2005/11/05

 
O manifesto eleitoral da candidatura de Manuel Alegre, apresentado ontem
no mesmo local onde se apresentou Mário Soares, marca a diferença profunda
que separa estes dois candidatos quanto aos valores políticos defendidos por cada
um para o exercício da Presidência da República. Enquanto Mário Soares defende
uma presidência de influência dentro do respeito pela Constituição, Manuel Alegre
vai mais além: fala do exercício de cidadania, na modernização do sistema educativo
de justiça e equidade social, nos direitos das oposições, nas políticas de crescimento
económico sustentáveis, no emprego precário, num pacto económico e social, etc.
Naturalmente, tambem disse respeitar os preceitos constitucionais, e mostrou-se
empenhado no crescimento económico: "o meu adversário é e sempre foi a crise
do país". Manuel Alegre não atacou nenhum adversário, referiu-se apenas a si.
Com isto, o candidato Manuel Alegre elevou a fasquia para a campanha eleitoral:
não se é contra ninguem, apenas por Portugal, e cada um defende o seu programa.
Quanto à "crise do país"-- seu principal adversário -- Manuel Alegre não explicou
como pensa ajudar a ultrapassá-la... Mas sem isso, não há dinheiro para ninguem.

O que está a passar-se em França merece ser acompanhado com atenção.
O desespero gera violência, a violência gera tumultos e estes transformam as
nossas cidades em tochas de incendiários. Há quem compare esta situação à de
Maio de 68, mas não tem comparação. O Maio de 68 era conduzido por estudantes,
a que se juntaram outras camadas da população, e não era violenta como esta, não
era destruidora, como esta. O que está a passar-se em França é intolerável, ainda
que haja muitas e justas razões para manifestar o desespero, mas nunca desta
forma. Assistimos a uma orgia incendiária, que destroi carros, escolas, infantários,
estabelecimentos comerciais. Quer dizer, "queima" meios de transporte individual
de gente pobre da periferia, "queima" empresas levando ao desemprego de muita
gente inocente, "queima" a razão que pode assistir aos desesperados. Falta saber
se, atrás dos incendiários, não estará uma nova forma de fazer a guerra da jhiad.

Ainda não se conhecem os resultados da Cimeira das Américas, realizada
em Mar del Plata, na Argentina. Dos 34 países americanos, só 29 estão a favor
da ALCA. O Brasil tem muito peso, e conta com a Argentina, a Bolivia, Paraguay
e Uruguai. George Bush tem em vista alargar o "mercado" para os seus produtos,
mas os efeitos do Mercosul e os possíveis acordos com a UE, travam esse desejo.






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