2007/01/07

 
OS OUTROS...

No Público de hoje, Vasco Pulido Valente discorre sobre o julgamento de
Saddam, não dizendo mais do que aquilo que foi dito ao longo da semana. É bom
constactar que VPV está menos niilista, e mais objectivo nos assuntos que foca.
Já o Retrato da Semana, de António Barreto, embora pareça um quadro op-arte,
com imensos riscos e pinceladas, é, apesar de tudo, interessante porque trata de
um assunto sobre o qual raramente se escreve: o ruído. O barulho, a algazarra e
o matraquear nas rádios, televisões, cafés, restaurantes, centros comerciais, etc.
O ruído está em todo o lado, toda a gente fala alto, grita, berra como se estivesse
sem interlocutor. Para dizer: estou aqui, olhem para mim, ou para ter a sensação
de que ainda está vivo?... Na verdade as pessoas falam, mas ninguem está disposta
a ouvir o "outro". Cada qual fala, sempre mais alto, para se fazer ouvir. Este tempo
é de loucos. Há milhentos aparelhos para fazer ruido, na rua, em casa, no trabalho.
E, com tamanha parafernália audiovisual, até a música deixou de ter encanto...

Consumer Electronic Show, em Las Vegas... Tinhamos todos os discos
do Elvis, agora vamos ter os robôs do "Rei" com oito canções, entre elas
"Love me Tender" e "Hound Dog"... Vamos ter mais ruido nos cafés?...


Nos tempos do single e do long-playing, ouvir música era um deleite. Ainda
não havia a "multidão" de gadgets musicais que há hoje no mercado. Mas isto
tambem tem a ver com o tempo, com os novos ouvintes, com as suas preferências.
Todavia a qualidade da música e dos bons autores parecem-me estar assegurados.
Veja-se o que acontece com a Casa da Música, onde a modernidade assegura a boa
qualidade: eu diria que se trata da Música dos Quarentins, já que a idade do pessoal
em exercício de funções, gira à volta dos 40 anos... O administrador-delegado, Nuno
Azevedo, tem 42 anos; o director artístico, Pedro Burmester, tem 43 anos; o editor
de programação, Rui Pereira, tem 45 anos; o responsável da programação e Remix
Ensemble, António Borges Pacheco, tem 46 anos; Filipe Leite, assistente de progra
mação, tem 31 anos; o co-programador de festivais, Fernando de Sousa, 39 anos; o
coordenador da Orquestra Nacional do Porto, Andrew Bennet, tem 44 anos; Gilda
Neves, do marketing de programação, tem 39 anos; Guta Moura Guedes, assessora
de comunicação, marketing e desenvolvimento, 41 anos; o responsável pela gestão
e acolhimento da Casa da Música, tem 46 anos de idade; o responsável pelo sistema
de informação, Nuno Guedes, tem 40 anos; e o Paulo Sarmento e Cunha, director
administrativo e financeiro, tem 39 anos... Todos eles prontos a darem-nos música.

"Passionata Andaluza", espectáculo musical equestre em Madrid...

Entre o presente e o passado, fica bem assinalar os 20 anos da morte de João
Gaspar Simões, ocorrida a 6 de Janeiro de 1987. "Já não há espaço para críticos
assim", escreveu José Mário Silva, no DN de ontem. Gaspar Simões era tido como
o "venerando, venerável e venerado papa da crítica literária portuguesa". Ele foi o
maior, o mais ousado, o mais poderoso crítico literário português, que marcou uma
geração, desde 1929 -- altura em que entra para o Diário de Lisboa e, pouco depois
para o DN -- até à chegada do 25 de Abril. Mais de 40 anos de crítica literária...
Hoje tudo está mais disperso, mas menos crítico... Hoje, Gaspar Simões, não teria
a visibilidade que teve naquele tempo. Vivia-se da crítica, e ele era o mais temível.


George Bush apresentou um"novo team" para vencer no Iraque...





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