2006/11/13

 
Apesar da diversificada agenda política deste fim-de-semana, alguns dos
nossos "opinion-makers", não se deram ao trabalho de comentar nenhum desses
eventos, antes preferiram "comentar" assuntos fora da agenda mediática, como é
o caso do evangelista João César das Neves e do incrível Luis Delgado. César das
Neves escreve, no DN, sobre as "temperaturas da globalização" (ou o contrário),
interrogando-se se não "estará mesmo a temperatura do planeta a subir, por acção
do homem". Assumindo as suas dúvidas, César das Neves conclui que os estudos
actuais sobre o aquecimento global não passam de "previsões, mecanismos, efeitos
e custos, calendários -- tudo envolvido em nevoeiro". Qualquer lóbi petrolífero não
diria mais, nem melhor... Nem mesmo George Bush se mostra tão reacionário...
"O ambiente é muito mais poderoso do que nós, já passou por muito mais do que
isto e ainda por cá andará depois de estarmos extintos"-- afiança César das Neves.
O professor Das Neves faria carreira, num jornal de humor, como o Inimigo Público.

Quanto ao incrível Luis Delgado, que a semana passada ainda previa uma
vitória republicana nas eleições de "meio termo", escreve hoje no DN, de forma
desafiadora: "A esquerda nacional cantou hossanas à vitória dos democratas no
Congresso dos EUA. E então, alguém esperava uma vitória ao fim de seis anos de
mandatao de Bush? [...] Pena é que só agora tenha saído Rumsfeld, que nitidamente
já estava a mais no Pentágono e sem o apoio das chefias militares. [...] Sem Rumsfeld
os democratas teriam tido os mesmos resultados?" -- pergunta o Delgado, como se
ele tivesse alguma vez previsto o resultado. Ele sempre defendeu o "Rummie", e o
"Caminho para Bagdade", e vem agora culpar exclusivamente o Senhor da Guerra!

Bush e o australiano John Howard, à procura de um novo curso para
a guerra do Iraque... Howard limita-se a dizer "yes, yes", seguindo Bush.


Afinal, o Partido Comunista Chinês, esteve na reunião do Jerónimo ou não?
Sei que esteve lá a velha glória da ex-URSS, Guennadi Ziuganov, para defender
o povo contra o "perigo capitalista". Reparei que, dos 71 partidos comunistas, nem
todos se denominam "comunistas", sobretudo os sul-americanos. Os autênticos
comunistas, eram os do Laos, do Camboja e do Vietname. Os outros, realmente com
esse nome, eram quase todos asiáticos, mas que há muito deixaram o poder, ou
nunca souberam o que é governar... Causa-me tristeza e perplexidade ver tanta
gente a defender um sistema que implodiu, em vez de procurarem novos caminhos
e novas estruturas políticas, onde pudessem contribuir com a sua participação e
os seus ideais para um mundo melhor, mais desenvolvido, mais solidário e justo.

A reunião dos países da APEC realiza-se este ano em Hanoi, capital
do Vietname. Alem dos 21 países membros, são convidados países amigos
como a UE e os EUA, a fim de alargarem a cooperação. Enquanto por cá,
o PCP reuniu com partidos comunistas, com slogans "contra o capitalismo",
na Ásia, o Vietname -- um país comunista -- organiza a reunião anual da APEC,
e juntando-se aos países capitalistas convidados, como o Japão, a Austrália, os
EUA, a UE... Primeiro, foi a China a proclamar "um país, dois sistemas", agora
é a vez do Vietname colher vantagens, cooperando com os vizinhos, e fazendo
negócios com o ex-inimigo de guerra, os Estados Unidos da América... Isto é
pragmatismo, globalização, mas tambem o aggiornamento ideológico do PCV.





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]