2006/07/16

 
GUERRAS DO ALECRIM E MANJERONA...

Como neste país poucos conhecem o desconforto e a dor causados pela guerra,
a guerra do napalm e das bombas incendiárias, como acontece no Iraque, Libano
e Faixa de Gaza; como neste país não acontecem tufões nem tempestades tropicais
que destróiem cidades e desfazem vidas de milhares de pessoas; como neste país
vivemos menos mal, mas em paz, sossego e numa brandura de costumes, que nada
tem a ver com o terrorismo da Al-Qaeda, os atentados da ETA ou as bombas dos
separatistas corsos, o "IV Poder" da nossa república deleita-se a inventar guerras
entre o PM, José Sócrates, e sua Excelência o PR, Professor Anibal Cavaco Silva.
A "guerra" sonhada pelo "IV Poder" está escrita nas estrelas, -- afirmam -- e tem a
ver com a análise ao "custo-benefício" do TGV, recomendado pelo PR, e a resposta
dada pelo PM aos inquiridores: TGV até Madrid, para já, e "em força!".


A GUERRA SANGRENTA E MORTAL...
O que está a acontecer no Médio-Oriente, ainda não é o Apocalípse, mas para
lá caminha, a menos que a comunidade internacional tome a iniciativa de chamar
à responsabilidade os demónios envolvidos. A superpotência, que apoia sempre o
lobby israelita, está manietada, por falta de meios e por descrédito das políticas
de guerra seguidas no mandato de George Bush. Até os israelitas já estão a sentir
que os EUA não conseguem lidar com os problemas do Medio-Oriente. Telavive,
à hora em que escrevo, terá mandado recado ao Hezbollah, de forma indirecta,
sugerindo o fim das hostilidades, desde que lhe entreguem os soldados raptados,
e o Hezbollah seja desarmado ou colocado mais a norte, a uns 45kms de distância.
Israel começa a ter em conta os estragos que, no futuro, podem ser provocados
pelos milhares de mísseis em poder do Hezbollah. Temem um ataque à refinaria
de Haifa, e às cidades mais populosas do norte de Israel. Agora o Hezbollah tem
melhores armas. (Lembra os tempos da Guiné, quando o PAIGC começou atacar
as unidades da FAP com mísseis Sting. A partir daí, os aviões ficaram em terra).

Destruição festiva e apocalíptica provocada pelo Tsahal, o exército judaico.
Beirute tinha sido reconstruida nos últimos 15 anos, recebia turistas e gozava
agora a paz e o sossego que não tivera nas guerras das décadas de 1970/1980.


Neste mundo de mudança, há agora muita gente que tem saudades de Arafat,
um líder laico, que não alinhava com o Hamas nem o Hezbollah, e com quem era
mais fácil obter um acordo. Neste momento, há quem pense que afinal se poderia
ter negociado com o Hamas, obrigá-lo a respeitar a democracia, persuadindo os
seus líderes a aceitarem, pouco a pouco, a ideia de palestianianos e judeus viverem
em paz, sem pôr em causa a existência de Israel... Como no Iraque, onde até os
opositores de Saddam Husseim começam a dizer que preferiam viver com um
governo do ditador, na medida em que ele não deixava os líderes religiosos
interferir na gestão do país. Agora xiitas, curdos e sunitas, todos têm dificuldade
em governar sem o apoio dos líderes religiosos, sobretudo os xiitas. E o Iraque
segue em guerra, numa anarquia total, e transformou-se num campo de treino e
recrutamento dos jihadistas da Al-Qaeda. Todos os dias se registam atentados
suicidas, com morte de civis inocentes, com destruição da propriedade alheia...
(Cabe aqui registar o episódio sucedido entre Putin e Bush, antes da Cimeira do
G-8: Bush disse a Putin que gostaria de ver na Russia mais abertura à sociedade
civil, mais democracia. "Mas eu não aceito o modelo de democracia iraquiano",
terá respondido Putin. De facto, "democracia" não é mercadoria que se exporte.)

Prefiro o cenário da "Moda S. Paulo" aos esgares da "Love Parade" de
ontem, em Berlim. Na imagem a beleza fulgurante de Yasmin Brunet.





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