2005/12/09

 
As crónicas que o Vasco [PV] manda para o Público, continuam a mostrar que
existe uma distância abissal entre a realidade - o mundo de hoje - e o pensamento
da maior parte dos nossos opinion makers, que continuam a defender o que já não
é, o que já foi, aquilo que é do passado... Não conseguem percepcionar o que está
acontecendo á sua volta. Soares, recomenda a leitura dos Lusíadas; o Vasco, indica
o Capuchinho Vermelho como prova de literacia... Acusa todos aqueles que usam
"fórmulas sobre fórmulas, que há muito tempo perderam qualquer espécie de valor
ou significado evocativo". O Vasco afirma que a "iliteracia indígena" vai progredir,
graças à ausência de exames do 12º ano. Prevê que, a breve prazo, o povo falante
passe apenas a grunhir. Detesta os e-mails, as mensagens SMS por contribuirem
para a proliferação dos "primatas inferiores". Os telemóveis apenas servem para
aumentar o número de "crianças mentecaptas". Ao acabar com os exames do 12º
ano, "o ministério julga favorecer a ciência e a técnica, [mas] transforma Portugal
num país de alarves" -- este é o pensamento conventual do Vasco. "O deputado
(e poeta) Manuel Alegre promete um 'Laboratório (?) da Língua Portuguesa' e o
dr. Cavaco puxa pela sua qualidade de "incentivador da Língua Portuguesa".
O Vasco diz que "por falta da compreensão sintática, não tarda muito ninguem
saberá ler nem compreender português". O Vasco é um lírico, um purista...

Tal como aconteceu no início do século passado nos EUA, a China está
a sofrer com o aumento desenfreado do número de carros em circulação
nas cidades... A imagem mostra o trânsito caótico em Lanzhou, capital da
província de Gansu, onde há apenas 20 anos só havia bicicletas nas ruas...


Todos falam na promoção da "língua nacional", essa riqueza que é só nossa...
Esquecem-se de que o mundo está a mudar, e uma língua tambem vai mudando,
acompanhando a dinâmica da vida. Esquecem-se de que as novas tecnologias e
a globalização vieram contribuir para que o inglês se torne a língua universal.
Pela simplicidade da sua gramática e por ser o idioma que a tecnologia adoptou.
Hoje, quem souber falar inglês não é "estrangeiro" em qualquer parte do mundo.
Já isso não acontece com o francês, o alemão, o italiano, o português... e menos
ainda com o chinês, o russo ou o japonês... Acho que a "pureza" da língua lusa
deve ser defendida pela Academia competente, nunca pelos "turistas" ligados à
CPLP e muito menos pelos economistas. Quem deu projecção internacional à
língua portuguesa foi o Brasil, quem continua a dar-lhe relevo nos encontros
internacionais, é o Brasil. Porque o Brasil tem escala para tal e porque o Brasil,
que é um país com imigrantes de todo mundo, soube simplicar e dinamizar a fala
do português... Quanto ao resto, preocupemo-nos mais em "inventar" soluções
para o país sair da crise económica e social, e deixemos a língua ao cuidado dos
prosadores e dos poetas -- que não podem ignorar a "mudança" dos tempos.

A velha Acrópole e a nova Atenas, que se estende para lá das cercanias
do centro histórico da capital grega, numa tarde deste fim de Outono...





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