2007/09/30

 
... E COM ELE VEIO A CHUVA

Com a surpreendente eleição de Luis Filipe MENEZES nas "directas" do PSD,
vencendo Luis Marques MENDES por larga margem, o governo liderado por José
Sócrates vai, finalmente, ser incomodado. Mas este incómodo não vai desacelarar,
nem inquinar, a governação do actual primeiro-ministro. Apenas vai obrigar este a
ter maior cuidado com as críticas vindas do maior partido da oposição. Mesmo assim,
devemos esperar para ver quém é que vai dirigir o grupo parlamentar do PSD. Se
acaso for escolhido Pedro Santana LOPES, creio bem que este não vai apresentar
nada de substancial. E, no que toca a oratória, PSL não tem qualidades de tribuno.
Tem um falar arrastado, morno, incapaz de galvanizar os parlamentares. Portanto
Luis Filipe MENEZES, se aceitar PSL para dirigir o GP, vai ter um mau começo.
Todos nós temos em memória, ainda, as "trapalhadas" do "menino-guerreiro".

Quanto ao perfil de Luis Filipe Menezes, penso que, não sendo um homem do
"aparelho", mas tendo muita esperiência, e obra feita, na autarquia de V.N. Gaia,
é capaz de "regenerar" e "reposicionar" o PSD na sua matriz popular, voltando a
ser o PPD, um partido interclassista, popular e democrático. Hoje, em política, a
função social-democrata encontra-se nos partidos socialistas. O PSD/PPD sempre
foi um partido popular, de quadros, e ligado à ruralidade do país. Por isso, penso
que o futuro do PSD/PPD, está na sua matriz inicial e não na deriva que tem
mantido, colando-se aos valores defendidos pelo PS. Se é Luis Filipe MENEZES,
o líder destinado a "reposicionar" políticamente o PSD/PPD, isso só o tempo o
dirá. No entanto creio que o "populismo" de que tem sido acusado não tem razão
para ser rejeitado à priori. A democracia precisa de partidos fortes, credíveis e
com programas claros quanto à sua natureza política.

Para já, acabou-se a ladaínha de Mendes: "Serei primeiro-ministro em 2009",
"Já todos acham que Sócrates não é invencível", "Eu fiz esquecer a Ota", "Temos
de apoiar as PME", "Baixar os impostos", "Dar uma cama a cada doente", "Ter
uma Maternidade em cada vila", "Dar às famílias a oprotunidade de escolher as
escolas para os seus filhos", "O país precisa de crescer 3%", "O país está muito
pior agora", "Sócrates finge que faz, mas nada faz"...
Para abafar a derrota eleitoral em Lisboa, Mendes avançou com as "directas"
para calar os opositores. Foi ao Chão da Lagoa festejar com o régulo da Madeira,
andou a reboque de Carmona Rodrigues, falou muito de "credibilidade" e tambem
dos "barões" que o apoiavam. Mas contrariava Ferreira Leite, Catroga e outros,
proclamando a "necessidade de baixar os impostos" -- e esquecendo o défice das
contas públicas... Fez uma oposição sem substância, sem calor nem convicção,
e muito menos de esperança. Os seus discursos apenas transmitiam desespero,
insegurança e causaram muita depressão aos portugueses. Felizmente, já chove.

Camponeses na colheita do arroz em Guiyang, sudoeste da China.

2007/09/27

 
LER OS OUTROS...

Entre comentar a chegada da moirama à Portela e o "corte" da entrevista
ao "menino-guerreiro" (ex-PM de Portugal) que decorria na SIC-N, ao "vivo",
preferi fazer uma visita aos blogues que me acompanham. E fiquei satisfeito.
O amigo João Tunes recebeu-me em sua casa, nesta sala. Continua a produzir
posts de boa cêpa, muito oportunos, sucintos alguns e quase todos de antologia.
O absorto Eduardo Graça, depois da visita a Cuba, voltou a Camus e à actualidade
política, perspectivando o fim do PSD. "Os partidos tambem se abatem", afirma.
Já o arredio Rui Baptista, do Amor e Ócio, acredita na "renovação" do PSD/PPD,
e propôe "José Mourinho à presidência do PSD. JÁ!".
Ao entrar na Barbearia do Sôr Luis, o ambiente é diferente. O Luis Novaes Tito
parece preocupado com a embrulhada das directas no PSD. Pragmático, afirma
que "o PSD é um partido fulcral da democracia portuguesa".

O Paulo Gorjão tambem analisa a situação no PSD. Pragmático, como sempre,
o Bloguítica faz uma análise séria, fria, institucional. Parece um diplomata.
O Nuno Mendes, no Cais da Linha, deixa implícito que ia entornando a sopa
à hora do jantar, quando apareceu o Luis Filipe Menezes na televisão a ameaçar
o PSD com recurso aos tribunais, caso a "chapelada" contribua para a sua derrota.
No Blogame Mucho continua a brilhar o Besugo. Ele escreve sobre "infelicidade",
sobre "lameiros", "vacas avacalhadas", "redil palonço", e erva de gramado... Cita
Romagnoli, Dejalo, Puvorik, Bento e não sei que mais... Tudo a pastar no lameiro.
Adiante. Nota-se a falta da Lolita, com os seus conselhos avisados e calmantes.
"Como eu gostaria de ter escrito isto" -- titula Vital Moreira no Causa Nossa.
"É altura de aqueles que em Portugal lutam a sério pelo direito de informar
sairem do silêncio a que se remeteram. É que o verdadeiro combate pela liberdade
de imprensa começa justamente pela conduta contra a 'libertinagem da imprensa'".
(A. Marinha e Pinto no Público de 26 de Setembro).

Miguel Abrantes, usa como lema da Câmara Corporativa a frase de António
Cluny, produzida em 22 de Maio de 2006 no DN: "Todos defendem o Estado de
direito desde que não nos bata à porta". Hoje, a propósito das directas no PSD,
publica a imagem da tribo de índios Yonomani, em dança guerreira, afirmando
que se trata de militantes da Amazónia a caminho da votação [em Mendes].
Ouvi algo sobre este caso, pagaram as quotas, chove dinheiro de todo o lado...
Já o Escudo, sobre este momentoso problema, põe à nossa disposição "A Guerra
das Cotas", um filme épico sobre as directas de MM. Este assunto passa-nos ao
lado quando visitamos o Tomas Vasques, à cata de conquilhas. Preferiu tratar
do "Milagre de Fátima", mais um, depois do Clube Desportivo da Cova da Iria
ter eliminado da Taça da Liga o Benfica de Camacho...

Quanto ao "Zé da blogosfera" pouco há para dizer. O ex-candidato a candidato
presidencial continua a vasculhar na licenciatura do PM. "Nada me move contra
Sua Excelência", diz o Zé Martins. Com afinco, coragem e contundência segue
o Jumento nos seus belos editoriais, autênticos artigos de fundo a merecerem
leitura demorada. Hoje vem glorificar os nossos atletas amadores, do atletismo,
judo, do râguebi e triatlo... Atletas que ganham medalhas de ouro, sagram-se
campeões, expoêm o nome de Portugal, mostram a sua bandeira e canta o hino
nacional. A bovinidade das televisões é que delira com os moiros do futebol...
Ao entrar no Miniscente, verifico que Luis Carmelo continua a falar de literatura
enquanto bebe umas imperiais.. (Eu prefiro um Esteva, Douro de 2003, tinto).

Incansável, o Octávio Lima segue no Ondas3, relatando tudo sobre os
atropelos cometidos em todo o mundo contra o Ambiente. Desde os ribeiros
poluidos neste país, ao degelo da Antártida, o Ondas3 faz uma abordagem dos
problemas ecológicos que afectam este planeta e a vida de todos os seres vivos.
O Carlos Manuel Castro, deixou de Tugir, passou a morar em Palavraberta.
Teclei Palavraaberta e fui parar a uma turma de professores no Brasil. Espero
que CMC, agora sózinho ao leme, saiba enfrentar as borrascas no mar alto.
Quase a terminar, ainda visitei o Puxa Palavra, um blogue colectivo, onde o
Raimundo Narciso tem apresentado bons temas para debate.
Verifico que o Leonel Vicente prossegue na Carreira da Índia, com "ventos
favoráveis de nortada" que permitiram "um avanço de 116 léguas". Boa viagem.

Que é feito de AA Barroso, que deixou de Dar á Tramela desde 15-08-2007?
E que é feito do Miguel Silva, que desde 18 de Agosto não dá sinal de vida?
Ele vive obcecado, neste tempo de assassinos. Fechou a loja, onde deixou
exposta a pistola de Andy Warhol. É preocupante, pois o Miguel tomou como
lema a frase de Marcel Duchamp: "Aliás, são sempre os outros que morrem".
O Miguel deve andar em lua de mel.

2007/09/24

 
POR UM DIA...

Continuo a não ter paciência para defender causas. Daí esta minha ausência.
Mas há momentos que não resisto a calar o meu protesto contra o bovinismo
de algumas elites, e a cultura da Futebolândia anestesiante, destinada a entreter
as massas, tal como era no tempo do Botas. A nossa RTP, nos últimos tres dias,
abriu o telejornal com futebol mourinho. E manteve a antena aberta durante os
primeiros 15 minutos -- mais do que as têvês privadas. Ao terceiro dia, quando
os canais privados abriam com notícias do país, a RÊTÊPÊ insistia no mourinho...
Um gasto inútil, uma não-notícia, uma obscenidade em termos de informação
emitida pelo canal público, como se tratasse de uma procissão encomendada
pelo cura da aldeia... E não há um crítico, não há ninguem que pergunte à RPT
porque razão coloca o futebol na abertura do telejornal e reserva as "notícias"
do país e do estrangeiro para o final, depois do intervalo, ou as omite por "falta"
de tempo. Já não há críticos para monitorizar a RTP?...

Neblina matinal sobre a cidade de Dubai, capital do Qatar...

Quanto ao resto, vai-se cumprindo Portugal. Temos um primeiro-ministro
que acorre à Assembleia da República, para responder às interpelações dos
deputados da oposição; que governa o país e a União Europeia; que acode às
escolas para distribuir PCs, prepara a agenda para as cimeiras da UE com
África, Médio-Oriente e Rússia; avalia o próximo orçamento de Estado, faz
jogging frente à Casa Branca, encontra-se com George Bush, fala na séde das
Nações Unidas como PM de Portugal e da UE... É preciso fôlego para tanto!

Só os adultos sentem a falta dos Deuses... Decorre o Ramadão.

No que respeita à oposição, que quase não se ouve, esperamos pelos
resultados das directas no PSD, para vermos se Marques Mendes consegue
manter o "leme", derrotando o rival Filipe Menezes. Estamos para ver como
vai Mendes manter a "credibilidade", se acaso se vier confirmar o pagamento
de quotas -- não se sabe por quém -- dos militantes (a maioria) que irão votar
sem terem desembolsado um cêntimo de quotização. Perante este panorama
adivinham-se protestos contra a falta de "credibilidade" do processo eleitoral.
Neste momento só me ocorre dizer: "Que Ganda Nóia!..."

Na corda-bamba... Não é fácil manter o equilíbrio e resistir à gravidade...

2007/09/11

 
MEMÓRIA...


Por mais que o tempo passe não consigo esquecer este dia do ano de 1973,
quando um presidente eleito pelo povo chileno foi derrubado por um golpe de
militares fascistas, apoiado pela CIA, que representa a Força do Império. Este
golpe militar matou milhares de civis, dividiu o povo chileno e deixou milhares
de famílias enlutadas por morte assassina dos seus filhos. Cada um tem as suas
memórias, eu tenho esta, e com ela apenas sinto revolta, indignação e horror.

POR MADDIE...

"Não temos nada que ver com o desaparecimento da Maddie",
disseram os McCann aos media ingleses quando chegaram ao seu país.
Mas que pais são estes, que não se sentem responsáveis pela guarda, pelo
desaparecimento ou pela segurança dos seus filhos? Então a quem compete
essa responsabilidade? Por este andar, qualquer dia ainda nos vêm dizer que
"a Maddie não era sua filha".

ELITISMO...


É suposto que as elites, os mais capazes, os mais cultos e conhecedores
da História e da Geografia dos povos, fossem os eleitos para governar ou para
representar o seu país em questões de diplomacia. Mas hoje em dia, os eleitos,
são os que representam os lóbies empresariais ou financeiros e que, por estes,
são aclamados vencedores. Não admira, por isso, que em política, a baganha
tenha tomado o lugar da semente. Vendem-nos a forma, não a substância.
Para mim seria uma vergonha se o nosso mais alto magistrado da Nação, num
fórum internacional, cometesse as calinadas ditas pelo presidente George Bush.
Já sabiamos que, em tempos, Bush pedira desculpa a Vicent Fox por não saber
"falar mexicano"; que em 2000, não sabia que Musharraf era o PR do Paquistão;
e desconhacia que, no Brasil, tambem havia negros, como no Alabama...
Agora, na Austrália, numa reunião dos 21 países da APEC, deixou siderados os
representantes e diplomatas, ao agradecer a John Howard o excelente trabalho
das tropas austríacas no Iraque; e, como se fosse pouco, confundiu o nome da
reunião: trocou APEC por OPEC (a organização dos países exportadores de
petróleo). O sujeito só pensa em petróleo, cheira a enxofre...Tanta calinada é
demais... É o homem errado, para estar no pedestal...

Luta justa... Cena do Rodeo de Bremerton, nos EUA.

2007/09/06

 
MAIS ALÉM...

Estou a "pensar em grande", tal como recomenda Luis Marques Mendes.
Por isso, e porque neste pequeno rectângulo nada acontece (excepto a reunião
da EU em Viana do Castelo), vou registar aqui dois episódios que se prendem
com a "cultura da guerra" praticada pelo Império.

1- Não entendo por que razão os norte-americanos ficaram tão surpreendidos
ao saberem que um bombardeiro B-52 efectuou um vôo de tres horas e meia,
entre o estado do Dakota do Norte e a Louisiana, para transportar umas dezenas
de mísseis... Ao parece o "susto" foi provocado porque, na ponta dos mísseis, iam
acopladas ogivas nucleares... Mas isso sempre aconteceu quando os B-52 faziam
vôo sobre rotas de países amigos. Foi o que aconteceu na década de 1960, quando
no sul de Espanha, em Palomares, cairam duas ou tres bombas que "descolaram"
dos B-52... Tiveram que interditar a região e andar à cata delas no Mediterrâneo.
De resto, quem brinca com o fogo, queima-se. Portanto, esse é o risco de quem
fabrica armas e as transporta. Que é isso comparado, por exemplo, com o que
acontece na Palestina ou na Iraque? Hoje mesmo, num ataque aéreo em Bagdade
morreram 14 civis... Tambem é verdade que as bombas transportadas pelo B-52
pesam entre 5 a 150 kilotoneladas, um autêntico apocalípse. Em Agosto de 1945,
a bomba descarregada pelo Enola Gay sobre Hiroshima pesava apenas 15 quilos...

O B-52 pode transportar um imenso arsenal de guerra e destruição.

2- Na Austrália as forças especiais de segurança à reunião da APEC
prenderam 11 elementos do grupo The Chaser's War on Everything, uma
espécie de Gatos Fedorentos da cadeia de televisão ABC, só porque encenaram
e executaram uma comédia em Sidney, na área do Inter Continental Hotel, onde
decorre a reunião dos 21 países da APEC... Espero bem que os nossos defensores
dos "direitos, liberdades e garantias" se manifestem junto à embaixada daquele
país, exigindo a libertação dos energúmenos e seja lavrada em acta, o direito à
"liberdade de expressão" -- tal como fariam, se o caso tivesse ocorrido neste
pequeno "rectângulo", onde a liberdade "está ameaçada"... Mas afinal, qual foi
a cena dos The Chaser's? Simplesmente fizeram humor. Um dos caçadores
vestiu-se de Bin Laden, meteu-se numa limusine com bandeira do Canadá,
passou as barreiras de segurança e apresentou-se, tal como se fosse o chefe da
Al-Qaeda, à reunião da APEC... Não há dúvida, a "liberdade" no mundo piora.

O "chaser" Osama bin Laden chega à reunião da APEC de limusine.

A propósito de armas, a Rússia concluiu um negócio de armamento com
a Indonésia, no montante superior a mil milhões de euros... Todas as virgens
protestaram. Se fosse um negócio de Bush, Blair ou afins, como fizeram ainda
há pouco tempo com os países do Golfo, ainda que vá, mas assim, não... Até
parece que a Rússia nunca foi um país produtor e exportador de armamento.
Ninguem conhece as Kalashnikov, os caças Sukoy e Tupolev, os tanques e os
mísseis russos! Ou acham que a Rússia deveria pedir licença ao Império, para
poder vender armas a países amigos, e cooperantes na luta contra o terrorismo?

2007/09/05

 
A TIRANIA DO VOTO...

Em democracia quem ganha as eleições é que deve governar, mas pelo
vemos, ouvimos e lemos, os portugueses ainda não conseguem aceitar esta
ideia. É bom que dos actos eleitorais resulte uma maioria qualificada capaz
de governar e cumprir o seu programa de governo. Se do acto eleitoral vier
a resultar uma maioria absoluta de um só partido, será ainda melhor para
o país, pois é bom que haja governos estáveis, e estes resultam de maiorias
conseguidas por um só partido. Haverá sempre quem não aprecie "a tirania
das maiorias", mas é com a aceitação e a execução do programa dessa maioria
que o país se pode tornar diferente: mudar, inovar, reformular, criar novos
paradigmas na sociedade. No final do mandato, se os eleitores acharem que
o país está pior, então só têm que escolher, votando noutra força partidária.

Começaram as vindimas em Mikulov, Morávia, região da República Checa.

Pelo que temos visto, os portugueses não querem esperar pela próxima
Primavera, querem ter resultados já, no final do estação estival. Vê-se que
não conhecem a Natureza, as estações do ano, a época do trabalho no campo,
a sementeira, e a colheita que virá depois. São incapazes de esperar. Querem
tudo, já! Sem trabalho, nem canseiras; sem projectos nem obras feitas; sem
esforço. Não admira que sejam os portugueses os que mais jogam no Euro
Milhões... Querem enriquecer sem trabalhar, viver da utopia e do sonho.
Em 2009 podem mudar o "jogo", até lá tenham esperança, mas trabalhem!
Acabem com o "ruído", com as análises sincopadas, as críticas masoquistas,
os cenários marcelistas, o choro afadistado e passadista; acabem com as
encenações há hora dos telejornais, com as poses de marioneta. Trabalhem.

Em Sidney, Austrália, onde decorre a reunião dos 21 países da APEC,
até as "gajas boas" se manifestam contra a presença de George Bush...

2007/09/04

 
NONSENSE...

Em política, por cá, não há nada de novo. Assim, faz sentido ler o DN, jornal
dirigido por João Marcelino, que o transformou num diário de casos de polícia.
Pelo menos ficamos a par das últimas inovações em assaltos a bancos, roubos
por esticão, tiros de caçadeira e mortes à porta de pseudo-discotecas.
De política, é confrangedor ouvir o líder do PSD, Luis Marques Mendes, pisar e
repisar minudências, numa demonstração de que o deserto de ideias continua
a prevalecer no principal partido da oposição. A baixa de impostos, os apoios
às PME, a troca da Ota por Alcochete, o referendo do Tratado do Europeu...
Nada de novo na frente ocidental, apesar das férias e da academia de verão.


Há pouco tempo, os representantes da igreja portuguesa, apressaram-se
a ouvir o primeiro-ministro sobre bens patrimoniais, e impostos a pagar ao
Estado. Parece que a igreja católica tem isenções, mas que apenas beneficiam
esta, pois as demais confissões religiosas não firmaram nenhuma Concordata
com o estado português. Todavia o estado do Vaticano quer mais e melhor.
Quer administrar a região de Fátima, quer ali estabelecer vôos de low-cost,
quer transformar aquilo num centro mundial de turismo e de fé... O Vaticano
é um estado ostensivamente rico e opulento, fala de caridade, mas não abre
mão da riqueza que tem. A opulência sente-se e vê-se, e até o Parlamento
Europeu quer saber quanto é que a Itália "desconta" em taxas ao Vaticano.
Toda esta história cheira a pecado, e traz à memória o "bispo Macedo", esse
evangelista, profundo crente na "nota verde" -- e tambem o poder da igreja
dos Jeovás, que possuem dinheiro para construir templos para os fiéis...
A fé, tornou-se num dos maiores negócios dos tempos modernos.
(Entretanto, no Vaticano, morre-se de solidão, como aconteceu com o soldado
da Gendarmeria que se suicidou com um tiro dentro da banheira. Ver aqui.)

Nos antípodas, começou a reunião da APEC, a decorrer na Austrália.
Vamos esperar para ver quais os países que estarão representados ao mais
alto nível. Para já, é a presença de George Bush que mais problemas causa
às forças de segurança encarregadas de proteger "o senhor do Mundo".

Cartoon de Rocco editado no blog do Sidney Morning Herald.

O Mundo continua em mudança, mas alguns dos personagens vão estar
mais interessados em cuidar do seu futuro do que em promover alterações
de fundo naquela área geográfica. Bush já passou pelo Iraque, o primeiro-
ministro australiano, John Howard, já pensa nas próximas eleições, e a China
está representada por Hu Jintao, que procura conciliar intereses comerciais
com políticas de segurança regional, por forma a expandir as exportações.

Cartoon de Steve Bell publicado no The Guardian de Londres.
Contra-informação... Um dia depois de George Brown anunciar a
retirada das suas tropas de Basora, aparece George Bush de surpresa
em Bagdade para "amortecer" o efeito da "retirada" dos royal marines...

2007/09/02

 
OPOSIÇÃO VIRTUAL...

Com o calendário a fechar o mês de Agosto, e numa altura em que um
punhado de democratas-cristãos homenageava Ribeiro e Castro com um
almoço (após cumprir a missão política que lhe fora confiada pelo Parlamento
Europeu para ir à Colômbia), interroguei-me sobre o paradeiro de Paulo Portas.
- Que é feito do chefe da banda do CDS/PP, que não se viu nem se ouviu nestes
dias da silly season? Marques Mendes corre para as directas, aplaude o veto de
leis por Cavaco Silva, esquecendo que o PSD as votou por unanimidade, e ainda
tem tempo para visitar o Museu dos Coches com a ex-directora do MNAA.
Alem disso, encenou o remake do Pontal e ainda deu aulas na Universidade de
Verão. Paulo Portas esteve mudo e invisível. Jerónimo de Sousa crava pregos
nas barracas da Atalaia, reune os velhinhos reformados e espera receber as
FARC na Festa do Avante, apesar de se saber, nesta data, pelo Comité da Cruz
Vermelha Internacional, que as FARC vão entregar os cadáveres de 11 deputados
raptados em Abril de 2002, mortos em 18 de Junho de 2007...
Francisco Louçã e os seus confederados revolucionários preparam-se para
apresentar um "programa de governo socialista", como se o mundo não tivesse
mudado, depois da implosão da ex-União Soviética. A receita estará em oferecer
aumentos de reformas, serviços de saúde grátis, ensino escolar gratuito, e uma
economia planificada, com nacionalizações da banca, seguros, energia e cimentos.
Os salários serão iguais para todos os trabalhadores, mesmo para aqueles que
faltem ao trabalho e não apresentem ânimo para produzir ou despachar coimas.
O dinheiro não faltará; Portugal sai da UE e o banco central passa a emitir massa
todo o ano, para que não haja falta de notas... A utopia vai ser uma realidade.

Buenos Aires... Exibição para o Campeonato do Mundo de Tango...

E Paulo Portas, que tem feito? Ontem ainda pensei que estivesse no Porto,
sentado à beira-rio, a olhar para o céu, entusiasmado com os "gloriosos malucos
das máquinas voadoras" -- os Red Bull. Mas tal não aconteceu. O recauchutado
líder dos "populares" apareceu nas televisões, via You Tube, a discursar urbi at
orbi sobre "a escalada dos juros", a "crise do subprime nos EUA", as políticas do
BCE, o rendimento das famílias portuguesas. Diz Paulo Portas que esta é uma
nova etapa na vida do CDS/PP, pelo que, a partir de agora, nada ficará como
dantes. Esta é a "rentrée" do CDS/PP, falar ao povo, ao país, ao mundo através
das novas tecnologias, via You Tube e Sapo.pt. Portas apareceu sozinho, mas
enquadrado por um verde-Eufémia, para mostrar que adora a ecologia.
Portas falou para o éter, sem ser original, nem ter em conta o país real. Quando
andar em campanha pelas feiras, lotas, mercados e nos asilos de velhinhos ou
nos hospitais de acamados, terá ocasião para avaliar quantos portugueses se
deram ao trabalho de pesquizar no You Tube, para ouvir a sua palração.

Malasia... Pirotecnia italiana para comemorar os 50 anos da independência
celebrada em Putrajaya, capital administrativa nos arredores de Kuala Lumpur.


MESOPOTÂMIA...

Enquanto alguns senadores republicanos já vão falando na necessidade
das tropas americanas se retirarem do Iraque, agora são os ingleses a desejar
o fim do pesadelo em Basora, e um ex-comandante do contingente britânico
até classificou o ex-patrão do Pentágono, Donald Rumsfeld, de ser uma "falência
intelectual. Os "ratos" estão a largar "Os Caminhos para Bagdade", mas o terror
na capital do Iraque tem sido reduzido... Depois de os EUA se terem sentado
à mesa com o Irão -- um dos países do "Eixo do Mal". É sintomático. Depois
do entendimento entre "Satãs e Diabos", o Irão mostrou que, naquele zona
do mundo, é uma potência regional e terá sempre uma palavra a dizer. O Irão,
antiga Pérsia, celebrou em 1971, na era Reza Pahlevi, 2.500 anos de existência.
Poucos povos, e menos ainda poucos países, têm um passado tão glorioso.

Armada chinesa em S. Petersburgo... Depois de uma visita de quatro dias,
marinheiros despedem-se dos colegos russos. Há cerca de tres semanas
decorreu nos Montes Urais uma série de exercícios conjuntos do Exército de
Libertação do Povo com forças especiais da Rússia destinados a testar a
capacidade e a eficácia dos exércitos em caso de ataque terrorista, e que
tiveram a presença de países da Ásia Central. A Rússia parece ter melhor
entendimento institucional com os países emergentes do Sul da Ásia...

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