2007/02/25

 
ECOS DO FIM-DE-SEMANA...

O abrupto José Pacheco Pereira perorou, mais uma vez, no Público de sábado,
sobre o futuro dos jornais. É o segundo folhetim, e é para continuar. Mas eu penso
que JPP, nestes folhetins, não atinge o zénite da questão. Ele perde-se a explicar
o que está explicado, e não adianta nada de concreto, porque o futuro dos jornais
está em mutação constante, e, o que hoje é, amanhã está ultrapassado. Não creio
que o futuro dos jornais passe pela edição em "folha de plástico", porque isto não
seria prático, requeria sempre um dispositivo para imprimir a Plastic Logic... JPP
esquece que, em muitas cidades mundiais, já existe um dispositivo que, a troco
de uns cêntimos, nos imprime um de meia dúzia de jornais, no idioma escolhido
pelo leitor. Mas este não será o futuro dos jornais. Estes serão cada vez mais raros,
até por pressão dos ambientalistas. A informação será fornecida online sim, mas
tambem através de gadgets móveis que irão chegando ao mercado. O telemóvel,
ou o seu sucessor, servirá de suporte a toda a informação futura. As vantagens do
hipertexto servem a Net, mas ficam por aí, até ver. JPP fala sobre o futuro dos
jornais, como se ele tivesse a solução. Ora, hoje em dia, qualquer novo produto,
antes de vir para o mercado, é sujeito à corrente do mainstream, às tendências
do mercado. Como é possivel falar do futuro de um produto, se não foram feitas
sondagens, mais do que uma, ao mercado, aos editores, aos think-tanks?... Não
vale a pena falar do que é desconhecido, e sobre coisas que nós não dominamos...

Tunel com 18 kms de extensão, construido nas Montanhas Qinling,
província de Xanxi, noroeste da China, pintado a cores variadas para
evitar que a monotomia afecte os automobilistas durante o percurso.


O suplemento P2, do Público de hoje, contém uma interessante entrevista
com António Barreto. Já tenho criticado as crónicas de AB, por me parecer que o
autor não está consciente do que diz. Parece o professor Girassol, assarapantado,
lunático, alheio à realidade. Mas hoje fiquei feliz por saber que António Barreto
"descobriu" agora o fascínio e o poder da televisão, da RTP, onde se prepara para
apresentar o "país real", que António Barreto desconhecia... É ele quem nos diz:
"Ter visitado intensamente os subúrbios de Lisboa e Porto foi, para mim uma
espécie de viagem ao inferno". "Não tinha ideia de um país que desperdiçasse
tanto: a paisagem, o dinheiro, as oportunidades". António Barreto irá mostrar-nos,
na RTP, o passado (recente) e o presente de Portugal. É bom que um sociólogo
o faça, que fale de nós e do nosso país, e nos diga, cara a cara, quem somos, o que
valemos, ou se a democracia valeu a pena, se vivemos melhor e se gostamos de
nós mesmos... António Barreto diz que sim, que gostamos de nós, mas que não
gostamos do nosso país... Vai ser um programa vivo, polémico, onde o passado e
o presente vão ser analizados. António Barreto mostrará o passado do país, onde
"o padre rezava a missa virado para Deus e de costas para o povo"; e do presente,
onde "hoje a igreja é a casa dos homens e o padre veste-se à civil e fala português".
Do passado, onde à data do 25 de Abril, "55 por cento das casas não tinham água
canalizada, 60 por cento não tinham saneamento básico, 40 ou 50 por cento não
tinham luz, 70 por cento não tinham retrete". Estas carências foram resolvidas.
Mas AntónioBarreto elegeu o Serviço Nacional de Saúde, como a obra mais digna,
feita e conseguida pelos portugueses nos últimos 30 anos... O sociólogo está feliz
com o seu país, e sorri, sorri como nunca. Já não é o triste, sorumbático, sombrio
e macambúzio comentador do passado. Vamos aguardar pelo seu trabalho.

O esplendor e a beleza das Montanhas Wuyi na província de Fujian,
com Pousada em primeiro plano, um local visitado por muitos turistas.





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]