2006/07/20

 
Em face daquilo que aqui escrevi ontem, sobre a situação no Médio Oriente,
devo acrescentar que eu não sou fundamentalista, aceito a opinião dos outros, e, se
me derem uma explicação baseada nos factos concretos, a minha consciência aceita
a realidade, não a distorce nem a deita para debaixo do tapete...Foi o que aconteceu
ao ler o artigo do estratega militar Edward Luttwak. Achei que a sua análise sobre
os acontecimentos que levaram à incursão de Israel, são factuais e justificam a acção
bélica do Tsahal, mas nunca com a proporção dos meios utilizados... Senão vejamos:

1)- "Os líderes do Irão, desavindos e rivais entre si, decidiram, através dos seus
actos, rejeitar a oferta de acordo da Europa e dos Estados Unidos [sobre o programa
nuclear iraquiano]. [Mas] desta vez, os EUA e a Europa estão unidos e podem,
efectivamente, privar o Irão do acesso à banca mundial [e não exportar para o Irão].

2)- "Em vez de esperar calmamente pelas sanções, os líderes iranianos decidiram
provocar uma crise no Médio Oriente, organizando ataques contra Israel. [...] A
pretensão iraniana de liderar o mundo muçulmano está a ser minada pelo conflito
no Iraque, onde o Irão apoia as milícias xiitas que estão a matar sunitas".

3)- "A jogada do Irão está planeada numa série de encontros com o Hamas e com
o Hezbollah, no Líbano. Khaled Mashal, o líder supremo do Hamas que vive sobre
protecção síria em Damasco, viajou para Teerão, onde recebeu cerca de 50 milhões
de dólares em dinheiro, de que precisava desesperadamente".

4)- "O Hamas agiu através do aumento dos ataques de rockets no território
vizinho de Israel e através de uma incursão em território israelita que matou dois
soldados e capturou outro. Tal como o Irão pretendia, a retaliação israelita em
resposta à provocação deu início à crise em Gaza."

5)- "[Em Beirute] os partidos libaneses aceitaram que o Hezbollah mantivesse
as suas armas [depois de 2000] mas apenas para combater nessa pequena faixa
[a Sul, nas 'quintas de Sheba'] e na condição de manter a paz no resto da fronteira.
Foi esta condição que Nasrallah [líder do Hezbollah] violou ordenando um ataque
a uma patrulha israelita perto de Sheba e lançando mísseis sobre Israel."

6)- "Ao longo dos anos, o Hezbollah foi recebendo e acumulando milhares de
rockets e cerca de uma centena de mísseis de longo alcance provenientes do Irão.
[...] Israel está a aproveitar esta oportunidade para encontrar e destruir os locais
em que o Hezbollah guarda os seus rockets e mísseis".

7)- "O objectivo político de Israel é destruir a posição do Hezbollah enquanto
partido político legítimo do Líbano, tentando expô-lo como agente pago pelo Irão,
que serve interesses estrangeiros, fazendo com que o Líbano pague por isso um
alto preço".

8)- "Claro que, tanto em Gaza como no Sul do Líbano, o resultado está pré-
determinado pelo desequilíbrio de forças. A única questão em aberto em ambos os
casos é quanta destruição Israel precisará de utilizar para obter novo cessar-fogo".
(Resumo do artigo de Edward Luttwak, estratega militar e membro do Centro de Estudos
Estratégicos e Internacionais de Washington, publicado no PÚBLICO de ontem).

Perante os factos, e aquilo que está a acontecer no terreno, só posso lamentar os civis
inocentes apanhados na teia desta guerra. Desta vez temos o EXODUS de sinal contrário,
com milhares de turistas, imigrantes, familiares e amigos a fugir da morte em Beirute.

Helicópteros da França para resgatar os seus cidadãos de Beirute.





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