2005/10/19

 
O historiador angolano, Carlos Pacheco, vem escrever hoje, no Público, mais
uma tese sobre "novos conflitos estratégicos", a propósito dos investimentos que
a China está a fazer em Angola. O que deveria ser uma boa notícia, transforma-se,
pelo verbo de CP, numa espécie de pesadelo. "Os angolanos estão preocupados",
"as pessoas têm medo", "o maior receio é o expansionismo da China"; "o problema
da mão-de-obra chinesa", "o comportamento social desses adventícios, que vivem
isolados, em regime de auto-exclusão"..."É isto que os angolanos temem"--escreve
Carlos Pacheco, sem compreender que "o medo do perigo amarelo" foi incutido em
todos nós, pelo anterior regime. A China só aparece agora, como grande player na
cena internacional, após ter sido aceite como parceiro da OMC, na Conferência de
Doha, no Qatar, em 2001. De resto, a China tem relações comerciais com Angola
desde há pelo menos 22 anos. O problema de comunicação é o idioma, e isso é que
pode interferir na empatia entre chineses e angolanos. Têm que se habituar...

O Bund, parte da Xangai mais antiga, mas desafogada e cosmopolita.

Estou convencido que Carlos Pacheco está a analizar esta fase da vida em Angola,
mas muito colado ao passado recente, quando o seu país esteve a saque, e tudo o
que Angola produzia era destinado à compra de material de guerra que depois
martirizava o povo angolano. Pelo que conheço, o governo de Eduardo dos Santos
concluiu, no início deste ano, um conjunto de Nove Acordos de Cooperação com
a República da China. Com incidência na pesquisa de petróleo e gas, mas tambem
com ajuda financeira e construção de infraestruturas para o desenvolvimento de
Angola. A Sonangol com a Sinopec prevêem a construção de mais uma refinaria;
A China disponibilizou um empréstimo de 6,3 milhões de dolares, isento de juros;
outro empréstimo de 69 milhões para a montagem de rede fixa telefónica; outro
empréstimo de 100 milhões para comunicações militares; a implantação de uma
fábrica de telemóveis; o treino de pessoal na actividade das comunicações. Para
alem de investimentos em infraestruras, como vias férreas e estradas, em 2006
estão previstos acordos agro-industriais, na área da saúde e da educação.
Perante estes acordos, que podem temer os angolanos? Receiam ter de trabalhar?
"Mãos à obra, vamos a isso!" -- Venha a China para aqui, para este cantinho da
Europa, fazer fábricas, pesquizar hidrocarbonetos off-shore, construir o TGV!

A Grande Muralha, única obra humana avistada do espaço, está em órbita.

Faleceu Daciano Costa, o pioneiro do design português. Quando o "Botas"
era vivo, lembro-me da primeira vez que ouvi falar de Daciano Costa, das suas
obras, do conceito design. Era o tempo em que Portugal "mal trabalhava" o ferro.
Ideias novas, como as de Daciano, custavam a entender, a aceitar. Mas eu fiquei
maravilhado com as ideias de Daciano, porque ele representava o futuro, trazia
um novo mundo, o mundo de coisas feitas com sentido, com um determinado fim.

Já agora, para não celebrar apenas a morte, faço aqui uma referência à vida,
ao nascimento de Vinicius de Morais, registado em 19/10/1913, como muito bem
lembra o vizinho Pensatempos. A vida tambem é poesia...
Com a passagem da capital brasileira, do Rio para Brasília, a vida em Copacabana
perdeu um pouco da sua magia. Porque nesta mudança, foram embora jornalistas,
políticos, intelectuais e boémios que constituiam as tertúlias animadas por Vinicius,
Dorival Cayim, Tom Jobim, e tantos outros. O mundo é composto de mudança...





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]