2005/07/17

 
No anterior fim-de-semana, o Vasco (Pulido Valente), referiu-se ao medíocre
papel que as elites portuguesas têm desempenhado na sociedade em geral (que eu
achei rídiculo) mas que António Barreto escalpeliza hoje, no Público, com sabedoria
e competência, já que é na área da sociologia, onde Barreto melhor sabe fazer figura
de mestre e professor. Para o Vasco, o país só conseguirá ter elites capazes, desde
que haja uma "mudança de mentalidades" -- o que é pouco, como receita, diga-se.
Para Barreto, esta receita peca por não indicar "quem é que reforma quem". Alem
disso, "ignora uma realidade básica: as mentalidades são a última coisa a mudar".
A não ser em casos de ditadura, como Salazar, Caetano, Estaline, Hitler, Pol Pot...
Barreto não escreve de elites em abstracto. Diz que há elites económicas, políticas,
culturais, militares e outras. E caracteriza cada uma delas, ao contrário de o Vasco.
Uma boa lição, esta do professor Barreto para o historiador Vasco. Para todos nós.
António Barreto acabou a aula e fechou a porta. Vai de férias. Que continue assim,
a falar e escrever sobre aquilo que realmente conhece bem... e pode fazer figura.

Atenção ao que vai acontecer esta semana em Bissau, durante a campanha
para a segunda volta das presidências. O que se passou ontem não augura nada
de bom para a Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo. Chegam ecos
de que, um tal Manecas (Manuel dos Santos), amigo e ex-colaborador de Nino
Vieira, foi detido no aeroporto com uma mala cheia de dinheiro, tendo sido detido
por alegado tráfico de divisas, destinado a custear as despesas da campanha de
Nino Vieira. Seguiu-se, ao fim do dia, um assalto ao ministério do Interior, não se
sabe com que fins. No assalto morreram dois funcionários públicos. Fala-se ainda
de um empresário português, Manuel Macedo, que está a apoiar Nino Vieira. Este
sujeito, que em 1992 era importador de óleo de palma da Indonésia, e à data do
massacre indonésio no cemitério de Santa Cruz, em Dili, Timor, chegou a agredir
os jornalistas que o interpelavam sobre os seus negócios. É jagunço, estilo "major".
Todos amigos, todos iguais. Espera-se serenidade e confiança em Bissau.

Uns sonham com o céu e os anjos, outros com o inferno, o diabo e a magia.

As televisões, os jornais --mas não os editores e livreiros-- vivem dias agitados
com a obra faraónica feita de milhares de toneladas de pasta de papel, destinada
a relatar as aventuras de uns "heróis" criados por uma madame inglesa, que anda
a enganar meio mundo, e já construiu, para si, um império de "milhões de libras".
E todos os "tontinhos" apelam á corrida, à compra de um tijolo de papel, onde se
relata um mundo de barbaridades, que mais tarde serão passadas a celulóide,
com imagens de violência extrema, para gáudio dos fundamentalistas. Será assim,
porque o cinema de hoje vive de "inquietação", de "explosões", de "violência". E
digo, "não os editores e livreiros", porque o "jackpot" é só para um.... e muito boa
literatura vai ficar nas livrarias, por falta de clientes, de leitores, e de dinheiro.
Mas o "reino de sua majestade" agradece. Depois de Cartland, dos Beatles, o HP.

Morreram mais onze e cinco ficaram feridos, hoje, aniversário da tomada
do poder pelo Bahas, em 17 de Julho de 1968. Um bombista suicida, provocou
ontem 60 mortos e 82 feridos, em Mussayib, 70 kms a sul de Bagdade. Neste
desfile de violência e horror, o povo iraquiano desespera e culpa agora os EUA
e a comunidade internacional por não conseguirem acabar com o terrorismo.





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