2006/08/20

 
O FIASCO DO TSAHAL (III)...

A incursão efectuada na madrugada de sexta-feira pelo Tsahal ao Vale de Bekaa,
após 4 dias do cessar-fogo, não procurava evitar que o Hezbollah recebesse armas
da Síria, mas sim a possibilidade de resgate dos soldados feitos reféns a 12 Julho...
Esta operação não devia ter sido feita agora, mas sim em Julho; evitava a guerra e
os seus horrores, e mantinha intacta a credibilidade do Tsahal como "força invícta".
Israel avançou para a guerra, teve carta branca de Bush, bombardeou o Líbano ao
longo de 33 dias, não derrotou o Hezbollah, não conseguiu libertar os dois soldados,
e saiu do campo de batalha sem honra nem glória... Valeu-lhe, para a retirada ser
menos trágica, a proposta de um cessar-fogo "imediato" proposto pelo CS da ONU.
Agora os israelitas culpam o seu governo, os comandantes militares e o Tsahal pelo
"mês mais longo de todas as guerras", e do qual não resultou um claro vencedor.

Alem de não ter resgatado os dois soldados, Israel não destruiu o poder militar
do Hezbollah, não estabeleceu o efectivo controlo do sul do Libano, não conseguiu
um claro desarmamento do Hezb a obter pela ONU. Apenas semeou a destruição
e o cáos no Libano... Por outro lado, foi para o terreno da guerrilha combater com
400 tanques Merkava dos quais 40 foram atingidos com mísseis e 10 foram pura
e simplesmente destruidos;13 tripulantes dos Merkava foram mortos e 70 soldados
de infanteria morreram em combate; do norte de Israel sairam mais de um milhão
de deslocados para fugirem aos rockets do Hezbollah; adestruição de apartamentos,
moradias e edifícios comerciais pelo fogo do Hezbollah, contribuiu para a fuga dos
israelitas; um mes de guerra inútil pesa muito no orçamento de qualquer país...

A opinião pública de Israel está dividida com esta guerra sem glória nem
resultados quanto ao futuro da segurança do país. Há quem acuse Olmert de ter
feito a guerra de Bush. Colette Avital diz que Olmert se precipitou ao levar oTsahal
para uma guerra inútil. Há quem destaque o facto de Israel, com esta guerra, estar
mais sózinho, e com menos amigos no mundo árabe. Um antigo chefe da Mossad,
Efraim Halery, propõe negociações com o Hamas e afirma que não é boa política
continuar a ostracizar o actual governo da Palestina. Outros recordam a falta de
visão que tem havido, por Israel não ter criado condições de boa vizinhança com
o Líbano. O mesmo acontece com a Síria, que tem sido hostilizada por Israel, e
com a qual deveria ter laços diplomáticos. Apesar de os EUA serem o principal
suporte da existência do Estado judaico, há quem diga que o apoio incondicional
de Israel na "guerra ao terror" de George Bush, não favorece a coexistência
pacífica entre judeus, palestinianos, e muito menos com os restantes países árabes.

Ehud Olmert e o seu partido, Kadima, sairam derrotados nesta guerra, e
vão sê-lo nas próximas eleições que se adivinham. O governo do primeiro-ministro
Ehud Olmert está enfraquecido, e o comando do Tsahal está em ebulição. Ehud
Olmert teve problemas com o ministro da Defesa, Dan Halutz, que se viu obrigado
a resignar por, dois dias antes do início da guerra, ter vendido o seu "portfólio" de
acções no ridículo montante de 21 mil euros... Hoje terá apresentado demissão o
ministro da Justiça, Heim Ramon, por envolvimento em assédio sexual a uma
jovem militar. Enfim, um azar nunca vem só. Olmert desiste da retirada de West
Bank, continua a ocupar e a massacrar palestinianos em Gaza, e, de paz, parece
não querer saber. Entretanto, Bush e Blair assobiam para o lado, e pedem aos
europeus para tomarem conta do Libano, a fim de proteger o Estado de Israel...
Enquanto Israel, como país democrático e mais civilizado, não for capaz de obter
a "compreensão", a convivência e a tolerância com e entre os seus vizinhos, não
vai conseguir dormir descansado... Israel tem que viver com todos, e ajudá-los
a viverem melhor... Com a brutalidade da guerra, Israel só cria inimigos.





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