2005/07/08

 
Diz-se que as autoridades britânicas recomendaram aos media para que não
fossem apresentadas imagens das vítimas dos atentados terroristas perpetrados
em Londres. Que respeitassem a privacidade dos feridos e deixassem os mortos
na sua paz eterna. Claro que a medida foi logo contestada por muita gente, desde
o jornalista ao fotógrafo, do operador de câmara ao reporter, do político liberal ao
colececionador de tragédias. Toda esta gente defende o direito de "informar", sem
restrições nem censura. Aliás, é a censura que eles apontam logo como um papão,
não se preocupando com a dor de familiares e amigos nem o respeito pelos mortos.
Para eles, a morte é um negócio, que há que saber explorar, e nunca vão admitir
qualquer espécie de restrições à difusão de imagens de qualquer tragédia humana.
Chegámos ao ponto de banalizar a tragédia e a morte acidental. Acidental, porque
a morte é a única verdade pela qual, cada um de nós, vai passar. Banalizando a
morte, através de atentados terroristas, de guerras sujas, por esfaqueamento ou
por tiros de arma, estamos indo para um mundo selvagem, povoado de terroristas.

Se há normas morais, políticas, religiosas e de direito para preservar a vida;
se há normas sociais, políticas e de direito para não permitir a poligamia e o sexo
explícito nos locais públicos; se há lugares restritos para rezar, para ser julgado ou
para ser castigado; se a sociedade permite o direito à indignação, mas proíbe que
cada um mate o outro, ou este roube aquilo que é de outro, porque não havemos
tambem de restringir a divulgação de imagens chocantes, brutais, de humanos
em agonia, estropiados, mortos por uma explosão terrorista ou acidental? Pois
não é um valor, o corpo vivo ou morto de um ser humano? Então por que damos
essa vida ou esse corpo, a uma corja de "abutres" voyeristas que se comprazem
com a morte, o sangue e a desgraça alheia? Afinal, onde estão os moralistas, os
defensores do respeito pela vida humana, que não se ouvem nem se vêem a
defender as causas por que se dizem militantes? Acho muito bem que as autori-
dades de Londres tenham colocado um limite aos "abutres" sedentos de sangue.

Por que o tema é dificil, e porque a ciência (a física nuclear) só agora começa
a encontrar algumas pistas que poderão revelar-nos coisas estranhas que até
agora desconheciamos, mas a verdade é que, nós projectamos o nosso futuro, e
ele será, em grande parte, aquilo que agora desejamos; o que agora realizamos,
em acções ou projecções, vai levar-nos a esse caminho (futuro). Quanto maior
for a quantidade de "projecções" num determinado objectivo, mais forte se torna
a energia que levará à concretização dos nossos anseios no futuro. Os gestores
conhecem a importância do optimismo das pessoas para o futuro da economia.
Abreviando: a nossa sociedade, a sociedade do consumo, é a produtora de meios
conducentes à proliferação e à banalização da violência, da morte e do terror...
Os "crâneos" dedicados ao cinema, às séries televisivas e às manchetes dos
tablóides, "projectam" um futuro de violência, de terror, de total desrespeito
pela vida e pela condição humana. Os "terroristas" de hoje são inspirados pela
saga de Mad-Max, Terminator, StarWars, Brigada Alfa... A festa da violência.
À falta de um bom script, os produtores de efeitos especiais tornaram-se gente
de culto. Para quem gosta de violência. Por mim, fico de parte. Abomino violência.

Entardecer em Pequim, com raios de sol a reflectir num arranha-céus.








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