2003/11/21

 
Vai uma grande confusão na cabeça dos nossos comentadores da cena
política internacional. À falta de vez, para escreverem os seus editoriais,
-- há uma escala diária para cada um poder opinar -- alguns directores
de jornais, decidem contornar o editorial e passam a escrever numa
coluna de "Opinião". Aconteceu assim, na edição do "Público" de hoje, onde
o director, José Manuel Fernandes (JMF), vem perguntar, "Quem nos ameaça:
a América ou os terroristas?". Até parece que, para JMF, este momento não
podia ser adiado por mais um dia para expôr, mais uma vez, as suas ideias
sobre o "terrorismo" que persegue George Bush. Com tal desenvoltura o faz,
que JMF parece ter ficado aliviado por haver mais explosões... porque isso
lhe deu oportunidade de vir, mais uma vez, defender Bush dos "inimigos"
que contra ele e Tony Blair protestam nas ruas de Londres. E mais uma vez,
JMF, tenta confundir-nos a todos com a sua argumentação enviesada.

Para mostrar que outros pensam como ele, cita o blog de Pacheco Pereira,
onde este faz uma pergunta-desafio, que tambem não tem sentido nenhum,
pois uma coisa é votar contra a guerra, contra a ocupação de um país, outra
é votar a favor da Al-Qaeda -- isto é querer confundir-nos a todos, nada mais.
O que estamos a ver, é que a Al-Qaeda -- ou quem quer que seja -- ataca os
interesses americanos, e, no último atentado, dos ingleses. Se é verdade que
a política externa dos americanos, é feita em função dos seus interesses,
e não admitem que ninguem conteste esse facto, tambem é verdade que,
só a eles compete cuidarem de si -- e fazem-no de forma imperial, indo para
a guerra, com arrogância e sem dar ouvidos a mais ninguem. George Bush e
a sua equipa, preferem o unilateralismo das armas em vez da diplomacia.

De resto, o "Ground Zero" em que Bush e Blair se meteram, foi criado por
por eles, contra vontade da maioria dos aliados europeus, da Rússia, China,
Índia, Brasil, México e tantos outros países menos populosos. Agora, quando
Bush e Blair estão metidos no "atoleiro" da Mesopotâmia, apelam ao resto
do mundo -- como pretende fazer JMF -- para continuar a apoiar a ocupação
do Iraque porque --dizem eles-- ali se joga a luta mundial contra o terrorismo.
Nada mais falacioso, nada mais vergonhoso. O Diabo continua à solta nas
terras da Palestina, onde arrasa cidades, invade o lar de famílias inteiras,
constroi o "Muro da Vergonha", com 340 kms de extensão (terras adentro das
fronteiras palestinianas), mata inocentes civis com o Exército mais bem equi-
pado do mundo, inocentes que apenas têm pedras para atirar... mas que,
em plena noite, são atacados com mísseis disparados de helicópeteros, e
morrem debaixo dos escombros, sem saberem por que morreram...

Considero uma desonestidade intelectual, a forma como alguns dos nossos
"opinion-makers" pretendem fazer passar a mensagem sobre as questões
políticas que abalam a estabilidade e a paz mundiais. Em vez de analisarem,
esclarecerem e opinarem, "enredam-se" num torvelinho de ideias confusas
e falaciosas, que em nada contribuem para construir consensos e trabalhar
em plataformas de entendimento que levem à paz e à segurança dos povos.








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