2007/03/29

 
OS CORRUPTOS...

Ouvi dizer que há dias, o canal público de televisão, a RTP-50 Anos,
concedeu tempo de antena ao "nosso major Valentim". (Eu deixei de assistir
à programação dos canais generalistas dado que, em telejornais de uma hora,
a maior parte do alinhamento é feito a "marcar" a concorrência, e o conteúdo
das "notícias" arrasta-se pelos estádios de futebol, pelos casos de polícia, pelas
pelas "urgências", ou pelos acidentes rodoviários. A par disto, impingem-nos
sabonetes, relógios, detergentes, óleos fula e os cartões de crédito do BES...)

Pois bem, eu penso que a RTP -- paga por todos nós -- não é própriamente
um canal de televisão berlusconiano, e, portanto, não deve estar ao serviço deste
ou daquele senhorito, concedendo-lhe tempo de antena em horário nobre. Pelo
que sei, o "nosso major" foi à televisão defender-se (à sua maneira) de acusações
que contra ele são feitas pelo MP, no âmbito do processo Apito Dourado. Quer
dizer, o "nosso major" desrespeita a justiça, quer ser julgado na praça pública,
e não confia nos tribunais... Este comportamento do "nosso major" é digno de
qualquer rufia do terceiro mundo. Mas nós estamos na União Europeia!...

E qual é papel da RTP ao prestar-se a servir os interesses do "nosso major"?
Agora que ouvimos falar em corrupção, e na necessidade de legislar contra os
crimes de tráfico de influência -- enquanto outros afirmam que não somos um
país de corruptos -- não será que a RTP está a contribuir para o nepotismo,
favorecendo um sujeito que está a ser investigado? Não será isto uma forma
de "cultivar" a corrupção, o compadrio, o favoritismo? Creio bem que sim, que
a RTP prestou um péssimo serviço à justiça, aos Tribunais e ao MP, e mostrou
que quem tem "poder" poderá nunca ser julgado... Este é um caso de polícia,
e o polícia chama-se ERC... Mas o "nosso major" consegue malabarilzar todos.

Este é o país da cunha, um sistema instituido nos tempos da ditadura de
Salazar. A nomenculatura, os baixos salários e miséria que grassava na altura,
fizeram com que se institui-se a cunha. Temos agora um país de cunhados...
Para tudo ser eficaz, rápido e perfeito, mete-se uma cunha. Aqui e ali, desde
que se tenha uma cunha, é-se sempre bem servido, caso contrário só tarde e
a más horas conseguiremos obter o que pretendemos... Tem sido assim, e será,
pois ouve-se dizer que "não somos um país de corruptos" -- daí que não valha
a pena criar legislação para tipificar os crimes de corrupção... Vamos continuar
a ser um país de cunhados. Até à próxima geração, desde que esta não seja
contaminada. Razão tinha Baltazar Garzon: "a luta contra a corrupção deve
começar na escola". Pois, já que "burro velho não aprende línguas", diz o povo.

Este caso mostra a promiscuidade que existe nos media nacionais, entre
jornalistas, autarcas, futebol e política. Como é que um cidadão anónimo, sem
meios nem cunhas, consegue chegar á antena da RTP?... Não é fácil, a menos
que seja para relatar um "acidente rodoviário", testemunhar a cor do carro, ou
dizer quantas pessoas morreram... O caso do "nosso major" não pode servir de
modelo para os cidadãos. Uma entrevista de uma hora, após o telejornal, quando
as pessoas aguardam pela novela -- é impossivel. O "nosso major" utilizou uma
cunha, está bem de ver: como membro do PSD, falou ao presidente Seara, este
sujeriu à mulher, a mulher (que é jornalista) pediu ao chefe, e este foi convencido
pela jornalista -- que lhe acenou com as audiências... Todos ficaram a ganhar...

Lago Chiemsee, sul da Alemanha... Rapaz e o seu cão brincam
enquanto no horizonte o pôr do sol marca o fim de mais um dia...





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