2006/05/15

 
A nossa imprensa continua a fazer manchetes para "encher o olho" e esquece,
ou falta-lhe o estro, para tratar dos problemas que interessam ao país. Como disse
há dias um académico, eles tambem "não querem é trabalhar", pois assuntos para
tratar, em profundidade, é coisa que não falta. Mas a nossa imprensa prefere tratar
de fait-divers, coisas ligeiras, factos consumados, histórias de faca-e-alguidar, casos
de polícia, e, naturalmente, futebol, muito futebol, embora esta modalidade pseudo-
desportiva tenha 3 jornais diários que vivem da especulação sobre o tema e a vida
de cada jogador de bola. Quer dizer, a nossa imprensa, da qual se espera receber as
"notícias", mas tambem o comentário e a opinião de gente esclarecida, acaba por se
emiscuir, promiscuamente, na actividade das "revistas côr-de-rosa", nos temas do
futebol, na investigação de casos de polícia, no voyeurismo que sempre foi assunto
exclusivo dos "tablóides". O jornalismo de hoje, é, na maior parte dos casos, feito
por gente sem ambição profissional, de vista curta e fraca capacidade intelectual.

O homem e o cavalo... A vontade de um e a força do outro levaram
o mundo a desenvolver-se, criaram riqueza, até à chegada da máquina.


A imprensa de hoje continua a chafurdar nos mexericos causados pelo livro
de Manuel Maria Carrilho, na questão das maternidades avulsas pelo país, nos
cenários pós-congresso do PSD, nos selos da pirâmide Afinsa, nas "dobradinhas"
do Porto, nas tricas entre chefes do futebol sub-21, no sorteio dos jogadores que
vão ao Mundial, do 13 de Maio na Cova da Iria, no grogue da Madeira, no calor
que fará este verão... Até parece que vivemos num país rico, com uma economia
florescente, onde todos ganham bem, têm emprego sólido, e não há problemas
sociais... A nossa imprensa, que vive uma crise existencial, é incapaz de motivar
os seus leitores -- porque não se esforça, não produz coisa útil, não quer trabalhar.
"Pensar", ser original, produzir um editorial com substância, dá trabalho, requer
inteligência, sentido da vida, intuição... E a nossa imprensa mostra-se incapaz de
trabalhar no duro, porque os seus jornalistas não têm estro, não são de paixões,
estão ôcos, vazios de ideias. Resulta daí a pobreza franciscana da nossa imprensa.

Nascidos para nadar e voar... No rio Missouri, Montana.





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