2005/11/27

 
CONTRA A MESQUINHEZ, O RANCÔR E O PESSIMISMO

O estremunhado António Barreto, no Público de hoje, continua a escrever sobre
o estado da coisa pública. Desta feita vem derramar lágrimas sobre "problemas reais
e falsas soluções", coisa estranha, já que AB nunca apresenta soluções, preferindo
sempre a lamúria, o mau augúrio, a profecia dos Velhos do Restelo. Os problemas
que AB apresenta são: "A Europa cresce mais...", "A Espanha cresce muito..."
"O investimento não aumenta...", "O turismo está a perder quality...", "As pescas
e a agricultura não têm rumo...", "O Estado social está esganado...", "A justiça anda
em crise...", etc. etc. -- o mesmo de sempre, e na ponta da língua. E o que é, aquilo
a que AB chama de "falsas soluções"? - São as presidenciais, diz o estremunhado.
"Cavaco fala de menos, Alegre vai falando, mas fala de lado... e Soares fala de mais".
Do lado do Governo, o "Plano Tecnológico", é outra "falsa solução": porque "vai-nos
custar caro...", "Vai tentar muita gente...", "Vai-se enredar em papeis...", "Vai criar
espuma vistosa...". Do lado de Sócrates, a "Ota e TGV não são solução", adianta AB,
"[Porque] vai custar caro...", "Não vai haver dinheiro...", "Vão agravar as balanças...
"Não vai criar emprego...", "Não vai transformar...", "Não vai trazer...", "Vai criar
colossais défices...", "Vão trazer clientes...". Sem apresentar qualquer alternativa
ou apontar uma ideia válida, AB despede-se: "precisamos conhecer o estado em que
nos encontramos. Isto é, se queremos evitar o desastre". (Um chorilho de asneiras).

Rio Mekong, Vietname... Onde há trinta anos os B-52 despejaram toneladas
de bombas, realizam-se agora corridas de barcos... com alegria e prazer.


Enquanto os portugueses não colocarem de parte as suas frustrações políticas,
as batalhas que cada um perdeu, as ilusões de um tempo já passado, Portugal não
vai sair da crise económica nem despojar-se do pessimismo em que se envolveu.
Enquanto persistirmos em afirmar-nos pela NEGAtiva, enquanto não olharmos
para a frente, para o futuro -- em vez de "vivermos" no passado -- não estaremos
dispostos a aceitar sacrifícios, nem a trabalhar na procura de novos caminhos para
o Portugal do futuro. Os ressentimentos de cada um, os pequenos ódios que todos
nós alimentamos, a intolerância entre grupos, partidos, claques e defensores desta
ou daquela ideologia, faz com que nunca estejamos dispostos a aceitar a verdade,
a verdade que pode estar do "outro" lado. Este estado de espírito torna-se doentio,
e a "saúde mental" de cada um, tende a desequilibrar-se; ninguem poderá afirmar
que goza de plena saúde mental. A raiva e o ressentimento corroiem o espírito,
turvam a razão. Passamos a viver ressabiados, infelizes, pessimistas.

Precisamos de olhar em frente, para o mundo actual, para os desafios de hoje.
Já fomos um país que foi o primeiro a chegar à India, à China e ao Japão. Na era
moderna, tivemos portugueses de craveira internacional, que estiveram à altura
dos desafios que as circunstâncias exigiram. Ponhamos de parte as frustrações e
a mesquinhez próprias de quem vive num espaço "pequeno", de quem se julga
"inferior" aos outros, de quem não é capaz de resolver os problemas do seu país.
Por mim, acho que Portugal chegou ao dobrar da esquina, e está em condições de
arrepiar caminho, e ir em frente com o programa reformista de José Sócrates.
Quanto aos arautos da lamúria, aos niilistas que nada fazem nem têm uma ideia
para apresentar, esses não merecem o dinheiro cobrado por cada "crónica" que
mandam para os meios de comunicação... na maior parte dos casos, por falta de
"saúde mental" dos seus autores. Estou farto de pitonizas e profetas da desgraça.

Frio e nevoeiro em Paris. A Torre Eifel aparece, mas quase encoberta.





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