2006/04/25

 
O discurso do Presidente Cavaco Silva, proferido hoje na Assembleia da República
durante a cerimónia comemorativa do 32º aniversário do 25 de Abril, vai dar muito
que falar esta semana. A comunicação social assinalará as partes mais importantes
do discurso, e os comentadores e analistas vão ter pano para mangas durante uma
ou mais semanas... Foi um discurso importante, em linha com o Governo de José
Sócrates, e com algumas surpresas agradáveis para os portugueses que até agora
tinham uma opinião negativa do actual PR. A esquerda bloquista e comunista ficou
de boca aberta e queixo caído. Não esperavam que o Presidente Cavaco Silva, um
economista de formação, falasse de temas sociais, e chamasse a atenção para as
desigualdades existentes na sociedade portuguesa, que se deseja mais solidária...

SOBRE O NUCLEAR...
A 26 de Abril de 1986, nos tempos da perestroika, o mundo foi alertado para
o maior desastre nuclear de sempre, ocorrido em tempos de paz. Em Chernobil,
na Ucrânia, e muito perto da Bielo-Rússia, um dos reactores da central nuclear
explodiu, libertando para a atmosfera radioactividade em quantidades mortais.
Até então, nunca acontecera nada semelhante, apenas nos EUA, a 28 de Março
de 1979, houvera uma situação de perigo, mas que foi rápidamente superada.
Refiro-me ao caso TMI-2 (Three Mile Island, reactor 2).

Vista parcial de Pripyat abandonada, com Chernobil em segundo plano.

Chernobil obrigou à evacuação de centenas de milhares de pessoas num raio
de 50 kms à volta da central nuclear, inaugurada no início da década de 1970.
Para o efeito, foi construida uma nova cidade, Pripyat, a 15 kms de distância,
destinada ao pessoal da central. Pripyat foi inaugurada em 1970, e era uma
cidade bonita, geométrica, desafogada e banhada pelo rio Pripyat. Ao fim de
dezasseis anos, com a evacuação das populações, Pripyat ficou ao abandono, e
passou a ser conhecida como a Cidade Fantasma. Durante vinte anos ninguem
foi autorizado a deslocar-se à área interdita. Tudo ficou ao abandono, hospitais,
igrejas, escolas, casas, jardins, infantários... brinquedos, mobílias, frigorificos,
roupas, retratos, quadros de parede, almofadas... Era preciso fugir ao pior...
E o pior era a radioactividade em expansão, que no dia seguinte é detectada na
Áustria, Hungria, Alemanha, Polónia; dois dias depois em Itália, França, Suécia,
Dinamarca, Noruega, Finlândia... Neste país a carne de rena foi retirada do
mercado, quando se descobriu que estava contaminada, e privou o povo suomi
dos rendimentos que tinha, durante cinco anos. Em Chernobil, toda a actividade
agrícola, de criação de gado, e piscatória foi afectada num raio de 100 kms.

Vista aérea de Pripyat aquando da inauguração em 1970...

As consequências trágicas de perdas humanas começaram com os bombeiros
a acudirem ao incêndio da central nuclear, sem factos de protecção contra as
radiações, até à população que, sem saber o que tinha acontecido, continuou a
fazer a sua vida. As autoridades reagiram tarde por falta de informação. Foi a
opiniáo pública internacional que levou as autoridades a admitirem a gravidade
e extensão da tragédia, procededndo á evacuação das populações. Milhares de
pessoas morreram sem saber a causa, outras continuam a morrer e a sofrer...
Ainda há adultos, que há data eram crianças, a receber tratamentos em Cuba.
O acordo era com a URSS, mas Fidel aceitou continuar com o programa. Ainda
há dias Poliachenko, ministro da Saúde da Ucrânia, esteve em Cuba a agradecer
os cuidados dispensados às crianças. Já foram tratadas ali mais de 18.000
crianças, grande parte delas nascidas posteriormente à explosão da central, mas
padecendo de doenças geradas, durante gestação do feto, pela radioactividade...

Numa altura em que o nuclear está a ser encarado como solução para os
problemas energéticos do país, se recordamos Chernobil não é por medo nem
por receio, pois a tecnologia avançou muito nos últimos 20 anos. Mas convém
lembrar que, naqueles tempos de perestroika, Chernobil já anunciava o fim do
"estatismo", o colapso da URSS... que aconteceu tres anos depois.

Monte Baker, Seattle, junto à fronteira com o Canadá, na costa oeste.





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