2005/07/12

 
Já muito foi dito sobre os atentados terroristas em Londres. Muita gente deu
o seu testemunho, a sua opinião, não raras vezes com excesso de subjectividade.
Mas continuamos a ler e ouvir depoimentos cheios de subjectividade. É o caso da
de Teresa de Sousa que, para dar uma ideia do ambiente "edílico" que se vive na
capital do reino, vem falar da sua filha mais velha, que ali vive como uma londoner.
É o caso do pai da Ana, que estava no tub em Liverpool Street, numa carruagem à
frente daquela onde houve a explosão, e nada sofreu, graças a Deus... Mas o pai da
Ana, que tem a filha e estagiar na Goldman Sachs, na City, utiliza este fait-divers
para criticar "o outro povo da Europa" que, estando na guerra, mudou de situação
como um catavento... E ainda glorifica os vôos baratos, que chegam a custar menos
que as portagens na AE Lisboa-Porto -- mais barato que esse tal TGV, ironiza o
pai da Ana. Por aqui se vê que Tony Blair tem, em Portugal, muitos aliados na sua
luta contra o terrorismo. Mas isto não passa de grateful people, alheios à realidade.

Aquilo que Teresa de Sousa chama Londoners, é para os norte-americanos o
Londonistão, donde saiem jihadistas para exportação, destinados a irem matar no
Iraque, Afeganistão, Turquia ou no Iémen. Os serviços secretos americanos sabem
do que falam, e devem ter provas de que assim é, mas Londres não quer acreditar
na CIA. Depois do ataque no Afeganistão, os elementos da Al-Qaeda regressaram
aos locais de origem. Muitos têm estado em stand-by no Reino Unido. Chegou a
hora de atacarem em casa. Outra falácia em que se insiste, é na "normalidade",
na celeuma dos ingleses. Não esqueçamos que os londrinos vivem há tres anos em
ambiente de permanente alerta com os ataques... Ao fim de tantos meses, anos,
as pessoas já não reagem. Essa é a maneira de manter o "povo" controlado; é com
ameaças constantes, que os governos conseguem amaciar os cidadãos. Este modo
de governar o medo do terror, tambem é seguido por George Bush, e tem resultado.

Depois de tudo isto, há duas coisas que convem assinalar: i) como teriam reagido
os londrinos, se acaso tivessem um caso semelhante ao que aconteceu em Beslan
ou Nova Iorque? Será que não iam reagir como os americanos e os russos? Ou os
ingleses são frios, calculistas, desprovidos de emoções? ii) diz-se tanto disparate
sobre a Scotland Yard, a polícia londrina e os seus serviços de socorros, mas até
agora, cinco dias depois, faltam respostas para muitas questões!... Nos atentados
de Madrid, que tiveram uma dimensão maior, ao fim do dia estavam identificados
76 cadáveres, e os serviços secretos, poucos dias depois, localizaram algumas das
células de terroristas, tendo os terroristas, em desespero de causa, feito explodir
os apartamentos em que estavam refugiados. E em Londres? Dizem que foram
feridos 700 pessoas, mas será assim, um número redondo? Quanto a vítimas, já
se fala em 53, depois das 40 iniciais. Mas fala-se em 20/30 desaparecidos... Só
podem ser vítimas que morreram no tub... Só hoje conhecemos o nome de duas
vítimas mortais. Convenhamos, as autoridades madrilenas foram mais eficazes.

O pacífico, atento e produtivo Jumento, em cujo palheiro o Abrangente não
pede licença para entrar, parece estar a acusar o cansaço do trabalho. Deve ser
pelo calor deste Verão. Começa a sentir saudades das praias algarvias... Mas eu
já ando por aqui há dois anos e continuo a apreciar o trabalho do Roncinante.





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