2005/12/30

 
PROMISCUIDADE TOTAL...

O director-adjunto do Público, Manuel Carvalho, assina o editorial de hoje. Para
mostrar até onde chegou, neste país, a promiscuidade entre políticos que, sendo
membros dos orgãos directivos do PS, são tambem deputados da Nação e gestores
da Iberdrola -- segunda maior eléctrica de Espanha -- e, por via disso, ainda fazem
"espionagem" na EDP, graças ao inerente assento que têm no "conselho consultivo"
da Energias de Portugal, criado especialmente para Joaquim Pina de Moura...
Haverá mais casos como este, mas tendo em atenção o futuro Mibel e a entrada da
Iberdrola no negócio das energias renováveis em associação com outros parceiros,
compreende-se a falta de transparência futura em todo este processo. Aliás, ainda
há poucos dias, o consórcio a que pertence a Iberdrola, veio dizer que se o Governo
não "ceder" em determinadas exigências do caderno de encargos, abandonaria o
concurso para as renováveis... Quanto a J. Pina de Moura, estamos conversados:
mais parece um mercenário de cargos públicos e privados... O homem quer ficar
com o bolo todo... E diz-se "socialista", depois de ser "comunista", anti-capitalista
e o "último moicano"... O partido de São Jerónimo estava minado por oportunistas.

O professor António Paim escreve sobre os fundos de pensões, para demonstrar
a importância que têm na economia de hoje, e cita a Suiça, onde os FP ascendem
a 125 por cento do PIB; na Holanda a 90 por cento; nos EUA,Inglaterra e Chile
atingem os 60 por cento... Não vou pronunciar-me sobre as opiniões defendidas
por alguns economistas, que vêm nos "fundos privados de pensões" uma panaceia
para resolver os défices crescentes da segurança social. O problema é complexo,
mas alguma mudança deve ser feita, devido à escassez das contribuições motivada
pelo desemprego, pela crise económica e pela longevidade dos beneficiários... Sem
crescimento económico não haverá melhoria quer da parte das contribuições
individuais e patronais, quer da rendibilidade dos fundos... Não crescem as mais-
valias, se não houver investimentos... Só resta a expeculação, seja em acções de
alto risco, valores imobiliários (em desacelaração de crescimento), em matérias
primas como o cobre, o petróleo e o ouro. O petróleo é o que se sabe e o ouro já
atingiu os 400 dolares a onça!... Se esticarem mais, pode rebentar a "corda", e
levar a uma queda abrupta no sistema financeiro mundial.

Quem investe na Bolsa deve ter cautela, apesar da melhoria nos indíces bolsistas.
Este ano, os ganhos do Dax alemão aproximaram-se dos 30 por cento, o CAC 40
de França atingiu os 25 por cento, mas o MIB30 de Itália ficou-se pelos 14 por
cento, devido ao fraco desempenho da economia transalpina. O PSI20 havia
subido no primeiro trimestre, depois desceu e chegou a estar negativo, mas nos
últimos dois meses o índice lisboeta atingiu os 13 por cento. O principal índice
americano, o Dow Jones, fez swing todo o ano e deve fechar hoje sem ter ganhos
anuais; a economia americana cresce, mas baseada no consumo interno e no
boom imobiliário, e padece de dois males: o colossal défice comercial, e o défice
orçamental que espelha o esforço de guerra no Iraque e Afeganistão.
O melhor conselho a dar aos pequenos investidores é optarem pela Bolsa de
Lisboa, o PSI20, pois as bolsas internacionais requerem meios e saber de que só
os profissionais dispõem... A Bolsa nacional deve evoluir positivamente em 2006.
Alem das blue-chips, (BCP, Brisa, PT, Sonae, EDP e BPI) existem acções de
grande potencial de crescimento (as small caps), mas atenção: certifique-se da
liquidez dos títulos, consulte os balancetes trimestrais, anote os targets (preço-
alvo) indicados pelas correctoras, esteja atento à áreas de negócio da SGPS em
que pensa investir, consulte os regulamentos da CMVM, compre e venda através
da Internet que é mais rápido e barato. Boa sorte e bons investimentos em 2006.

Em quatro letras se define o comportamento do "mercado" americano:
bull (touro), quando está forte, dinâmico, sobe e há optimismo; bear (urso),
quando está fraco, sonolento, gelado, sem calor e há péssimismo.





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