2003/08/28

 
SUPERANDO A CATARSE

Temos vivido tempos difíceis, de muita incerteza, muita desconfiança, de muita aflição.
Depois da depressão económica, sentida por todos os portugueses e agravada pelas
medidas de Manuela Ferreira Leite -- pois o PEC assim obriga -- tivemos o escândalo
da pedófilia denunciado a partir da Casa Pia, que abalou todos os nossos corações,
já porque ali foram indiciados nomes sonantes do nosso espectáculo televisivo, já
porque se tratava de um crime cometido contra crianças que estavam à guarda do
Estado numa instituição benemérita onde menos se esperava que tal acontecesse.

Depois tivemos a denúncia de corrupção e abuso de poder em algumas autarquias do
país, como Felgueiras, Marco de Canavezes, Cascais e outras -- mas que até agora
não vimos a sua conclusão. Fátima Felgueiras fugiu para o Brasil, José Luis Judas, ao
que dizem, tambem está por lá, e Avelino Ferreira Torres, há mais de 10 anos que os
tribunais não conseguem entregar-lhe uma convocatória... Falta vontade política...

Simultâneamente, tivemos dois ou tres casos de gestão danosa ou apropriação de
dinheiros no futebol, encontrando-se um dirigente em prisão e julgamento e um outro
caucionado em 200 mil euros. O futebol é um terreno minado de interreses escuros,
com dirigentes que se apropriaram, há mais de 20 anos, das suas estruturas e não
largam o poder; ao contrário, os jogadores de futebol, cada vez são mais jovens...
Os portugueses gostariam de saber mais sobre as sociedades desportivas, mas vai
ser muito dificil, porque aquelas têm muito peso, e, o Governo, a um ano do Euro 2004,
não vai criar mais confusão no mundo do futebol.

Depois de tudo isto, tivemos os incêndios de Verão, que lavraram de norte a sul, com
uma intensidade dantesca, queimando a floresta, os pastos, as árvores de fruto, as
hortas, o gado, as capoeiras e as pocilgas, as casas e fizeram duas dezenas de vítimas
humanas. Foram tres semanas a arder, descontroladamente, sem Governo nem
Oposição -- acordaram tarde -- apenas os Bombeiros Voluntários, a quém o país já
devia ter prestado homenagem, lutaram, corajosamente, noite e dia, contra as chamas.
(No Governo há quem prefira homenagear os "heróis" desertores do Exército colonial).
Foi manifesta a descoordenação dos responsáveis, a falta de meios e planeamento
logístico, bem como a falta de apoio às populações afectadas.

Não há dúvida que o País inteiro, está exausto, arrasado, deprimido. Depois de ter
passado por todos estes tormentos, depois dos incêndios devastadores, o País precisa
de "renascer" das cinzas deixadas pelo fogo. Aceitemos isso como uma catarse para
renovarmos as nossas energias, para enfrentarmos o futuro, para sermos mais exigentes,
para traçarmos novos caminhos e termos confiança em nós, esperança em Deus e num
mundo melhor, onde a corrupção, os subornos e a política de favores deixem de existir.

Estamos diferentes, sentimo-nos diferentes. Vamos transformar as desgraças de ontem
numa lição de vida para o amanhã. Estamos no ponto de viragem. Sigamos em frente,
com coragem e determinação. A catarse já passou. Sentimos uma alma (vida) nova!





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