2006/05/01

 
NESTE 1º. DE MAIO...
Vivemos em tempos de cólera, nervosismo e desespero, mas tambem de retórica.
Há os desempregados, os que procuram o primeiro emprego, e os que vivem sem
esperança de nada. Pelo meio surgem os afortunados, os aventureiros, e os que em
tempo de cólera enriquecem sempre mais. Do lado da retórica estão os sindicatos e
os partidos políticos, que vivem à custa dos primeiros. Os partidos, fazem discursos
inflamados para manter a "clientela" assustada e por perto; os sindicatos procuram
manter o poder de mobilização das massas, mas cada vez têm menos entusiastas a
acompanhá-los nas manifestações de rua. Os partidos políticos sentem o descrédito
que o povo tem por eles -- devem reflectir e renovar o seu comportamento ético.
Os sindicatos, em tempo de globalização e abertura de mercados, devem repensar
a sua função e preparar-se para enfrentar os novos desafios -- o que parece já estar
a acontecer, pelo que lemos hoje na manchete do DN. Já estava a tardar...

Taxistas juntaram-se às manifestações do 1º. Maio em Tóquio, Japão.

O DESATINO DOS OPINION-MAKERS...
No Público de ontem, António Barreto, pago à linha para opinar, limitou-se
a referir o "rol de acontecimentos" da semana finda... Como se ele fosse um arcanjo
chegado à Terra, e viesse a anunciar "a boa nova" a todos nós, terráqueos, que não
temos acesso à informação das actividades no Inferno, no Purgatório ou no Paraíso.
(Oh Deus, como é dificil falar sobre aquilo que não sentimos!...). Barreto está ôco.

No DN de hoje, o sumítico e avarento João César das Neves-- que não oferece
um almocinho grátis aos amigos-- vem acusar o sector público por "não fazer o que
é de sua conta porque anda a fazer o que é de nossa conta". (Este académico devia
dedicar-se à cadeira de "Sexo, Virtude e Preservativo"). Ele enumera uma série
de itens onde o SP está metido: (a) "Pagamos uma fortuna ao SNS para tratar as
doenças e cuidar dos doentes; ele não faz isso bem, mas ocupa-se a proibir o fumo".
(b) "Pagamos uma pipa de massa às forças de segurança para prender os ladrões;
em vez disso andam a discutir umas décimas no grau de alcoolemia". (c) Pagamos
milhões ao Ministério da Educação para ensinar os miúdos a ler e contar; em vez
disso, dedica-se a congeminar educação sexual"... Depois o eminente pensador
recorda os tempos da avózinha, em "que quem tratava destes assuntos -- tabaco,
vinho, sexo, poupanças -- eram as tias velhas e beatas". [...] "O moralismo estatal
de hoje julga-se progressivo porque defende o contrário do que diziam as antigas
beatas"--desabafa o espalmado pensador, econommista, comentador evangélico.

Ao investir, o touro bateu com os cornos no solo da arena, em vez de marrar
no capote, dando uma valente cambalhota. Aconteceu na Maestranza de Sevilha.


Outro "pensador ecuménico e belicista" é o incrível Luis Delgado, que vem
desaficar os ayatolahs para um combate de wrestling: "O regime iraniano, na
sua génese apocalíptica e extremista, não terá a menor dúvida em usar "o fogo
nuclear"... Agora, uma de tres: [1] ou o Conselho de Segurança se entende sobre
as medidas a tomar; [2] ou o Irão faz um gesto de boa vontade; [2] ou Israel
toma para si a resolução do problema. [...] Uma coisa é certa: esta é a pior e mais
dificil crise que o mundo vai enfrentar. [...] Todos sabem o que está em causa".
"Custe o que custar, é necessário acabar com a "loucura" iraniana, de uma vez,
e antes que eles nos surpreendam com um facto consumado". (Corajoso, este...
mas afinal quem é o Delgado? Fala por quem? Por Bush, Putin, Kofi Annan, ou
por si mesmo?... Não sei, mas sei que este "comentador" está a conspurcar um
bom jornal diário -- o Diário de Notícias. O Delgado cheira a pólvora, caramba!)

Tadinha da sevilhana pequenina!... De um ano para o outro
cresceram-lhe os pés e minguaram-lhe os sapatos...





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]