2006/07/31

 
O inquilino da Vigia não cumpriu com a tradição. Em face do luto, era de esperar
o seu recolhimento, mas todos nos enganámos, pois o senhor foi à festa, ao comício
do Chão da Lagoa. Para proferir uma série de alarvidades, contra os do Contenente
e contra os madeirenses que nele não votam. Parece que, desta vez, não emborcou
nas ponchas, mas esteve em palco com adereços de pop-star, com um microfone
enfiado na orelha, como faz a Madonna, o Prínce ou o Elton John. Para destilar fel
e vituperar em todos os azimutes. Falou de "intrigas e invejas", de "mentiras", de
"aldrabices", de "palhaçadas", de "religião de Estado"... Desancou em "os chamados
colaboracionistas, gente (natural da ilha) que está sem calças e de rabo para o ar
virado para Lisboa"; idem nos "jornalistas, daqui da Madeira, que, em Lisboa, dizem
[escrevem] as maiores mentiras"; idem nos "antifascistas" do Contenente a quem
apelidou de "maricas". Falou em "garrote económico", aplicado à Madeira, etc.
Tendo em consideração a abstinência do chefe, e se disse isto quando estava sóbrio,
é porque a sua sanidade mental está em perigo. Aconselha-se a visita ao psquiatra.


Pondo de lado a crise mental provocada pela geriatria do chefe do Carnaval
madeirense, outros casos merecem nota, mas sem gravidade, já que se trata de
efeitos da silly season. É o caso do venerável João César das Neves, que se debruça
sobre "o conceito de valor", na sua crónica de hoje, no DN. "Desde a Antiguidade
que se ouvem os homens do campo a protestar contra a exploração dos interme-
diários, comparando o preço dos seus vegetais à saída da quinta com o que é pago
pelos clientes. Mas estes protestos não têm em conta que o valor da peça de fruta
no prato é muito superior ao que ela tinha na árvore", formula César das Neves.
(Pois é, faltam-lhe os custos de marketing e de distribuição. Mas o hortelão dos
vegetais, desconhece isso, porque não estudou economia nem procura saber mais).

Época de surf... Em Honolulu, tendo a cratera do monte Cabeça
de Diamante e os hoteis de Waikiki como pano de fundo...


O incrível Luis Delgado é outro dos comentadores do DN que está assolapado
com a silly season. Hoje não fala dos neo-cons americanos, de Condoleeza Rice,
dos rangers do Texas ou das tácticas usadas por Scolari. Hoje vem falar do "outro"
D. Sebastião, um livro escrito por um autor espanhol, pasme-se! Ele, Delgado, que
sempre leu e faz questão de citar só autores americanos, vem hoje citar um autor
da cultura europeia! O que mais impressionou Delgado, foi saber que D. Sebastião,
aos 11 anos, começou "a sofrer de uma disfunção sexual, pouco explicada e de
dificil compreensão, que o levava a desmaios contínuos, febres e prostrações".
Tudo isto para Delgado poder afirmar que, "a nossa loucura colectiva vem de
longe". (É muito estranho, o Delgado a ler biografias, a recomendar um autor da
cultura ibérica, a pôr de lado a "epopeia de Bush na Mesopotâmia" e a não citar
autores americanos -- é porque Delgado apanhou sol a mais na moleirinha, está
em gozo de férias no Algarve, e foi afectado pela silly season na praia do Ancão).

O Conselho de Segurança da ONU, reunido ontem, não foi capaz de
condenar Israel pelo massacre de 54 civis em Canã. Há 1,00 da manhã, o
Tsahal tinha luz verde para avançar no terreno. O cessar-fogo de 48 horas
durou apenas até conhecer-se o resultado da reunião do CS da ONU, que
reuniu de emergência no domingo para condenar o massacre de Canã...
Israel acha que a fruta (o Hezbollah) ainda não está madura para cair por
terra... Até lá, por mais duas semanas, vamos ter mais do mesmo...





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]