2006/08/18

 
O FIASCO DO TSAHAL (II)...

Uma breve leitura aos jornais online de Israel dá-nos um quadro de insatisfação,
de tristeza e de inconformismo com o resultado obtido pelo Tsahal na campanha
levada a cabo no Libano, durante o "mês mais longo de todas as guerras".
Fazendo a mesma leitura aos media de Beirute, depressa nos apercebemos de que
existe frustração, desespero, e que os libaneses estão agora mais "divididos" do que
antes da guerra. A maioria xiita é quem menos se lamenta, sobretudo aqueles que
vivem fora da capital, e que estão a receber 12.000 dolares do Hezbollah para pagar
renda de casa e comprar utensílios para o lar.
De ambos os lados da barricada, o tempo agora é de cura das feridas deixadas pela
guerra, de contar os estragos, e do regresso dos deslocados. Um milhão de libaneses
regressa ao seu país; do sul de Israel, um milhão de deslocados regressa às cidades
do norte, na esperança de encontrar casa e bens não danificados pelos rockets...

Fazei o amor, não a guerra... Depois da guerra, é tempo de ternura...

Do lado libanês o panorama é confrangedor. A destruição de casas, ruas, estradas,
pontes, aeroportos, escolas, lojas de comércio, etc. deixou marcas profundas. Mas
tambem falta água potável, electricidade, telefones, combustíveis, e o saneamento
básico está inoperacional. Nos locais de maior destruição, devido aos bombardea-
mentos, ainda haverá cadáveres subterrados, bombas por explodir... Os cálculos
deste "terramoto aéreo", apontam para custos na ordem de 15 a 20 mil milhões de
dólares. O Kwait, Arábia Saudita, Qatar e Emiratos Árabes Unidos já informaram
que vão ajudar com dinheiro fresco, mas o custo da reconstrução vai muito para
alem das verbas anunciadas. Só com a ajuda internacional será possivel conseguir
a total reconstrução do Libano, que foi arrasado pela avição israelita... Não para
atacar o Hezbollah, mas para castigar os libaneses e levar estes a odiar Nasrallah.
O castigo surtiu algum efeito em Beirute, mas não fora da capital, onde o Hezbollah
tem agora mais militantes, e a simpatia por ter "afrontado/derrotado" Israel...

Em Irsume, arredores de Telavive, no dia 14 de Agosto, realizou-se uma
cerimónia conjunta para celebrar 32 casamentos, que haviam sido adiados
por razões de segurança, já que alguns dos noivos poderiam ser chamados
para a frente de batalha, caso não tivesse sido acordado um cessar-fogo...


Do lado de Israel os estragos causados pelos Katyushas e pelos mísseis do
Hezbollah são incomparávelmente menores do que os causados pelos bombardeiros
israelitas no Libano. Mas o facto de o Tsahal não ter "vencido" o Hezbollah está a
alimentar o sentimento de insegurança dos israelitas que vivem no norte de Israel.
É que, pela primeira vez, o "inimigo" conseguiu atingir as cidades de Israel. E isso
faz com que ninguem se sinta seguro. Se no Libano o Hezbollah vai pagar 12 mil
dolares às famílias que tenham casa destruida, no caso de Israel nada foi adiantado
até agora. E há muita família que ficou sem casa para viver. São os custos da guerra,
dizem, mas estes, geralmente, nunca são tidos em conta, mesmo antes de iniciar as
operações militares, que têm por fim destruir, arrasar e matar o que foi criado com
amor e construido com muitos sacrifícios... A guerra é a guerra; ela serve a morte.





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