2005/04/02

 
A Helena Matos, que é uma mulher de direita, que é frontal nas suas opiniões,
que agora é directora da revista Atlântico -- uma publicação editada pelo Estado,
através do "Fórum para a Competividade" -- vem hoje no "Público" abordar o tema
da pobreza, a propósito dos acontecimentos na Cova da Moura, afirmando a certa
altura: "por amarga ironia, é à condição das vítimas [da insegurança] que se vai
buscar a justificação para os actos dos criminosos. Outro item do discurso da
pobreza é o do abandono escolar. A esta luz, não aprender é a reacção natural e
óbvia perante as dificuldades".
A Helena Matos esquece, ou não conhece, as condições de vida das famílias que
vivem em bairros como o da Cova da Moura. A sua argumentação peca e falha
por esse facto. Esquece que, quando não há coesão no ambiente familiar, são os
filhos quem mais sofre -- por falta de amor, paz, carinho, compreensão. A falta
destes afectos, leva-os a constestar todo o tipo de autoridade, revoltando-se e
desistindo de estudar. Resta-lhes escolher o caminho da rebeldia, do confronto,
da sua afirmação. A coesão da família depende de factores económicos e sociais.
Sem trabalho, sem rendimentos familiares, sem uma habitação condigna, como
é que uma família pobre consegue afirmar-se, viver em harmonia, ter filhos a
estudar e com resultados escolares positivos? Não é possivel. Helena Matos não
gosta de ouvir falar em pobreza, mas ela existe, e cada vez alastra mais. Lutar
contra a probreza, é conhecer as suas causas; não se combate, por combate-la.

Velhas casas novos moradores... Em Bamyan, Afganistão, as pessoas
vivem em velhas ruinas de templos budistas que mais parecem cavernas.
O budismo foi predominante, até à chegada dos povos muçulmanos...





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