2003/08/02

 
Jan K. Bielecki, ex-ministro da Polónia e administrador do Banco para a Reconstrução
e Desenvolvimento, num artigo de opinião distribuido por um sindicato de jornais ao
qual se associou o "Público", editado hoje, vem falar da "Nova Europa" (termo inventado
pelo seu amigo Donald Rumsfeld), da Nato e ainda da União Europeia.
A adesão dos polacos à Nato não foi muito pacífica, dentro e fora da Polónia, e, como
admite Bielecki, o seu país é visto na UE como "o cavalo de Troia" americano, por se ter
colocado ao lado de Bush, na invasão do Iraque, ao arrepio de outros países fundadores
da União. Os polacos estão a pagar, com tropas no terreno, a lealdade a Rumsfeld/Bush,
e, como a situação ecnómica e social se tem agravado, com aumento do desemprego, o
país está agora mais dividido quanto à utilidade da Nato, e vira-se cada vez mais para a
"Velha Europa" da União, na esperança de melhor futuro. Preferem o desenvolvimento
económico ao temor de uma invasão.

A Nato é uma relíquia da guerra fria, que deveria ter sido desmantelada após a queda do
Muro de Berlim. Quando muito adapta-la aos novos tempos. Estamos a manter um sistema
de segurança que já não responde à realidade do nosso tempo. A sua manutenção serve
apenas para fortalecer o complexo industrial-militar americano.
A Europa já tem uma Força de Intervenção Rápida de 60.000 homens para actuar em todo
o terreno. A Europa vai ter personalidade jurídica; vai responder a uma só voz. A Europa
tem uma indústria de armamento sofisticada e deve preserva-la, pelo seu peso económico.

Portanto, a Europa e a América, - como o Canadá - são parceiros e amigos, porque todos
eles têm uma matriz comum. É impensável não existirem boas relações entre estes países.
Isso não impede que, entre eles, haja interesses e pontos de vista diferentes; para os
resolver, existem os canais da diplomacia. Alianças de guerra, hoje, apenas levam à divisão
entre povos, e à humilhação de outros. O mundo precisa de viver, e não de guerrear.
O terrorismo não se combate, criam-se condições para o prevenir; os conflitos locais devem
ser resolvidos por forças de ordem local, com a ajuda da ONU. os direitos humanos e a
democracia, serão assumidos, por todos, quando os cidadãos não conhecerem a fome,
quando tiverem direito ao ensino, a uma casa, a um emprego.

Para o senhor Bielecki, estes problemas são resolvidos com o "combate", i.e., com a guerra.
Estou certo que, na "Nova Europa", nem todos têm esta visão, porque é uma visão negra,
apocalíptica, própria do senhor Rumsfeld, que é fraco. Quém tiver o Poder, seja ele um
homem ou uma nação, deve exerce-lo com equidade, com generosidade, com justiça e
bondade -- sem orgulhos nem arrogâncias. Isso só gera reacção, defesa, violência... Os
senhores poderosos, os políticos, devem meditar na origem da violência, do terrorismo...

Eu não quero acreditar que o "Project Syndicate", ao distribuir o artigo do senhor Bielecki
e a que o Público aderiu, editando-o, seja uma obscura agência de notícias com fins pouco
claros, mas desconfio que seja para marcar as posições de Rumsfeld, acentuando divisões
na construção da Unidade Europeia em curso. Que aquele senhor me perdoe, esta minha
desconfiança, mas depois do que ele disse sobre as "armas de destruição maciça" no
Iraque, dificil se torna, para mim, compreender o que o atormenta neste mundo de Deus.















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