2006/08/02

 
EM BELGAIS...

"Em Belgais havia uma nova estrela e uma estrela com um brilho estranho,
o brilho do interior deprimido, das extensões solitárias, do odor a esteva, dos
rebanhos e oliveiras. Esse brilho não chegava a Lisboa. [...] Quem faz música,
quem lê música, quem compõe, quem executa o escrito por outros, génios por
vezes, tem em vida a revelação de algo de que é próprio do homem e que alguns
chamam de beleza em si. É isso que a criatura traz consigo ao mundo como ser
inteligente e sensível. As crianças de Belgais e arredores tinham uma nova escola,
uma escola em que o ABC servia tudo menos um destino rasteiro, mais ou menos
engrenado nas regras determinantes em que uns nascem mais do que outros"...

Maria João Pires, numa imagem dos arquivos da BBC...

"É mais do que triste, é deprimente, a Maria João está na Baía e em Belgais
já não se canta em coro. Sabem ao que tudo se resume? A uma simples conta:
os miseráveis apoios públicos concedidos voltam aos cofres do Estado. Para a
dívida pública sossegar, essa puta faminta e insaciável, amante sustentada do
poder. O ministro, calando-se o piano da Maria João, esfrega as mãos com um
secreto gozo de percentuais elucubrações. Que o Senhor não lhes perdoe!".
(Transcrito de Maria João Pires, artigo assinado por Fernando Mora Ramos, Encenador,
editado no Público de hoje, uma espécie de homenagem póstuma à obra da grande pianista).


O belo e o sublime não se descreve... contempla-se, observando...





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