2003/09/23

 
OS SENHORES DO MUNDO EM NOVA IORQUE

Há quem diga que Nova Iorque é a capital do mundo.
Pelo que vemos hoje, através das CNNs, não nos custa a acreditar que assim
seja. Na verdade, quase todos os países do mundo, enviaram a Nova Iorque
os seus mais altos dirigentes. Para lá viajaram Chirac, Schroeder, Blair, Putin,
Aznar e tantos outros, alguns menos conhecidos, outros de quem pouco se fala
mas que não deixam de ter peso, como sejam os dirigentes da China, da India,
da Indonésia, da Austrália, África do Sul, Brasil, etc.

Esta romagem peregrina aos "States" que os dirigentes mundiais fazem todos
os anos, para assistirem à abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da ONU,
e onde cada um vai ter uns minutos de antena, para ler um breve discurso que
há muito estava escrito, tem este ano um significado muito importante. De facto,
George Bush e Rumsfeld -- este, desejava que a ONU tivesse apenas missões
humanitárias -- vão pedir às Nações Unidas, forças militares e dinheiro para
para a continuação da ocupação do Iraque, porque os Estados Unidos estão
metidos num atoleiro; já morreram mais de 300 militares americanos no Iraque,
mais de metade no pós-invasão; o défice orçamental aproxima-se dos 450 mil
milhões de dólares, e o Congresso não quer aprovar mais despesas de guerra,
a menos que se verifiquem mais cortes na assistência médica... Entretanto,
todos os dias morrem soldados americanos no Iraque.

Bush está num labirinto do qual não é capaz de sair.
Chegou ao poder, debilitado, começando a disparar o seu unilateralismo em
todos os azimutes. Disse não ao Protocolo de Quioto, não ao tratado ABM com
a Rússia, não ao Tribunal Penal Internacional; para proteger a indústria siderúrgica
americana, aumentou os direitos aduaneiros de importação de outros países, etc.
Com o 11/9, achou que poderia fazer valer a sua política unilateral, criando -- após
a luta contra os talibans -- um "road map" de países a invadir, começando pelo
Iraque, sem que para tal tivesse o aval das Nações Unidas. Com este golpe, feriu
a maioria dos países membros da ONU, rasgou os tratados e as leis internacionais,
e foi para a guerra com o apoio de uma vintena de países, alguns deles sem meios
nem condições para concretizarem esse apoio, como é o caso de Portugal.

No próximo ano há eleições nos "States", e Bush parece temer a sorte que tocou
a seu pai, após a Guerra I do Iraque. E isto porquê? Porque as sondagens apontam
para esse lado. Bush desperdiçou a riqueza deixada pela administração Clinton;
baixou os impostos, que beneficiaram apenas os ricos; fez a guerra, perturbando
os investimentos financeiros e económicos; tem a economia num estado "anémico
que não consegue descolar do chão, e contamina a economia dos restantes países.
E, agora, perde na frente de batalha, a guerra contra o terrorismo. Não conseguiu
capturar bin Laden, deixou fugir Saddam Huessein, não consegue ter mão nos
desmandos de Ariel Sharon. Um desastre, terrível para os "States" e para o mundo.

De facto, tem que ser a comunidade internacional, a tomar medidas de diplomacia e bom-senso, com vista a obter a paz, mediar conflitos, tornar este mundo mais
mais seguro, mais solidário, mais sereno, mais tolerante.

Como disse o Dalai Lama -- que tambem anda lá, por Nova Iorque -- "a destruição
do teu vizinho, é a tua destruição", ou seja: a vingança, gera mais vingança, mais
ódio, mais violência -- logo depois, vem o terror.




















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