2006/02/22

 
MUITA PARRA, POUCA UVA...

Não estamos em época de vindimas, tão pouco em tempo de eleições, mas temos
a baixa política espelhada no estilo "de escárnio e mal-dizer" fomentada por um
ror de iluminados comentadores... A esquerda ligada ao PS, e à esquerda deste,
discute os cartoons anti-Islão. A direita e os independentes, não ouvem, não vêem
não sentem, não dão pelo trabalho do Governo. "Nada tem feito" -- dizem eles com
alegria. O que dói, neste côro de carpideiras é ver que, entre elas, estão alguns dos
comentadores mais respeitados, que nada mais fazem do que alinhar pelo diapasão
dos outros, os treinadores de bancada. É o caso de Vicente Jorge Silva, que sempre
mostrou ser um jornalista competente pelo que fazia, mas não pelo que dizia... Foi
deputado do PS, mas nunca conseguiu brilhar no Parlamento, onde cumpria apenas
com a sua presença. Depois renunciou ao mandato -- só ele sabe porque razão --
e voltou à escrita... Muito bem, replicaram os amigos, é aqui o teu lugar. Mas pelo
que tenho lido, VJS não se diferencia muito de alguns dos seus parceiros, mesmo
dos mais apagados... Porque "cantigas de escárnio e mal-dizer" é estilo do passado.
Hoje, a um comentador perspicaz, exige-se idoneidade moral e intelectual, saber.
Não basta que venha dizer: não está feito. O que o país precisa é de alguem que
diga "como vamos fazer", qual a melhor maneira de "fazer" e com que meios...

Vicente Jorge Silva, ao analisar "A hora da verdade de José Sócrates", não faz
mais nem menos do que o Vasco, o MST, o VGM, o incrível LD... Todos estes fiéis
da escrita, botam discurso pago, mas a sua parole não traz "mais-valias" para o
país... Não "sabem" que o "governo central" está em Bruxelas, que o país perderia
os fundos estruturais, caso continuasse em défice excessivo e descontrolado;
ainda há dias falavam de 7,1% de desempregados, e hoje aumentaram essa cifra
para 11,2... contabilizando os pescadores de linha, os biscateiros, os part-times,
os despedidos por comum acordo -- tudo ao molho, e de um dia para o outro. Não
vejo razão para esta cambalhota, mas eles chilreiam sobre os 11,2%. Estou certo
de que estes "opinion-makers", nem com a "argentinização" da nossa economia,
mudariam de opinião, i.e. continuavam a cantar as "insensibilidades do Governo"
como faz o grande líder Marques Mendes... Chinfrineira, mal-dizer, nada mais.
Estes comentadores e analistas, habituados que estão a falar de poleiro, mostram
como estão longe do país real, como têm falta de visão estratégica, e como estão
longe de compreender que Portugal é governado, em grande parte, a partir de
Bruxelas... Se acham que fora da UE, o nosso país tem mais possibilidades de
vencer a crise, digam-no claramente, façam petições, recolha de assinaturas para
pedir o corte das amarras... Se não têm ideias, nem génio ou rasgo para as criar,
recolham ao poleiro, não poluam mais o ambiente, o ruido é ensurdecedor...

Agora que os comentadores andam misturados e de mão-dada com outros
artífices da escrita-- onde surgem como opinion-makers, escritores, bloguistas,
jornalistas, cozinheiros, gourmets e provadores de vinhos -- vale a pena ler esta
prosa de VGM, deputado europeu, tradutor de Goethe e Petrarca, comentador
e poeta, a propósito das ofensas ao Profeta: "Desgraçadamente, Portugal preza
o leitão da Bairrada, o salpicão de Vinhais, o presunto de Lamego e de Chaves,
a feijoada com tripas, a carne de porco à alentejana. Entre a sarrabulhada e o
toucinho entremeado, Portugal vive de mastigar e deglutir o animal imundo [o
porco] cozinhado de cento e tantas maneiras, refocilando-se, suinicida e torpe,
numa permanente ofensa às barbas sacrossantas do profeta. E não contente com
a transgressão desse interdito, Portugal gosta da boa pinga em todas as suas
modalidades fermentadas de verde e de maduro, de branco e de tinto, de rosé
e de licoroso, de conhaques, bagaceiras e cervejas... Mas Portugal prevarica..."
(Porque é que as pessoas não fazem [escrevem] aquilo de que gostam e sabem
fazer com maestria, em vez de palrarem sobre nada?... Que saudades do poeta,
quando ele fazia poesia, e alinhava nas tertúlias dos cafés lisboetas!).

Mesquita de Samarra, 95km a norte de Bagdade, lugar santo dos xiitas,
com a cúpula destruida por atentado bombista perpetrado hoje. Nos últimos
dias assiste-se a um recrudescimento de atentados sunitas contra os xiitas.





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