2003/11/14

 
O IRAQUE E O FUTEBOL

A embuscada em que cairam os jornalistas portugueses que iam fazer
a cobertura das actividades dos 128 GNRs enviados para o Iraque, veio
mostrar como aquele país é um lugar perigoso e altamente inseguro.
É preciso ter presente que, a embuscada, se desenrolou em plena auto-
-estrada, entre Basora (a sul) e Bagdade (a norte), sem que ninguem
tenha por ali transitado, no momento em que os bandidos assaltaram os
nossos jornalistas. Isto prova que o Governo aceitou esta missão, sem
que estivesse devidamente informado da situação caótica que se vive
naquele país. Tambem deixa transparecer, que houve falta de cortesia
por parte dos serviços de informação no terreno, ao não avisarem os
nossos militares de que os jornalistas de campanha, não deveriam ir
para a estrada sem acompanhamento de forças de segurança. Temos
a sensação de que, os portugueses, sendo poucos mas voluntariosos,
não contam para as preocupações dos ingleses e americanos, que já
conhecem os perigos no terreno de guerra. Ninguem se preocupou com
meia dúzia de jornalistas portugueses, na sua missão de informar.


O grande senhor dos Aneis do Dragão, no Porto, prepara-se para receber
os políticos, vassalos e amigos, que no domingo vão dar-lhe o beija-mão
e as reverenciadas vénias. Se há senhor a quem os políticos vão bajular,
esse vai ser o Presidente do Dragão, que para eles reservou camarote e
champanhe. E os tais políticos, os "sem vergonha", vão aceitar de mão-
-beijada, aquelas beneses concedidas pelo senhor do Dragão. Vai ser
uma cena fantástica, de sonho e magia, como são os contos de fadas e
de aventuras estilo Harry Potter, que está agora na berra (eu prefiro ler
Tim-Tim, em "Os Charutos do Faraó"). Cada um, com o seu anestesiante.

Era bom que os políticos "sem vergonha", useiros e vezeiros das festas
da "malta", lembrasse ao senhor do Dragão, as judiciosas palavras de
Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa: "os estádios construidos
para o Euro 2004, independentemente da polémica que envolveu a sua
construção, sejam postos ao serviço de toda a comunidade, em particular
no apoio às camadas mais desfavorecidas".
É bom não esquecer que, o
Estado paga (com o dinheiro de todos), 25 por cento do custo dos novos
estádios. Portanto a arena do Dragão, da Águia ou do Leão -- todas as
do Euro 2004 -- são pertença, em grande parte, do Zé Povinho. É bom
isto seja referido pelos políticos. E que, no futuro, estas arenas não sejam
apenas utilizadas para jogar à bola, mas sim para outros encontros de
carácter desportivo, onde participe o maior número de pessoas possivel.


Não vejo que estes estádios tragam valor acrescentado para o país. Foi
um imenso desperdício de dinheiros públicos, quando temos o Programa
Pólis para recuperar cidades, e tudo está em "banho-maria", por falta de
verbas. Hoje em dia, as grandes e modernas cidades do mundo, investem
em equipamento social, em recuperação do património histórico, em novas
áreas urbanísticas -- onde os arquitectos e os paisagistas recriam belos
recantos citadinos, tornando a vida das cidades mais humana e atraente.
Mas eu sou suspeito: penso que o futebol aliena o cidadão -- e é por isso
que os políticos apoiam e bajulam os senhores dos Dragões e quejandos.














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