Abrangente

POP-STAR...

Fátima Felgueiras apresentou-se ontem em tribunal, "despida" de preconceitos,
vestida por Fátima Lopes, e generosa para com o olhar guloso dos seus eleitores.
Ela foi aplaudida, saudada, beijada e acarinhada como se fosse uma pop-star...
Vamos ver se é capaz de desempenhar bem o papel de vítima, e se vai defender-se
com lisura das acusações de que é arguida. Para já, o povo de Felgueiras mostrou
que está solidário com a autarca, e está disposto a perdoar-lhe qualquer pecado...
Se ela for condenada, o "nosso major", o "tio Isaltino" e o "Avelino do Marco" estão
em fila de espera, para confessar os pecados cometidos com o "saco azul".

Da Austrália chegam notíciais de que o major Alfredo Reinado, o rebelde que
desafiou a ordem em Timor-Leste, está sitiado em Same, vila a 120 kms de Díli,
armado até aos dentes, e na companhia de 150 seguidores. Faz os contactos por
telemóvel e disse aos media australianos que os seus homens estão dispostos a
enfrentar quem lhes faça frente, e a morrer se for necessário, partilhando todos
"o mesmo caixão"... Seria interessante conhecer quem está a financiar estes
rebeldes com armas, munições, alimentos e dinheiro... A Indonésia fechou
ontem as suas fronteiras, para evitar que os rebeldes entrem em Timor Ocidental.
O major Reinado tem sede de sangue, não viveu os tempos da Resistência, mas
parece aspirar a tornar-se em um novo Xanana. Anda a ver muitos filmes do
Rambo e do Exterminador californiano... Tem a cabeça cheia de heróis...

Reinado (centro) recebeu os jornalistas em Same, para dizer que desafia
as forças australianas a prende-lo. Repare-se nas armas, roubadas há
dias da esquadra de polícia de Maliana. Reinado está a servir a quem?...

Dick Chiney, vice de George Bush, tem andado a viajar no Air Force Two.
Depois da Austrália, visitou a Greene Zone em Bagdade, um local bem guardado
pelos marines... Julgando que tudo lhe corria bem, atreveu-se a ir ao Afganistão.
Aterrou na base aérea de Bagram, perto de Kabul, mas teve a surpresa de ser
atacdo pelos talibans, que fizeram explodir um carro armadilhado, matando 18
pessoas, entre elas dois militares. Cheney, depois de visitar o presidente Karzai,
saiu do país aturdido e num avião militar adequado ao ambiente de guerra. Na
base de Bagram ficou o Air Force Two. O número dois da casa Branca teve que
ser assistido por causa do impacto. É que Chiney funciona com um by-pass...
Hoje vim saber que um terço do PNB do Afeganistão é proveninte da exportação
de ópio... Seis anos após a queda dos talibans, o Afganistão continua estilhaçado,
a viver de esmolas -- e da droga. Em 32 províncias do país, a cultura da papoila
ocupa 165.000 hectares, e produz 6.100 toneladas de ópio... George Bush não
consegue fazer melhor na sua cruzada pela "libertação e pela democracia"...

Os americanos consideram o Afganistão um caso perdido. Cabe agora
à Nato resolver o imbróglio. Mas Tony Blair ainda pensa que é possivel
ganhar a guerra aos talibans. Retira tropas do Iraque para aumentar
o contingente em Kandahar, sul do Afganistão. Ninguem arrisca nada.
(Cartoon de Steve Bell no Guardian de ontem.)

OBSCENO...

O DN-Economia apresenta hoje um quadro com o rendimento auferido pelos
principais administradores do Banco de Portugal. Abreviando, Vitor Constâncio
declarou rendimentos no valor de 520.000 euros, dos quais cerca de 280.00 são
rendimentos de trabalho. Quatro outros administradores declararam rendimentos
entre 220.000 e 480.000 euros... Não entendo porque razão ainda existe o Banco
de Portugal, tendo em conta que a emissão e controlo da moeda são tarefa do Banco
Central Europeu. Curiosamente o BP paga acima, muito acima da Reserva Federal
Americana, e muito mais do que alguns bancos centrais europeus. Tambem sei que
em relação a alguns destes, estamos a meio da tabela, havendo alguns que pagam
bem acima do banco de Portugal. Mas esses, e quase todos os restantes, são países
ricos, têm finanças sólidas, e um PIB per capita muito superior ao nosso. No entanto,
este país pobre e endividado, continua a comportar-se como um país rico...

Os portugueses em geral, por se julgarem ricos, exigem uma rede hospitalar
como têm os demais países europeus... Parece que tudo gira à volta das consultas
hospitalares. Dantes era o padre que tratava de certos males, agora é o médico de
clínica geral que tem essa função -- quando, para a maioria dos casos, deveria ser o
o psicólogo ou o psiquiatra. Adiante. Sim, temos os traumatismos, as doenças
genéticas, os deficientes para tratar, e a esses não se nega assistência clínica.
Mas tambem há a saúde mental, e dessa poucos se dão conta, preferindo tratar-se
com medicamentos, ainda que se trate de simples placebos... O mal desses, não é
fácil de tratar. Tudo isto leva a um exagero e sobrepovoamento das "urgências",
e hoje toda a gente acorre ao hospital para tratar um mal-estar qualquer... É um
luxo a que todos se julgam com direito -- porque pensam viver num país rico...

E isso parece ser verdade, mas não é. Centenas de milhar de trabalhadores têm
ordenados de 500 e 800 euros... Até os licenciados lutam por um emprego a troco
de 1.200 euros mensais... Num país rico, quem é que pode viver com rendimentos
de trabalho tão minorcas?... Ou então o "cacau" está mal distribuido!... E está, como
se pode verificar pelos ordenados pagos pelo Banco de Portugal. Quantos gestores
e empresários deste país, com dezenas de trabalhadores a seu cargo, poderão ter
rendimentos de 400 ou 500.000 euros anuais?... E, a estes, devemos acrescentar
carros topo de gama, cedidos gratuitamente, seguros de saúde, reformas obscenas.
Poucos empresários ficarão, ao fim de um ano de canseiras e de trabalho, com um
rendimento de tal ordem... Isto é obsceno, anti-social, gerador de discriminações
e tem efeitos perversos... Nesta situação, é caso para lembra o ditado: "fé em Deus e
todos ao molho"; o gamanço, as cunhas, a fuga aos impostos-- isso é que está a dar!...
Onde não há moralidade, não pode haver seriedade.

O ESTUPOR...

Desde Maio de 2006 que Timor-Leste está em estado de guerra permanente.
E o pior ainda pode estar para vir, quando a campanha eleitoral tiver início. Já
foi revelado que a acusação contra Mari Alkatiri não produziu efeito, por falta de
provas. O major Reinado, que recebeu treino na Austrália (país onde tem mulher
e filhos), causou a morte de polícias e militares, e depois fugiu para as terras altas
de Timor, instalou-se na Pousada de Maubisse, e acabou por nunca se entregar,
nem ele nem os seus seguidores. E foi a mulher de Xanana que, a pedido deste,
mandou pagar a factura da estadia de Reinado em Dili e em Maubisse. Desafiou
as tropas australianas, e agora assaltou uma esquadra e mais uma vez fugiu com
armas e munições... Até Xanana Gusmão acha que Reinado "passou dos limites".
O comandante das tropas aussies, que têm um comando independente das forças
da ONU, já não é o brigadeiro Mick Slater. O actual comandante, brigadeiro Rerden,
já declarou que não vai descansar enquanto o rebelde Reinado não se entregar.
E Reinado está disposto a matar, antes que seja morto... Desafiou mesmo as
tropas aussies a irem prende-lo... É uma tragédia para Timor. Tem um governo
que não governa e um presidente que pactuou com o chefe dos rebeldes...

AO FUNDO...

As Bolsas mundiais afundaram, esta terça-feira. Porque os "super-aquecidos"
índices de Shangai e Shenzhen se afundaram ontem, perdendo, no conjunto,
9,24 por cento... O Shangai Composite Index chegou a perder 10 por cento, mas
fechou com 8,84 de perdas. O índice Shenzhen, das pequenas empresas, perdeu
8,54 por cento. As ondas de choque percutiram-se hoje na Ásia, Europa e em
todo continente americano. Lisboa fechou com 18 empresas no vermelho...
A China sofreu a maior queda de sempre. As autoridades pretendem excluir os
fundos ilegais, que aparecem apenas para "sacar dinheiro". A Alemanha no ano
passado, teve problemas com este tipo de fundos, e creio que evitou a sua
propagação. A Bolsa hoje é um casino, destinado a jogadores profissionais.

RECAUCHUTADOS...

O professor Marcelo foi escolhido para líder "ideal" do PSD. É caso para perguntar
se desta vez vai dizer o que em tempos afirmou: "Nem que Cristo desça à Terra! ".
Para o orfanato do Caldas, o líder "ideal" seria Paulo Portas. Pelo menos foi esta a
escolha feita pelos inquiridos numa sondagem do DN/Marktest. O Carnaval já lá
vai, mas há gente que continua interessada em fazer-nos rir... Nem eu acredito
que a direita continue a chorar pelos "líderes" do passado. Marcelo e Portas estão
bem um para o outro, mas hoje nada mais têm a dar aos seus partidos. Estão gastos,
enferrujados, gripados. Não podemos pedir a um carro velho que desenvolva força,
velocidade, e nos dê a comodidade e a segurança que nos é prestada por um carro
novo, com ABS, direcção assistida, GPS, faróis de nevoeiro, rádio e leitor de CD...

Último comboio para Hefei!... província de Anhui, a sudeste da China.

Os offshores utilizados pelos outros, ainda que sejam nossos amigos, são sempre
apontados a dedo, como um pecado, e como se nós, os portugueses, não tivessemos
nenhum pecadilho nessa área... Mas temos, e muitos. Até criámos um offshore na
ilha da Madeira. Adiante. Vem isto a propósito do título de página no DN-Economia:
"Furacão apanha filha do Presidente de Angola". Depois, vamos aos pormenores
e ficamos a saber que, no âmbito da "Operação Furacão"foi recolhida documentação
no escritório de um advogado, "relativa á constituição de uma sociedade sediada
numa offshore", ligada à filha do Presidente angolano, e através da qual pagou a
"compra de um apartamento em Lisboa". Mas é salientado que "todos os impostos
(IMI e IMT) foram pagos, pelo que não existe suspeita de evasão fiscal...
Sendo assim, pergunta-se: o que é que está por trás desta notícia?... Que interesse
merece aos leitores do DN, um casos destes? Que espécie de lóbis têm interesse
numa "notícia" destas?... É estranho, até porque algumas empresas portuguesas
estão neste momento viradas para investir em Angola, cuja economia deverá
crescer, este ano, cerca de 27 por cento. Não se compreende qual é o interesse
neste tipo de "notícia", que nada prova de ilícito... Será que os negócios feitos pelo
senhor Veiga, com os clubes de futebol, através de offshores já estão esclarecidos?

Londres... Manif contra a guerra do Iraque e para exigir a retirada das
tropas britânicas. E contra o novo sistema de mísseis Trident para a Navy.
Tony Blair está cada vez mais isolado dos britons...

ECOS DO FIM-DE-SEMANA...

O abrupto José Pacheco Pereira perorou, mais uma vez, no Público de sábado,
sobre o futuro dos jornais. É o segundo folhetim, e é para continuar. Mas eu penso
que JPP, nestes folhetins, não atinge o zénite da questão. Ele perde-se a explicar
o que está explicado, e não adianta nada de concreto, porque o futuro dos jornais
está em mutação constante, e, o que hoje é, amanhã está ultrapassado. Não creio
que o futuro dos jornais passe pela edição em "folha de plástico", porque isto não
seria prático, requeria sempre um dispositivo para imprimir a Plastic Logic... JPP
esquece que, em muitas cidades mundiais, já existe um dispositivo que, a troco
de uns cêntimos, nos imprime um de meia dúzia de jornais, no idioma escolhido
pelo leitor. Mas este não será o futuro dos jornais. Estes serão cada vez mais raros,
até por pressão dos ambientalistas. A informação será fornecida online sim, mas
tambem através de gadgets móveis que irão chegando ao mercado. O telemóvel,
ou o seu sucessor, servirá de suporte a toda a informação futura. As vantagens do
hipertexto servem a Net, mas ficam por aí, até ver. JPP fala sobre o futuro dos
jornais, como se ele tivesse a solução. Ora, hoje em dia, qualquer novo produto,
antes de vir para o mercado, é sujeito à corrente do mainstream, às tendências
do mercado. Como é possivel falar do futuro de um produto, se não foram feitas
sondagens, mais do que uma, ao mercado, aos editores, aos think-tanks?... Não
vale a pena falar do que é desconhecido, e sobre coisas que nós não dominamos...

Tunel com 18 kms de extensão, construido nas Montanhas Qinling,
província de Xanxi, noroeste da China, pintado a cores variadas para
evitar que a monotomia afecte os automobilistas durante o percurso.

O suplemento P2, do Público de hoje, contém uma interessante entrevista
com António Barreto. Já tenho criticado as crónicas de AB, por me parecer que o
autor não está consciente do que diz. Parece o professor Girassol, assarapantado,
lunático, alheio à realidade. Mas hoje fiquei feliz por saber que António Barreto
"descobriu" agora o fascínio e o poder da televisão, da RTP, onde se prepara para
apresentar o "país real", que António Barreto desconhecia... É ele quem nos diz:
"Ter visitado intensamente os subúrbios de Lisboa e Porto foi, para mim uma
espécie de viagem ao inferno". "Não tinha ideia de um país que desperdiçasse
tanto: a paisagem, o dinheiro, as oportunidades". António Barreto irá mostrar-nos,
na RTP, o passado (recente) e o presente de Portugal. É bom que um sociólogo
o faça, que fale de nós e do nosso país, e nos diga, cara a cara, quem somos, o que
valemos, ou se a democracia valeu a pena, se vivemos melhor e se gostamos de
nós mesmos... António Barreto diz que sim, que gostamos de nós, mas que não
gostamos do nosso país... Vai ser um programa vivo, polémico, onde o passado e
o presente vão ser analizados. António Barreto mostrará o passado do país, onde
"o padre rezava a missa virado para Deus e de costas para o povo"; e do presente,
onde "hoje a igreja é a casa dos homens e o padre veste-se à civil e fala português".
Do passado, onde à data do 25 de Abril, "55 por cento das casas não tinham água
canalizada, 60 por cento não tinham saneamento básico, 40 ou 50 por cento não
tinham luz, 70 por cento não tinham retrete". Estas carências foram resolvidas.
Mas AntónioBarreto elegeu o Serviço Nacional de Saúde, como a obra mais digna,
feita e conseguida pelos portugueses nos últimos 30 anos... O sociólogo está feliz
com o seu país, e sorri, sorri como nunca. Já não é o triste, sorumbático, sombrio
e macambúzio comentador do passado. Vamos aguardar pelo seu trabalho.

O esplendor e a beleza das Montanhas Wuyi na província de Fujian,
com Pousada em primeiro plano, um local visitado por muitos turistas.

A política é uma coisa lixada. E todo aquele que queira fazer carreira como político,
se não for um camaleão, dificilmente terá sucesso. Sobretudo na época do defeso,
quando se encontra na oposição, fora do poder. Situado nesse palco, o político de
carreira deverá estar treinado para desempenhar o papel pérfido de opositor, ter
facilidade no uso da palavra, ser ágil no uso da tramóia e contorcionista na acusação.
Se assim não proceder, deixa a glória para o adversário, e pôe em cheque o sucesso
da sua carreira política. Convenhamos que é preciso ser talhado para desempenhar
este papel, ou então bastará ter estômago forte para digerir os actos perversos, que
a sua consciência possa enjeitar... Ou ser simplesmente um autómato, que actua mas
nunca reage. E, políticos destes, temos nós muitos, para descredebilizar os outros...

Turkemenistão... O Conselho do Povo sanciona e aplaude o novo
presidente eleito: Berdymukhamedov. Muito bonito, no femenino.

Perverso, inútil e autista, foi o discurso da praxe feito por Miguel Macedo,
do PSD, no dia em que o PS comemorava os dois anos da sua chegada ao poder,
após ter ganho as eleições a 20 de Fevereiro de 2005. "Dois anos perdidos", foi a
síntese feita pelo secretário-geral do PSD... Isto mostra inveja, azedume, perfídia.
Não se pede que a oposição bata palmas ao governo. Mas a oposição -- a oposição
com ideias e amor a Portugal -- tem sempre alguma coisa a dizer, criticando, mas
com valia para o país... Ora o que eu vejo, nos comentários de Miguel Macedo, é
apenas ressabiamento, azedume, inveja. Não há uma ideia, um ponto a criticar,
um caminho para alternativa. Apenas vacuidade. Nenhuma janela para o povo
ter esperança, apenas contorcionismo de artista elaborado. Mas o que vão pensar
os portugueses, que elegem os políticos, ao ouvir estes camaleões, que apenas
cuidam de manter os seus interesses -- interesses de carreira -- e se esquecem
dos interesses do povo e do país?... A inveja é um ressentimento negativo...

Milan Fashion Week... Modelo de Juste Cavalli, para Outono/Inverno.

LER OS OUTROS...

Ainda envolto na atmosfera de amizade, que originou o meu post de ontem,
deu-me hoje para surfar na blogosfera, visitando os amigos que constam no link
deste blogue. Demorei-me apenas por aqueles que têm produção diária.
Já aqui assinalei o meu desgosto por constactar que o uso da linguagem futebolística,
utilizada por alguns blogues, está a tornar-se uma banalidade, e, com esta, teremos
a depreciação da boa literatura. A ideia começou nos blafesmos liberais, mas ainda
bem que já abandonaram esse tipo de linguagem, sabe-se lá porquê.
O absorto, Eduardo Graça, que eu considero um dos blogues mais sofisticados, um
leitor atento e divulgador de Camus, tem feito entradas a marcar os "marcadores",
deixando-me sempre na dúvida, se se trata de golo de bola parada, de pontapé ou
chuto lateral, de canto esquerdo ou de penalty... E, nesta dúvida, esqueço-me de
Camus... Mas felizmente há luar. A Lolita brinda-nos com um interessante post
sobre o caciquismo na ilha do "senhor Jardim": "o caciquismo que desde há trinta
anos inquina a gestão política autonómica, a economia e a sociedade madeirense".

Diversas vezes me pronunciei sobre a qualidade do jornalismo praticado
pelo DN, e outros matutinos. Apraz-me registar a "discussão viva" em torno deste
tema, desencadeada pelos posts de Paulo Gorjão, e que tiveram eco noutros blogues,
designadamente no Blue Lounge e no Corta Fitas. O Bloguítica saiu-se muito bem
na análise que fez, e melhor ainda no contra-ataque. Assertivo e contundente, são
as características dos posts de Vital Moreira: "Não há ninguem responsável pelo
erro em que foram induzidos o Ministro da Justiça e o Presidente da República?",
pergunta VM a propósito do erro na apresentação de um processo para indulto.
O Miguel Abrantes brinda-nos com a foto do "Gandhi da Madeira", ou seja o
"senhor Jardim", que agora veste a pele de pacifista e aderiu à "não-violência"
na luta contra os "cubanos do Contenente". Ele, "el maestro português del insulto"
está convertido à doutrina da "resistência pacífica"!... Da Ilha do Pico, chega-nos
a tramela do AABarroso, suplicando para que "seja dada a independência à ilha
governada pelo soba da Madeira"... Lá chegaremos, pois o Jumento está em campo
a compilar uma sondagem que, a esta hora, apresenta 36% de vantagem para a
decisão: "Declarar a independência unilateral do Contenente e dos Açores"... Vão
até lá, e votem, talvez assim, possamos ver-nos livres do "senhor Jardim"!...

A questão do "indulto" não está esclarecida, mas ao visitar o Puxa Palavra,
fiquei a saber, pelo João Abel de Freitas, que o processo do indulto diz respeito
a um "empresário da noite"... O que é revelador de como as coisas se passaram.
Ele terá oferecido wisky de malte, a quem lhe abrisse caminho para a noite...
Bem, isto só eu a pensar, não é. Vamos esperar para saber. O Miguel Silva, depois
que arrematou a pistola de Warhol, anda a dar tiros de pólvora seca... Mas faz todo
o sentido porque, assim, não "assassina", fica "imputável", como o CDS/PP, que
anda a "pugnar pela imputabilidade a partir das 10 semanas, perdão, dos 14 anos.
Mas continua a não querer mandar ninguem para a prisão", diz o Miguel. O CDS/
PP é coerente... Coerentes mesmo são o Luis Novaes Tito e o Carlos Manuel Castro
que continuam a Tugir em português. E a marcar golos em todas as direcções...
Têm marcadores em todas as áreas do terreno, em Portugal, na UE, em África,
na Ásia, nas Américas, no reino da Dinamarca e no Baluschistão... Chego a ficar
desorientado com tanto Marcador, e, pior ainda, por não saber qual é o tempo do
jogo, se vai na primeira ou na segunda parte. Mas eles continuam a marcar...

Numa altura em que todos falam em "pullout" do Iraque, tambem
os australianos sentem que chegou a hora de retirar as suas tropas da
Mesopotãmia. À chegada de Dick Chiney a Camberra, hoje, milhares de
"aussies" manisfestaram-se contra o "senhor da guerra"...

OS AMIGOS...

Tive um almoço demorado, com amigos de longa data, destinado a celebrar
o aniversário de um deles. Foi uma festa com muita alegria e fraternidade, que
exigiu voz afinada quando chegou a hora de cantar o habitual "Parabéns a Você".
Os amigos são o lastro da alegria. Mal daquele que não tem amigos, porque não
conhecerá a camaradagem, a solidariedade, a partilha da vida. Os amigos são uma
uma extensão da nossa família, com quem partilhamos anseios e preocupações, e
com os quais, em certas circunstâncias, vivemos grande parte da nossa vida. Na
verdade isto acontecia, até agora, a muita gente, porque a sua carreira profissional
se desenrolava numa sólida empresa, donde apenas saía quando se reformava...
Hoje, já pouca gente tem emprego seguro. O mundo está em mudança, é um mundo
menos seguro, onde a precaridade se tornou numa espécie de "risco civilizacional".
Com a precaridade do emprego aprende-se a viver na insegurança (o que parece
lógico, num mundo cada vez menos seguro), mas há coisas que se perdem, e sem
as quais a vida se torna desesperante: a amizade, a camaradagem, a fraternidade.
(P.S. - Nunca ouvi falar no Dia dos Amigos. Esta é uma ideia brilhante
para apresentar ao deputado que pretendia instituir o "Dia do Cão"... )

A amizade entre os seres vivos é geradora de harmonia e beleza.

ESTABILIDADE...

Foi a 20 de Fevereiro de 2005, faz hoje dois anos, que José Sócrates ganhou
as eleições legislativas, com maioria absoluta. Pouco depois formava Governo para
dar início à reestruturação do Estado, combater o défice das contas públicas, lutar
contra os interesses corporativos, dinamizar a economia, e restaurar a confiança
dos portugueses. Foram dois anos incómodos para todos nós, com protestos nas
ruas, à porta dos ministérios, à porta das fábricas, e com os militares e agentes
policiais a protestar contra a perda de regalias... Apesar de tudo, os portugueses
continuam a confiar no primeiro-ministro, José Sócrates, e a dar-lhe o seu voto nas
sondagens que vão aparecendo. Há dias, o Paulo Gorjão, com a sua objectividade de
sempre, reparou e deixou registado no Bloguítica o seguinte: "O Governo está a
viver momentos de tranquilidade política". Não deixa de ser interessante verificar
que, a maioria dos analistas, na imprensa de hoje, tambem assinalam este facto.
Pode ser um sinal de maturidade política, os portugueses começam a entender
que, para sair da crise, é preciso fazer sacrifícios e esperar pelos resultados...

Não queria dizer mais sobre o "senhor Jardim" da Pérola do Atlântico,
mas sempre quero assinalar, mais uma vez, a incompetência na governação do
"senhor Jardim". Ele não conseguiu desenvolver um modelo económico sustentável
para a Ilha; o "dinosauro excelentíssimo" apenas sabe governar, desde que a
República do Contenente lhe encha os cofres com o dinheiro de todos os portugueses.
Para depois distribuir pelo Nacional, pelo União, pelo Jornal da Madeira, que serve
para o "senhor Jardim" botar discurso contra o Contenente... Quanto a competências,
eu gostava de ver o "senhor Jardim" a gerir uma autarquia como Lisboa, com
cerca de 600 mil habitantes... Ou um país com 10 milhões de cidadãos. Seria
uma catástrofe financeira, um regabofe, a falência total. Pois, se o "senhor Jardim"
não conseguiu, em 30 anos, equilibrar o orçamento com uma população de pouco
mais de 240 mil almas, como iria consegui-lo se fossem 10 milhões!...

Máscaras de Carnaval... Na Hungria há quem acredite que estas
máscaras afuguentam os maus espíritos daqueles que dominaram
o país no século XVI... Para fim de festa não está mal.

O BAILINHO...

--O quê? Não ouvi... (foto de João Carlos Santos, publicada no Expresso)
À hora a que escrevo este post ainda o "senhor Jardim" não falou aos madeirenses.
Mas pelos zunzuns que chegam da Pérola do Atlântico, entaramelados por entre o
som de bombos e pandeiretas do Carnaval madeirense, é provável que o "dinossauro
excelentíssimo" que governa a ilhota do arquipélago há quase trinta anos, vai mesmo
declarar que se demite, para desafiar os "cubanos coloniais do Contenente" em novas
e antecipadas eleições... Com este gesto abrupto, demagógico, calculista e calculado
o "senhor Jardim" quer desafiar o Presidente Cavaco Silva a dissolver a Assembleia
Regional e a convocar novas eleições. Vamos ver até que ponto o tiro não lhe sai pela
culatra. Mas o "senhor Jardim", com este gesto, pretende tambem minar a confiança
e o bom entendimento entre o primeiro-ministro, José Sócrates, e o Presidente da
República, professor Cavaco Silva. Quer vingar-se dos dois, por terem aprovado uma
lei nacional, que obriga as autarquias locais a gerir bens os fundos financeiros e pôr
fim ao descontrolo orçamental dos municípios, que depois sobra para o OE...
Está visto que o "senhor Jardim", em trinta anos de governo, não foi capaz de criar
um modelo económico para a Madeira, por forma a acentuar a sua autonomia...

Por acaso estamos em período de Carnaval, mas se assim não fosse, a jogada
do "senhor Jardim" seria vista como um espectáculo de equilisbrismo instável,
angustiante, e gerador de muita perpelexidade... Assim, neste tempo de folia e
descontracção, somos levados a pensar que o "senhor Jardim" apenas pretende
cumprir com a sua palavra, pois em tempos jurou que, se a Lei de Finanças Locais
fosse aprovada, como foi, demitir-se-ia... Chegou mesmo a visitar o Presidente da
República -- a quem em tempos chamou de "senhor Silva" -- para que este não
promulgasse o diploma... Ao que se sujeita um político, que ora diz cobras e lagartos
do PR, ora se sujeita a ir "rastejar" até Belem, para dizer ao PR: não aprove a lei,
senhor Presidente. Claro que do "senhor Jardim" tudo é de esperar. Logo após o
referendo à IVG, o "dinossauro excelentíssimo" veio dizer que o referendo só foi
aprovado porque, neste país, "já não há quem tenha testículos"... Pelo que disse,
presume-se que o "senhor Jardim" já há muito perdeu o escroto.
O bailinho vai continuar, depois do Carnaval, durante a Quaresma, até chegar a
Primavera. Estou para ver se o "senhor Jardim" resolve declarar a independência
unilateral da Pérola do Atlântico. Por mim, pode faze-lo, e quanto antes melhor...

Mardi Grass no histórico French Quartier, em New Orleans, EUA...

NESTE CARNAVAL...

No Sambódromo do Rio de Janeiro as escolas de samba apresentam ao mundo
o Carnaval carioca. Apesar dos estragos do Katrina, em New Orleans comemora-se
o Mardi Grass, para esquecer a tragédia. Na imensa China, com a chegada do Novo
Ano Lunar, milhões de chineses viajam das cidades para as vilas e aldeias, onde, em
família, vão festejar chegada do Ano do Porco. Em Florença, cumpre-se a tradição
do Carnaval, com máscaras diversas e onde não faltará a Columbina e o Pierrot...
No paupérrimo Haiti, o povo esquece a miséria e vem para a rua dançar e reviver
os rituais do Voo-Doo, na esperança de melhores dias. Na outra face do mundo, onde
não se festeja o Carnaval, a vida segue por entre orações, guerras, ódio, sofrimento,
embora com alguns sítios de paz, abundância, riqueza ostensiva, dinheiro a rodos...

Festa do Mardi Grass na Bourbon Street, em New Orleans...

O Iraque, apesar de ter encerrado as fronteiras com a Síria e o Irão, continua
a ser o lugar mais perigoso do mundo para viver. Hoje, em Bagdade, rebentaram
mais tres carros armadilhados, matando 56 civis e deixando mais de 120 feridos.
Coisa banal, já que este é o menú de todos os dias, desde há pelo menos 4 anos...
A Green Zone, onde está instalado o estado-maior das tropas americanas num dos
mais luxuosos Palácios construidos por Saddam, recebeu ontem a visita de Rice,
a secretária de Estado de George Bush. Claro que a "Cidade Esmeralda", como é
conhecida a Green Zone, está bem protegida e fortificada. Ali não chega o cheiro
da pólvora e da carne queimada que todos os dias acontece em Bagdade... Aquele
local é um oásis no "Inferno do Iraque". Tão real quanto absurdo, já que o estilo
de vida é o mesmo da Madison Avenue. Foi ali, nos tempos do consul Paul Bremer,
que foram descarregadas 360 toneladas de notas de 100 dolares, directamente
recebidas de Fort Knox... 12 mil milhões de dolares do programa "Petróleo por
Alimentos", dos quais cerca de 4,4 mil milhões desapareceram sem deixar rasto.
É uma história vergonhosa, que só uma guerra imoral pode gerar. É uma guerra
onde os própios soldados vendem armas, como aconteceu com os australianos.
Venderam ao inimigo lançadores de rockets... Parte dos 4,4 mil milhões de dolares
foram distribuidos pelos donos do actual Iraque, por militares, por infiltrados da
guerrilha... Paul Bremer dizia que o dinheiro era do povo, por isso "decretou" que
ele fosse distribuido... Há gente rica, que enriqueceu ainda mais, com esta guerra.

O Eurofighter Typhoon da BAE Systems vai equipar a FA dos países
do Golfo, em especial a da Arábia Saudita. Um negócio de 50 biliões...

Enquanto alguns de nós festejam o Carnaval, lá pelas Arábias, o país de
Sua Magestade faz negócios... Está a decorrer nos Emiratos Árabes Unidos, em
Abu Dhabi, a Internacional Defence Exhibition (IDEX), onde a BAE Systems vai
facturar mais de 50 biliões de dolares na venda de Eurofighters Thyfoon, um
negócio iniciado há cerca de tres anos, e que ainda vai dar muita arrelia a Tony Blair.
Com a guerra no Iraque, e a crescente influência do Irão a nível regional, os ricos
países árabes do Golfo vão abrir o cordão às bolsas e gastar os petrodólares em
armamento. Carros de combate, aviões bombardeiros, mísseis de cruzeiro, etc.
O volume dos negócios deve rondar os 60 biliões de dolares... Viva a guerra!...
Enquanto isso, o baile de máscaras vai continuar, por estes dias...

Nuvens sobre a mesquita de Birmingham, Reino Unido...

A MARCHA DE LISBOA...

A Lisboa namoradeira, após romper o namoro com a coligação "Amar Lisboa",
para passar a viver com Santana Lopes, nunca mais voltou a ser alegre e gaiata,
como era no tempo em que os poetas e fadistas cantavam a beleza das suas sete
colinas... A cidade parece estar arrependida pelas opções tomadas após a ruptura
com a coligação "Amar Lisboa". Nos últimos cinco anos tem estado envolvida em
sucessivas trapalhadas, que têm vindo a agudizar-se, e vão conduzir, ao que tudo
indica, à ruptura do casamento de conveniência celebrado com Santana Lopes,
que foi substituido por Carmona Rodrigues, por incumprimento de fidelidade...
É uma situação dramática, com contornos nebulosos, de infidelidades e abuso de
poder. Há quem fale em utilização de bens alheios, de corrupção, de tráfico de
influências, e de peculato... Uma situação destas só pode ter um fim: o divórcio.

O FIM DO DN?...

A cidade de Lisboa e o país tinham no jornal Diário de Notícias, um ex-libris
da imprensa portuguesa, um matutino dos mais antigos e mais prestigiados,
que foi dirigido por alguns dos melhores jornalistas e escritores nacionais...
Foi com surpresa e imenso desgosto que recebi a notícia da decisão tomada pelo
grupo Controlinveste de demitir os actuais directores do Diário de Notícias.
Alegam que o jornal não aumentou as tiragens, e que este era um dos principais
objectivos da actual equipa de directores. A tiragem do DN, de 2000 até 2006,
desceu cerca de 50 por cento... A Controlinveste não ficou satisfeita com a
remodelação feita há ano e meio. Esperava um jornal mais "ligeiro", com leitura
mais popular, títulos mais apelativos... Ora o jornal já estava descaracterizado,
e se o grupo de Joaquim Oliveira ainda quer mais "tablóidização", então é de
esperar que o 24 Horas desapareça, e o DN assuma a edição de 2 em 1... Será
o fim do Diário de Notícias. Um fim acelarado, já que os jornais a pagar têm os
dias contados... Dentro de 10 a 15 anos a maioria das notícias será fornecida
online, por telemóvel ou e-mail. Mesmo os jornais gratuitos, por questões
ecológicas e ambientais, vão desaparecer a pouco e pouco...
O DN tem vantagens para subir as vendas, mas não será o grupo Controlinveste
a encontrar a solução, pois não tem experiência nem sensibilidade para o fazer.
Os títulos da ex-LusoMundo Media foram vendidos pela PTM à Controlinveste.
Faria todo o sentido que tivessem sido adquiridos pela Impresa ou pela Cofina.

Semana da Moda em S. Paulo, Brasil... Modelo de Lino Villaventura.

OUVI DIZER...

Que o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, vai apresentar um projecto
de lei, destinado a "nacionalizar" as mais-valias obtidas com a venda de terrenos
que, por qualquer razão, sejam valorizados em função do novo uso. Ao Estado caberá
arrecadar as mais-valias para serem distribuidas através do Fundo Social Municipal.
Falta saber mais sobre este projecto de lei, mas não parece ter pernas para andar,
nem força para acabar com a utilização abusiva de terrenos agrícolas para construção
de casas... Se o projecto de lei for para a frente, a maioria dos autarcas deste país vai
ficar muito satisfeita, uma vez que os terrenos agrícolas vão servir de meio para as
Câmaras obterem dinheiro. Basta construir aqui, e ali, uma nova estrada, e logo os
terrenos se valorizam. Depois, é uma questão de promover a sua venda, para que
as mais-valias encham os cofres do FSM, e se proceda à distribuição do dinheiro...
Quem fica a perder é o ordenamento do território, o ambiente, e o país.

Acção da People for Ethical Treatment of Animals (PETA)...

Os líderes da oposição, à falta de ideias "fracturantes", preenchem a sua agenda
política com meia dúzia de frases feitas. Este estilo de oposição ao Governo é típico
de Marques Mendes. Num seminário da Fundação Konrad Adenaur, o líder do PSD
disse que "as pensões de reforma, daqui a trinta anos, serão sensivelmente metade
das actuais". O líder laranja debitou esta frase, sem pestanejar. Apesar disso não foi
capaz de demonstrar a sua teoria. Será que, daqui a 30 anos, metade dos actuais
pensionistas já terá falecido?... Ou será que Marques Mendes espera ser primeiro-
ministro e acabar com a obrigatoriedade dos descontos para a Segurança Social?...
Mas Marques Mendes ainda disse outra frase lapidar de quem fala sem pestanejar:
..."É assim que um Governo dito de esquerda mata o Estado social".
Em vez de oposição, temos demagogia, populismo, dirigentes fracos e sem ideias.

O Grande Tour do Qatar... Etapa entre Al-Wakva e Doha...

Já tinhamos na RêTePê o Malato, esse dador de dinheiros públicos, o anafado
Fernando do Preço em Euros, ele tambem um Robin Wood dos pobres telespecs.
Agora, segundo dizem, a Tia Elisa, tambem tem um programa na têvê pública, onde
não se fala de dinheiro, prémios chorudos, mas de história. Um lugar para promover
a Tia Elisa, e colocar os telespecs a falar dos filhos da Nação. A coisa parece que vai
bem, tem dado pano para mangas, muita tempo de histórias, muito share. Mas ainda
não se sabe quem vai ganhar, se o Botas ou o Cunhal. Entretanto, na SIC-Notícias,
anteciparam-se ao resultado da têvê pública. Organizaram um concurso tal e qual,
e atribuiram o Prémio Eixo do Mal/Inimigo Público ao Botas. Salazar foi eleito o
Pior Português de Sempre... Na guerra dos shares, os malucos do Inimigo Público
tramaram o canal público. Ou não fossem eles do Eixo do Mal... Mas não vão longe,
já que o Kim Il-Jung deixou o clube, e passou-se para o lado dos do Eixo do Bem.

A guerra suja do Iraque continua a provocar o caos e amorte em Bagdad.

GUERRA FRIA... (em dia de S. Valentim)

Há comentadores que parecem ter saudades do tempo da confrontação.
De vez em quando desenterram a memória da "guerra fria" para atacar Vladimir
Putin, sempre que este pôe em causa a política "unipolar" seguida pelos Estados
Unidos, com as consequências que estão à vista. Os zelosos guardiães e seguidores
da política "unipolar" norte-americana são "mais papistas do que o Papa", já que
a Administração de Bush tem-se mostrado pragmática com a Rússia e a China.
No entanto os "analistas-comentadores" da nossa praça investem contra Putin.
Porquê? Porque ele conseguiu acabar com a anarquia e o caos deixado por Ieltsin.
Acabou com os negócios mafiosos à volta do património económico da Rússia, fez
valer a lei e a justiça, promoveu o desenvolvimento da economia, beneficou os
pensionistas, reduziu a miséria, perseguiu as máfias, colocou a Rússia ao lado dos
países amantes da paz. Hoje a Rússia tem estabilidade social e a sua economia
está em desenvolvimento. Então por que razão temem os "guardiães" a Rússia?

Simplesmente porque a Federação Russa tem peso nas decisões internacionais.
Mas tambem porque a Rússia não cede a chantagens nem à hipocrisia. Daí que,
quando os EUA tencionam instalar na Hungria ou República Checa um sistema
detector de mísseis -- o velho sonho de Reagan -- a Rússia proteste e reaja contra
o projecto. Para atacar quem, que país? Que diriamos se a Rússia instalasse bases
aéreas, com sistemas de escuta, em Cuba, no Perú ou na Venezuela?... Os EUA
não consentiriam, mas tencionam faze-lo na Europa, frente à Rússia. E que dizer
da Nato? A Nato foi constituida para se defender da ex-União Soviética. Esta, por
sua vez, criou o Tratado de Varsóvia. Dois blocos militares frente-a-frente...

O Muro de Berlim caiu, e com ele a "guerra fria", desaparecendo o Tratado de
Varsóvia... Mas a Nato manteve-se, expandiu-se, alargou-se até às fronteiras da
Rússia. Para que serve a Nato, em tempo de paz, se os EUA têm o maior exército
do mundo para fazer as suas guerras, a Europa tem a sua defesa e a Rússia, mais
do que agressora, é uma aliado europeu desde sempre?... Nunca a Rússia invadiu
a Europa, mas a Europa invadiu a Rússia por duas vezes: primeiro foram as tropas
de Napoleão, depois as tropas nazis... Porquê razão os "analista-comentadores" da
nossa praça esquecem estes factos? Ou não conhecem a História ou então não
querem a Rússia na Europa... Mas ela está ali, e lá vai continuar, a nosso lado.

Tres imagens contra a guerra... A primeira vem da Bulgária, e mostra que
está a converter-se ao consumismo do dia de S. Valentim; a segunda vem
da China, onde os soldados da província de Zheijiang mostram que preferem
o amor à guerra; e esta última vem de Chonqing e mostra como os chineses
aderiram ao patrono dos namorados, vendendo rosas em doses industriais...

LER OS OUTROS...
"Luis Filipe Menezes, o principal rival assumido de Marques Mendes, veio
declarar que o resultado do referendo foi uma enorme derrota para Sócrates,
explicando tal absurdo com a ideia macaca de juntar a abstenção aos votos do
"não". Uma sugestão para este aprendiz de alquimista seria tentar convencer
os árbitros dos jogos da selecção a considerar como golos as bolas que não
introduzimos na baliza. E, já agora, contar a nosso favor os remates do adversário".
(Rui Tavares, na secção Pingue-Pongue do Público, hoje.)

LER OS OUTROS...

"O Código Deontológico e Disciplinar da OM não pode replicar o da associação dos
médicos católicos. Os médicos contrários à legalização da IGV podem seguramente
invocar o direito à objecção de consciência, mas não devem poder faze-lo com base
numa disposição deontológica sectária imposta a toda a gente. Como instituições
públicas que são, as ordens profissionais não podem considerar profissionalmente
ilícito aquilo que a lei explicitamente considera lícito. É tempo de desconfessionalizar
e de 'des-salazarar' a Ordem dos Médicos". (Vital Moreira in Espaçopúblico, hoje).


"... temos um novo ícone da singularidade lusa: o professor Marcelo.
Como bem se percebe, o professor Marcelo nada tem a ver com o cidadão Marcelo
Rebelo de Sousa. O professor Marcelo não é uma pessoa. É um posto. O professor
Marcelo, essa espécie de holograma que ora nos narra tudo o que fez nos últimos
sete dias [...] ora nos enreda nas voltas e contravoltas do seu raciocínio tão narcísico
quanto hiperactivo. [...] O professor Marcelo usa as palavras como outros deitam
cartas. Mais do que o explicador de Portugal ao povo e às crianças, ele é o grande
ilusionista da nação". (Helena Matos in Pingue-Pongue no Público de hoje.)

O ABALO SÍSMICO...
"Estava ainda deitada, a cama é de ferro e abanou inteira durante uns
segundos largos. [...] Antes disso, ouvi um som de vento muito forte, assim
como vapor a sair de uma chaleira. Já senti vários abalos ao longo da vida e, não sei
porquê, não é receio que sinto, é alívio. Como se algo precisasse esvaziar para voltar
a encher". (Manuela, de Lagos, in Público de hoje, na secção O que eles sentiram).

2 IMAGENS...

Na edição de hoje, o Público apresenta duas fotografias impressionantes.
A primeira está estampada no rosto do jornal. Mostra bem a dor, o desespero
e a raiva do povo iraquiano, impotente para travar a "festiva carnificina" que
diáriamente atinge centenas de pessoas... Como se a "vida humana" daquele
povo não tivesse valor, fosse carne para canhão, ou um negócio de açougueiro.
Ontem morreram 74 civis, e ficaram feridos mais de 140... Não há lugar no
mundo mais perigoso do que o Iraque. Aquilo é o Inferno...

A segunda fotografia, aparece na secção Mundo. É uma imagem pungente,
de mutismo e desalento perante o fracasso de uma viagem... E viagem por mar.
Eram cerca de 400, vinham para o "paraíso europeu", a bordo do Marine I.
O barco parou em águas internacionais, por falha dos motores, perto do Senegal.
Depois a Marinha espanhola encarregou-se de os levar para a Mauritânia, e assim
se gorou o sonho dos imigrantes. Ficaram mais pobres, mais endividados, e sem
esperança de voltarem a "tentar o salto" para entrarem no "paraíso europeu".

SOFRE O REFERENDO...

Portugal mudou, e muito, nestes últimos nove anos.
O resultado do referendo à IGV é, por agora, prova eloquente dessa mudança.
Em 1998 o país ficou dividido: 49 por cento pelo SIM e 51 por cento pelo NÃO.
Nove anos depois, o voto clarificou a vontade do povo: 59 por cento pelo SIM e
41 por cento pelo NÃO. Uma diferença de 18 pontos percentuais...
A nível concelhio, só não houve votação superior a 50 por cento no SIM, em
concelhos dos distritos de Braga, Vila Real, Bragança e, naturalmente, na Madeira.
Apesar disso, o SIM, nestes distritos, subiu entre 10 e 18 pontos percentuais...
Quem saíu derrotado? A Igreja, em particular os padres clones do Geraldo de
Óbidos, e ainda o "cardeal" Marcelo Rebelo de Sousa. Estão desfasados da
realidade e do pulsar deste país.

SOBRE O PÚBLICO...

Gostei, mas... Vamos ver amanhã, como vai sair o Economia.
O jornal está colorido, ágil e inovador. Constituido por 64 páginas, das quais
13 são anúncios de outras tantas empresas (11 deles em página ímpar, de frente)
e 6 páginas de pequenos e soltos anúncios, para separar as notícias em Destaque
do Futebol, da Economia (muito pobre) e da Opinião.
Este primeiro número a cores resume-se, lato sensu, aos temas seguintes:
DESTAQUE, dedicado ao referendo da IVG;
PORTUGAL, com especial enfoque na Justiça e nos incêndios florestais (tem uma
fotografia apelativa, mas enorme, desproporcionada para o tema em questão);
MUNDO, com largo espaço sobre Ségolène Royal, o Irão e Barak Obama.

Em Veneza já anda gente vestida à espera do famoso Carnaval...

Quanto ao caderno P2, o conteúdo é digno de qualquer jornal norte-americano:
Barak Obama e Clint Eastwood cobrem a primeira página. Barak Obama ocupa
ainda mais tres páginas, e Clint Eastwood mais duas, com as Cartas de Iwo Jima.
Segue-se o YouTube, Paul Auster, os Grammy's, a Universidade de Nova Iorque,
e a série The L Word... Pelo meio ainda encontramos Nicole Smith, e os divórcios
de Bob Thornton. (Coisas do Zé Manel? Talvez, e um sinal de parceria estratégica!)
Para alem desta "americanice", tudo o mais é atraente, útil e substitui a agenda...
Com um senão: as Palavras Cruzadas "entrecruzaram-se", a bota não diz com a
perdigota, e a grelha não corresponde à solução do problema... Foi o nervosismo.
P.S. - Na página de Economia está uma fotografia (1/2 página) que mostra a
directora da Câmara Comercial Irão-Portugal. Parece uma imagem tridimensional,
fabulosa, de uma beleza rara e cheia de vida. O Irão tem muito para nos revelar...

Bouquet de rosas para o Dia de S. Valentim... Banguecoque, Tailândia.

OS ORATES INDÍGENAS...

No Público de hoje, Vasco Pulido Valente vem dizer que, "os portugueses não
regulam bem da cabeça". Repare-se neste naco de prosa, escrito pelo historiador
de Paiva Couceiro, na sua análise sobre 'o mal dos portugueses': ".... o Presidente
da República pediu à Assembleia e ao Governo que legislassem não só contra o
tabagismo, mas tambem contra o consumo excessivo de álcool, a obesidade e
'estilos de vida sedentários'. [...] Não ocorreu com certeza a nenhum homem
público do Ocidente, em nenhuma época e em nenhum sítio, uma ideia deste
inexplicável teor". [...] O mal dos portugueses está em que manifestamente não
regulam bem da cabeça. E contra isso não há nada a fazer"-- especialmente com o
distraído e obsoleto "analista-comentador", Vasco Pulido Valente-- acrescento eu.

O historiador VPV vive no passado. Não acompanha o mundo no presente.
Daí que as suas "análises" sobre o quotidiano de hoje, se baseiem em ideias do
passado, em costumes de outrora. VPV não vive neste mundo, ignora o que está
a acontecer agora. Vejamos: a Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha,
e a União Europeia emite directivas sobre a saúde pública, obrigando os estados
membros a transpor aquelas para a legislação local. Daí que, neste momento, o
nosso país esteja a ser pressionado para cumprir as normas sobre tabagismo em
locais públicos, legislação que em muitos países da UE já está em vigor há anos.
(O Vasco é um fumador inveterado, fundamentalista, não dispensa a sua beata).

VPV ignora, ou não quer saber, que a indústria de restauração está a ser
pressionada para limitar o excesso de açucar, sal e gordura na confecção dos
alimentos e na confeitaria. Isto vai obrigar os hoteis, restaurantes, bares e cafés
a darem formação ao pessoal que até agora confeccionava alimentos. A OMS e
a UE cuidam da saúde pública. Não é por recomendação do Presidente da República
que a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a zelar
pela saúde pública. Assim como não é o Presidente da República que "manda
reduzir o açucar, o sal e as gorduras" na confecção dos alimentos. Isto é uma
recomendação da OMS aos estados membros. E está provado, desde há muito,
que o uso excessivo daqueles tres produtos na alimentação humana, aumenta as
doenças cardio-vasculares, a obesidade, a tensão arterial, etc. Ora, nada disto
tem a ver com o regulamento, bom ou mau, da "cabeça" dos portugueses. A não
ser daqueles que, de há muito, tenham problemas de saúde mental... E não se
apercebem da doença que os vai minando, e os vai deixando para trás...
(E disse o MEC, com sinceridade: "quem escreve para os jornais, já
vai assumindo que muitas vezes, o que se escreve, é uma merda...").

Num dos jardins de St. Louis, nos EUA, o repuxo de água congelou, devido
às baixas temperaturas e ao frio polar que se abateu sobre aquela região...

S I M . . .

O referendo, apesar das sondagens positivas hoje publicadas, não está ganho.
É preciso ir votar, não ficar em casa, ainda que a chuva e o vento cheguem, para
dificultar a vida aos eleitores... Um referendo, para ter eficácia, requere o voto de
todos os cidadãos. Este fim de semana não se aconselha a ninguem que vá até à
Serra da Estrela, e deixe a decisão do referendo para os outros. Além disso, pode
acontecer a mesma confusão de há oito dias: juntaram-se cerca de 100 autocarros
nas Penhas Douradas, e depois, nem andavam para trás nem para a frente, devido
às manobras dos Bombeiros, que andavam à procura de um montanhista perdido.

No escorrega... Á falta de melhor, estas crianças brincam com os
pneus abandonados numa lixeira de Daca, capital do Bangladesh...

OS MARCADORES...

Na blogosfera corre agora a moda dos "marcadores", e eu tenho dificuldade
em compreender esta linguagem futebolística, quando aplicada à escalpelização
de um tema político ou social. Mais: tenho dúvidas se o termo serve para marcar,
"chutar", ou para para apontar os "marcadores" das chuteiras... Nunca gostei da
promiscuidade, seja em questões de higiene, de linguagem, de sexo ou de drogas.
A continuar assim, misturando alhos com bugalhos, estamos a perverter o sentido
das palavras, a deturpar a linguagem, e a banalizar a falta de estilos na escrita...
Parece que o professor Marcelo começa a ter seguidores na blogosfera. É pena,
porque a blogosfera, até agora, tem um acervo de bons estilos literários, uma
riqueza ímpar de boa escrita, blogues feitos com arte e boa forma literária...
Tambem é verdade que a blogosfera tem bastante "lixo", mas isso não é razão
para que, cada um de nós, vá enveredar pelo lado da facilidade, da banalidade.
O professor Marcelo, na sua pregação televisiva, cultiva a linguagem da "arraia
miúda", misturando a linguagem do futebol com a linguagem académica, e, pior
ainda, com a linguagem comum -- que o povo usa no dia-a-dia, mas de forma
consciente, isto é, usando a palavra apropriada à situação e ao tema em debate.
Temos que ser exigentes, com os outros, mas tambem connosco.

Golfo da Tailândia... O pôr do Sol ao fim de um dia pesca artesanal.

CHOVE, CHOVE...

O portuguezinho, invejoso e anti-qualquer-coisa, tem por hábito apontar
os atropelos cometidos à liberdade de expressão em outros países, mas esquece o
que vai acontecendo por cá, neste pequeno mundo. Outro tanto podemos dizer
sobre a corrupção, a economia paralela, e a fuga aos impostos.
Tudo o que de mal vemos nos outros, acontece um pouco em nossas casas, e no
nosso país. Mas o portuguezinho só aponta o dedo aos outros, nunca a si, ou aos
portugueses. A perseguição e a censura a blogues, periódicamente, vem lembrar
que, tambem nós, cometemos atropelos à liberdade de expressão. E desta vez, o
autor do blogue censurado, é um juiz...

Pelo China Daily online fiquei a saber que, no dia 1, o Ballet Espanhol
de Flamenco, actuou no palco do Tivoli, em Lisboa... Os nossos jornais não
publicaram um foto como esta. Vantagens das parcerias estratégicas...

GOSTEI DE LER...
Sobre Manuel Pinho: "O caso mostra a superficialidade da nossa comunicação
social. [...] Gostava que os jornalistas me dissessem o que resultou da viagem
[à China], qual foi o grau de eficácia, o que se encontrou. Não tem sentido andar
de um para outro fait-divers, irrelevantes em relação ao fundo da questão".
(Pacheco Pereira, in Quadratura do Círculo).

"Fiquei impressionado, não com o episódio da China mas com a glosa que o
caso mereceu nos jornais. É impressionante o número de comentários sobre
um tema banal, sem drama político. Acho que os jornalistas estão sempre à
espera que qualquer coisa da boca do ministro Manuel Pinho dê manchetes".
(Lobo Xavier, in Quadratura do Círculo).

Depois da visita à África do Sul, o presidente chinês, Hu Jintao,
chegou ontem a Moçambique, onde foi recebido pelo seu homólogo,
Armando Guebuza, à direita. Onze dias por terras de África...

Estes dois comentadores têm o mesmo ponto de vista do Abrangente,
que aqui deixou registado no dia 1, quinta-feira, e do qual o Diário de Notícias,
na sua edição de Sabado, na coluna dos Blogues, transcreveu grande parte do
meu post. Tive conhecimento disso, após o regresso de Vizeu, graças ao amigo
Manuel Gomes, que me presenteou o jornal desse dia. Tambem, pela surpresa
que me fez, ficou a ganhar um Dão, tinto, colheita de 2000, que me havia sido
oferecido pela UDACA, a União das Cooperativas Produtoras do Vinho do Dão.
Bons vinhos, o problema é a dispersão, as dezenas de cooperativas e as centenas
de marcas. Parece que, finalmente, vão encontrar uma saída: a concentração de
marcas, a selecção de castas, a qualidade da uva, a extracção do vinho...

No DN de hoje, Mário Bettencourt Resendes, que foi director deste jornal
por alguns anos e era um jornalista exigente, escreve o seguinte: "Não sou o
primeiro a afirmá-lo: a campanha eleitoral que tem decorrido ao longo das
últimas semanas foi, em termos gerais, esclarecedora...". Pergunto eu: mas
será que se trata de uma "campanha eleitoral", destinada a eleger alguem?...
Eu sei que não é erro grosseiro, escrever "eleitoral", mas não haverá um termo
mais preciso e definidor da campanha para esclarecimento sobre a IVG?...
Falar em "campanha eleitoral", parece que vamos eleger alguem, o que não
é verdade, neste caso... Minudências!... Pois, mas trata-se de um jornalista,
que foi director de um jornal, e, como tal, deve ser rigoroso no que escreve.

Para matar... Hoje morreram mais quatro soldados americanos no
Iraque. Ontem foi noticiada a queda de um helicópetro Chinook, morrendo
os seus ocupantes, sete militares. O CH-46 é um modelo adaptado para a
marinha, e aparece nesta imagem a sobrevoar a Green Zone, em Bagdad...

AINDA O REFERENDO...

O PS nunca deveria ter promovido o referendo, já que, na altura, tinha como
líder, António Guterres, um católico avesso à despenalização do aborto.
Há casos em que o Estado não deve legislar em função do resultado de uma consulta
popular. O Estado cria as leis, regula-as e o cidadão aceita-as ou não, conforme a sua
consciência, sujeitando-se às consequências dos seus actos.

Num país de maioria católica, onde a Igreja tem poder para influenciar milhares
de pessoas, cidadãos de vilas e aldeias que reunem --como cordeiros-- aos domingos,
feriados e dias santos no adro e na sacristia das igrejas, não existem condições para
promover uma campanha de esclarecimento sobre a IVG.
A Igreja, que durante a Inquisição cometeu as maiores barbaridades contra a vida
humana, prega agora, nos seus altares, a "defesa da vida", desde o espermatozóide
até ao embrião, ameaçando todos os que votarem pelo SIM, de não terem um enterro
com missa rezada... (Alguns até gostariam de controlar a "descarga" do sémen... E eu
gostaria de saber, o que pensam eles sobre a "descarga" feita pelos gays e lésbicas).

A Igreja, e boa parte dos católicos, fala na "defesa da vida", mas alguns deles
não sabem o que isso representa, nem quando "começa" ou quando "termina" a vida.
Esquecem que a vida, tanto pode acontecer de forma espontânea, como após longo
período de congelação. Refiro-me à criação "in vitro", proveniente de bancos de
esperma, onde a "vida" foi congelada por dezenas e dezenas de anos. E que podemos
nós pensar sobre a clonagem dos seres?... E, que poderemos nós dizer, daqui por
10 ou 20 anos, da criação de células estaminais, dos clones, da supressão de orgãos
com defeito congénito, substituidos depois por orgãos armazenados em laboratório?
Como se vê, o discurso sobre a "vida" não tem fim. Não leva a lado nenhum,
serve apenas para julgar os outros, e para "impôr" ideias trazidas do passado.

O referendo à IVG, mesmo em reprise, continua a causar um alarido infernal,
que percorre o país, sem que daí resulte a "verdade", porque as forças retrógradas,
militantes e dogmáticas, continuam a NÃO entender o essencial, e as forças do lado
oposto, depois de cantarem vitória, começam agora a perceber que, em questões de
Direito, nunca se deve vir para a rua pedir a sentença de cada um... Nenhuma lei
ou simples norma pode ser feita, baseada numa miríade de juizos de valor.
O Estado regula, regulamenta, faz a Lei, e o cidadão -- neste caso -- ou acata esta,
ou ignora-a. Só a hipocrisia farisaica de alguns os leva a pensar de outra maneira.

Nestes dias, toda a genta bota discurso, defende o seu ponto de vista, contrapõe,
ataca, sobe o tom de voz, irrita-se e irrita os outros... Uma discussão sem fim,
que só tem paralelo com as discussões sobre futebol. Fala-se muito e sobre nada,
nunca se chega à verdade, menos ainda ao consenso, sem benefício para o país
e a vida de cada um... O que se ganha em alarido, perde-se em obra e eficiência.
No dia 11, pela segunda vez, irei votar no SIM... E ponto final a este referendo.

DE MALA AVIADA...

Vou até ao norte do país, mas ao centro, para me recentrar...
Directo a Vizeu, que tem o mais moderno e acolhedor hotel em toda aquela região.
O Hotel Montebelo está situado perto do velho burgo da cidade, tem uma vista
panorâmica fabulosa, e um serviço de 5 estrelas. Dispõe de Centro Hípico, Golfe,
Ginásio, SPA, piscina interior aquecida, sauna, banho turco e jacuzzi.
No domingo vou para Seia, e depois sigo para a Serra da Estrela.

Vou fugir ao alarido. Hoje li, na chamada revista de economia Dia D, do Público,
que "o presidente do México havia visitado El Comandante"... Ao escrever assim,
sem se estar consciente do que se diz, sai asneira. Está-se mesmo a ver que o
autor queria referir-se ao "presidente da Venezuela".
Na mesma revista, o blasfemo JCD, vem perorar sobre Pinochet e Fidel de Castro.
Comparando um com o outro, mas esquecendo as razões históricas que levaram
El Comandante a fazer a guerrilha a Fulgencio Baptista -- em plena luta dos povos
pela independência e soberania, contra o colonialismo. Além disso, ignora o bloqueio
económico a Cuba, decretado pelo Império em 1962, que ainda se mantem, passados
45 anos, e tem contribuido para acirrar o "patriotismo" dos cubanos.
Com o alarido à volta do Sim e do Não, do "pai biológico", da "mão-de-obra barata",
e a tendência mórbida de MRS em reduzir tudo à linguagem de futebol, sinto muita
necessidade de me afastar daqui... para o centro-norte. Em busca da natureza.

HOTEL BELLAGIO, MACAU...

A incursão económica de José Sócrates à China, termina aqui, em Macau,
que nos últimos seis anos teve um desenvolvimento fulgurante. Tornou-se
o centro do jogo na Ásia e não só, destronou Las Vegas e Hong-Kong...

PEANUTS...

O ministro da Economia, Manuel Pinho, disse em Pequim aquilo que todos
nós já sabemos, de há muito tempo: Portugal tem os salários mais baixos da UE.
Não sei se o ministro cometeu uma gaffe. É verdade que Manuel Pinho não tem
jeito para a política. Pode ser, e é certamente, um bom economista, pois sabemos
que ele trabalhou numa das mais importantes instituições financeiras mundiais.
Mas tambem já sabemos que o ministro, por distração ou falta de jeito, comete
erros de avaliação, e, às vezes, até fala de temas que são "bandeira" dos sindicatos.
Os "baixos salários" são a "bandeira" do PC e do BE, que convergem na acção com
os sindicatos. Sem esta "bandeira", pouco lhes resta para defesa dos trabalhadores
que "continuam a ser mal-pagos". Se um ministro fala deste tema, é um sacrilégio.

O ministro Manuel Pinho terá confessado que Pequim é uma cidade
imponente e cheia de modernidade, e que tem locais muito parecidos
com a Madison Avenue, em Nova Iorque. Este reparo foi comentado
negativamente pelos jornalistas... Eu acho que, no todo, a comparação
feita pelo ministro, não está muito longe da realidade. Vamos esperar!...

Não me admira que o PC, o BE e os sindicatos ficassem de boca aberta, quando
souberam que Manuel Pinho havia cantado o refrão errado... O que me admira,
são os demais, os políticos, os jornalistas, os comentadores. Encontraram um tema
para "noticiar, escalpelizar, comentar" -- deixando o fundamental no esquecimento.
Este país pequenino, de gente que olha para o espelho, não se sente bem. Mas
tambem não se preocupa com as questões relevantes. Nas rádios, a seguir a esta
"notícia", e depois de ouvidos sindicatos, partidos e comentadores, a "notícia" que
se seguiu foi... não sei o quê, sobre um Derlai que, ao que parece, muito tem a ver
com o futuro económico do país, com o bem estar e a riqueza dos portugueses...
Em vez de se criar uma mentalidade empreendedora, com gosto pelas vitórias do
país na área económica, financeira, ambiental e social -- sem Guiness Book -- os
meios de comunicação continuam a dar aos cidadãos, doses maciças de anestesia
futebolística, reduzindo a actividade destes a uma arena e a umas cervejolas...

O primeiro-ministro, José Sócrates, e a sua comitiva, estiveram hoje
em Xangai, o centro financeiro da China. Xangai será, se não o é já, a
maior metrópole da Ásia. Vamos ver a sua Expo Mundial em 2010...