2005/05/30

 
Vivemos tempos muito dificeis. Porque a crise económica atinge a maioria dos
países que, até há poucos anos, tinham economias a crescer e o consumo interno
a subir. Neste momento, a crise alastra não só aos países subdesenvolvidos como
áqueles que, há cinco anos, viviam alegres tempos de crescimento económico e de
bem-estar social. Nestes dias, a angústia invade a Europa, os EUA, o Canadá e ainda
a longínqua Austrália. A França está atemorizada com o futuro, com a invasão dos
imigrantes, a falta de emprego, o corte nas despesas sociais. A Holanda, que esteve
sempre na vanguarda da tolerância e no acolhimento de estrangeiros, está a viver
uma psicose com medo de que os turcos, polacos e romenos tomem conta do país
das tulipas. Os franceses, para alem de quererem vingar-se em Chirac e Raffarin,
estão a rejeitar o inevitável, alinhando com as teses da FN de Le Pen-- contra quem
tiveram que travar uma batalha dramática nas últimas eleições presidenciais, para
que a extrema-direita fosse derrotada, e conseguissem eleger Jacques Chirac...
No meio da grave crise económica, não faltou a "granada de mão" lançada pela CE,
para provocar mais ondas no eleitorado francês: refiro-me à directiva Bolkenstein.
Resta assinalar o papel de alguns oportunistas, que utilizaram a campanha do
referendo ao TC para se promoverem e guerrearem entre si, como seja Zarkosky
contra Chirac, no campo da direita e Fabius contra Holland, na esquerda e ambos
do Partido Socialista. Em vez de esclarecerem, acirraram os sentimentos de
desprezo que o eleitorado tem por políticos oportunistas, corruptos e desonestos.

Aconteceu o NÃO, mas a roda da vida continua em movimento, pelo que não
devemos considerar esse facto como o fim de um sonho. A crise económica que
vivemos, irá ser aprofundada, por efeito da actual globalização, a vida das pessoas
continuará a piorar, até que a inovação e o engenho dos políticos consiga alterar
o actual processo de desenvolvimento, ajudando a definir um novo rumo para a
produção, e criação de riqueza, mantendo parte do actual sistema social europeu.
Enquanto isso não chega, resta manter a esperança e confiar na vontade esclarecida
de alguns dirigentes europeus. Sem tempo, nada de notável e real se consegue.
E não tenhamos dúvidas, a crise económica e social vai agravar-se ainda mais, em
França e nos outros parceiros. Não por causa directa do "NON", mas sim porque
a instabilidade causada pela globalização na indústria, vai acentuar-se por mais
alguns anos, até que os europeus, depois de terem abandonado a velha produção,
passem a produzir "alta qualidade", a par de novas indústrias. O mercado interno,
vai saturar-se de "produtos ligeiros", manufactura barata, e passará a comprar o
exclusivo, a melhor marca, a melhor qualidade. Estará aqui a saída para a crise
provocada pela "deslocalização", pelo outsourcing, pela produção em massa...

Nos Estados Unidos, o dia de hoje, é reservado ao Memorial Day, para
homenagear os americanos mortos em combate durante a Guerre Civil, na
II GG, no Vietname, no Iraque... Na imagem alguns participantes vestem
os fardamentos da época de Lincoln, enquanto passa um motoqueiro vindo
de longe, da Califórnia para se juntar aos veteranos do Vietname.





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