2005/07/29

 
O Parlamento, os seus deputados, o primeiro-ministro e o Presidente da AR
foram ontem enxovalhados por um bando de insurgentes sindicais instalados nas
galerias daquele orgão de soberania. Usaram da arruaça e da gritaria frenética até
serem dispersos pelas forças de segurança. Chamaram "fascistas e ladrões" aos
deputados que votaram pelo fim de mordomias e regalias de que eram beneficiados
os contestatários. Que contestassem, era seu direito, mas não se pode confundir o
Parlamento com um estádio de futebol ou outra arena desportiva. Quem não sabe
respeitar as instituições democráticas não merece simpatia nem respeito, por mais
válidas que sejam as suas reclamações. Mesmo estas, em tempo de crise e falência
do Estado, devem ter em conta a equidade, o respeito pelos demais trabalhadores.

Como eu gostaria de viver numa casa assim!... É a Casa Tait, propriedade
da CMPorto desde 1978. Foi construida nos fins do século XIX por William C Tait
que fez dela a sua residência. É-nos revelada por Paulo Araújo. A par do musgo,
o Paulo descobriu "carvalhos, faias, teixos, tílias, magnólias, castanheiros, áceres e
tulipeiros". Só não encontrou as lagunárias, que William Tait trouxe do Queensland
Austrália, em semente que depois se tornou planta, mas desapareceu, diz o Paulo.


A dois meses do fim de mandato, como presidente da Câmara de Lisboa, Pedro
Santana Lopes protagonizou ontem mais um episódio do vasto rol de "trapalhadas"
que tanto o celebrizaram. Tendo dúvida sobre a troca dos terrenos da Feira Popular
pelo Parque Mayer, a favor da Bragaparques, enviou o processo para o IGAP, PGR
e Tibunal Administrativo, a fim de saber da legalidade da transação. Mas havia uma
surpresa: o negócio já estava feito, por escritura notarial, desde o dia 20 de Julho...
Mas ninguem sabia de nada! É incrível. E vergonhoso, porque a Câmara (e todos
nós), sai prejudicada, perdendo muito dinheiro. O autarca e ex-governante, perito
em "trapalhadas", acaba o mandato de Lisboa, práticamente sem concretizar uma
das suas propostas. O tunel do Marquês, tem sido a via sacra dos automobilistas
que entram em Lisboa, e o seu custo, vai ficar altísssimo, pois há que pagar ao
ao empreiteiro, 7 meses de paragem da obra. Grande "trapalhada". Para completar
o quadro, Santana Lopes vai processar judicialmente o candidato do BE por aquele
ter dito que havia "trafulhices" com a venda da Feira Popular. Vingança de pirro.

Hoje, à hora em que os Sunistas se manifestavam em Bagdade contra os
maus tratos de que dizem ser vítimas (por parte dos soldados xiitas e americanos)
em Rabia, a 80 kms de Mossul, um bombista-suicida matou 25 e feriu 35 pessoas
num centro de recrutamento. Esta notícia estava na Net às 10,55 horas no sítio do
jornal The Australian; às 15,45 horas a Al-Jazeera dava conta do ataque. Todos os
canais de informação americana, às 18,00 horas, continuavam a ignorar a notícia.

2005/07/28

 
A manifestação dos camionistas, protestando em marcha lenta nas estradas
que pertencem a todos nós, é mais um gesto de irresponsabilidade civil que não
deveria assustar o Governo. Porque os combustíveis estão liberalizados, e porque
o Governo não é responsável pela escalada do preço do petróleo. Ontem tivemos
na estrada os "camioneiros", dentro de dias teremos os taxistas a bloquear as ruas
das cidades, pedindo ajudas e benefícios, como se o Governo fosse uma companhia
de seguros de risco empresarial. Ainda temos memória para lembrar a chantagem
que os taxistas usaram, com Manuela Ferreira Leite, para não pagarem o imposto
por conta... Nessa altura, Manuela Ferreira Leite, travou os "empresários" de taxis,
sugerindo que se colectassem como "empresários individuais". A luta ficou a meio
caminho. Agora os "camionistas", que se replicaram em poucos anos e ocupam aos
milhares a maior parte do espaço nas estradas e cidades, vêm "gastar" gasóleo em
marcha lenta, desperdiçando combustível, o tempo deles e o nosso, e querem que
o Estado os salve da falência... Neste país de "liberais", todos mamam do Estado.

Na Mongólia o aumento dos combustíveis não se faz sentir... Os meios de
transporte têm tracção às quatro patas, não libertam monóxido de carbono e
são amigos do ambiente. Há uns mais velozes e outros que andam mais devagar.


É lamentável o critério seguido pelos meios de informação, que há tres semanas
nos bombardeiam com as histórias policiais subjacentes aos atentados bombistas de
Londres, mas que depressa esquecem as réplicas terroristas sofridas noutros países,
como é o caso dos atentados na estância turística de Sharm-el-Sheik no Egípto...
E, no entanto, morreram lá mais de 88 pessoas, até agora. E a polícia cairota ainda
não tem pistas, e consta que foi avisada do risco, há cerca de mes e meio... Havia
uma pista paquistanesa, mas não levou a coisa nenhuma. Será que o Egipto está
isolado, sem informações, sem a colaboração dos serviços policiais norte-americanos
e europeus? E não haveria interesse da parte de Blair, Zapatero e Berlusconi em
aompanhar a investigação e fornecer pistas que levem aos possíveis assassinos?
O que se constata é a imprensa, a rádio e televisões a inundarem-nos com os
passos da Scotland Yard, mas de Sharm-el-Sheik nada nos dizem. Esquecem-se
que, no Sinai, tambem morreram vidas humanas? Ou aquelas não merecem ser
recordadas, choradas e homenageadas?... É por isso que eu entendo o papel das
televisões Al-Jazeera e Al-Arabya... E dou razão a Hugo Chavez, ao querer que os
latino-americanos tenha a Telesur, sem a propaganda da Coca-Cola e McDonalds;
sem as viagens de Rumsfeld, Bush ou a senhora Rice -- mas com os problemas, as
aspirações e anseios dos latino-americanos, com as suas gentes, usos e costumes...

Um comboio formado por vagões-tanque cheios de combustíveis, partiu
esta manhã de Dora, a refinaria a sul da capital, para uma viagem de 30 kms
até Bagdade, mas foi interceptado por insurgentes com tiros de morteiro, que
provocaram enorme explosão; morreram dois guardas e cinco ficaram feridos.
Há quem afirme que o terrorismo não aumentou com a guerra do Iraque...

2005/07/27

 
Esta chuvinha não vem resolver os problemas da seca prolongada, mas veio
beneficiar a produção vinícola. Com esta chuvada, os cachos de uvas vão aumentar
o volume dos bagos, levando a uma subida nos volumes da produção. Se tivermos
depois boas condições climatéricas, até às vindimas, poderemos ter um ano de
muita boa qualidade de vinhos. A vinha, neste país, tem estado em segundo plano.

Numa altura em que tanto se fala na necessidade de o país aumentar as suas
exportações, era imperioso que houvesse uma tomada de consciência da qualidade
dos nossos vinhos, e que houvesse a coragem da parte dos produtores no sentido de
criarem unidades de produção com dimensão capazes de competirem no mercado
internacional, bem como meia dúzia de "marcas" de vinhos, conforme as regiões
que maior produção e qualidade tenham no inventário vinícola. O estudo está feito,
chama-se "Relatório Porter", encomendado no tempo de Cavco Silva. Na altura
falava-se nos "clusters" do vinho, houve muita euforia, mas faltou qualquer coisa.

Temos regiões vinícolas demarcadas, boas castas, vinhas renovadas, produção
nem sempre de qualidade, mas temos produtores tão minimalistas, que tornam
impossivel a competição nos mercados internacionais. No que respeita a vinho do
Porto, temos 91 marcas, 40 delas sem futuro. Quem o diz é Jorge Monteiro,
presidente do IVP em entrevista à Revista Aresp. Em vinho verde, encontramos
no mercado mais 2.000 marcas... Para exportação, seria vantajoso apresentar
apenas 2 marcas "made in Portugal", que tivessem um nome sonante, fácil de
associar ao respectivo vinho, fácil de memorizar, fácil de soletrar, fácil de ler...
Enquanto continuarmos "pequeninos", divididos, não temos condições de vencer
os outros... por mais qualidade que tenhamos. A dimensão é uma vantagem.

O país tem meia dúzia de bons produtores de vinho de mesa: a Sogrape, a
Finagra, José Maria da Fonseca, Sociedade de Vinhos Borges, Real Companhia
Vinícola, e pouco mais. O resto da produção está espalhado por dezenas e dezenas
de cooperativas, umas com tecnologia de ponta, outras nem tanto. A produção e o
armazenamento são fases muito importantes, e muitas das nossas cooperativas
não sabem controlar a extracção do vinho nem têm cubas inox para a conservação.
No meio da nossa pequenez, contabiliza-se agora o sucesso da Sociedade de Vinhos
Borges ao conseguir "entrar" no imenso mercado chinês, exportando 120.000
garrafas de vinho de mesa. Esperemos que a iniciativa desta empresa consiga
incentivar outras a expandirem as suas vendas nos mercados internacionais.

No Afeganistão há protestos junto da base aérea de Bagram contra os
americanos: "Dead America". Dentro e fora do Iraque, é consensual o aumento
dos ataques suicidas motivados pela presença de tropas invasoras. Esta segunda-
feira esteve em Bagdade John Woward de visita às tropas australianas. Ontem
chegou o primeiro-ministro Polaco e hoje aterrou na "Green Zone" o patrão do
Pentágono, Donald Rumsfeld, na foto a cumprimentar Marek Belka, primeiro-
ministro da Polónia. Rumsfeld está a ficar preocupado com o futuro do Iraque,
e prepara-se para sair daquele "atoleiro", poupando dolares e vidas humanas.

2005/07/26

 
O ano corrente, em termos económicos, ainda pode fechar com saldo positivo.
Quanto à actividade política, ainda vamos ter muitas surpresas, mais negativas do
que positivas. O ano de 2005, no seu conjunto, poderá encerrar sem deixar muitas
muitas saudades. Poderá mesmo vir a ser considerado um annus horribilis por
grande parte dos portugueses. Por causa do défice, da estagnação económica, e das
medidas tomadas pelo Governo que vão atingir os funcionários públicos. Como se
isto não bastasse, para deprimir todos nós, iremos assistir a manifestações e greves
em diversos sectores da Administração Pública, sempre lideradas e apoiadas pelos
trotzquistas do BE e pelo Jerónimo da "Democracia Avançada". Mas serão os outros,
os portugueses em geral, que irão ser castigados com as greves aprazadas. Como se
os utentes dos transportes públicos, dos centros de saúde, e das escolas públicas
não estivessem tambem a sofrer com a crise económica e financeira do nosso país.

Lagerestroemias floridas nos jardins da Casa de Mateus, perto de Vila Real.
Imagem recolhida, com a devida vénia, do blogue Dias-com-Árvores. É um blogue
que enriquece a blogosfera, pela qualidade das imagens, pela competência da sua
editora e a fina sensibilidade demonstrada na abordagem dos temas publicados.


Não resisto a transcrever este pequeno artigo publicado hoje no Público:
"No seu artigo no PÚBLICO da semana passada, Mário Pinto sugere que as escolas
privadas deveriam fazer queixa contra o Estado por 'concorrência desleal', por causa
de este financiar as escolas públicas e não aquelas. Pela mesma ordem de ideias, as
clínicas privadas deveriam fazer idêntica queixa, por causa de o Estado só financiar
os hospitais públicos; e as companhias de segurança privadas deveriam tambem
queixar-se da polícia; e os anarquistas e libertários da concorrência desleal do
Estado". -- Assina o artigo, Vital Moreira que o colocou no blogue Causa Nossa.
(Como gostaria eu tambem de assim dizer tanto, com tão poucas palavras...)

O penacho italiano em Kabul... Enquanto no Iraque começa a desenhar-se
um calendário para a saída de tropas da Coligação -- a Polónia, a Roménia e a
Ucrânia a partir de Janeiro -- no Afeganistão acontece o inverso. A Nato continua
no terreno e alarga o contingente de militares. Portugal aumentou a cooperação.

2005/07/25

 
Não me agrada a ideia de ter que votar em Mário Soares nas presidenciais.
É lamentável que, após trinta anos de democracia, o PS não encontre uma figura
menos "gasta" do que o "venerável" Mário Soares. Nas empresas, nos partidos, nas
comunidades, deve ser feita uma cultura de gerações, para que, chegada a hora de
mudança e de continuidade, haja alguem capaz de assumir a disputa de uma eleição.
No PSD há muito que sabiamos quem seria o candidato. No PS foram-se nomeando
tantos nomes, e, por fim, não foi encontrado ninguem capaz de enfrentar a figura
áustera do professor Cavaco. Tiveram que ir à prateleira buscar alguem que já todos
conhecemos, valioso e sábio, mas irremediavelmente "usado", gasto, sem a energia
nem a exuberância para desempenhar o lugar de Presidente da República. O lugar
é o mesmo de há dez anos, mas os problemas e os desafios de hoje vão exigir muito
dinamismo ao novo PR. Mário Soares, aos 81 anos, não é a pessoa indicada para o
lugar. Deixem o "Papá" descer a montanha, sossegado e feliz até alcançar a sua paz.

Confesso que me sinto confuso com a disparidade de opiniões emitidas sobre
os dois grandes projectos de obras públicas anunciadas pelo Governo, o comboio
de alta velocidade (TGV) e o novo aeroporto da Ota. A minha dúvida está em saber
se, até 2008, é possivel combater o défice, e, ao mesmo tempo, dar início aos
dois projectos. Eu creio que sim, pois as grandes obras -- e as maiores despesas --
terão lugar de 2009 a 2015. Daqui até lá, a economia e as finanças públicas têm
tempo para recuperaram. E estes projectos, vão contribuir para o crescimento
e para criar postos de trabalho... Mas se Portugal abandonar estes dois projectos,
em que situação ficamos em relação a Espanha e à restante Europa? Portugal vai
isolar-se, ficando sem ligação de alta velocidade e com aeroportos secundários?
Não poderá essa situação agravar a nossa dependência, deixar-nos dependentes
de Espanha? Eu creio que, se estes projectos não avançarem até 2010, o nosso
país vai ficar na periferia europeia, e depois, como já não tem "fundos europeus"
para ajudar a construir o TGV e o Aeroporto da Ota, onde vamos nós arrranjar
tanto dinheiro? Este desafio coloca-se a todos nós, devemos pensar neste caso.

O blogue Blogame Mucho está de parabens. Há dois anos que anda nestas lides.
Parabens à Lolita que escreve breve, mas certeiro. Parabens ao Besugo pela
fecundidade literária, umas vezes a desafiar o Eça outras vezes o Kafka. Mas
tem mais: tem o Alonso, o Joselito, o Stkaneko. Até parece uma família galega.
Por isso lhes dedico esta imagem das festas de San Jaime, em Santiago de
Compostela, com fogo de artifício , muita alegria e colorido -- para o Besugo
se recompor dos pesadelos... Sonhou que estava numa sala de operações,
como doente, para ser tratado!... Cuidado com as sequelas do tabagismo.

2005/07/24

 
É isso mesmo. O que isto está a precisar é de uma grande trovoada. Para lavar
as ruas, o ar poluído, as almas, e refrescar o ambiente. Uma boa chuvada, faria bem
ao país, pouparia os bombeiros, revitalizava a terra, e mandava tudo pró galinheiro.
É que, a par da grande seca, padecemos com a chinfrineira causada pelo cacarejo
das aves agoirentas. Era bom que viesse uma chuvada, para molhar as cabecinhas
tontas de alguns agentes da agit-prop. Diz a meteorologia que talvez na terça-feira
o país fique molhado... Precisamos mais do que isso, de chuva a valer, copiosa, sem
parar, durante um a dois dias. Uma valente bátega, para afogar as nossas mágoas.

No tecto do Mundo, em Srinagar, não há seca... Vemos aqui a "ponte", o poney,
o homem, a natureza na sua diversidade. Para sentir a beleza natural da Terra.


No Cabo da Roca, o ar estava húmido, pesado, e havia nuvens baixas, deixando
adivinhar chuva. Já em Oeiras, no Alto da Barra, o ar estava quente, mas húmido.
Lá adiante, quase não se vislumbrava a Torre do Bugio, com o horizonte carregado
e a neblina a encobrir toda a extensão das praias da Costa da Caparica. Só os silos
da ex-EPAC, na Trafaria, estavam visíveis. Até a Ponte 25 de Abril estava indecisa,
ao nosso olhar. Mais à norte, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém e a
Torre dos Pilotos (inclinada, parece a chaminé de um transatlântico), apareciam
pouco nítidas, devido à neblina da tarde. Neste panorama de 180 graus, está firme
o padrão atmosférico de trovoada... Mas nada garante que este meu anseio se vá
concretizar nas próximas horas. Estamos em pleno verão, e a seca vai continuar.

Porque é verão, temos o Festival Internacional de Teatro de Avignon.
Diz-se que faltam textos, critica-se a gestão dos espectáculos. É o cansaço...


Uma trovoada sobre a ilha do Jardim, onde geralmente se abatem as chuvas
antes de chegarem ao Contenente, já seria, para mim, uma alegria. Por saber que
o soba da Madeira, na Festa do Chão da Lagoa, iria enlamear os sapatos no mar de
lama em que se transformaria o seu arraial. Até poderia acabar por se rebolar na
dita, como os hippies no festival de Woodstock... Aliás, isso seria um happening
espontâneo, já que o Alberto, após beber uma dúzia de ponchas, é capaz de tudo.
[E chega, por hoje. Isto, assim, nem parece um blogue; mais parece um "Diário Íntimo". O
mal pega-se. O João, escreve ao estilo nobeliano de Levantado do Chão. O Roncinante, foi
de férias e nem disse vou ali, já venho; só um recadito, a dizer que está farto de os carregar].

Nem com uma coligação de exércitos bem equipados, fomos capazes de calar
o "terrorismo" na altura em que ele ameaçou... Dois anos após a tomada de
Bagdade, pelas tropas invasoras, o "terrorismo" e os seus pregadores expandiu-se,
replicou-se, e cada vez o mundo está menos seguro. Hoje um suicida carregou um
camião tanque, para junto da esquadra de Rashad, perto de Bagdade, e explodiu-se
matando 42 guardas e ferindo mais de 20. Para alem da dor, se todos forem chefes
de família, avaliaremos a extensão destas carnificinas no tecido social iraquiano.

2005/07/22

 
A vida está dificil. As coisas não vão de feição. Tudo está a correr mal.
É a seca prolongada, que pode levar à desertificação por falta de água; são os
incêndios florestais, que podem conduzir ao mesmo fim pela erosão dos terrenos;
é a luta dentro do Governo, entre os keynesianos do investimento público e os que
defendem a contenção da despesa; é a saida de Campos e Cunha, que não afecta a
gestão do controlo do PEC, mas deixa a direita a rebolar-se de alegria; é a queda
de Freitas do Amaral, que o obrigou a estar em repouso e não comparecer ontem
à tomada de posse do ministro Teixeira dos Santos; são as autárquicas de Outubro,
que levam ao adiamento de medidas a tomar pelo Governo, para evitar o debate
e o aprofundamento do péssimismo instalado; são os discursos de cassete usados
pelos partidos/oposição, que se esgotam em cinfrineira e falta de ideias; é, ainda,
a justiça que temos, incapaz de gerir a Justiça, ao libertar um sujeito condenado
a 25 anos de prisão, por as medidas preventivas terem excedido o prazo legal...

Em face de tudo isto não admira que, pessoas independentes mas influentes,
como o Miguel de Sousa Tavares, estejam á beira de um ataque de nervos e
venham dizer que "este país não tem solução", fazendo um discurso ainda mais
derrotista do que faz a oposição -- liberais, trotzquistas, comunistas e realistas.
Mas não devemos desistir, até porque, na oposição, não há nada de novo, nada de
concreto, nada de substancial. A oposição, para alem da cassete, pouco tem para
se fazer ouvir. É verdade que tem o tio Isaltino, à procura de emprego; o major
Valentim, a fazer jogadas fora da Liga; o Avelino, que passou do Marco para
Amarante, e está a contas com a justiça e não só, já que perdeu uma aposta de
25 mil contos, ao afirmar que nunca tinha apodado de "lacrau" um seu cidadão,
mas este, como tem o registo magnético, exige-lhe o pagamento daquela verba
na moeda actual, em euros. São histórias, cenas tristes deste país em crise.

A República Checa não tem problemas económicos, nem défice nas contas
públicas, mas tem "mistérios" para os quais não tem resposta. Na região da
Bavária, cientistas procuram respostas para os "sinais" deixados nas searas.


Os factos de hoje, em Londres, mostram a vulnerabilidade da cidade. O que
ali aconteceu, pode acontecer em qualquer outra cidade. A cidade é o lugar onde
vive uma comunidade de gentes diversas. A cidade é hoje mais aberta do que
nunca. Não se pode fechar as "entradas" e "saídas" de uma cidade. Dentro dos
seus limites tudo pode acontecer, e não há formas de evitar o perigo. Ninguem
pode estar descansado, nem confiar na "melhor" polícia ou no avançado sistema
orwelliano que tudo vigia. Hoje, em Londres, o pânico, o medo e o terror tomou
conta dos londrinos, como aconteceu noutras cidades, numa situação de ameaça
de bomba, transportada por um suicida. O medo, é uma manifestação própria
dos seres vivos; o medo é a consciência do perigo. Só os loucos não têm medo.

John Howard, primeiro ministro australiano estava ontem de visita a
Londres. É ele que responde à imprensa sobre os mortos civis iraquianos.

2005/07/21

 
Não podemos esconder a verdade dos factos. Havia um "grão de areia" metido
na engrenagem do Governo. Não se percebia bem como, desde quando, até quando.
Mas o atrito foi rápidamente solucionado, com a demissão de Campos e Cunha.
Oficialmente, ficamos a saber que o ex-ministro das Finanças invocou as seguintes
razões para abandonar o cargo: "razões pessoais, familiares e cansaço".
Sempre achei que Campos e Cunha era competente, mas no desempenho como
governante, ele não passava de um actor à procura de uma personagem. Tinha e
tem competência, mas não é um político, falta-lhe rodagem nos meandros do poder.
Quando o viamos nas televisões, a partir de Bruxelas, a imagem que nos chegava
era a de um "aprendiz", isolado no conjunto, retraído na comunicação, sorumbático,
pouco brilhante nos contactos pessoais. Neste aspecto, Campos e Cunha tem razão
ao alegar "razões pessoais", como desculpa para se demitir do Governo. Na verdade
o académico Campos e Cunha, não tem perfil para estar na ribalta, ainda que seja
por breves momentos, na frente da camara de tv ou numa assembleia parlamentar.

Se recordarmos os passos dados pelo Governo de Sócrates no sentido de acabar
com as mordomias dos políticos, teremos a ideia do timing em que o ex-ministro
das Finanças começou a "sentir-se" deslocado na função que estava a desempenhar.
Foi no exacto momento em que o Governo começou a tomar medidas de contenção
e austeridade, pedindo sacrifícios aos mesmos de sempre, e veio saber-se que
Campos e Cunha tinha, alem do ordenado de ministro, uma reforma choruda do
Banco de Portugal... Para acalmar os mesmos de sempre, o Governo decidiu
acabar com tais regalias, criando a regra dos dois terços de um, mais o ordenado
ou a pensão. A partir daquela data, Campos e Cunha deve ter começado a sentir
que fora "apanhado", que estava a pagar pelos outros, que a sua mulher tambem
iria ser penalizada, quer pelo aumento da idade para aposentação quer pela lei dos
dois terços de um, e, enfim, estas situações geram sempre tensões "familiares".
Mais uma razão para o ex-ministro se ir embora, antes da nova lei entrar em vigor.

Neste caso, diz-se: "só quem está no convento, é que sabe o que lá vai dentro".
Daí que Campos e Cunha tenha optado por voltar à situação anterior, largando o
Governo para se dedicar à vida académica. Agora vai "descansar", e depois irá
de férias para o estrangeiro, onde possa estar longe de todos os problemas criados.
Não querendo eu fazer o papel de "bruxo", devo confessar que, nestas últimas
semanas, Campos e Cunha parece ter conduzido as coisas no sentido de abrir uma
guerra de palavras com José Sócrates e os seus ministros, que inevitavelmente
levaria à sua demissão, ou a aceitar demitir-se voluntariamente das suas funções.
Refiro-me ao artigo publicado no Público, às declarações feitas na AR, e respostas
dadas à comunicação social, sempre que era questionado. Queria ir-se embora.

Esta imagem vem de Sidney, informando que se trata de um ninho de
cegonhas, em Moreanes (?), no Alentejo. Não conheço tal localidade, mas
sei que as cegonhas, utilizam os activos da EDP e dos CTT para nidificarem.

2005/07/20

 
A direita continua bem armada, com os seus peões de brega nos jornais, sempre
prontos a disparar bolas de sabão, fazendo chinfrineira, ampliando as falhas deste
e daquele ministro, vingando as trapalhadas do Santana, o cão, o gato e o periquito
do Paulinho das Feiras. Tudo serve para desvalorizar o Governo de José Sócrates.
Agora foi o jornal do incrível Luis Delgado, o DN, que aproveitou a entrevista dada
pelo MNE, Freitas do Amaral, para desestabilizar o Governo. Aquele jornal continua
a ser o cóio dos orfãos da direita liberal. É preciso não esquecer que o jornal ainda
continua na alçada da PT, do barão Horta e Costa, e que o incrível Luis Delgado mais
o seu acólito, António Ribeiro Ferreira, continuam a sua cruzada contra Sócrates e
o PS. Tudo farão para não deixarem passar nenhum deslize governamental. Essa é
a função dos guardas pretorianos, estejam eles em manobras, no terreno de batalha
ou nos gabinetes da propaganda. Os editores do DN, ao utilizarem os métodos dos
tablóides Correio da Mânha e do 25 Horas, fizeram sujeira e usaram métodos
pouco deontológicos. Antes de publicarem a entrevista concedida ao jornal pelo
MNE, fizeram publicar, à laia de chamariz, aquilo que práticamente não foi dito.

Singapura à noite... Toda a beleza feérica de uma cidade moderna, onde a
riqueza, o bem-estar e a segurança parece estarem aqui bem espelhados...


Num almoço oferecido pelo American Club, para o qual foi convidado, o primeiro
ministro, José Sócrates, fez uma declaração de bom senso sobre a data do referendo
sobre o Tratado Constitucional Europeu: em tempo de crise económica, não deve
ser pedido aos portugueses que se pronunciem sobre o TCE, porque a resposta que
seria dada, iria mais para o lado da crise do que para o lado do Tratado. A ideia que
retive das suas palavras, resume-se nestes termos. Que aliás está em conformidade
com o que aqui foi dito, aquando do NEE holandês. Mais ainda, agora que tivemos
os atentados em Londres. Numa situação de crise económica, as pessoas tendem a
rejeitar as coisas que requerem reflexão. Quando à crise económica se sobrepõe a
insegurança, provocada pelos atentados terroristas, então é que não há mesmo
condições para olhar para os problemas de longo prazo. O que preocupa as pessoas,
é o momento que passa, que está pleno de incertezas, cheio de perigos vários.

O horror em Bagdade... Hoje, num centro de recrutamento, um bombista
suicida fez-se explodir, matando 10 civis e deixando 27 feridos. Continua a
carnificina humana, sem que os poderosos exércitos lhe ponham fim...

2005/07/19

 
Durante umas horas andei pela blogosfera a espiolhar os comentários postados
nalguns blogues. Em tempos, quando a maioria dos blogues eram anónimos, cheguei
a pensar em incluir esse mecanismo de interactividade neste blogue, mas depressa
desisti da ideia ao constactar a chinfrineira que ia por aí fora, e que pouco ou nada
contribui para elevar a discussão, entre o autor do blogue e os seus leitores, e estes
entre si, sobre os temas publicados. Por causa dos niilistas, das toupeiras, daqueles
que têm por função semear o terrorismo das palavras, desviar o fluxo das opiniões
para um tema alheio à discussão, gozar com os bem intencionados, provocar e fazer
chinfrim -- sempre atrás do anonimato, do nick-name, da realidade virtual que é a
blogosfera. Alguns blogues, que inicialmente admitiam "comentários", acabaram por
banir essa facilidade, ou então, procuraram contornar "as facilidades" da tecnologia
com as limitações que a mesma pode proporcionar para limitar os estragos causados
pelos niilistas do diálogo cibernético. O bom senso não é compatível com a doutrina
que certos liberais querem apregoar. Veremos se eles aguentam a contaminação...

Na política, grande parte das medidas são tomadas para distrair o pessoal. Tal
como no futebol, que mesmo em época de defeso tem sempre algum assunto para
ser discutido. Até chegar a época da grande prova. Até começar o grande confronto
entre os candidatos à vitória. Que vai absorver muita frustração, gerar muita raiva,
criar muito desespero. Mas a vida de cada um vai continuar, como a água do rio vai
correndo para o mar. A vida de todos nós não será afectada pela vitória ou pela
derrota de um grupo no campeonato, porque o futebol só afecta os clubistas. Mas
em política, os fracassos ou os sucessos da governação, afectam todos nós. Vivemos
dias de infindável angústia, à espera de melhorias na economia e nas finanças deste
país. Esperamos, todos os meses, por um sinal positivo nos indicadores estatísticos.
Enquanto não vêm as boas novas, há sempre alguem a falar para a "bancada" ou
no "balneário", com vista a distrair-nos. É o "jogo" da bola, copiado pelos políticos.

Os olhos pequeninos, os cabelos às ondinhas, penteados no sentido da nuca,
tornam o Isaltino antipático ... penso eu de que. Este reparo, feito pela Lolita ao
candidato independente por Oeiras, foi lido, escutado e aceite pelo tio Isaltino,
que já mudou de visual e se apresenta com este novo look. (Cortesia da galeria).

2005/07/18

 
Mais uma voz a juntar-se aos adversários do défice. Agora é Armando Pereira,
economista, que vem lembrar o "défice empresarial e de gestão" existente no tecido
económico português, défice que se alarga ao investimento, aos recursos humanos,
às tecnologias de gestão, aos recursos energéticos e ambientais. É fonte de diversos
danos, já que os nossos empresários e gestores não querem correr riscos, preferem
investir na bottom line, no retorno imediato. Este défice, conduz ao outro, e deve
ser combatido, para que os investimentos públicos e privados possam resultar em
mais-valias e nunca no desbaratamento de fundos nacionais ou comunitários. Como
diz Armando Pereira, "faltou e falta dimensão estratégica à gestão empresarial".
Com um défice destes, a corroer o tecido empresarial português, torna-se dificil a
este país desenvolver-se, modernizar-se e enriquecer. Se não formos exigentes na
gestão dos pequenos e grandes investimentos, vamos continuar a estender a mão.

Muito dinheiro, vindo dos fundos da UE, foi e tem sido desbaratdo, desperdiçado.
Dos fundos para incentivos ao investimento em recursos humanos (num quadro de
sete anos), em cinco anos foram apenas utilizados 28,6 por cento. Tivemos o POE-
Programa Operacional da Economia, agora vamos ter o PRIME-Programa de
Incentivos à Modernização da Economia. Tivemos ou temos o SIME, o SIPIE na
indústria. Tivemos o PROCOM (renovação do comércio), depois veio o PROREST,
destinado à restauração. Com tantos fundos, houve comerciantes a apresentaram
projectos, fizeram as obras, e até hoje não receberam um tostão... Porque já não
havia verbas ou porque se aguardava o desbloqueamento dos dinheiross. Mas,
na maioria dos casos, dez anos depois, tudo foi esquecido. Veja-se o caso de uma
empresa produtora de genéricos: a Labesfal, instalada em Lagedo (Tondela), aderiu
ao PRIME, através do IAPMEI, em 2002. Em 2004 foi-lhe concedido um montante
de 9,3 milhões de euros -- que até agora ainda não recebeu, porque o ministério
da tutela ainda não aprovou o contrato... (Certamente por não haver dinheiro).

Inovação é um pouco de imaginação... Um simples sapatilha de borracha
pode transformar-se num bom negócio -- desde que alguem tenha uma boa
ideia. Neste caso, as baianas (negócio brasileiro) viraram bandeira de país...


Tem razão o economista Armando Pereira, ao afirmar que existe um défice
de gestão empresarial neste país, mas tambem é verdade que os empresários (os
pequenos e médios), têm um défice de confiança nos políticos que tem governado
este pequeno país. È verdade que a maioria dos pequenos empresários não tem
as competências para melhorar o seu desempenho, mas são os empresários que
temos, nesta geração. Apesar disso, se os dinheiros tivessem sido eficazmente
aplicados, algum proveito teriamos conseguido, melhorando a credibilidade dos
governos perante os pequenos empresários contribuintes. Com as coisas assim,
apenas resta aos pequenos empresários confiarem neles... e não no Estado.

Potter=Oleiro; Pauper=pedinte, pobre. Não haverá interessados nesta
obra literária, "A Minha Vida nas Ruas", escrita pelo novelista K. Pauper?

2005/07/17

 
No anterior fim-de-semana, o Vasco (Pulido Valente), referiu-se ao medíocre
papel que as elites portuguesas têm desempenhado na sociedade em geral (que eu
achei rídiculo) mas que António Barreto escalpeliza hoje, no Público, com sabedoria
e competência, já que é na área da sociologia, onde Barreto melhor sabe fazer figura
de mestre e professor. Para o Vasco, o país só conseguirá ter elites capazes, desde
que haja uma "mudança de mentalidades" -- o que é pouco, como receita, diga-se.
Para Barreto, esta receita peca por não indicar "quem é que reforma quem". Alem
disso, "ignora uma realidade básica: as mentalidades são a última coisa a mudar".
A não ser em casos de ditadura, como Salazar, Caetano, Estaline, Hitler, Pol Pot...
Barreto não escreve de elites em abstracto. Diz que há elites económicas, políticas,
culturais, militares e outras. E caracteriza cada uma delas, ao contrário de o Vasco.
Uma boa lição, esta do professor Barreto para o historiador Vasco. Para todos nós.
António Barreto acabou a aula e fechou a porta. Vai de férias. Que continue assim,
a falar e escrever sobre aquilo que realmente conhece bem... e pode fazer figura.

Atenção ao que vai acontecer esta semana em Bissau, durante a campanha
para a segunda volta das presidências. O que se passou ontem não augura nada
de bom para a Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo. Chegam ecos
de que, um tal Manecas (Manuel dos Santos), amigo e ex-colaborador de Nino
Vieira, foi detido no aeroporto com uma mala cheia de dinheiro, tendo sido detido
por alegado tráfico de divisas, destinado a custear as despesas da campanha de
Nino Vieira. Seguiu-se, ao fim do dia, um assalto ao ministério do Interior, não se
sabe com que fins. No assalto morreram dois funcionários públicos. Fala-se ainda
de um empresário português, Manuel Macedo, que está a apoiar Nino Vieira. Este
sujeito, que em 1992 era importador de óleo de palma da Indonésia, e à data do
massacre indonésio no cemitério de Santa Cruz, em Dili, Timor, chegou a agredir
os jornalistas que o interpelavam sobre os seus negócios. É jagunço, estilo "major".
Todos amigos, todos iguais. Espera-se serenidade e confiança em Bissau.

Uns sonham com o céu e os anjos, outros com o inferno, o diabo e a magia.

As televisões, os jornais --mas não os editores e livreiros-- vivem dias agitados
com a obra faraónica feita de milhares de toneladas de pasta de papel, destinada
a relatar as aventuras de uns "heróis" criados por uma madame inglesa, que anda
a enganar meio mundo, e já construiu, para si, um império de "milhões de libras".
E todos os "tontinhos" apelam á corrida, à compra de um tijolo de papel, onde se
relata um mundo de barbaridades, que mais tarde serão passadas a celulóide,
com imagens de violência extrema, para gáudio dos fundamentalistas. Será assim,
porque o cinema de hoje vive de "inquietação", de "explosões", de "violência". E
digo, "não os editores e livreiros", porque o "jackpot" é só para um.... e muito boa
literatura vai ficar nas livrarias, por falta de clientes, de leitores, e de dinheiro.
Mas o "reino de sua majestade" agradece. Depois de Cartland, dos Beatles, o HP.

Morreram mais onze e cinco ficaram feridos, hoje, aniversário da tomada
do poder pelo Bahas, em 17 de Julho de 1968. Um bombista suicida, provocou
ontem 60 mortos e 82 feridos, em Mussayib, 70 kms a sul de Bagdade. Neste
desfile de violência e horror, o povo iraquiano desespera e culpa agora os EUA
e a comunidade internacional por não conseguirem acabar com o terrorismo.

2005/07/15

 
Começa a desenhar-se um entendimento quanto à forma de prevenir e acabar
com o terrorismo. A ideia lúcida e clara, adiantada hoje por José Manuel Fernandes,
prova que o "animal político" tinha e tem razão: é preciso dialogar para acabarmos
com o terrorismo, disse em tempos Mário Soares. "Daí que, seja necessário envolver
neste combate os próprios muçulmanos", escreve no seu editorial de hoje JMF. Mas
o jornalista concretiza a sua ideia, dizendo que o combate o terrorismo
"só pode ser
feito com a ajuda dos próprios muçulmanos, e dos sunitas em particular. Cabe-lhes,
por exemplo, reflectir por que razão baniram, a partir do século XII, todas as formas
de reflexão filosófica e teológica para evitar a dissidência e logo depois o seu mundo
entrou em decadência. Cabe-lhes desmistificar o carácter sectário do waabismo,
assim como têm de ser eles a falar contra a violência, o fanatismo. Do seu lado está
a maioria dos crentes, pelo que a voz dos líderes religiosos é decisiva nesta luta".
(Este, é o caminho. O Egípto, a Arábia Saudita, o Paquistão, o Iémen, devem ser
trazidos para o combate contra o terror de amanhã... Através de todos os meios.)


Escrevi aqui no dia 13, contra o "fado português" e todas as formas de lamúria
e tristeza que lhe estão adjacentes. Eis que agora vem o Pedro Bidarra, que se diz
"lisboeta e português", cantar o "fado do milhão de euros". Para ele, o futuro deste
país, está no fado, porque de "sol, praia, vinhos, aparições marianas, gastronomia,
está o mundo cheio". O Bidarra quer vender, por um milhão de euros, a descoberta
feita por José Moças, que vive em Inglaterra, e diz conhecer um espólio de 5.000
registos de Fados que datam de 1904. Parece que nenhuma instituição pública ou
privada se disponibilizou a largar um milhão... mas diz haver um interessado, do
lado de lá do Atlântico. Só que, o João Pinto de Sousa, gostava que os 8.000 registos
de Fado, ficassem em Portugal. --"Alguem pode dispensar um milhão? ", desafia o
Pedro Bidarra. Mas é estranho, uma vez fala de 5.000 outra vez em 8.000; diz
que o José Moças descobriu o espólio, mas aponta o João Pinto, como tendo os
registos do Fado em mão... Será verdade? Não será a história do "fado corrido"?

Por outro lado, na semana em que o Euromilhões atinge um pesado jackpot
de 81 Milhões, somos confrontados com a notícias de que, numa instituição de
solidariedade social, "5 funcionários públicos desviaram um milhão de euros 5".
Até parece que tudo isto tem uma lógica: é feito o desvio de "um milhão de euros"
para poderem comprar, por igual valor, o espólio do nosso Fado, que desde 1904
anda pelas ruas da amargura. Mas como é possivel todas estas coincidências?
Alem disso, verifica-se a possibilidade de parte ou a totalidade do Euromilhões
cair nas mãos de um português; por outro lado, ainda que essa hipótese não venha
a concretizar-se, sempre resta o "montinho dos 5", que ascende a um milhão. Ora,
a realidade é que estes factos nada têm a ver entre si. São apenas casos ao acaso...
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado. Acabe-se com o fado chorado.

O 14 de Julho tambem é uma data histórica para o povo iraquiano.
Foi a 14 de Julho de 1958 que a monarquia instituida pelos britânicos
foi derrubada por uma revolução popular. Dez anos depois, a17 de Julho
de 1968, o poder foi tomado pelo Bahas, através de um golpe militar.
...Mas os desfiles de Bagdade nunca tiveram a beleza e a alegria de Paris.

2005/07/14

 
Os ataques terroristas de Londres serviram, mais uma vez, para os apóstolos
da "guerra preventiva" sairem da toca, e virem agora dizer-nos que o terrorismo
vai continuar a atacar, porque isso "está escrito nas estrelas". Vestem roupagem de
"comentadores", "analistas", "repórteres", gente iluminada, isenta no arrolamento.
Chegam a falar como se fossem generais, historiadores, visionários do futuro. Com
eles a palrar, resta-nos um mundo de parlapier, onde o ruído deixa esconder o real.
Veja-se o caso de José Manuel Fernandes, no seu editorial de hoje: cita a I Guerra,
depois a II para poder levar a água ao seu moínho. Fala da "fibra velha e serena
democracia" dos londrinos, que resistem... Mas hoje a Inglaterra é diferente, é uma
mescla de raças... e são eles, os nascidos por lá, que se matam e assassinam outros.

Já o José Pacheco Pereira, vem afirmar que tambem nós estamos ameaçados.
"Algures, perto de si, acabará por explodir uma bomba" -- escreve o historiador do
comunismo. "Tal como dois e dois serem quatro" -- confirma, esfregando as mãos
de contente. "É por isso que não basta bater no peito" [...] "É tambem por isso que
poucas vezes" [...] "É importante perceber que" [...] "Já disse e repito que nesta
questão do terrorismo"... Pacheco está magoado por ver os europeus "escarnecer
do Patriot Act", fala da tradição da nossa cultura, raciocina, volta a raciocinar, cita
Nietzsche, Netchaiev, Sade e Bin Laden; mete-se na "cabeça do Hitler de 1933 e
1945" e diz que "quando se está em guerra corre-se em frente". "Vem na Ilíada".
Elogia Alexandre o Grande, a luta dos "ingleses contra os zulus". "Ou nós ou eles".
Quando as pessoas "soltam a mente (a língua)" ... e não escutam a sua intuição, só
dizem disparates. Raciocinar, é andar às voltas, contravoltas, a correr, a rastejar,
numa dialéctica sem fim... Nunca se chega à verdade. Há sempre algo mais a dizer,
nunca admitimos que não temos a verdade. Comparar ontem, o ano passado, as
guerras de há 100 anos, as condições de vida no tempo das Cruzadas, tudo isto
com o dia de hoje, com o futuro que há-de chegar, e ninguem sabe o que vai ser,
é uma enormidade a que só os palradores se atrevem a comentar, a vaticinar.

Para alem destes dois apóstolos da guerra, que falam dela como se fossem
generais, temos a crónica do General José Loureiro dos Santos, que à data relatou
as manobras da Coligação no Iraque, com isenção e com conhecimento cabal do
que é o TO (teatro de operações). Pois o General Loureiro dos Santos, despiu a
farda de oficial do EME para chamar à atenção todos os que são estrategas de
lápis e papel: "Não invocar a palavra estratégia em vão". O tiro do General tem
como alvo, não o terrorismo ou a guerra, mas o PIIP-Plano de Investimento das
Infra-estruturas Prioritárias, do Governo. Não admira, pois os oficiais do EME
tem competências na matéria. Loureiro dos Santos dá prioridade ao investimento
no turismo, à expansão da banda larga, à energia eólica e lamenta que a energia
solar não seja tida em conta. Mas está céptico quanto à "estratégia" para o TGV
e muito crítico com o novo aeroporto da OTA. Dois investimentos que requerem
muita atenção, muita soma de avalições para que a "estratégia" não saia errada.

VIVE LA FRANCE!... Viva o 14 de Julho!... Viva a Europa!...

2005/07/13

 
FADO NOSSO, VAI BATER A OUTRA PORTA.

Todo o português se apouca, cantando o fado choradinho. Em lugar de uma bela
e exaltante canção, preferimos cantar o fadinho triste, a lamúria, o queixume vadio.
Não há maneira de largarmos a tristeza, o pessimismo, a tacanhez vestal do nosso
bairrismo. Se perguntamos a um comerciante, industrial ou feirante, como vai o
negócio, somos informados -- em tempo de recessão ou de crescimento -- que o
negócio vai mal, não se ganha para a despesa... Se perguntamos a um amigo, quanto
paga de IRS, diz-nos que paga um balúrdio, que paga mais do que recebe, que tem
muitas despesas, etc. Mas se lhe dissermos que fulano, comprou carro novo, esteve
de férias na Martinica, ou que tem os filhos numa escola privada, então as coisas
mudam de figura: "bem, eu tennho um TT, espero ir de férias para Ibiza, e se as
coisas correrem bem, estou a pensar em mudar de casa". Quer dizer, como cidadão,
sente que ganha pouco, que não dá para viver; como amigo do outro, nem é mais
nem menos que ele -- ganha tanto ou mais que o amigo, tem uma posição social
e profissional que o outro não tem, etc. Chama-se a isto, inveja... e apoucamento.

Não se trata do Grupo de Leão ou dos Vencidos da Vida. São os blasfemos
da blogosfera, num encontro do "Café Blasfémias", na Invicta. É o início de uma
tertúlia que pode levar ao avental da Maçonaria ou ao Partido Liberal Português.


E o que dizem os políticos? Discursos miserabilistas, derrotistas, desonestos.
Que o Jerónimo de Sousa mantenha um discurso pré-revolucionário, não admira,
mas é confrangedor ver o porta-voz do PSD, a proclamar que "o Governo não tem
feito nada para travar o défice e dinamizar a economia". Não espanta o discurso
do trozquista Francisco Louçã, mas temos náuseas ao ouvir alguns dirigentes do
CDS falar na "inoperância deste Governo". Mas a verdade é que este discurso
enviesado, derrotista, desonesto e lamuriento, tambem é usado por uns analistas,
comentadores e jornalistas, saudosos do período turbulento de Santana Lopes.
Esta pobre gente, não se assume como adversário político, com ideias concretas.
Apenas vertem ciúme e inveja. Ao jeito do fado lamúrias, que continuam a cultivar
e para quem o "quanto pior melhor" em política, é a única saída para as suas
carreiras. São os mesmos que, vão a Espanha fazer compras, para poupar no
IVA... grandes patriotas! Só não contam com os gastos de transporte, refeição e
despesas imprevistas. Mas é para "poupar", afundando ainda mais este país...

A carnifina maior de hoje, em Bagdade, aconteceu quando uma coluna
de soldados americanos parou junto de uma escola e começou a distribuir
drops e caramelos às crianças. Um bombista suicida matou 27 pessoas, na sua
maior parte crianças, e um soldado americano. Outros tantos ficaram feridos.
É o inferno total, o cáos, a banalização da violência. Todos os dias. É incrível.

2005/07/12

 
Já muito foi dito sobre os atentados terroristas em Londres. Muita gente deu
o seu testemunho, a sua opinião, não raras vezes com excesso de subjectividade.
Mas continuamos a ler e ouvir depoimentos cheios de subjectividade. É o caso da
de Teresa de Sousa que, para dar uma ideia do ambiente "edílico" que se vive na
capital do reino, vem falar da sua filha mais velha, que ali vive como uma londoner.
É o caso do pai da Ana, que estava no tub em Liverpool Street, numa carruagem à
frente daquela onde houve a explosão, e nada sofreu, graças a Deus... Mas o pai da
Ana, que tem a filha e estagiar na Goldman Sachs, na City, utiliza este fait-divers
para criticar "o outro povo da Europa" que, estando na guerra, mudou de situação
como um catavento... E ainda glorifica os vôos baratos, que chegam a custar menos
que as portagens na AE Lisboa-Porto -- mais barato que esse tal TGV, ironiza o
pai da Ana. Por aqui se vê que Tony Blair tem, em Portugal, muitos aliados na sua
luta contra o terrorismo. Mas isto não passa de grateful people, alheios à realidade.

Aquilo que Teresa de Sousa chama Londoners, é para os norte-americanos o
Londonistão, donde saiem jihadistas para exportação, destinados a irem matar no
Iraque, Afeganistão, Turquia ou no Iémen. Os serviços secretos americanos sabem
do que falam, e devem ter provas de que assim é, mas Londres não quer acreditar
na CIA. Depois do ataque no Afeganistão, os elementos da Al-Qaeda regressaram
aos locais de origem. Muitos têm estado em stand-by no Reino Unido. Chegou a
hora de atacarem em casa. Outra falácia em que se insiste, é na "normalidade",
na celeuma dos ingleses. Não esqueçamos que os londrinos vivem há tres anos em
ambiente de permanente alerta com os ataques... Ao fim de tantos meses, anos,
as pessoas já não reagem. Essa é a maneira de manter o "povo" controlado; é com
ameaças constantes, que os governos conseguem amaciar os cidadãos. Este modo
de governar o medo do terror, tambem é seguido por George Bush, e tem resultado.

Depois de tudo isto, há duas coisas que convem assinalar: i) como teriam reagido
os londrinos, se acaso tivessem um caso semelhante ao que aconteceu em Beslan
ou Nova Iorque? Será que não iam reagir como os americanos e os russos? Ou os
ingleses são frios, calculistas, desprovidos de emoções? ii) diz-se tanto disparate
sobre a Scotland Yard, a polícia londrina e os seus serviços de socorros, mas até
agora, cinco dias depois, faltam respostas para muitas questões!... Nos atentados
de Madrid, que tiveram uma dimensão maior, ao fim do dia estavam identificados
76 cadáveres, e os serviços secretos, poucos dias depois, localizaram algumas das
células de terroristas, tendo os terroristas, em desespero de causa, feito explodir
os apartamentos em que estavam refugiados. E em Londres? Dizem que foram
feridos 700 pessoas, mas será assim, um número redondo? Quanto a vítimas, já
se fala em 53, depois das 40 iniciais. Mas fala-se em 20/30 desaparecidos... Só
podem ser vítimas que morreram no tub... Só hoje conhecemos o nome de duas
vítimas mortais. Convenhamos, as autoridades madrilenas foram mais eficazes.

O pacífico, atento e produtivo Jumento, em cujo palheiro o Abrangente não
pede licença para entrar, parece estar a acusar o cansaço do trabalho. Deve ser
pelo calor deste Verão. Começa a sentir saudades das praias algarvias... Mas eu
já ando por aqui há dois anos e continuo a apreciar o trabalho do Roncinante.

2005/07/11

 
Todos nós, que escrevemos à janela da blogosfera, já experimentámos um dia
a incapacidade de alinhavar umas linhas de escrita, devido à ausência de inspiração.
Veja-se o que aconteceu com Eduardo Prado Coelho: "Que escrever? Confesso que
não sei. Pensei em falar de um escritor, pensei no cinema. Pensei na modéstia de
Wim Mertens. Pensei no livro de Jorge Molder. Recordei a Praia do Forte em
Salvador da Bahia. Pensei na Foz do Arelho. Pensei na forma discreta de conhecer
Portugal. Pensei que não faço parte de Portugal. Pensei como estão em moda as
obras sobre strip-tease. Pensei em Vasco Pulido Valente e no seu terrível confor-
mismo: para ele, pensar é dizer exactamente o contrário do que as outras pessoas
pensam. Sempre, invariavelmente. Pensei no calor, imenso. Na seca, interminável.
Pensei nas velhas casas sem elevador. Nos elevadores sem velhas casas. No que
vai ser o pesadelo das férias de Manuel Maria Carrilho". (Neste ponto, EPC explica
a causa do seu estado amorfo: os ataques terroristas em Londres). "O quotidiano
bate-nos à porta. A guerra é tremendamente assimétrica".
"PS: Interromperei estas crónicas por motivo de férias" -- assim se despediu EPC.

"Desta vez os abutres não conseguiram chegar às presas. No país da liberdade
de Imprensa tudo o que conseguiram, para alimentar a sua sanha de sangue e
pavor, foram aquelas tres ou quatro imagens de feridos já devidamente tratados,
a recuperar do choque, não havia correrias, gritos, fumo, sangue a correr a jorros,
membros amputados espalhados pelo chão. Nem uma cabeça decapitada pendente
entre carris, nem se quer um brinquedo carbonizado ou uma mão de criancinha
decepada entre ferros. Num dia com tanta notícia faltou material para abrir os
telejornais da noite". (Excerto de "Abutres a dieta", por Graça Franco).

Andam homens em desespero, que fazem lembrar as Desperate Housewives,
a chamar pelo Miguel. Eu, que não consigo entender por que chamam pelo Miguel
e não chamam pela Judite, pelo Cunha, pelo Valentim ou pelo Soba da ilha, pasmo
ao ver nas televisões este apelo, em horário nobre, e durante os telejornais. A esta
gente toda, que grita pelo Miguel, falta-lhes qualquer coisa na sua vida afectiva.
O que é não sei, mas trata-se de um caso de psiquiatria. Já chega a crise do défice.

Estes, choram por não terem ninguem, que chame por eles... Trata-se de
dois irmãos de etnia hmong, acolhidos no centro de refugiados em Phetchabun,
na Tailândia, onde as lutas inter-religiosas levam à fuga de muitas famílias.

2005/07/10

 
Que mal fizeram os inocentes iraquianos, que todos os dias são massacrados,
para estarem a sofrer na pele a dor causada pelo terrorismo internacional? Quem
levou o terror, a guerra, a insegurança, a destruição ao povo iraquiano? Quem tem
tem poder para acabar com o desmando que reina no país que foi berço de grande
parte da nossa civilização? Onde está o poder das grandes potências, que no terreno
estão a ser derrotadas, e permitem que todos os dias se repitam cenas de terror e
chacina de civis inocentes e de famílias inteiras? Até quando iremos assistir a este
holocausto, a esta grande carnificina, que os meios de comunicação deixaram de nos
apresentar como trágica, bárbara e desumana? Não devemos chorar os inocentes?

Mataram mãe e filhos, durante a madrugada, enquanto dormiam. Aconteceu
em Bagdade, esta madrugada. Dos 7 filhos, 6 tinha idades entre os 2 e 14 anos.


É no mínimo curioso, para não dizer outra coisa, ver como a informação sobre
o horror no Iraque, está a ser "controlada" em diversos sítios da Internet. Alguns
sítios de grande de informação, omo a World News, apresentam agora uma notícia
sobre um atentado em Bagdade, mas dez minutos depois, essa mesma notícia já lá
não está... Na maioria dos casos, para sabermos o que está acontecendo, temos de
recorrer a fontes que os ocidentais acusam de serem parciais, como a Al-Jazeera.
Ou então consultamos os sítios de organizações independentes, como este e este.

Numa secção de recrutamento de polícias, em Bagdade, um atentado à bomba
ceifou a vida 19 civis e deixou 40 feridos. Um cenário de total desprezo pela vida
humana. Violência e morte tornaram-se coisas banais. Os feridos apenas choram.


Temo o pior sobre o que está acontecendo no Iraque. Aquilo não tem princípio
nem fim; é um inferno, um lugar caótico, onde ninguem está seguro e nem se quer
pode afirmar que, ao sair de casa, ainda vai voltar ao fim do dia. Em Bagdade, onde
havia uma certa qualidade de vida , antes da invasão, os habitantes desesperam
por não terem água, nem electricidade; nesta altura do ano, a temperatura sobe
aos 48 graus centígrados, e não há ar condicionado por falhas de energia. Total
desconforto e falta de higiene. Isto num cidade onde corre o milenar e histórico
rio Tigre; isto,num país exportador de petróleo, com enormes reservas no solo.

2005/07/08

 
Diz-se que as autoridades britânicas recomendaram aos media para que não
fossem apresentadas imagens das vítimas dos atentados terroristas perpetrados
em Londres. Que respeitassem a privacidade dos feridos e deixassem os mortos
na sua paz eterna. Claro que a medida foi logo contestada por muita gente, desde
o jornalista ao fotógrafo, do operador de câmara ao reporter, do político liberal ao
colececionador de tragédias. Toda esta gente defende o direito de "informar", sem
restrições nem censura. Aliás, é a censura que eles apontam logo como um papão,
não se preocupando com a dor de familiares e amigos nem o respeito pelos mortos.
Para eles, a morte é um negócio, que há que saber explorar, e nunca vão admitir
qualquer espécie de restrições à difusão de imagens de qualquer tragédia humana.
Chegámos ao ponto de banalizar a tragédia e a morte acidental. Acidental, porque
a morte é a única verdade pela qual, cada um de nós, vai passar. Banalizando a
morte, através de atentados terroristas, de guerras sujas, por esfaqueamento ou
por tiros de arma, estamos indo para um mundo selvagem, povoado de terroristas.

Se há normas morais, políticas, religiosas e de direito para preservar a vida;
se há normas sociais, políticas e de direito para não permitir a poligamia e o sexo
explícito nos locais públicos; se há lugares restritos para rezar, para ser julgado ou
para ser castigado; se a sociedade permite o direito à indignação, mas proíbe que
cada um mate o outro, ou este roube aquilo que é de outro, porque não havemos
tambem de restringir a divulgação de imagens chocantes, brutais, de humanos
em agonia, estropiados, mortos por uma explosão terrorista ou acidental? Pois
não é um valor, o corpo vivo ou morto de um ser humano? Então por que damos
essa vida ou esse corpo, a uma corja de "abutres" voyeristas que se comprazem
com a morte, o sangue e a desgraça alheia? Afinal, onde estão os moralistas, os
defensores do respeito pela vida humana, que não se ouvem nem se vêem a
defender as causas por que se dizem militantes? Acho muito bem que as autori-
dades de Londres tenham colocado um limite aos "abutres" sedentos de sangue.

Por que o tema é dificil, e porque a ciência (a física nuclear) só agora começa
a encontrar algumas pistas que poderão revelar-nos coisas estranhas que até
agora desconheciamos, mas a verdade é que, nós projectamos o nosso futuro, e
ele será, em grande parte, aquilo que agora desejamos; o que agora realizamos,
em acções ou projecções, vai levar-nos a esse caminho (futuro). Quanto maior
for a quantidade de "projecções" num determinado objectivo, mais forte se torna
a energia que levará à concretização dos nossos anseios no futuro. Os gestores
conhecem a importância do optimismo das pessoas para o futuro da economia.
Abreviando: a nossa sociedade, a sociedade do consumo, é a produtora de meios
conducentes à proliferação e à banalização da violência, da morte e do terror...
Os "crâneos" dedicados ao cinema, às séries televisivas e às manchetes dos
tablóides, "projectam" um futuro de violência, de terror, de total desrespeito
pela vida e pela condição humana. Os "terroristas" de hoje são inspirados pela
saga de Mad-Max, Terminator, StarWars, Brigada Alfa... A festa da violência.
À falta de um bom script, os produtores de efeitos especiais tornaram-se gente
de culto. Para quem gosta de violência. Por mim, fico de parte. Abomino violência.

Entardecer em Pequim, com raios de sol a reflectir num arranha-céus.




2005/07/07

 
DESCODIFICAR AS NOTÍCIAS...

Na ilha ajardinada, o soba deslocou-se ao arraial e semeou a confusão:
"Alto e pára o baile... Acabou-se a doideira das 48 Horas a Bailar. Não vêem
que eles estão aí, os chinocas, os índios, os chavistas, os africanders, os eslavos?"
(Na verdade, o que o soba da ilha pretende, é acabar com o "bailinho da madeira".
Não admira. Há quem diga por lá, que o soba se prepara para aderir aos skins).

José Manuel Fernandes teve que abandonar uma reunião de editores a fim de
escrever um editorial sobre ballet. A ideia de JMF foi fazer o que os comentadores
avençados não fizeram: apresentar aos leitores as razões que terão levado ao fim
o Ballet Gulbenkian. Esta função, em princípio, caberia a Eduardo Prado Coelho.
Mas este, ou porque anda distraído ou porque não quer aborrecer ninguem na
incumbente Fundação, deixou passar os dias e nem se quer teve uma palavra de
apreço para com o grupo de bailarinos... Preferiu falar do novo disco de Mísia, que
tem por título Drama Box. Assim, EPC, vem falar-nos de "tangos e boleros, ligados
à dança de movimentos extremos". Na sua arrebatada crítica, realça "o sentimento
verdadeiro, a latejar de paixão. Intensidade e vida estremecida". Na falta de fio
condutor, EPC finaliza: "Maria Noite, Maria tango, Maria paixão fatal". Um delírio.
Todavia, o tango dançado por EPC, mais o finito ballet de JMF, não podem nem
devem ser confundidos com a maratona 48 Horas a Bailar, censurada pelo soba.

O abrupto José Pacheco Pereira deixou-me de queixo caído, com o seu escrito
sobre porcarias suinas. Pasmem, o homem deixou de escrever sobre "o caminho
para Bagdade", o "pobre país este", "o sítio do não", mai las "conspirações deste
governo", y otras cousas de antanho. O abrupto aderiu à ecologia suina, zurzindo
nas indústrias porcalhotas, instalados nas margens da Ribeira dos Milagres!...
"Deixem-me rir" -- pede o abrupto. Oh homem, ria à vontade, já que nunca nos
mostrou a cor pepsodent da sua dentuça! Só os animais inteligentes riem. Dê uma
valente gargalhada, e ataque os Animal Farm que andam a poluir os Milagres.
Nunca é tarde para um homem começar a cuidar das coisas reais do seu país.
José Pacheco Pereira, ao fazer uma volta de 180 graus na escolha dos temas que
lhe merecem ser analisados, está a sentir os pés na terra. Ainda bem que optou
pela realidade e seriedade na sua dialéctica. Mesmo que o primeiro tema peque por
se tratar da merda e da porcaria nas porcalhotas a que chamam suinoculturas...
Mas que poluem os nossos rios e ribeiras e impestam o ar que respiramos.
Tem razão JPP ao pegar nesta porcaria... A Net extravaza Ribeira de Milagres.

O inimigo ataca quando o dispositivo de segurança abranda. Tony Blair
ao deslocar o maior contingente policial para Geneagles, deixou a capital
desguarnecida, em larga descompressão e menor número de polícias...

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