2006/08/17

 
O FIASCO DO TSAHAL (I)...

Quem se mete com Bush, fica lixado... Que o diga Blair, Howard e Aznar,
compagnons de route e apoiantes incondicionais de Bush nas suas companhas
militares, levadas a cabo no Médio Oriente, com vista à "troca" de petróleo por
"democracia" à la carte... Invadiram um país soberano, o Iraque, onde havia uma
classe média importante, com razoável nível de vida, e agora, tres anos depois, só
resta o cáos e o terror; o Iraque é o país mais perigoso do mundo para viver, onde
já morreram, em tres anos, cem vezes mais civis do que em trinta anos do regime
de Saddam. Pior: agora há dezenas de milhares de estropiados, coxos, manetas,
cegos, inválidos devido ao terror da violência; e existem milhares de famílias sem
habitação, sem emprego, sem segurança nem futuro. Totalmente desarticuladas.
Mas Bush gaba-se com estes resultados, afirmando, sem pestanejar, que tanto a
"liberdade" como a "democracia", estão a passar por ali, a beneficiar o Iraque...

E por que é que Blair, Howard e Aznar foram "chamuscados" ao envolverem-se
nas "guerras petrolíferas" de Bush? Blair, apesar de ter o seu país em estado de
"alerta máximo", continua a banhos nas Caraíbas... O Labour está cada vez mais
dividido e indisciplinado. Numa reunião de amigos, o deputado John Prescott disse
para todos: "Bush is crap" (merda, excremento). Isto mostra a clivagem que há
dentro do Labour. Quando Blair regressar a Downing Street, após as suas férias,
vai ser pressionado a retirar-se, e as mães que perderam os filhos nas "guerras
do petróleo" vão formar um partido para concorrer em distritos onde Blair tenha
hipóteses de ganhar. Blair é tido como o "cão pavloviano" de Bush...

Na Austrália, John Howard vive tempos difíceis devido à reformas económicas
em curso, ao escândalo da Australian Wheat Bureau (ABW) implicada em tráfico
de influências e pagamento de luvas a Saddam através do programa "petróleo por
alimentos" (a Australia é o segundo maior exportador de trigo). Howard acordou
com o seu ministro das Finanças -- tal como fez Blair com George Brown -- que
se retiraria antes das eleições de 2008, mas agora nega esse acordo e ninguem
sabe quem tem razão. O Partido Liberal está dividido e a oposição ganha terreno.
José M Aznar, apoiante de Bush, foi apeado sem honra nem glória, a 13 de Março.
Tem feito dos States o seu país. E o magnata dos media, Ruppert Murdoch, deu a
Aznar um assento na News Corp. Aliás Murdoch já prometeu a Blair outro tanto.
Quando Blair for despedido de Downning Street, vai viajar para a Califórnia...

Ehud Olmert foi a última vítima da "agenda petrolífera" que Bush tem vindo
a cumprir no Medio Oriente. George Bush precisava desarmar o Hezbollah para,
no caso de um ataque aéreo às instalações nucleares do Irão, este não pudesse
depois atacar Israel. Segundo o jornalista do New Yorker, Hersh Seymour, Ehud
Olmert já planeava atacar o Hezbollah no sul do Libano, muito antes de se dar o
rapto dos dois soldados israelitas, capturados pelo Hezbollah. Mas a incursão do
Tsahal estava em planeamento, um pouco sem prazo. Só que, Bush aproveitou o
deslize do Hezbollah e terá pedido a Olmert para avançar, já. E o bom samaritano
Olmert, acedeu ao apelo do "cruzado" Bush, mesmo sabendo que o Tsahal não
reunia condições para uma vitória total e em curto espaço de tempo... O pedido
de Bush terá contribuido, em parte, para a ineficácia do Tsahal e para o arrastar
das operações durante 33 dias... (Cristo foi enviado para o Calvário com 33 anos).

Nâo admira que, na segunda-feira, Bush tenha comunicado, Urbi et Orbis,
que "ganhamos a guerra" e castigamos os "fascistas-muçulmanos" (se o príncipe
Abdullahah, da Arábia Saudita estivesse a ver a CNN ou a Al-Arabia, à hora do
discurso de Bush, teria ficado com uma azia de estomago terrível!...) Quer dizer,
a guerra foi feita por Israel, mas com procuração dos Estados Unidos... Mas Bush
assumiu, Urbi et Orbis, que fora ele quem "derrotou" o Hezbollah, os malígnos...
Para alem de tudo o mais, esta confissão fez saber aos países árabes que, naquela
região, os Estados Unidos (e Israel) não têm amigos, mas sómente interesses seus
a defender -- o petróleo arábico. É uma fronteira, é a guerra fria destes tempos...





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