2005/04/07

 
Num consultório médico temos que deixar, para alem do dinheiro da consulta,
parte do nosso tempo, gasto em horas de espera. Para aliviar o desespero, levei
comigo uma revista na qual andava a tropeçar há largos dias quando entrava no
carro... andava lá, ora no banco ora junto aos pés, sempre a atrapalhar. Tinha-me
sido oferecida, pelo "Público", e não havia maneira de lhe dar uma vista de olhos.
É uma revista de direita, da direita ressabiada, que ainda lambe as feridas deixadas
pelo Vietname, que pretende ser muito culta, que se mostra vivamente atlantista,
liberal e com ideias inovadoras, mas que não deixa de "comer à mesa do Estado",
já que a revista é propriedade do "Fórum para a Competitividade". Tem publicidade
a pagar pelo Millennium, pela EDP, pelo Grupo Mello - o da Saúde e da Via Verde -
dos papeis Inapa e das cortiças Amorim... Tudo sob a batuta de Helena Matos.

A - Aquilo que defendemos (afirmam eles)
T - Talento e mérito. Contra os paternalismos e a mediocracia.
L - Liberalismo. A iniciativa privada não é apenas um requisito para a prosperidade.
 - Aliança Atlântica. A aliança entre europeus e norte-americanos... (e o Canadá?)
N - Não ao clientelismo que transforma os cidadãos em funcionários.
T - Têmpera. Carácter. Identidade. Dos homens e dos Estados (temperados?)
I - Inconformismo. Contra a cultura dominante e o politicamente correcto.
C - Confronto. Porque a mediocridade é filha dos unanimismos (de Santana?)
O - Ocidente. Porque a civilização ocidental é a maior...em direitos, liberdades e tal.

Bem prega Frei Tomás... O que li na "Atlântico", em diagonal, deixa adivinhar
que é mais um coio destinado a reunir a direita, pondo-se a olhar para o lado de
lá (para a White House), virando costas ao destino da Europa, blasfemando contra
a China, a Índia e a Rússia... Um covil de cobras e lagartos. Vasco Rato, fala do
"Impulso Apaziguador"; Joaquim Aguiar sobre "A Sociedade e o Inimigo"; Paulo
Tunhas escreve sobre "Omnipotência do Pensamento e Narcisismo Intelectual",
apoiado em dezenas de obras e autores, Id e Ibidem, etc.... Um assombro de
intelectualidade; Rui Ramos, passou pela Ilha da Páscoa (no Pacífico) e identificou
uma das colossais estátuas de pedra, como sendo José Sócrates; Luciano Amaral,
chora baba e ranho escrevendo sobre "A Guerra que a América não quis Ganhar"
(a queda de Saigão); Hugo Gonçalves, escreve sobre "Femme Fatale", recordando
Oriana Fallaci de há 30 anos, quando ela seduzia todos; o João Tordo, conta-nos
um conto, para fazer publicidade ao Hotel Marriot.... Depois vem a culinária e a
moda, desde o bitoque com batatas fritas em óleo (pior que o do motor do meu
carro) e uns óculos sexy, que mudaram o mundo, desde o crash bolsista de 1929.
Banalidades, iguais à das revistas côr-de-rosa, mas indispensáveis à direita dorida.

A mãe tigre lambe os filhos, nesta cena ternurenta e através da qual
poderiamos pensar que se trata de amor maternal. Mas não é amor...
É apenas instinto. É genético, está-lhe talhado nas hormonas. Qualquer
animal irracional, qualquer bicho-mãe, não consegue fugir à força do seu
instinto maternal, por imperativo genético. Na Natureza não há "pais",
só há mães, que criam e cuidam dos filhotes com este desvelo e esmero.





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