 1958 para representar
a Bélgica na Exposição Mundial de 1958, o Atomium tornou-se num ex-libris.

2006/02/19

 
O ministro da Saúde, Correia de Campos, alertou para o aumento incontrolável
da despesa pública com a saúde dos portugueses, avisando que, por este caminho,
mais cedo ou mais tarde, cada um de nós, terá que pagar mais para ter direito aos
cuidados médicos do SNS. Já não é a primeira vez que ouvimos um ministro falar
desta ameaça. Não admira, a população envelhecida do país, é cada vez em maior
número, e nos hospitais, o corpo clínico e o pessoal auxiliar apenas se preocupam
em servir o "doente". Eles não sabem nem querem saber de economia, poupança
de recursos, ou desperdício de materiais. Mas deviam estar conscientes disso, ter
formação nessa área, porque a economia de meios pode ajudar a manter o SNS,
por mais umas décadas. Mas o Governo, em vez de pagar os "estragos" da saúde
de cada cidadão, devia antes e primeiro que tudo "ensinar" os portuguses a ser
mais saudáveis, colocando à sua disposição meios para se cuidarem. Em vez de
dez estádios às moscas, devia ter construido ginásios, piscinas, pistas de tartan...

E, naturalmente, recomendar aos cidadãos, uma alimentação saudável, contendo
menos "cadáveres", mais pescado, alguma carne branca, verduras, saladas, arroz,
massas e muita fruta... As pessoas "intoxicam-se" em carnes vermelhas, bovinas
ou porcinas, "fabricadas" com rações feitas de porcarias contaminadas e venenosas.
Os hospitais estão cheios de gente com doenças pulmonares, cancerígenas, renais
e estomacais... Mas o Governo deixa que as pessoas fumem, intoxiquem, bebam
álcool como eu bebo água, em locais fechados, públicos que tresandam a fedor...
Os "dependentes" martirizam-se a si, e contaminam o ambiente e o ar que é
servido e respirado pelos não-dependentes. A par dos fumos, existe a "cultura"
do álcool; hoje as pessoas nem têm locais de convívio que não sejam os bares, as
chafaricas de café onde o que mais se consome é tabaco, cerveja,brandies, vodkas,
uísque rafeiro, amarelinhas, amarguinhas, etc. Uma "cultura" para a alcoolémia...
Com "charcos" destes, para a população curtir a falta de emprego, como não há-de
a despesa pública do SNS estar a crescer, de ano para ano?... Em vez de atacarmos
as "causas" da enfermidade geral, vamos intoxicando a população, e engordando a
indústria quimico-farmacêutica... e o negócio "condicionado" das farmácias...

Ainda sobre saúde pública: depois das "vacas loucas", da gripe das ganhinhas
em Hong-Kong (há já uns anitos), da SARS em 2003 (início da invasão do Iraque)
temos agora, não se sabe bem porquê, a "gripe das aves selvagens". Como dizia um
sufista iluminado, "os animais selvagens não sabem o que é uma constipação", isso
só acontece ao homem, esse sujeito que usa a inteligência para enriquecer. Ainda
que, para o conseguir, tenha que ser à custa da saúde de muito ser vivo... Fiquei
surpreendido com a interrogação do Octávio Lima: "Porquê responsabilizar as
aves selvagens pela gripe?". Li com atenção este artigo do Ondas 3 -- que se
insere numa rede de ecologistas -- e fiquei pasmado com as concidências relatadas.
Vale a pena ler o artigo para compreendermos melhor o que se está a passar. Eu
tambem penso que, o actual surto da gripe das aves, tem muito a ver com os
aviários industriais, onde se "fabricam" frangos em tres semanas, alimentados dia
e noite, -- não os deixando adormecer -- com rações que devem ser autênticas
bombas de veneno. Sabemos o que originou a doença das "vacas loucas", mas não
sabemos ainda que efeitos pode causar, nos humanos, as rações que os "aviários
industriais" utilizam na "fabricação" dos frangos. Para alem disto, parece que o
Donald Rumsfeld, o senhor da guerra, é accionista da Gilead, uma empresa com a
patente de vacinas contra o Antrax, a varíola... and so on. Mais uma conspiração?

Balões na comemoração do 464º. aniversário da fundação da cidade
mexicana de Guadagajara City, estância balnear na costa do Pacífico.

2006/02/17

 
Não vejo o que pretende fazer o Governo ao legislar sobre as casas devolutas.
Fá-lo apenas para cobrar mais IMI, não para obrigar os proprietários a vender ou
a alugar. Esta medida fazia sentido há uns vinte anos atrás, quando havia escassez
de habitação no mercado, os alugueres eram caros e os senhorios não faziam obras
em prédios de rendas baixas. Neste momento a situação é muito diferente: devido
às baixas taxas de juro, grande parte das famílias portuguesas tem casa própria, e,
em muitos casos, casa de campo ou para segunda habitação. Perante este quadro,
que vantagens vê o Governo em lançar mais imposto sobre as casas "sem consumo
de água, gas e electricidade"? Para obrigar a vender, a alugar, a demolir, ou fazer
com que os proprietários façam obras de restauro e adaptação? Para isso devia o
Governo, ou as autarquias, clarificar a intenção quanto ao objectivo do decreto.
As habitações em locais históricos e classificados como Património Nacional devem
ser cuidadas, através de obras de restauro e de manutenção. Mas isso, não nunca
será conseguido por decreto, e muito menos através do aumento de impostos.

Até para ser cão é preciso sorte... Este bull-terrier janta no Sardi's
de Nova Iorque, para celebrar o galhardão "Best in Show" que lhe foi
atribuido pelo Westminster Kennell Club. Extravagâncias de ricos...


A Associação Nacional das Juntas de Freguesia reune este fim-de-semana
para avaliar as medidas que o Governo tenciona pôr em prática no que respeita
à racionalidade do número de freguesias. De entre as tres mil juntas de freguesia
que temos neste pequeno país, 313 foram constituidas nos últimos trinta anos.
Temos freguesias com pouco mais de 70 eleitores, mas temos outras com mais de
70 mil habitantes, como é o caso dos Olivais, em Lisboa. Por aqui podemos avaliar
o que está em causa. Mas não devemos querer, por isso, um novo referendo sobre
regionalização. Mais emprego público, mais assembleias regionais, mais deputados,
mais clientela política, não. Antes as associações de municípios, as CCRs, qualquer
outra forma de associativismo autárquico, regional ou intermunicipal. Mas que a
"desertificação" do interior do país requere medidas de revitalização, isso requere.
E com urgência. E pela coesão, pela unidade, pelo associativismo -- nunca pelo lado
da regionalização, da divisão, do desperdício de sinergias.

Este cartoon anti-guerra, de Michael Leunig, foi "censurado" pelo
jornal australiano, The Age, que recusou a sua publicação em 2002,
com o argumento de que não era "apropriado". Na liberal Austrália!...



2006/02/16

 
Continua a dedicar-se abundante espaço, tempo e atenção ao episódio dos
cartoons anti-Islão, sem que, até agora, se vislumbre um consenso, uma súmula
sobre o que está em causa. O pensamento dos nossos analistas é assim, não capta,
não apreende a síntese dos factos, em tempo útil. Demora dias, semanas, meses,
anos para chegar a concluir algo. Porque se trata de um exercício da mente, em que
o pensamento é usado, mas este só funciona com dados à posteriori. Trabalha com
factos passados, com a experiência do passado, com elementos daqui e dali, com
com ideias deste e daquele académico, filósofo ou simples historiador. Mas o puzzle
de ideias não encaixa nas condições actuais, porque o passado já não está presente.
No entanto, insistem em "explicar" os factos do presente, em molduras do passado.
Estes analistas não são intuitivos, criativos, genuinos. Agarram-se às certezas do
passado, porque essa é a tábua de salvação dos que são incapazes de produzir uma
ideia nova, de fazer a leitura do que está a acontecer aqui e agora... Só lhes resta
divagar, pensar, comparar, deduzir, errar... O agora apreende-se, capta-se...

Bem prega Frei Tomás... Depois do inferno de Abu Ghraib em Bagadad
temos agora as provas da tortura exercida pelos militares, a Sul, em Basora.


Os intelectuais analistas, botam discurso como sendo lei divina. Soltam o cérebro,
divagam por este e aquele caso, comparam o passado com o presente, tiram ilações
erradas, perdem-se nas conclusões finais, voltam ao atalho mais próximo, tentam
mostrar a sua "verdade" dos factos; reflectem, têm dúvidas, voltam ao princípio,
correm pelos cantos da história (do passado), para explicar a "causa", imputar os
erros cometidos -- dos outros, não os seus -- para declarar a verdade definitiva...
Mas nesta vida, tudo é relativo, nada é definitivo, e a verdade não se explica nem
se demonstra: ela revela-se. Só que os dialéticos pensadores não compreendem
tal coisa, e, por isso, escrevem milhões de palavras, uma infinidade de argumentos
e mil e uma tontices, para explicar o que é evidente, real e verdadeiro... e nem
sequer precisa de ser explicado em convénios, tratados ou convenções. Basta olhar,
testemunhar, meditar... O uso do verbo e do pensamento, são como o vento: estão
sempre em movimento, nunca param para observar... e ver a razão das coisas.

A liderança das tropas invasoras do Iraque continua a surpreender-nos
pela sua capacidade de humilhar e torturar o povo que dizia ir libertar
da tirania. O descrédito provocado por este comportamento das tropas
da Coligação, coloca todos nós numa situação de imoralidade e hipocrisia.

2006/02/15

 
LER OS OUTROS...

Leio no Besugo: O homem fez-se para guerrear -- disse ele, bebendo ginja. E eu
sigo-lhe a pista: "...Este assunto das caricaturas descambou", e continuo a leitura:
"A liberdade continua a existir, ao menos como conceito, onde existia dantes... e a
escassear onde já escasseava.[...]Sei que não é inteligente discuti-la, como se fosse
nossa, nem conforme nos dá jeito para a nossa simples discussão. Nem sequer é
bondoso, isto, porque a liberdade não é um argumento, uma arma de arremesso
durante a discussão dela. É uma causa maior que isso, nunca se arremessa à cara
de ninguem o que nos pode fazer falta".
(Muito gostava eu, que este sereno modo de pensar sabiamente, fosse praticado
pelos nossos fazedores de opinião... Mas eles continuam a pensar como cruzados).

A Lolita lembra, em Notas sobre a distância, que "quem não é bem
nascido, no mundo ocidental, é um parolo ou um excluido a quem se deixa intacta
a liberdade de expressão, mas para falar sózinho, enquanto dedicamos toda a
nossa atenção aos bem nascidos porque são mediáticos, ainda que nem o berço
nem o mediatismo lhe tenha vindo à posse por mérito de pensamento".
"[Nós] idolatramos cromos de colecção, como a Madonna e o Mourinho, a quem
prestamos mole e inerte referência pela riqueza, pelo talento para tudo e para
nada em particular, pelo néon que exalam dos poros, por saltarem bem no vazio.
Sem que nos importemos que os satirizem, porque a nossa adoração tem uma boa
parte de invejinha, de ressabiamento, de atracção-ódio porque eles são e nós, que
tambem não somos divinos, queríamos ser tambem".
(Esta linha de pensamento, directa e assertiva, não se lê em Barreto, o Vasco PV,
V.Graça Moura ou Eduardo Prado Coelho. Estes intelectuais têm o pensamento
bloqueado, não têm discernimento, criatividade, poder de análise, intuição...).

O Luis Tito, no post (0.178/2006) diz que "arrepia ver quão perto andamos
da xenofobia, da intolerância". E antes, no post (0.176/2006), escreve sobre a
"Liberdade de transpiração: Embora seja um direito inalienável, se se não usar
um desodorizante incomoda os outros, é desagradável".
(Felizmente ainda há muita gente, que gosta de uma boa ginjinha, mas não perde
a razão nem o tino, deixando-se ir para a guerra. E agora pergunto eu: os outros
têm o direito à indignação, ou os defensores da liberdade de expressão negam-lhe
essa liberdade de se exprimirem?... Todos têm esse direito, não é verdade?).

Aquário de tubarões em Antibes, sul de França. A visita para observar as
espécies pode ser feita a uma dezena de metros abaixo do nível das águas.

2006/02/14

 
Os partidos da oposição estão sem timoneiro. Refiro-me ao PSD e CDS, onde as
respectivas lideranças mostram estar fragilizadas. Marques Mendes não consegue
fazer oposição credível ao Governo, desagradando assim a militantes e ao aparelho
do partido. No CDS, Ribeiro e Castro tambem não consegue envolver os populistas
de Paulo Portas, que começam a ansiar pelo regresso do ex-chefe. Não foi por acaso
que, este fim-de-semana, o deputado Paulo Portas apareceu nos Estaleiros Navais
de Viana do Castelo, acompanhado pelo grupo parlamentar do CDS, mas não pelo
presidente, José Ribeiro e Castro... Vá-se lá saber porquê, e a que propósito. Claro
que o "Paulinho das Feiras" começa a deixar a "travessia do deserto", e prepara-se
agora para retomar o cds-PP. Sem nada dizer a Ribeiro e Castro. Pior: na ausência
deste e sem lhe dar cavaco. Logo que apareça o "outro que anda por aí", vamos ter
um realinhamento dos partidos à direita do PS. Não em função do interesse do país.
Sómente pelo desejo de voltarem ao poder, por satisfação egoísta e narcisista. Dos
populistas, não se espera nada de bom... Anseiam pela reforma do Parlamento, a
que têm direito ao fim de xis anos, mas nem se quer por lá aparecem regularmente.

Paulo Portas e o seu amigo Donald Rumsfel... Dois cruzados do Templo.

Ainda a campanha dos cartoons: Constança Cunha e Sá, que é uma pessoa livre
e inteligente, mas não deixa, por isso, de ser parcial nas suas análises políticas, não
concorda com Freitas do Amaral, quando o MNE fala pelo Governo. Por isso, diz a
asombrada analista, "convinha que o primeiro-ministro explicasse tambem se ele
se vai empenhar na organização de um jogo de futebol entre árabes e europeus"...
"Ou se tambem ele considera que a maioria das 'provocações' tem partido do lado
do Ocidente e dos seus infiéis agitadores". É notória a blasfémia. Provocadora. Mas
tambem mostra como os mais cotados "analistas" da nossa praça, onde se incluiu
Constaça Cunha e Sá, podem cometer erros de avaliação, por ignorância e omissão.
O jornalista, José Manuel Barroso, diz que "a TSF transmitiu há dias, a entrevista
dada pelo autor das caricaturas a uma rádio norueguesa" onde referiu que o editor
do Jylland-Posten tinha encomendado os cartoons para "testar" a reacção das
comunidades islâmicas da Dinamarca... O autor achou que era uma imprudência,
mas aceitou a encomenda. O primeiro cartoon mostra o Profeta a dar um pontapé
na imagem do Jylland-Posten, segundo disse o autor dos desenhos...
Pois é. Há quem defenda que "a liberdade consiste em aceitar o direito em ofender
sentimentos religiosos de milhões de pessoas". Não respeitam nada nem ninguem.

Membros do Clube dos Lobos Polares, preparam-se para mergulhar
nas águas geladas do Mar Báltico, em Ahlbeck, Alemanha. O frio conserva...

2006/02/12

 
Depois de tudo o que já foi dito sobre os cartoons blasfemos, eis que surge agora
o assarapantado cronista António Barreto, com uma página de texto no Público, a
cair para o lado caricatural, triste, meio-sério, estapafúrdio, grotesco e panfletário.
Mais parece um tormento sofrido por escriba que, semanalmente, tem o dever de
perorar sobre algo e coisa nenhuma. O cronista parece mascar chiclete, enquanto
vai escrevendo, e, em dado momento, para completar o espaço em branco, cospe a
chiclete, estampa-a no texto e espalha-a, até cobrir o espaço que está em branco.
É surrealista, dadaísta, derrotista. Barreto propõe uma série de punições áqueles
que blasfemem contrem Jeová, Buda e Maomé; contra o Corão, a Bíblia e a Tora;
contra Meca, Fátima e Medina; contra pessoas vivas e pessoas mortas; contra os
biquinis de bandeiras e a pornoxachada; contra os políticos e religiosos evangélicos.
Assim, diz Barreto, o mundo será respeitado. Assim, acabam-se as brincadeiras
com os cartoons, e com os chefes de Estado, com o primeiro-ministro, com o chefe
das polícias, com todos aqueles "com quem se não pode brincar". Oh,oh Barreto!

O país da liberdade, os States de Bush, prenderam o activista Jose Bové no
aeroporto de JFK, e recambiaram-no para França. Bové ia participar na "Luta
contra a Monsanto na Europa". -"Esta falta diz muito ácerca da atitude dos EUA",
confessou Sean Sweeny um dos docentes na Universidade Cornell, que promove
o encontro. É assim, a América de George Bush, tão do agrado dos neo-liberais.
Segundo informa o The Times of Índia, o Khaleej Times, do Paquistão, o Sunday
Telegraph e The Australian, os "Estados Unidos têm planos para atacar o Irão
com mísseis balísticos a partir de submarinos, a fim de destruirem as instalações
nucleares,para evitar o desenvolvimento de armas de destruição maciça. Se isto
for verdade, a campanha dos cartoons ainda está para revelar muitas mentiras...

Mais uma mentira?... George Bush veio agora dizer, tres anos depois,
que em Outubro de 2002, os serviços secretos evitaram um ataque à
Torre da Liberdade... [da Biblioteca), em Los Angeles. Porquê só agora?


PARABENS...
Ao Jumento, pois anunciou hoje que vai lançar uma OPA sobre o Abrupto.
O efeito Belmiro está a contagiar a blogosfera. Estou para saber qual vai
ser o montante envolvido nesta operação financeira, quem a financia -- é
a banca nacional ou espanhola?-- e se é para levar até ao fim. Será hostil?

2006/02/11

 
Esta foi a semana da SONAE. Os protagonistas foram Belmiro de Azevedo (pai)
e Paulo Azevedo (filho), dois gestores ousados, qualidade que falta a grande parte
dos empresários nacionais, habituados a viver à sombra e protecção do Estado. De
há muito que não assistíamos a tão elevado volume de transações em Bolsa, o que
mostra que os investidores estão a recuperar a confiança. É tambem uma prova
de que o domínio da PT no mercado das telecomunicações está a chegar ao fim. Os
consumidores pagavam caro o serviço prestado pela PT, e eram mal servidos. Não
havia uma verdadeira liberalização, já que a PT tinha a rede de cobre, o lacete e a
televisão por cabo em regime de exclusividade. A gestão do barão Horta e Costa
não touxe nada de novo, desde os tempos de Murteira Nabo. Apenas geriu o que
havia, pouco ou nada acrescentou, para alem da redução do capital, por buy-back.
Está assegurado o centro de decisão, a expansão da PT e uma real liberalização do
mercado. A concorrência vai beneficiar o consumidor e facilitar o trabalho da AAC.

A tradição na Cidade Proíbida, em Pequim, mantem-se viva.

Ironia do destino: os cartoons blasfemos do Jilland-Posten ganharam mais
adeptos contra os muçulmanos da jihad do que tres anos de guerra no Iraque e
no Afganistão. Quem deve estar feliz com estes resultados, é George Bush que
assim vê aumentar o número de países a favor da guerra na Mesopotâmia e no
país dos senhores do ópio... Não se pode dizer que tenha apoio institucional, mas
as multidões em protesto tambem contam. Talvez um dia viremos a saber porque
diabo aconteceu tudo isto, justamente quando o Irão mostra não ceder no caso
da produção de energia atómica, e quando o Hamas chega ao poder... e quase
ninguem quer acreditar no que aconteceu. Entretanto, o defunto Ariel Sharon está
às portas de S. Pedro, à espera que se cumpra o Road Map, para entrar no céu...

"Esta imagem tem tudo: beleza, horror e desespero"--disse James Colton do
Júri do World Photo Contest, acrescentando: "É simples, elegante, comovente".
O prémio foi ontem atribuido ao canadiano Finbarr O'Reilly, fotógrafo da
Reuters, que em 1 de Agosto de 2005 estava em Tahoua, no Níger, onde
captou esta imagem que mostra mãe e criança num centro de emergência
alimentar naquele país africano... É, de facto, uma imagem perturbadora.

2006/02/10

 
A "cruzada" contra os muçulmanos prossegue. Ontem, a manifestação de apoio
ao Jylland-Posten, convocada para a embaixada da Dinamarca, reuniu uma magra
centena de "cruzados", se contarmos com os jornalistas presentes. Lá estavam os
defensores da "palavra livre", à procura de protagonismo e tempo de antena nas
televisões e rádios. Notava-se o esforço para se porem em bicos de pé, e surgirem
nos ecrâs. À margem deste episódio, aparecem na imprensa os "cruzados" da nova
geração a debitar doutrina nas colunas de opinião: o Pedro Lomba e o João Miguel
Tavares, fazem o papel de "cruzados", sem disso terem consciência. Não aceitam
limites à liberdade de expressão, respeite ela à linguagem ou desbragamento oral.
Para eles, liberdade de expressão é, certamente, poderem utilizar a linguagem
do "nosso major": "bardamerda, filho da puta, cabrão, cara de cú, vai-te foder"...
Esta, é a linguagem do futebol, usada pelas claques alucinadas do dito, que fazem
"escola" e inspiram os criativos de telenovela, os cómicos-javardos, os contadores
de histórias, e alastra à política caseira... Uma liberdade sem limites para ofender.

Para os novos "cruzados", não há limites, ou seja: desconhecem as normas, o
bom senso, a ética, a educação, e o respeito pelos outros. Foram "moldados" nas
claques de futebol, onde é fácil chamar "filho da puta" ao árbitro, "cabrão" ao juiz
de linha, "paneleiro" ao treinador, "ladrão" a outro, e "vai-te foder" ao adversário.
Daí que, os novos "cruzados", não queiram limites à "liberdade de expressão".
Esquecem-se de que fazem côro com a direita racista e xenófoba europeia, figadal
inimiga dos povos árabes e muçulmanos. Os novos "cruzados", quando não têm
"causas", procuram esvaziar os seus ódios através da blasfémia palavrosa e vã.
Cuidem da vossa saude mental... Para vosso bem, e não contaminarem os outros.

No rasto dos "cruzados", seguem os "mercenários" do negócio fácil e rendoso,
que promovem obscenidades cinéfilas, a expoente da 7ª Arte; compram telas de
pintura borrada, e chamam-lhe obra de vanguarda; badalam um filme com cheiro
a bosta de cow-boys, dizendo que é um jackpot de bilheteira; a sodomia de gays e
lésbicas, é feita em spots publicitários de televisão, etc... Tudo isto a favor e graças
à "liberdade de expressão, sem limites"... Os "mercenários" do negócio mafioso,
agradecem... e prosperam, à margem da lei e a reclamar liberdade de expressão.
A mim, tudo isto me cheira mal, tresanda...
Prefiro ir ao Kruger Park onde a bosta de elefante cheira sempre a erva...

2006/02/09

 
Em tempo de cartoons blasfemos é bom lembrar o que se passa na jardinlândia:
a Assembleia Regional da Madeira esteve reunida para tratar do expediente, mas
antes de o fazer, o Grupo Parlamentar do PSD colocou à votação um requerimento
para que a Mesa do Parlamento procedesse à avaliação das "falculdades mentais"
do deputado do PS, João Carlos Gouveia, que na véspera denunciou "o fechar de
olhos" às causas da corrupção e à ligação entre alguns magistrados do MP e o poder
político regional, "indiciando demência, tal o absurdo e insulto que revestem".
Ao aceitar o requerimento, o presidente da Mesa "incendiou" a reunião, levando os
deputados do PS, PCP, BE e do CDS a protestar veementemente, e a acabarem por
abandonar o plenário da votação, recusando-se a participar na sessão parlamentar.
Mesmo sem a oposição, o PSD continuou a sessão do Parlamento, apresentando,
discutindo e aprovando matérias que deveriam ser discutidas em plenário... Isto
acontece numa região da UE, onde a democracia é exercida por um único partido,
que obedece cegamente às regras do régulo local, artista de circo e de Carnaval.

A propósito de corrupção, caciquismo e tráfico de influências, permito-me
transcrever aqui um breve diálogo entre Valentim Loureiro e José Luis Oliveira,
arguidos no processo Apito Dourado, e publicado hoje no DN, a partir de escutas
telefónicas: "VL: Tenho que falar com o gajo.../JO: A ameaçá-lo./VL: É um artista
do carago esse Pinto... da merda. Então o filho da puta no princípio da época não
manda já quem se quer, porquê?/ JO: Quer sempre que lhe dê 12 gajos.../VL: Hã?
/JO: Quer que lhe dê 6 ou 7 gajos... Esta merda... Cada jogo é um jogo./ VL: Vá
prá puta que o pariu!/JO: A gente, se der uma dúzia de gajos, não tem... não tem
interesse nenhum.../VL: É um merdas do caralho! Temos que falar com esse
bardamerda! É. Tenho que marcar aí um encontro e eu aperto-lhe os...".
É gente desta que se pavoneia junto do poder, aparece nas televisões públicas,
é adorada pela comunicação social, utiliza o poder das autarquias para negociar,
em seu favor e dos amigos. Seria dificil mostrar tudo isto num cartoon, mas que
temos cá muitos a precisar de serem "cartunizados", lá isso temos. Mafiosos!...

À hora em que um grupo de cidadãos acorre à embaixada da Noruega, em
Lisboa, para mostrar solidariedade, à Dinamarca, o Jylland-Posten dirigiu uma
carta aos muçalmanos a pedir desculpa por ter ofendido a sua crença em Maomé.
A carta seguiu para a Argélia, via embaixada da Dinamarca. O mesmo jornal já
disse que não vai publicar os cartoons sobre o Holocausto, respondendo assim
ao desafio do jornal iraniano Hamshahri. Em Inglaterra, o Liberal, aceitou retirar
da sua edição online, um cartoon publicado pelo Jylland-Posten. Já na semana
passada, o Spectator, havia retirado os cartoons da sua edição, a pedido das
autoridades britâncias, acrescentando que o fazia por questões de segurança...
Mas por cá, os "cruzados" mantem-se em guerra. Haverá bem intencionados na
reunião desta tarde, convocada por e-mail, para prestar solidariedade a um país
europeu, que é a Dinamarca. Mas tambem haverá gente da extrema-direita,
racistas, xenófobos e neo-liberais, todos apostados em "correr com o inimigo",
porque a Pátria não é para muçulmanos... Esta gente não pretende a paz, nem
o entendimento entre povos diferentes; pretende aliviar o ódio que os corrói...

Jordão poluido... Um rio onde, segunda rezam as escrituras, foi
baptizado Jesus Cristo. Com águas assim, tão poluidas, não admira
que sejam cada vez menos os que nelas se permitem baptizar...


2006/02/08

 
Continua acessa a polémica à volta dos cartoons editados pelo Jylland-Posten,
jornal da extrema-direita dinamarquesa, destinados a irritar os crentes do Islão.
O assunto agrada a uns, incomoda outros e dá que pensar a alguns. Na blogosfera
já temos apontadores a listar o nome dos blogues que são contra o comunicado do
nosso MNE, Diogo Freitas do Amaral. Até parece que há falta de matéria noticiosa
para ser comentada. Eu nem apoio nem comento o comunicado do MNE. Cabe ao
Governo dizer o que pensa sobre o assunto. Muito poderia ser dito. O que disse
Freitas do Amaral está dito, é protocolar, e não tem nenhuma asneira política. Os
críticos esquecem o que disse George Bush, o que disse Jaques Chirac, o que disse
Erdogan, PM turco, bem como o MNE italiano, Gianfranco Fini, embora este veja
nos incêndios das embaixadas um sinal de que "a violência é orquestrada ou pelo
menos tolerada pelas autoridades de países como o Irão e a Síria". Outros vão mais
longe, dizendo que a crise é demasiado complexa, e seria bom que os europeus não
esquecessem as "noites incendiárias" vividas em França, bem como o "não" dado
ao Tratado da UE, dois reflexos antagónicos de rejeição. O Islão está na Europa, e
é a partir daqui que "saiem" as mensagens do que se diz e publica sobre Maomé.

Se a extrema-direita europeia tem interesse em desestabilizar o processo de
adesão da Turquia à UE, fazendo o que fez o Jylland-Posten, já aos muçulmanos
interessa-lhes boicotar o Road Map para a paz na Palestina e a instabilidade no
Iraque e no Afeganistão. Depois dos erros cometidos por George Bush, fazendo
uma guerra por "causa" das armas de destruição maciça, temos agora um mundo
mais inseguro, e os países árabes mais radicalizados. No Afeganistão, continua a
insegurança, com os taliban rearmados e a cultura do ópio em roda livre; no Irão,
o poder dos mullahs e ayatolas instalou-se, por via democrática; na Palestina, o
Hamas -- que era tido como um grupo terrorista, chegou ao poder através de
eleições; no Iraque, por via eleitoral, chegaram ao poder os xiitas, apoiados desde
sempre pelo Irão, e o que antes era laico, está agora sujeito à lei islâmica, ou quase.
Os pregadores, evangelistas ou não, que bateram palmas pela invasão do Iraque,
devem pensar nesta situação perigosa, criada pelo desnorte do comandante-chefe.
Mais que falar em dados adquiridos -- a nossa liberdade -- é preciso encontrar a
solução para acabar de vez com o sistema de "protectorado" dos países árabes,
exercido desde sempre pelos países ocidentais. Deixem os árabes emancipar-se!

Será bom que os defensores da liberdade absoluta, e dos blasfemos cartoons
sobre o Profeta, se preparem para responder à blasfémia dos mullahs irarianos:
O jornal Hamshahri, lançou um concurso para cartoons sobre o Holocausto. Farid
Mortazavi, editor do matutino, em declarações à BBC, desafiou os jornais europeus
a reproduzirem os cartoons do Hamshahri em nome da "liberdade de expressão",
que evocaram para publicar os de Maomé. Vamos esperar pela reacção judaica, e
dos jornalistas europeus, em especial os da extrema-direita: "É anti-semitismo!".

Espécie de ave desconhecida até agora... "Papa-mel" negro, cor de tição,
descoberto em Iryan Jayha, parte da Papua-Nova Guiné, pertencente à
Indonésia, onde foram encontradas espécies vivas até agora desconhecidas.

2006/02/07

 
Nada é absoluto, apenas a morte. Mas no Ocidente, quando acontece algo como
a destruição das embaixadas, levada a cabo pelos fanáticos do Islão, logo aparecem
os teólogos e os pensadores liberais, a defender o que não é defensável. Provocam
cá dentro, e quando isso não os satisfaz, provocam quem está distante, para terem
a sensação de que são os únicos, os iluminados, os eleitos. Mas fazem-no usando os
símbolos dos "outros", que nada nos dizem a nós, mas dizem muito para os outros.
Aqueles que proclamam a superioridade, os que defendem a "liberdade absoluta",
já esqueceram que tudo na vida tem limites... até à linha da morte. Não havendo
limites, respeito pela lei e pelo "outro"; não aceitando a diversidade e a diferença
de crenças, é passar o "risco", transgredir os limites. Melhor seria que voltassem a
ler o filósofo Karl Marx, talvez assim pudessem achar um caminho que levasse à
libertação da Humanidade, acabando com os "ópios" que levam a confrontos como
os que estamos a assistir entre ocidentais e muçulmanos... Se conseguirem acabar
com os "ópios do povo", então já poderemos viver sem as causas dos cartoons...

Tudo começou no país dos porcos, i.e., no maior exportador de carne de porco
da europa, o Reino da Dinamarca, país com pouco mais de 5,3 milhões de almas,
sendo 91% delas luterana-evangélica. Foi um obscuro jornal, o Jyllands-Posten,
que nos tempos de Hitler teria cantado hossanas ao nazismo, o primeiro a ter a
ideia de publicar cartoons a ridicularizar Maomé, como quem "pichasse o Alcorão
com sangue menstrual"... Uma ideia destas, só no país da porcolandia. E assim,
no Reino da Dinamarca, o "mercado editorial", pensava engordar se conseguisse
sucesso. Mas nem o Jyllands conseguiu uma pipa de coroas, nem os cartoonistas
alcançaram a glória, antes pelo contrário, estes ficam ameaçados de morte, que
é a certeza mais rica e mais certa que tem cada um de nós. Quando não há limites,
podemos chegar à beira do abismo... acabando por ser vítimas da nossa insensatez.

Como diz António José Teixeira, no DN, "a humilhação em nome da liberdade
é uma característica trágica da nossa civilização". Pena é que essa característica
não possa ser avaliada, pensada, reflectida. Parece que o escândalo de Abu Graib,
no Iraque -- para não falar em Guantanamo -- já foi esquecido. Mal vai um país,
onde os cidadãos pensam que a liberdade dos outros, pode ser alcançada através
da humilhação dos símbolos da sua fé. Neste caso, tratava-se de retratar Maomé,
de barbas e bomba na cabeça... Que aconteceria em Portugal, se alguem fosse a
Fátima, num qualquer dia 13, e espalhasse desenhos da senhora a beijar na boca
o príncipe dos seus sonhos?... Caía o Carmo e a Trindade, desde Braga até Timor.
Liberdade de expressão, em assuntos de fé e crendice, requere muito tino e bom
senso. Não será assim?... Ou o Jyllands-Posten está a fazer o jogo dos ayatolahs?

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]