2005/03/02

 
ARREPENDEI-VOS, PECADORES!...

O padre Nuno Serras Pereira, ministro da Eucarístia e sacerdote católico,
anunciou que, em virtude do artigo 915 do Código de Direito Canónico, está
impedido de dar a sagrada comunhão eucarística a todos aqueles católicos que
têm perseverado em advogar, contribuir para, ou promover a morte dos seres
humanos inocentes, quer através de pílulas e outras substâncias que, para alem
do efeito contraceptivo possam ter um efeito letal no recém concebido.
O respeito pelo culto e pela reverência devida a Deus e a seu Filho, ajudarão a
compreender a razão de ser deste grave dever, em cumprir o artigo 915...
Da parte do Snr Jesus Cristo convida todos ao arrependimento e retractação
pública, para que possam receber digna e frutuosamente o Corpo do Senhor.

AQUI ESTÁ UM MINISTRO dos santos ofícios a lançar o anátema aos fiéis.
É absurdo e inaceitável que, em pleno século XXI, quando todas as igrejas e
credos procuram apresentar-se em diálogo perante os crentes, venha um cura
de aldeia botar discurso pago como aquele que acima se reproduz. Cada vez mais
os crentes se afastam da Igreja católica por causa dos ministros deste jaez. Neste
mundo, dois terços da população mundial vivem na Ásia, onde poucos professam
os rituais católicos... mas onde nos seus templos não se prega a exclusão nem
lançam execráveis anátemas aos seus crentes. Os ministros do Cânone 915,
não devem esquecer que, neste planeta, são minoritários. Não devem excluir
ninguém, nem julgar os outros, para não pecarem. De resto, uma igreja que
cria santos por decreto, que se opõe ao casamento de seres com orientação
sexual diferente, que não aceita o uso do preservativo para evitar a Sida, que
se limita a exercer um poder imperial como qualquer outro estado laico não
é divina, nem tem a verdade toda, porque ela foi implementada pelos homens,
não pelos deuses. O que está por detrás do anúncio do padre Serras Pereira, é
o prenúncio da campanha contra a despenalização do aborto. Vamos ter festa.

Até um monge budista, usa "post-its" para não esquecer as suas tarefas.
Aqui está um "ministro" de sabedoria, e recusa o labeu de "igreja religiosa".


UMA MISSÃO ESPIRITUAL, cheia de compaixão e generosidade, quero
recomendar aos ministros do cânone 915, e que é o seguinte: foi hoje divulgado
que os portugueses, nos últimos cinco anos, aumentaram o consumo de anti-
depressivos em 45 por cento. Muitos portugueses exageram no consumo de
quimico-farmaceuticos, mais do que eu em fruta e hortaliças (pouca carne, i.e.
poucos cadáveres). Os portugueses que recorrem aos antidepressivos, precisam
de alguem que os oiça, que lhes fale, que os anime, que lhes abra janelas para
compreender a vida e o mundo. É uma tarefa que os padres poderiam fazer,
porque vivem da palavra, mas as suas prelecções são recriminatórias, não têm
a capacidade de perscrutar, com humildade e compreensão os mais profundos
anseios do ser humano. Pregam um Deus punitivo, rancoroso, triste e doente.
Não acredito que, na imensidão do espaço sideral, esteja um Deus a olhar para
mim, a ver o que faço ou digo, ou a anotar as minhas faltas e erros humanos.

Em síntese: a existência é portadora de um código genético, que torna todos
os seres vivos diferentes, mas harmoniosamente perfeitos. O Deus de cada um
está dentro de cada qual. Se nos abstrairmos do que nos rodeia, se meditarmos
um pouco, encontraremos dentro de nós algo, um sinal, uma luz que é a nossa
consciência. Que pode ser "deus", que nos diz o que é o bem e o que é o mal.
E até um criminoso, se antes de agir pensar, perguntar à sua consciência se está
"certo ou errado", ele acaba por não cometer o crime, na maior parte dos casos.
Todos os animais vivem felizes, não se constipam, não têm problemas
depressivos. Todos nascem livres e aprendem a viver de acordo com o seu
código genético. As árvores e as plantas são seres vivos, que vivem felizes e
só entram em stress quando chega o homem com a serra ou o machado na mão.
Mistérios... que os ministros do cânone 915 se recusam a observar e estudar,
porque a Natureza vive em harmonia, e a vida (o nosso corpo e o nosso espírito)
descontrolam-se quando passamos a viver sem "os outros" (pessoas, animais,
plantas, a floresta). É a sensação do vazio, da falta de utilidade... a depressão.





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