2007/07/30

 
SILLY SEASON (I)...

O professor César das Neves, esse ilustre pregador dos santos evangelhos
e promotor da frase "não há almoços grátis" (traduzida do inglês), vem hoje,
no DN, perorar sobre a "família tradicional", acusando o primeiro-ministro
José Sócrates de "facilitar o divórcio, promover uniões de facto, promiscuidade,
homosexualidade". "Os portugueses estão em vias de extinção", diz o evangelista.
Para salvar esta raça da extinção, César das Neves sugere ao governo que crie
uma lei para obrigar os casais portugueses a "fazer truca-truca", exigindo-lhes
depois resultados, ou seja: um filho por ano, enquanto puderem fazer tal esforço.
Há comentadores que não querem o Estado a gerir empresas, sugerindo antes a
sua privatização, mas depois vêm pedir ao governo para que seja o Estado a legislar
sobre a vida matrimonial, afectiva e procriadora dos "casais portugueses"....
Isto, só na silly season, e tanto pior quando se trata de César das Neves.

César das Neves perdeu a oportunidade de ser um bispo virtuoso.

O desemprego na vizinha Espanha, que há uns vinte anos chegou a atingir
os 18,5%, está agora abaixo dos 8%, mas ainda asssim acima do desemprego
em Portugal. Apesar de tudo, não me consta que os advogados espanhóis tenham
alguma vez solicitado emprego aos governantes do reino. Por cá, nestes dias de
calor, ouvimos os candidatos a bastonários da Ordem, defender a necessidade
de o governo criar meios para que, em todas as esquadras e postos da GNR,
possa haver um advogado alocado para fazer "cumprir a lei"... Esta ideia, apesar
dos nossos índices de desemprego, leva-nos a crer que a profissão de advogado
está em risco e com algumas dificuldades em sobreviver, e com falta de trabalho,
apesar de ser uma profissão corporativista, regulamentada, onde só faz carreira
quem estiver ligado à "indústria" ou que tenha patronos ricos.
Um advogado para cada loja de polícia... Um estagiário, nunca um daqueles
senhores advogados com vinte ou trinta empresas em carteira.


A comunicação social rendeu-se, este fim de semana, aos encantos do Chão
da Lagoa, onde esteve o régulo da região acompanhado pelo "senhor Pensar em
Grande" que pela primeira vez se rendeu à festa das ponchas. Não podemos
esquecer que, "o senhor Jardim", tem uma espécie de xafarica, onde vivem
cerca de 244 mil almas. Não se percebe, a esta escala, como pode a comunicação
social dispensar tanto espaço às festanças do "senhor Jardim"... Quanto ao líder
do PSD, fez mal ir "ao bailinho da Madeira". Os seus adversários não esquecerão
esta deriva de Marques Mendes. Aderiu ao populismo mais rasca do "senhor
Jardim", e isso vai custar-lhe muitos dissabores. E baixou o nível da política.

O recauchutado líder do CDS/PP, depois de castigado pelos lisboetas, vem
agora dizer que a sua derrota se deve à Nação, ao seu governo, aos tribunais
e aos ex-combatentes. Nunca a Paulo Portas e às cenas indescritíveis passadas
no congresso de Óbidos, onde correram com a Zézinha, depois de terem corrido
com Ribeiro e Castro. O recauchutado líder, aspirante a condottieri do CDS/PP,
está preso ao passado, não consegue livrar-se da "banda" que o rodeia, e nunca
mais vai conseguir viver os gloriosos tempos do "Paulinho das Feiras". Nestes
dias de calor, Portas foi a banhos, culpando a Nação pelas suas derrotas.

O tempo é de tonterias, não há dúvida. Mas tambem de alguma ousadia
no discurso dos paisanos. Repare-se: a propósito da morte do Porto Feliz, o
psiquiatra Mota Cardoso -- uma figura de cabeleira a lembrar o tríptico de
S. Vicente -- em resposta à pergunta do DN sobre os motivos por que falhara
o programa Porto Feliz (uma questão de droga e de arrumadores) respondeu
nestes termos primorosos: "Há interesses que estão semeados nos lameiros
de Lisboa e nalguns vales sombrios da província", que "não deixam ir por
diante projectos visivelmente capazes e válidos". Resumindo: os arrumadores
de carros no Porto não vão ser "resgatados" da dependência das drogas.
(Nos lameiros pasta o gado bovino, pouco dado a pensar nos perigos da vida.)


Nos jardins zoológicos da Alemanha vivem animais muito famosos.
O urso Knut é a coqueluche da juventude. E agora o orangutango Buschi,
de 34 anos de idade, residente no zoo de Osnabruck, está a tornar-se célebre
pela quantidade de telas pintadas. O bicho enviuvou, e, para vencer a solidão
e a tristeza, dedicou-se à pintura. E a sua "arte" tem aceitação no mercado.
Um investidor americano comprou tres obras por 20 mil euros...
Esperemos que o comendador Berardo proceda à compra de algumas telas.
A continuar assim, Buschi pode destronar Picasso, Mark Rothko, Andy Warhol,
e Jackson Pollock. É que a qualidade da "obra pictórica" destes autores não
é superior em técnica nem em arte à do orangutango Buschi. Vejamos: Pollock
executava as suas pinturas com os materiais e as técnicas mais extravagantes.
Colocava a tela no chão, entornava uma lata de tinta, esfregava, cuspia-lhe
(há quem diga que até urinava nela)... Não usava paleta, pincel ou guache.
Quanto a Picasso, estamos conversados, é um vómito de arte. Por isso não
admira que a obra do orangutango Buschi venha a emparceirar com a obra
daqueles pintores em galerias de pintura moderna, provando que a "arte"
pictórica atingiu um nível tão baixo, que até um chimpanzé pode fazer igual.

Jackson Pollock em acção... Quanto mais abastardada a obra, mais se vende.





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