2007/07/30

 
SILLY SEASON (I)...

O professor César das Neves, esse ilustre pregador dos santos evangelhos
e promotor da frase "não há almoços grátis" (traduzida do inglês), vem hoje,
no DN, perorar sobre a "família tradicional", acusando o primeiro-ministro
José Sócrates de "facilitar o divórcio, promover uniões de facto, promiscuidade,
homosexualidade". "Os portugueses estão em vias de extinção", diz o evangelista.
Para salvar esta raça da extinção, César das Neves sugere ao governo que crie
uma lei para obrigar os casais portugueses a "fazer truca-truca", exigindo-lhes
depois resultados, ou seja: um filho por ano, enquanto puderem fazer tal esforço.
Há comentadores que não querem o Estado a gerir empresas, sugerindo antes a
sua privatização, mas depois vêm pedir ao governo para que seja o Estado a legislar
sobre a vida matrimonial, afectiva e procriadora dos "casais portugueses"....
Isto, só na silly season, e tanto pior quando se trata de César das Neves.

César das Neves perdeu a oportunidade de ser um bispo virtuoso.

O desemprego na vizinha Espanha, que há uns vinte anos chegou a atingir
os 18,5%, está agora abaixo dos 8%, mas ainda asssim acima do desemprego
em Portugal. Apesar de tudo, não me consta que os advogados espanhóis tenham
alguma vez solicitado emprego aos governantes do reino. Por cá, nestes dias de
calor, ouvimos os candidatos a bastonários da Ordem, defender a necessidade
de o governo criar meios para que, em todas as esquadras e postos da GNR,
possa haver um advogado alocado para fazer "cumprir a lei"... Esta ideia, apesar
dos nossos índices de desemprego, leva-nos a crer que a profissão de advogado
está em risco e com algumas dificuldades em sobreviver, e com falta de trabalho,
apesar de ser uma profissão corporativista, regulamentada, onde só faz carreira
quem estiver ligado à "indústria" ou que tenha patronos ricos.
Um advogado para cada loja de polícia... Um estagiário, nunca um daqueles
senhores advogados com vinte ou trinta empresas em carteira.


A comunicação social rendeu-se, este fim de semana, aos encantos do Chão
da Lagoa, onde esteve o régulo da região acompanhado pelo "senhor Pensar em
Grande" que pela primeira vez se rendeu à festa das ponchas. Não podemos
esquecer que, "o senhor Jardim", tem uma espécie de xafarica, onde vivem
cerca de 244 mil almas. Não se percebe, a esta escala, como pode a comunicação
social dispensar tanto espaço às festanças do "senhor Jardim"... Quanto ao líder
do PSD, fez mal ir "ao bailinho da Madeira". Os seus adversários não esquecerão
esta deriva de Marques Mendes. Aderiu ao populismo mais rasca do "senhor
Jardim", e isso vai custar-lhe muitos dissabores. E baixou o nível da política.

O recauchutado líder do CDS/PP, depois de castigado pelos lisboetas, vem
agora dizer que a sua derrota se deve à Nação, ao seu governo, aos tribunais
e aos ex-combatentes. Nunca a Paulo Portas e às cenas indescritíveis passadas
no congresso de Óbidos, onde correram com a Zézinha, depois de terem corrido
com Ribeiro e Castro. O recauchutado líder, aspirante a condottieri do CDS/PP,
está preso ao passado, não consegue livrar-se da "banda" que o rodeia, e nunca
mais vai conseguir viver os gloriosos tempos do "Paulinho das Feiras". Nestes
dias de calor, Portas foi a banhos, culpando a Nação pelas suas derrotas.

O tempo é de tonterias, não há dúvida. Mas tambem de alguma ousadia
no discurso dos paisanos. Repare-se: a propósito da morte do Porto Feliz, o
psiquiatra Mota Cardoso -- uma figura de cabeleira a lembrar o tríptico de
S. Vicente -- em resposta à pergunta do DN sobre os motivos por que falhara
o programa Porto Feliz (uma questão de droga e de arrumadores) respondeu
nestes termos primorosos: "Há interesses que estão semeados nos lameiros
de Lisboa e nalguns vales sombrios da província", que "não deixam ir por
diante projectos visivelmente capazes e válidos". Resumindo: os arrumadores
de carros no Porto não vão ser "resgatados" da dependência das drogas.
(Nos lameiros pasta o gado bovino, pouco dado a pensar nos perigos da vida.)


Nos jardins zoológicos da Alemanha vivem animais muito famosos.
O urso Knut é a coqueluche da juventude. E agora o orangutango Buschi,
de 34 anos de idade, residente no zoo de Osnabruck, está a tornar-se célebre
pela quantidade de telas pintadas. O bicho enviuvou, e, para vencer a solidão
e a tristeza, dedicou-se à pintura. E a sua "arte" tem aceitação no mercado.
Um investidor americano comprou tres obras por 20 mil euros...
Esperemos que o comendador Berardo proceda à compra de algumas telas.
A continuar assim, Buschi pode destronar Picasso, Mark Rothko, Andy Warhol,
e Jackson Pollock. É que a qualidade da "obra pictórica" destes autores não
é superior em técnica nem em arte à do orangutango Buschi. Vejamos: Pollock
executava as suas pinturas com os materiais e as técnicas mais extravagantes.
Colocava a tela no chão, entornava uma lata de tinta, esfregava, cuspia-lhe
(há quem diga que até urinava nela)... Não usava paleta, pincel ou guache.
Quanto a Picasso, estamos conversados, é um vómito de arte. Por isso não
admira que a obra do orangutango Buschi venha a emparceirar com a obra
daqueles pintores em galerias de pintura moderna, provando que a "arte"
pictórica atingiu um nível tão baixo, que até um chimpanzé pode fazer igual.

Jackson Pollock em acção... Quanto mais abastardada a obra, mais se vende.

2007/07/25

 
VIAJAR, CÁ DENTRO...

Já lá vai o tempo em que se dizia: Portugal é Lisboa, Porto e Coimbra, o resto
é paisagem... E, de facto, assim era. O "resto" era o Portugal rural e esquecido,
desprezado pelos governantes do Terreiro do Paço. Com a entrada na ex-CEE,
actual UE, o país transformou-se radicalmente. Hoje temos cidades no interior
do país com tão bom nível de vida, ou melhor, do que Lisboa e Porto. Refiro-me
a Mirandela, Vizeu, Évora e Portimão. Outras cidades menores, do interior, estão
em expansão e revitalização, e já perderam a patine dos tempos decadentes.
Cidades como Castelo Branco, incluida no Programa Pólis (lançado nos primeiros
anos da governação de António Guterres), foi a primeira capital de distrito a
completar os projectos idealizados para a mordernização e revitalização da urbe
albicastrense. A cidade está agora mais atraente, mais funcional, mais enriquecida.

Piscina Praia de Castelo Branco... A piscina tem 3.950 metros quadrados
de água, 150 cadeiras, 1.000 toldos, 1.000 cacifos e 750 lugares para carros.


Se José Saramago visitasse agora Castelo Branco, como o fez em 1981, para escrever o livro Viagem a Portugal, não se limitaria a citar parte do poema de
João Ruiz de Castelo Branco: "Senhora, partem tão tristes/os meus olhos por vós,
meu bem,/que nunca tão tristes vistes/outros nenhuns por ninguem". Saramago
diz que Ruiz fraca obra fez, apenas este poema, e só por ele consta na história da
Literatura Portuguesa... Não sabemos, não há registos, mas é provável que tenha
feito mais poemas, em português arcaico, a dispensar a tradução do castelhano,
o idioma utilizado em grande parte pelos autores do cancioneiro nacional.
Saramago dá-nos a sua visão de uma cidade, Castelo Branco, que já não existe.
"Este lado da cidade [da Rua dos Peliteiros até ao Jardim do Paço] é tão provinciano
ou provincial [...] que o viajante tem dificuldade em admitir que ao redor destas
ruas e pequenos largos, haja sinais de vida moderna, febril e agitada como se diz".
Dá-nos a sua visão do Jardim do Paço, com o "buxo aparado", um jardim sem bancos
para o viajante se sentar, ler um livro ou meditar. Saramago referencia as estátuas,
os anjos, as estações do ano, as virtudes do cristianismo. No final, confundido, volta
ao início, não à Rua dos Peliteiros, mas à Alameda da Liberdade, onde está a estátua
de João Ruiz (ou Roiz) de Castelo Branco, tambem conhecido por Amatus Lusitanus...
Saramago foi "tocado" por um anjo, como por milagre, que lhe tirou as suas dúvidas.
É que, aquele João Ruiz não era o Cancioneiro do poema citado, mas sim o ilustre
médico, licenciado em Salamanca, que andou pela Europa, fugido à Santa Inquisição.
Amatus Lusitanus esteve em Antuérpia, diversas cidades de Itália, na Repúblicade Ragusa (actual Dubrovnik, Croácia), acabando por fugir para Salónica, que era parte do sultanato da Turquia, e onde a Santa Inquisição não o podia acusar de heresia, e condená-lo à fogueira...
Mas ali morreu, de peste, pouco tempo depois.

Fachada do Tryp Colina Hotel donde se desfruta de um vista panorâmica
impressionante sobre parte de Castelo Branco e as serranias longínquas.


A verdade é que hoje, Castelo Branco, nada tem a ver com a cidade visitada por Saramago. Está transformada, mas ainda tem muito património para proteger e recuperar. Do Castelo, resta o que resta, porque lá estão duas igrejas... e dezenas de torres com antenas parabólicas, de rádio, televisão, telefones, transmissão de dados codificados, etc. Ao lado, a poente da colina, está o Tryp Colina Hotel, uma unidade hoteleira do Grupo Sol Meliá. Bom serviço, óptimos quartos, boa piscina, jacuzzi, massagista, ténis... e uma vista panorâmica de 180 graus sobre a cidade, e o horizonte a perder de vista numa extensão com 80 quilómetros de distância. Aquela colina, a do Castelo, é o ponto central mais elevado, à volta do qual se espraiam campos, cidades e aldeias num raio aproximado de 80 quilómetros. Dali se pode observar, Monfortinho, Penha Garcia, a aldeia de Monsanto, Idanha-a-Nova. Do lado poente, sobressai, lá longe, a serra de Alvelos, de Murabal e Gardunha. Não há cidades, só vilas e aldeias. Ali começa a zona do pinhal, Oleiros.


A colina do Castelo, do lado nascente, é um emaranhado de ruas estreitas, vielas curtas, sem acesso a carros. É a Alfama lá do sítio. Nas décadas de 1940 a 1970 foram cometidas algumas barbaridades na estrutura do casario. Janelas em alumínio, alterações ao traçado das ruas, demolição de casas, etc. Neste momento a situação parece estar controlada e vigiada pelos erviços camarários e pelas entidades ligadas ao património histórico. Descer aquelas ruelas, é fácil. Dificil e cansativo é depois subir até ao Castelo. A cidade tem delegação da RTP, da PT e um magnífico edificio, todo em pedra de granito, séde da delegação do Banco de Portugal. Não falo do Paço nem da Sé, de que muito já se sabe. Mas quero falar de outros sítios. Por exemplo, da Avenida Nuno Alvares, que vem da Estação da CP, até à Alameda da Liberdade (Docas). É uma avenida rasgada na década de 1940, ampla, com quatro faixas de rodagem, mais os passeios laterais, que são outro tanto. Tem árvores frondosas, canteiros ajardinados, passeios para peões, para carros, e ainda sobra espaço. Nesta avenida encontra-se o ex-Liceu Nuno Álvares, inaugurado em 1946, e cujo pavilhão central é adornado por dois corredores que ligam a dois outros pavilhõs laterais. Era o modelo de edifícios que o Estado Novo fomentava, tendo por base as linhas da arquitectura seguida na construção dos edifícios e monumentos relacionados com a Exposição do Mundo Português. Pois num dos pavilhões laterais do antigo Liceu ainda lá está, esculpido no granito, o seguinte: "A charrua penetra o solo mais que o ferro da espada; o espírito afeiçoa e transforma os homens e a natureza mais profundamente que a força material. - Salazar". Em Castelo Branco, os anos da brasa tambem foram heróicos. E aconteceram transformações. A avenida Marechal Carmona, que vai da actual Docas (antigo Largo da Câmara) até à Praça Europa, passou a chamar-se Avenida Humberto Delgado. Lá estão, de um lado a séde do PCP, e do outro a séde da União dos Sindicatos de Castelo Branco... É o que resta dos anos da brasa. Esta avenida tem prédios em granito, construidos antes de 1940; prédios construidos depois desta data, com varandas e sacadas; e prédios mais recentes, tipo caixote, sem varandas nem sacadas, construidos na década de 1970, junto à actual Praça Europa.
Tem algum comércio tradicional (ainda), mas ali sobressaiem as Chinese Shops.
"Tlês glandes lojas de comélcio chinês"... O comércio começa a ser afectado com
a instalação de grandes superfícies nos arredores da cidade. O Continente está
perto, e vende tudo o que vende em Lisboa. Até o pão de Mafra e o queijo de Azeitão,
ali se encontram... Isto é uniformizar o gosto dos consumidores, caramba!
Na avenida Nuno Álvares há de tudo: prédios residenciais, moradias enormes sem ninguem, cheias de silvas, completamente abandonadas. Tem o Centro Comercial Nuno Álvares, com boas lojas, e tem a Café-Pastelaria Império... Nuno Álvares, Salazar, Império... as teias que o Império tecia, nas cidades. Nos anos da brasa, muita coisa mudou, incluindo o nome de algumas ruas, praças ou largos; só não conseguiram mudar o "pensamento de Salazar", expresso a cinzel no granito do antigo Liceu Nuno Álvares.

Pormenor dos Jardins do Paço, lugar faustoso do poder episcopal.

Gostei de viver uns dias em Castelo Branco. É uma cidade despoluida.
Nos jardins ainda se sente o cheiro de cada árvore, planta ou flor. No Parque
da Cidade -- frente ao Jardim do Paço -- o modernismo aliou-se ao passado
de forma harmoniosa. É um festival de água, em repuxos e fontes, e uma lição
sobre as culturas agrícolas da região. Entre canteiros floridos e árvores de
jardim, estão situados, nas laterais, canteiros com os produtos que as terras
daquela região produzem: a cebola, o alho, a batata, o melão, a melancia, as
nabiças, o cebolinho, a videira, a oliveira, a macieira... Ali está um quadro rural
da região, que certamente muito ajuda a população escolar a compreender e
a amar a terra que semelhante riqueza produz.
Castelo Branco tem uma zona industrial, criada há poucos anos, mas que, em
face de tão numerosa diversidade de indústrias e quase completa utilização da
área do enorme parque, tudo leva a crer que está a ser um sucesso.

Enfim, esta é a minha visão de Castelo Branco actual. Para os que gostam
de observar a Natureza, recomenda-se uma ida a Malpica do Tejo, donde pode
aproximar-se do Parque do Tejo Internacional. É uma área isenta de ruido,
onde o cheiro da terra e das plantas se sente de forma intensa, e onde as aves
e a caça em geral não são perseguidos pelos "bravos" caçadores. A paisagem
lembra o presbítero Eurico, de Herculano, na sua solidão: "Eu e o silêncio eramos
quem estava ali
". Se os "esquizofrénicos" da política vivessem nesta atmosfera,
ainda que por breves dias, teriam da vida outro sentido.
Monfortinho, perdeu o élan de outros tempos. Monsanto, a aldeia encravada
nas pedras, é o "passado morto". Só se vêem velhos. Com a próxima geração,
passa a museu de pedras vivas. Mas o progresso chegou lá. Tem água canalizada,
saneamento básico, urinóis públicos, rede fixa de telefones, etc. A animação é
feita pelos turistas, espanhóis, franceses, italianos, e portugueses, naturalmente.
Recomenda-se o restaurante Petiscos e Granitos, na Rua da Pracinha, onde
Saramago deixou testemunho, no xisto das paredes da casa, sobre os sentidos
causados por aquelas pedras. Um bom prato, são as costeletas de cabrito na
brasa com migas e as papas de carolo para sobremesa. Em Castelo Branco,
temos o Kalifa, ali, junto às Docas, com duas grandes salas, muito bom serviço e
com pratos de boa qualidade. Saboreei lá um arroz de cabidela de galo capão que
dava para dois, acompanhado de um Esteva tinto, um Douro de 2003, muito bem
maturado. O Espeto tem boas carnes, e o Subúrbio tem o melhor em rodízio de
carnes. Não esquecer o restaurante do Tryp Colina Hotel, onde comi um
estufado de javali digno de um bom poema... E agora, façam-se à estrada!

2007/07/15

 
VALHA-NOS SANTO ANTÓNIO...

Está visto, ANTÓNIO Costa pediu ajuda ao Santo ANTÓNIO (de Lisboa)
no sentido de o beato evitar que os lisboetas, neste dia de eleições, fugissem
para as praias, e faltassem ao dever de votar. O santo, de seu nome Fernando
de Bulhões, terá ouvido com simpatia as preces do candidato ANTÓNIO Costa,
e tomou, de imediato, as providênciais necessárias para reter os lisboetas em
suas casas: uma SMS foi enviada a S. Pedro, a pedir para que desencadeasse
uma mudança radical nas condições climatéricas sobre Lisboa... Como diria a
a Zita Seabra, foi assim, que tudo aconteceu. Na manhã de hoje, os lisboetas
acordaram com um dia nebuloso, a prometer chuva. Ficaram em casa, foram
votar, aconteceu o milagre da chuvinha. Se não foi assim, daqui por uns anos,
Zita Seabra escreverá um livro para contar a sua "verdade dos factos".

O CAVALO DE TRÓIA...

A RTP, que persegue o rasto dos shares (audiências), alinhando os seus
telejornais pelo guião dos canais privados, cometeu ontem uma grossa asneira.
Na véspera das eleições para a CML, a RTP concedeu "tempo de antena" ao
Bloco de Esquerda. Nenhum outro canal fez o jogo do BE, nem embarcou para
Tróia, atrás do Cavalo Bloquista, que escondia um punhado de arqueiros para
guerrear com Belmiro de Azevedo nos estaleiros de obras da Sonae Turismo.
Um amigo meu disse-me: "É o lobby gay do BE que consegue manobrar tudo
isto. Eles têm muita influência nas televisões, nos jornais, nas rádios..." Talvez,
mas este truque, levar um cavalo de madeira para entrar em Tróia, é velho,
não devia enganar ninguém... Usando este truque milenar, os bloquistas de
Francisco Louçã, fizeram campanha eleitoral nas vésperas do escrutínio,
violando a lei e prejudicando os outros partidos. Só a RTP é que "embalou"
no arco do Orgulho Gay, e ficou desacreditada. Tróia ficou incólume...

NICAS...

Os jovens jornalistas, os estagiários, continuam a fazer a maior parte
do jornalismo de hoje. Sem experiência, sem memória nem saber, cometem
erros amiudadas vezes. E agora, como não há "revisores de provas", todos
os dias vemos e lemos uma enormidade de gralhas... O DN de hoje insere uma
excelente entrevista com José Saramago. Na caixa do Perfil, destinada a dar
relevo à biografia do autor, consta que José Saramago ganhou o Prémio Nobel
em 1988... Ora, o Nobel da Literatura, foi atribuido a Saramago em 1998...
Foi ontem, já se esqueceram, ou nunca leram um livro de José Saramago?

Tempestade de areia sobre o Dubai durante a passagem do ciclone Gonu...

2007/07/13

 
B R E V E S...

Não moro na capital, estou recenseado em Oeiras, mas se pudesse votar
daria o meu voto ao candidato António Costa. Vou acompanhar, com muito
interesse, os resultados eleitorais no domingo à noite. Até lá, para além dos
polémicos rendimentos do dirigente do PSD, Marques Mendes, comove-me
a situação em que se encontra o "sherif do mundo". O sujeito está paranóico,
não consegue ver a "realidade", e até os seus correligionários republicanos
clamam por "objecticidade". O sujeito, que diz "comunicar com Deus", não
se cansa de citar as "vitórias" alcançadas pelos marines no Iraque... Só ele
consegue ver e acreditar naquilo que diz. Agora, com a saída de Tony Blair,
só lhe resta o "amigo John Howard", que acaba de confessar a verdade sobre
a invasão do Iraque: "era preciso manter livres as fontes do petróleo".

(Cartoon de Martin Rowson publicado na edição de hoje do Guardian.)

Os resultados eleitorais, em Timor Leste, deram a vitória ao partido
de Mari Alkatiri, mas todos se preparavam para governar com o partido
que ficou em segundo lugar, o CNRT de Xana Gusmão... Segundo informação
da vizinha Austrália, tudo leva a crer que seja a Fretilin de Mari Alkatiri quem
vai governar, mas o primeiro-ministro será Xanana Gusmão... Vamos ver por
quanto tempo estes dois adversários vão conseguir entender-se, e esquecer-se
do passado recente de deslealdade e de acusações sem fundamento. Entretanto
o foragido major Reinado, continua a ser tratado como se não tivesse assassinado
timorenses e roubado armas da Polícia de Deli. O procurador-geral insiste
em mandar prender o arruaceiro, mas este sempre contou com o apoio de
Xanana e de alguns partidos da oposição. Mais uma vez, uma unidade de élite
das FA da Austrália vai tentar prender Reinado, que se encontra em Same.

(Cartoon de Rod Clement publicado no Sidney Morning Herald)

O reino de Sua Magestade imperial está indignado por as autoridades
russas não aceitam extraditar o presumível assassino de Litvenko. Parece-me
que a Rússia está a mostrar aos ingleses que, em questões diplomáticas, não
pode haver dois pesos e duas medidas. As convenções internacionais são para
cumprir. Ora todos nós -- que lemos, ouvimos e não esquecemos -- estamos
lembrados de que Londres nunca atendeu os pedidos da Rússia em semelhante
condições. A Rússia pediu a extradição do oligarca Berezovsky, para ser julgado
em Moscovo, por apropriação de riquezas do estado federal; a Rússia pediu
a Londres a extradição de dois terroristas (jihadistas) chechenos, a fim de
serem julgados pelos seus crimes, mas Londres recusou estes pedidos. Perante
esta dualidade de critério, usada por parte da imperial Inglaterra, quem é que
se admira com a recusa de Moscovo?... Então, onde fica a reciprocidade?

O homem mais alto do mundo... Numa cerimónia realizada no Mausoléu
de Gengis Khan, situado na Região Autónoma da Mongólia Interior, China,
festejou-se o casamento de Bao Xishun, pastor, 56 anos, 2,36 metros de
altura, com a noiva Xia Shujuan de 1,56 metros. Uma cerimónia com as
praxes e os trajos da época do grande conquistador. No Guiness Book.

2007/07/11

 
NO ANO DO CÃO...

O clima está melhor, mais quente e apropriado para esta época do ano,
mas o ambiente social português mantém-se tenso, febril, com muito alarido.
Ouvem-se vozes a falar de "claustrofia democrática", a alertar para o "perigo
do fascismo", a denunciar o exercício de "pressões políticas" sobre a imprensa,
a acusar o governo de "promover a delação", a cultivar o "anedotário nacional",
ou a afirmar que "a liberdade de imprensa" e as "liberdades individuais" estão
em perigo neste país... Ao ouvir estas barbaridades, quem chega de fora, pensa
que esta gente está "atravessada" por um qualquer delirium causado pela luta
"antifascista" nos tempos do Botas... Ou será que o Ano do Cão está-se a revelar
em toda a sua plenitude, isto é, a criar um ambiente de agressividade canina?...

O desnorte é imenso, e chega a todo o lado. Os estóicos do masoquismo
não vêem (nem querem disso ouvir falar), mas a verdade é que o desemprego
desceu 5,5%, as exportações aumentaram 16,9%, as encomendas à indústria
cresceram 7,1%, a economia cresceu 2,1%... e o défice continua a diminuir.
Para "esquecer e abafar" estes dados, a oposição opta por propagar o béu-béu,
por "queixar-se" (miar) da "falta de democracia", e acusar José Sócrates de
arrogância (de Guterres diziam que era frouxo). A oposição não sabe o que
fazer, para calar a "central de informações" do governo, sobretudo quando o
Eurostat ou o BP divulga a situação da economia portuguesa. A oposição sente
"o perigo do fascismo", mas nada faz para que os "renovadores" da Ordem e da
Pátria não se candidatem à CML, ou exijam à RTP para não dar voz aos skin-heads.
Mas não podem, pois os "12 apóstolos" candidatos à CML até convivem uns com
os outros, sem se perceberem de que estão à mesa com o Judas da democracia.

Visitante da IV Expo da Saúde Reprodutiva, Novas Tecnologias
e Produtos, a decorrer em Pequim, passeia-se com este chapéu...


Mas a influência do Ano do Cão faz-se notar nos mais conspícuos sectores
da sociedade portuguesa, desde a banca até às sacristias da Igreja... Pelo que
li, os bispos confederados na CEP, vão "queixar-se" ao governo, exigindo mais
dinheiro. Não querem pagar pela tabela do IRS, querem isenções e ameaçam
com uma manifestação, vinda de Fátima ou da séde episcopal até S. Bento,
na qual poderão participar padres e bispos, vestidos a rigôr, e acompanhados
de pálios e andores... Acham que ainda é possivel uma nova Concordata. Eles
não sabem que o mundo, hoje, é outro. Querem voltar ao passado, assim como
o seu chefe do Vaticano. Benneditus XVI quer missa em latim, e a excomunhão
para aqueles que usarem o preservativo. Há pouco mais de um ano, disse o que
disse sobre o Islão, numa academia alemã. Agora veio dizer que os Protestantes
são meras "comunidades eclésias" e que os seus "ministros" são uma "fraude".
Os protestantes, diz Benneditus XVI, não praticam a liturgia dos evangelhos
nem o ofício da comunhão, tão pouco a virtude dos divinos sacramentos.
A polémica está a causar mal estar no seio dos Protestantes e ameça tornar-se
em mais uma dor de cabeça para o ex-cardeal Joseph Ratzinger.
O Ano do Cão é fértil em calinadas, e em "ameças à democracia".

Corrida de cavalos na Austrália. Foto de Steve Christo.

IV ANIVERSÁRIO...
Agradeço as palavras de estímulo dos meus amigos e leitores, em especial
do Eduardo Graça, do Octávio Lima e de Luis Novaes Tito. A blogosfera está
pujante e a ganhar relevo, graças à qualidade dos blogues mais relevantes.
Irei acompanhando, interessado, mas pouco interveniente.

2007/07/01

 
2003/07/01-2007/07/01...

O Abrangente anda nestas andanças há quatro anos, tendo feito este percurso
sózinho, sem ajudante nem GPS, tal como o herói da banda desenhada Lucky Luke:
I'm a poor lonesome cowboy. É tempo de parar para reflectir. Nestes quatro anos
a blogosfera inovou e tornou-se um importante veículo de comunicação, de debate
e de informação. O Abrangente não conseguiu acompanhar essa inovação, pelo que
acabou por perder a corrida. Um dos handicaps deste blogue é o facto de não ter
caixa de comentários. Mas essa falta foi cometida por mim, conscientemente, pois
não dispunha de tempo para esclarecer, responder, replicar aos comentários dos
meus leitores. Inicialmente, a caixa de comentários era tida como sendo um ornato
um apêndice, uma jóia de blogue. Mas esta ferramenta não tardou a mostrar a sua
utilidade, tanto para o bloguer como para os seus leitores. Ela passou a representar,
na blogosfera, as chamadas "cartas ao director" ou o "correio dos leitores" a que
a maioria dos jornais recorria para dar espaço aos seus leitores, mas que aqui, na
blogosfera, tem um efeito mais relevante, por ser espontâneo, imediato, e ao vivo.

O Abrangente vai fazer um intervalo, que pode ser definitivo ou intermitente.
Continuarei a ler, com assiduidade, a maioria dos blogues que me acompanham:
O camusiano Eduardo Graça, o polemista João Tunes, as análises assertivas e
concisas de Vital Moreira, o pragmatismo e o rigôr dos posts do Paulo Gorjão,
o combate político feito "taco a taco" por Miguel Abrantes, a defesa dos valores
socialistas do Luis Novaes Tito, os "até amanhãs" expressos pelo Tomás Vasques,
os "editoriais" do Jerico, os escorreitos e assertivos posts do "quarteto" Raimundo
Narciso/Manuel Correia/ JAF/Burnham, os sintécticos posts do bicho-carpinteiro
José Medeiros Ferreira, os esporádicos "artigos de fundo" do Miguel Silva, os
posts do queirozeano Besugo e da assertiva Lolita, sem esquecer a "doutrina"
dos posts neo-liberais do Gabriel Silva, João Miranda e Helena Matos.
Tambem não esqueço o Octávio Lima, nem a sua luta pela defesa do Ambiente.
Visito ainda o estudioso Luis Carmelo, e o surpreendente Rui Baptista, sem
esquecer as "estatísticas" do Leonel Vicente e da sua Carreira da Índia.
Sempre gostei de "Ler os Outros". Até sempre.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS...

Quero felicitar João Marcelino e a sua equipa pela edição de hoje do DN,
onde apresenta, de forma sucinta, clara, e bem documentada um trabalho
dedicado à presidência da UE. São 35 páginas de texto, imagens, infografias.
Um trabalho destes merece ser realçado, pois a nossa imprensa raramente
se dedica a divulgar as grandes questões nacionais. A presidência de UE,
que hoje está a cargo de Portugal, é um assunto da maior imprtância para
o nosso país e para a Europa. O DN fez bem em dar espaço a este tema.
Outros, como é usual, preferem encher páginas com acidentes, futebol,
ditos e mexericos, tricas partidárias, temas do "anedotário nacional"...

Aterragem de helicóptero para deixar turistas no deck de um icebergue
que no início de Junho flutuava em Dunedin, costa sul da Nova Zelândia.

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