2005/07/21

 
Não podemos esconder a verdade dos factos. Havia um "grão de areia" metido
na engrenagem do Governo. Não se percebia bem como, desde quando, até quando.
Mas o atrito foi rápidamente solucionado, com a demissão de Campos e Cunha.
Oficialmente, ficamos a saber que o ex-ministro das Finanças invocou as seguintes
razões para abandonar o cargo: "razões pessoais, familiares e cansaço".
Sempre achei que Campos e Cunha era competente, mas no desempenho como
governante, ele não passava de um actor à procura de uma personagem. Tinha e
tem competência, mas não é um político, falta-lhe rodagem nos meandros do poder.
Quando o viamos nas televisões, a partir de Bruxelas, a imagem que nos chegava
era a de um "aprendiz", isolado no conjunto, retraído na comunicação, sorumbático,
pouco brilhante nos contactos pessoais. Neste aspecto, Campos e Cunha tem razão
ao alegar "razões pessoais", como desculpa para se demitir do Governo. Na verdade
o académico Campos e Cunha, não tem perfil para estar na ribalta, ainda que seja
por breves momentos, na frente da camara de tv ou numa assembleia parlamentar.

Se recordarmos os passos dados pelo Governo de Sócrates no sentido de acabar
com as mordomias dos políticos, teremos a ideia do timing em que o ex-ministro
das Finanças começou a "sentir-se" deslocado na função que estava a desempenhar.
Foi no exacto momento em que o Governo começou a tomar medidas de contenção
e austeridade, pedindo sacrifícios aos mesmos de sempre, e veio saber-se que
Campos e Cunha tinha, alem do ordenado de ministro, uma reforma choruda do
Banco de Portugal... Para acalmar os mesmos de sempre, o Governo decidiu
acabar com tais regalias, criando a regra dos dois terços de um, mais o ordenado
ou a pensão. A partir daquela data, Campos e Cunha deve ter começado a sentir
que fora "apanhado", que estava a pagar pelos outros, que a sua mulher tambem
iria ser penalizada, quer pelo aumento da idade para aposentação quer pela lei dos
dois terços de um, e, enfim, estas situações geram sempre tensões "familiares".
Mais uma razão para o ex-ministro se ir embora, antes da nova lei entrar em vigor.

Neste caso, diz-se: "só quem está no convento, é que sabe o que lá vai dentro".
Daí que Campos e Cunha tenha optado por voltar à situação anterior, largando o
Governo para se dedicar à vida académica. Agora vai "descansar", e depois irá
de férias para o estrangeiro, onde possa estar longe de todos os problemas criados.
Não querendo eu fazer o papel de "bruxo", devo confessar que, nestas últimas
semanas, Campos e Cunha parece ter conduzido as coisas no sentido de abrir uma
guerra de palavras com José Sócrates e os seus ministros, que inevitavelmente
levaria à sua demissão, ou a aceitar demitir-se voluntariamente das suas funções.
Refiro-me ao artigo publicado no Público, às declarações feitas na AR, e respostas
dadas à comunicação social, sempre que era questionado. Queria ir-se embora.

Esta imagem vem de Sidney, informando que se trata de um ninho de
cegonhas, em Moreanes (?), no Alentejo. Não conheço tal localidade, mas
sei que as cegonhas, utilizam os activos da EDP e dos CTT para nidificarem.





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