2006/01/21

 
Após o almoço no Estoril, regressei a Oeiras pela Marginal para gozar a paisagem,
e sentir a felicidade espelhada na cara dos que iam em sentido contrário, fazendo
o "passeio dos tristes". Esteve um dia ameno, com sol, sem vento. Quando assim é,
no inverno, o pessoal vai até Cascais ou praia do Guincho. Por lá vivi mais de trinta
anos, mas aquela vila perdeu o encanto de outrora, e Oeiras passou-lhe à frente.
Ao chegarmos a S. Julião da Barra, vindos de Cascais, a paisagem altera-se logo: as
palmeiras rodeiam a Marginal, a construção não se vê, as praias e jardins mostram
zelo e trabalhos de conservação. De Cascais até Carcavelos, do lado do mar temos
"varandas" para ver a paisagem; do outro lado, temos a linha do comboio, prédios
e blocos de apartamentos a cem metros da orla costeira... um panorama sórdido
de betão e cimento, pouco mais. A frente marítima de Oeiras foi preservada, com
duas excepções: os blocos frente à praia de Santo Amaro de Oeiras e a "gaiola" de
Tê zeros junto à Estação da CP em Paço de Arcos, duas mostruosidades edificadas
na década de 1970/80, quando não havia preocupações ambientais. O crescimento
de Oeiras tem sido para o interior, onde foi criado o Tagus Park, a Fonte Nova, e
o Lagoas Park, destinados ao empresariado, star-ups de biotecnologia, nanotecno-
logia, investigação e ciência, agentes financeiros, etc.
Neste dia ameno e de reflexão, na praia de Oeiras, vi pais e filhos a correr na areia
molhando os pés nas imperceptíveis ondas que chegavam à praia. Um dia feliz!...

O péssimismo dos portugueses, durante a semana de trabalho, é sentido por
muitos de nós. Não só porque a crise económica está aí, mas tambem porque não
sentem o "pulsar" do país, alimentando com isso, uma falta de auto-estima, tão
necessária a todos nós. Hoje o DN, através da sua revista "Notícias Sabado",
deu-me a conhecer o retrato de cinco jovens cientistas portugueses, que "andam
com a cabeça no espaço". Tres deles trabalham na "European Space Agency", na
Holanda, um outro trabalhou na NASA e o quinto, depois de trabalhar na ESA,
regressou a Portugal e fundou uma empresa, a Active Space Technologies. Cinco
cientistas e investigadores, a demonstrar que somos capazes de fazer o melhor,
em todos os campos da ciência, até na indústria aeronáutica e espacial...Vão longe.

Da Austrália, chega-me a notícia de que a Mariza fez dois espectáculos no
Sidney Opera House, e foi entrevistada pelo Sidney Morning Herald, a quem
explicou o significado do Fado: "We could sing about love, passion, jealousy, lost
loves. We could sing about wine, our beautiful Lisbon, the river." Com bilhetes a
pagar 55-75 dolares australianos, Mariza apresentou-se ontem e hoje a solo no
Sidney Opera House com bastante sucesso e muita curiosidade dos espectadores
acerca da canção que tem a ver com a palavra saudade, que poucos povos são
capazes de sentir, pois não experimentaram descobrir mundos, longe do seu país.
Mais uma vez cabe perguntar: onde estão os nossos media, que não trazem novas
da Mariza, nem dos investigadores espaciais portugueses, que "brilham" na ESA,
e tambem na NASA?... Preferem os temas de lana caprina, de faca e alguidar...
temas que rendem audições, vendem jornais, anestesiam os portugueses... Nós
precisamos é de auto-estima, para combater o péssimismo que nos atrofia.


P.S. - A Lolita ao fazer um enorme "Retrato de um artista enquanto Homem de direita"
em 72 linhas de texto (coisa nunca vista!), -- só para dar um grande raspanete ao
Alonso ! -- vem agora dizer que, se soubesse que os "38 nãos" a Cavaco, iam ter eco no
DN, tinha escrito muitos mais... talvez uns 500. A Lolita tem alergia a Cavaco. É pena.





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Subscrever Mensagens [Atom]